segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Fator Humano



O avanço tecnológico é irreversível e a dependência social às novas ferramentas e facilidades também. A energia das baterias e a cobertura de sinal são os limitadores. Na comunicação, as novas plataformas e softwares facilitam a navegação pelas narrativas, percepção de peso da imagem e temperatura de discussões, no entanto, a tecnologia ampara-se em algorítimos, em fórmulas condicionadas, de forma exata. O perfil analítico necessário para manutenção dos processos evoca uma sensibilidade que tempera o que chamamos de Bom Senso. Sendo o bom senso um dos determinantes para a tomada de decisões.

Afora as discussões sobre a singularidade da I. A., os novos experimentos e as modernas plataformas de interação em uso em algumas áreas, o lugar do ser humano ainda é garantido quando se refere a constituição da sociedade. Entretanto, levantamento da consultoria McKinsey, em uma pesquisa global, atesta que 62% dos executivos de empresas de grande porte assumem a necessidade de substituir mais de um quarto do quadro de funcionários até 2023 em decorrência da automação e digitalização dos processos de trabalho. Treinamento e requalificação de profissionais será o inevitável fôlego corporativo. Os parâmetros para mensurar resultados em comunicação e definir estratégias, novas ações e planos de contingência precisam ser repensados.

O fator humano, a maneira como a espécie interage e interfere na paisagem é crucial no estabelecimento e manutenção das relações. A transparência e ética são as velas para empresa e indivíduos navegarem no ciberespaço e compreenderem o fluxo de cada um nesta malha em expansão, que parece não ter fim, a não ser a pausa, via botão de desligar dos hardwares em nossas mesas, mãos e bolsos.



terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Salto Ressoar


Como conversar sem agredir e conseguir criar uma reverberação narrativa conjunta? Uma avalanche de estratégias e conceitos inundam as plataformas à disposição de emissores e receptores (que alternam papéis entre si), mas o efetivo resultado desta dinâmica ainda não é mensurado e verificado como desejado pelas partes. Periodicidade, recorrência e qualidade são apenas alguns dos aspectos a serem considerados.

As redes sociais digitais vivem entre a atrofia da superexposição de conteúdo, o abuso das entrelinhas via influencers, a iminência das brigas e desavenças e o abstrato gesto de postar e curtir. As plataformas tradicionais da geração pré-millennials surta entre a maturidade de narrar o factual sem a obrigação do furo e a inviabilidade financeira do modelo de negócios desatualizado. As antigas plataformas operam entre a atualização do sobrefôlego (em busca de adaptar-se à contemporaneidade). Antes de obter equilíbrio, faz-se preciso compreender o que é o fiel da balança no que concerne à comunicação.

Entremeio a esse complexo fluxo de mensagens, narrativas e negociações de versões e influência de hábitos sociais (foco das mensagens e narrativas), está a consolidação das agências especializadas em verificar a “veracidade” das notícias e dos agentes produtores (fact-checking). A comunicação intensificou o boato institucionalizando-o e evoluindo-o a ponto de sobrepor a verdade (talvez por ser mais atraente, impactante ou até mesmo plausível) criando fake News e fake makers formalizando consequentemente a profissão dos verificadores. Para proporcionar uma estrutura que inspire a confiança, as agências de verificação são auditadas quanto a imparcialidade (apartidarismo), transparência de fontes, política de trabalho, fonte de financiamento, divulgação de política pública de correções.

Se a estratégia de gerar notícias falsas vem de uma articulação egoísta de influenciar o comportamento social, o hábito de compartilhar as notícias questionáveis provém do anseio humano de reforçar suas opiniões ouvindo e fazendo ouvir apenas o que quer ou ainda alimentar “o espirito de confusão” interferindo em uma discussão ou linha de pensamento.


