Foi o chão de encontro aos seus
pés na manhã nublada de pensamentos espasmódicos. "Quão barato é uma
vida..." A frase marcava o ritmo de suas passadas. Ver como era fácil
retirar do bolso algumas notas e levar um animal de uma loja para casa. Na quase
extinta banca de jornais e revistas percebe nas páginas como se mata por pouco,
por um objeto, por orgulho travestido de honra e egoísmo envelopado em moral. Assim como as plantas rompem o solo em busca
do céu, crianças rompem o ventre e aumentam as estatísticas. O vento impõe na
paisagem movimentos e sensações que despertam o corpo para um olhar de menos
dor e cansaço, mas de esperança. Neste momento, o barato da vida se
intensifica, atenua as lamentações de forma a fazer sucumbir os dogmas dos
intelectuais. O valor. Peça chave nas relações humanas, determina também o
perfil de interação com o ambiente. O valor que as coisas possuem, que difere
do valor que colocamos nas coisas, o valor que buscamos acumular, o valor que
dispomos para compartilhar. Valores imensuráveis, materiais, sociais,
espirituais e de natureza que desconhecemos.
Não consigo ouvir meus pensamentos
e encontrar neles a importância que um dia encontrei. Cabe saber se a
importância que eu havia encontrado há tempos devia-se a imaturidade do infante
apaixonado ou se existiu apenas naquela época, naquela faísca de brilhantismo
que me empoderou a ansiar ser mais do que o reflexo, mas transformar com a
refração.
Entretanto, o mergulho no horizonte sempre revela o que estava calado dentro.
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