Sãos os passos, não as pegadas, que carregam um pouco do que somos. À beira do desfiladeiro, as pegadas dizem que irei voar, os passos fazem-me contornar as nuances do abismo, ouvindo o eco, sentindo a brisa insinuar a impossibilidade, tentar me empurrar ao eterno retorno das pegadas; mas não me pertence a volta, nem o voo, pois estou imerso nos rumos, sou refém e algoz dos passos. Meu corpo pulsa meu desejo de sucumbir às mazelas humanas e em ser o melhor de mim para os outros.
É a terra entre meus dedos; sinto a textura do chão e a
temperatura do solo que não me aceita como semente, que me repele e impulsiona
a caminhar. E essa caminhada me liberta e aprisiona aos passos.
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