Em tempos de crises recorrentes a nota é o novo porta-voz
das empresas e personalidades. Este fato, secular, revelaria a insegurança da
fonte ante o repórter, que muitas vezes suprime informações ou edita
posicionamento com interpretação equivocada ou a fuga da fonte de um
questionamento específico, a respeito de algo que ela não quer falar sobre o
assunto?
A opacidade das fontes oficiais deve ser revista. O índice
de transparência necessário para evoluir a relação fonte e imprensa é o mais
próximo possível da pureza. O mito da objetividade. Esse guia recorrente na
construção de narrativas. Se a instituição não quer falar, não significa que
ela não deva. Algumas diretrizes devem ser cumpridas para garantir a fluência
do processo democrático de acesso à informação.
A eficiência das notas está em organizar o argumento da
fonte, de modo a evitar respostas emocionais, frases equivocadas, informações
desnecessárias. No entanto, elas não estabelecem um diálogo com a imprensa e
sociedade, pois não permitem questionamentos. A nota é uma fala oficial,
unilateral, de posicionamento a um questionamento chave. Esta ferramenta de
comunicação é necessária, pois dribla com elegância os repórteres mal
intencionados e é um ponto de partida para os jornalistas bons de faro.
O paradeiro da ética na construção das narrativas é algo a
se pensar, debruçar antes de disseminar os discursos, consolidar cenários.
Cenários que podem ou não estar em harmonia com a paisagem social (re)
construída continuamente. Estabelecer
uma narrativa diplomática não significa mentir. Corromper não deve ser uma
possibilidade. Assumir a responsabilidade em argumentar diante da expectativa
social e especulação dos opositores é inevitável.
Biblicamente já registrado; existe um tempo para todas as
coisas. Em paráfrase, há tempo para release, tempo para entrevista, tempo para
nota, tempo para coletiva e tempo para o silêncio. A habilidade para
compreender e determinar estes momentos é o que torna o profissional um
diferencial de mercado, e enriquece o processo de comunicação. Trata-se de um
frágil terreno; caminhar por ele exige conhecimento técnico e percepção do
fluxo social de construção de significante.
Também publicado no observatório da Imprensa:
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Insista. Basta. Na expressão da dor, no reflexo de sangue
que perdura como purpurina no caráter do indivíduo. Sim, basta. No que a
palavra torpe se transforma ao estar no poema, no que as cartas de amor
envelhecidas se tornam na gaveta. As cifras de um canção economicamente
calculada. Sociedade. O colapso e o trato considerando o tempo um aliado.
Inexistente. Casta. A personalidade pura é então entregue ao que é profano, ao
que é marginal. O poeta dilacerado fica resignado à poeira e lágrimas. As
páginas sobrepõem as sensações, pensamentos e sentimentos. O mundo não gira,
nós piramos. A sanidade arrancada na pétala de uma flor.
"Ele nos auxilia em todas as nossas aflições para
podermos ajudar os que têm as mesmas aflições que nós temos. E nós damos aos
outros a mesma ajuda que recebemos de Deus." (2 Coríntios 1:4 NTLH).
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