sábado, 30 de janeiro de 2010

Portas e Arranhões





Sentido. Os passos em busca de um caminho ultrapassam a concepção de andarilho de Nietzsche. É o cansaço de uma história onde as aflições têm sufocado a vontade de viver os dias. O prazer transitório das coisas do mundo social apenas degrada a energia de viver. Onde está ancorada sua vida? Quais as bases e valores que regem seu comportamento e sustentam seus sonhos.

Até que ponto você honra os compromissos assumidos? Atualmente as pessoas aplicam em suas relações um novo produto de mercado chamado conveniência. Por meio deste produto as pessoas conduzem todas as suas relações com o trabalho, com a família, com os amigos e com DEUS.

E. Durkein afirma que o suicídio, o colapso do sistema humano, é provocado por intensas mudanças repentinas na vida do indivíduo, ou pela ausência de qualquer fato novo. Percebe-se que dessa forma, o ser humano é como um barco à deriva. Se venta muito ele pode tombar, se não venta ele não sai do lugar e anda em círculos. No caso dos seres humanos, o colapso muitas vezes não se materializa com a morte física. Manifesta na morte social e espiritual. A conveniência, aplicada junto com a covardia, muda o curso dos compromissos assumidos e estabelece uma nova linha de valores.

Os conceitos são adaptados pelo subconsciente de maneira a agradar o desejo imediato de alívio. Socialmente o ser assume um novo papel. Aparentando modificação no caráter, mas na verdade trata-se de apenas mais uma máscara. Os antigos valores e compromissos são guardados em uma caixa imaginária ou em uma gaveta mental.

Mas o que o ser não percebe é que enquanto abre mão de seus valores por medidas paliativas, ele está sepultando aos poucos a oportunidade de ver cumprido o objetivo, o sentido para sua vida. O ser, com as medidas assumidas, se ampara em soluções humanas para problemas que ultrapassam a capacidade humana. O que sabe o homem de seus caminhos? Ele apenas anda. Na maioria das vezes de olhos tapados.

Mesmo com o mínimo de consciência de que o tropeço é seu hino, ele se agarra aos conselhos humanos dos que também estão de olhos tapados ao seu lado. Efeito dominó. A queda da primeira peça independe da capacidade de resistência da peça que está no meio. Ela vai cair. E cai, a menos que alguém a tire da fila. Mas é prazeroso a sensação antes da queda. Há certo gozo. Mas depois do gozo o esporro da dor. A vergonha, o sangue, o tempo que não volta. Muitos estão de gargantas escancaradas para as maldições hereditárias na vida pessoal e profissional. Até quando?

Jogam ao vento as possibilidades de sua vida e esperam correr as horas. A mídia ampara a destruição. Ela reafirma a realidade degenerativa da sociedade. Abdica de seu poder de influência para contribuir com a transformação da sociedade. A desgraça é escancarada nos jornais, pois é importante mostrar os fatos, mas a desgraça também é retratada na ficção, nas novelas, nos filmes, nas séries de entretenimento. O discurso do mundo social sem propósito e desleal e acima de tudo descartável é disseminado pelas redações, livrarias, bibliotecas, rodas de amigos, empresas. O consumo é alimentado, consumo de sonhos, consumo de corpos, de vidas, de drogas, de dinheiro, de relacionamentos, de desgraças desfaçadas de algodão doce. O gosto da desgraça é pior do que o que lhe faz vomitar.

Porque as portas fecham? Porque os corações se fecham? As portas deveriam se fechar para manter o frio distante, a poeira fora, garantir privacidade e segurança. As portas não deveriam fechar para mostrar o rompimento. Existe na natureza humana um certo sadismo em fechar portas, mas um pânico insuportável de imaginar uma porta sendo fechada para si. Herança da influência do mal. Pelo prazer, pela paz equivocadamente o homem quer ser deus e o diabo.
Vi os roteiros filmados e os que podem ser adaptados. Percebo como correm as águas e sei que elas sempre correrão, ao menos que se congelem. Mas a cobertura se congela, o restante fica a uma temperatura muito baixa.

O ser humano, quando é um ser social, é previsível, basta estudá-lo com afinco. A menos que ele aja como um ser espiritual, se colocando na presença, dependência e provisão de Deus, sua ações são percebidas muitas vezes antes de as tomar. Basta estudá-lo, fitá-lo por admirá-lo. Andei de lhos vendados e pude ter retiradas as vendas.

A escolha. Escolher reconstruir ou construir algo novo. A reconstrução pode figurar algo novo.
As pessoas preferem abandonar para não correrem o risco de serem abandonados. Preferem morrer primeiro a ver alguem querido morrer ou ver despedaçar uma família. Preferem abandonar do que resistir, reconstruir o que for possível. Reconstruir a família, reconstruir a vontade de viver.

As pessoas querem livros com figuras. Sorrir por ser feliz. Sentir o vento no rosto e se sentir bem com isso. Mas buscam isso de forma imediata e por meio de estratégias humanas. Paciência gera experiência e experiência gera esperança. Rm 5:3.

Vejo portas. Arranhões dos covardes que não abriram e em ranger de dentes e pranto tentaram tardiamente entrar. Pagaram o bilhete para a desgraça sem saber o verdadeiro preço. Colocaram em dúvida a crença pelo tempo e circunstância. Assim há um passo estive eu, andando elo fio da navalha, sendo cortado a cada passo. A indecisão disseca a vida. A precipitação a explode.

Tenho suado para manter a porta correta aberta. Entrar pela porta correta. Fechar no momento e pelo motivo correto. É o melhor que posso. É onde minha energia termina. Termina. Entra em ação aquele que sempre esteve ali, aquele que é especial e sobre o qual sabemos o que ele quer que saibamos.

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