sexta-feira, 30 de junho de 2017

iminente precipício



As mudanças das lideranças sociais ocasionam uma onda de interferências na organização social de forma a abalar conceitos até então tradicionais na sociedade.
Uma sociedade que anseia institivamente pela modernidade e evolução não pode comprometer a essência que defende: o elixir da humanidade.  No entanto, percebe-se um movimento cada vez mais alienante da raça humano no que concerne aos objetivos da humanidade e como constituir uma sociedade que os defenda. A leitura de Bauman sobre uma sociedade líquida, de uma modernidade volúvel, onde tudo passa e nada permanece, nem mesmo os conceitos, é um exemplo disso. “Esquecemos o amor, a amizade, os sentimentos, o trabalho bem feito. O que se consome, o que se compra, são apenas sedativos morais que tranquilizam seus escrúpulos éticos”. Zygmunt Bauman.
"Atirei um limão n'água / E fiquei vendo na margem" Carlos Drummond de Andrade. As lideranças sociais, com suas atitudes focadas em objetivos restritos geram um fato social que reverbera além do escopo da atitude em si, mas torna-se interrelação com as atitudes da sociedade. O efeito em ondas propicia o rompimento dos paradigmas e constituição de novos.
Neste cenário, a resiliência tornou-se a bandeira dos que ousam refletir sobre a organização social, seus fluxos, rumos e desdobramentos. A mudança impele ao ser humano uma reflexão acerca de suas fragilidades e potencialidades, revendo desejo, vontade e representação. A desistência ou grito de colapso, o suicídio (seja ele físico, moral ou social), é fruto da apatia controlada da realidade onde nada acontece com o indivíduo, sem expectativas, sem perspectivas favoráveis, e também quando há o caos e intensa pressão, um turbilhão de acontecimentos que impelem o indivíduo a perder suas perspectivas de solução e expectativas de tranquilidade. Em sua obra o suicídio, Durkheim analisa como o suicídio além de sua implicação imediata (interferência na vida do indivíduo e respectivo círculo de convivência e relevância), mas observa as ocorrências de forma a correlacionar com o contexto social e os acontecimentos contemporâneos que moldam o organismo social. Para compreender este fato social, suicídio, é fundamental então analisar tudo o que originou o evento e quais os fins a que serve, considerando também os devidos desdobramentos na paisagem social.
Fronteiras do pensamento e da organização da sociedade são de forma recorrente expandidas e não rompidas. Neste sentido, ao observar como os padrões culturais sofrem mudanças com o passar de gerações, percebe-se como é real a leitura de Kuhn sobre os paradigmas. Sua concepção de que um paradigma termina com a constituição de um novo paradigma, tendo a Revolução científica como um instrumento de transição entre paradigmas, é importante para compreendermos como um fato social se torna relevante para a história, sendo um marco na trajetória social de um povo.
Contudo, Clifford Geertz já afirmou que “pode ser que nas particularidades dos povos sejam encontradas algumas revelações mais instrutivas sobre o que é genericamente humano” (GEERTZ 1989). Ou seja, um olhar atento aos momentos de entropia pode fazer com que percebamos as mudanças e marcos na evolução do coletivo e também do individual, possibilitando uma leitura do que vem a ser o ser enquanto indivíduo e enquanto sujeito social. O pensamento crítico estimulado pelo Iluminismo como forma de evolução da humanidade, por exemplo, contribuiu para que fosse instituído um processo de entropia social, com tudo aquilo que é sólido se desfazendo no ar dos questionamentos. Percebeu-se naquele tempo que um aparente rompimento estava acontecendo nos moldes convencionais de interpretação da realidade. No entanto, posteriormente ao período supracitado, pode-se verificar que as revoluções estabelecem-se como ponte, momento de transição entre paradigmas.

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