O momento evoca a maturação da significação da comunicação, deixando de ser tarefeira e indo além de se considerar estratégica. Reverberar ideias permitindo reflexão, ressoar a mensagem na palavra que salta ao olhar a paisagem, e não apenas o retrato social. Se um tempo atrás foi interessante generalizar e massificar mensagens em bloco (robotizando ou não), faz-se necessário personalizar as mensagens e tratamentos. Um atendimento personalizado em determinados casos sobrepõe a agilidade de um atendimento primário geral, impessoal. 

A interação deve trazer a liberdade do pensar e interagir, em um salto sobre paradigmas que ressoe um novo tempo. O diálogo entre as partes precisa alcançar uma transparência e sobriedade que não é fácil. Assim, muitas vezes o diálogo tem sido terceirizado (via entidades representativas, agentes de lobby, assessorias). Todavia, a conversa precisa acontecer. 

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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

fusos



O desafio na comunicação corporativa perpassa o relacionamento da Tecnologia e o conflito de gerações. Sendo que um fator determinante deste cenário é a necessidade de lideranças participativas, que saibam administrar as diferentes gerações e conduzi-las a vivência das novas tecnologias.

Futuro da comunicação ou comunicação no futuro. O “agora, já passou”. O foco das ações de comunicação já não está nas plataformas (intensificada após a efervescência tecnológica), mas sim no conteúdo; esse faz a diferença e interfere na malha social. Todavia, é importante conceber, formatar e disseminar de forma assertiva o conteúdo, revendo os resultados esperados, não basta buscar audiência por audiência. O volume não mais sobrepõe à qualidade de absorção da mensagem e manifestação da interferência.

O público procura se envolver com marcas e narrativas que corroboram com seus valores e propósitos. No entanto, vivenciamos valores volúveis e propósitos líquidos. O cidadão tem se estruturado assim e ainda impõe uma demanda por fidelização que extrapola os padrões estabelecidos pelas marcas, forçando-as a uma metamorfose incessante.

Um breve olhar sobre a paisagem e percebemos que as espécies são movidas pela busca. Players de mercado, ou influencers, então estudam o perfil destas buscas e oferecem alternativas de desejo que não são o objeto inicial da busca, mas são colocadas como o foco principal, transformando assim a busca, induzindo o mercado. Trata-se do aprofundam, então do agenda setting. Além de pautar as reflexões, interferir nas buscas e objeto de desejo.

A comunicação então deve estimular a convicção e não a repetição de mensagens e narrativas, mas sua multiplicação por absorção da mensagem e convicção do conteúdo. Neste processo, o lobby (que luta para ser devidamente regularizado) é uma estratégia de defesa transparente de temas chave na sociedade, assumindo um lado. Entretanto, o lobby tem sido depreciado em função dos maus lobistas. 

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define o lobby como a comunicação oral ou escrita com uma autoridade pública para influenciar decisões políticas, administrativas e principalmente legislativas. Ampliando sua atuação na sociedade, o lobby é realizado pelas Relações Públicas, a partir da disseminação de narrativas setoriais.

Clientes então não podem ser vistos apenas como consumidores, mas sim cidadãos que se relacionam com mensagens e não com produtos ou objeto de resultados.


Pássaro verso
Pouso transcende
Voo ascende
Horizonte que dobra
O que ao vento passa
Beija a flor
Pássaro cor



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

emissário


Torta ao vento, a palavra enraizada segue seu rumo. Teus lábios como pétala de uma flor capturam meus sentidos no silêncio, e o tempo me impõe a tormenta da espera, esperança. Sempre há um pouco de partida em cada espera.


O dia nos nasce com um modo de perceber que depende de diversos fatores. Mas hoje foi um dia que brilhava sem agredir as vistas, que aquecia sem incomodar e refrescava sem deixar os pelos do braço em riste. Envolvemos nossa mente em uma série de frustrações do outro e de si, e acreditamos um dia tropeçar na cura para tais mazelas. Por vezes recorrentes buscamos o que não precisamos. Criamos conceitos que não se aplicam ao nosso repertório e depois sofremos com eles. E ainda desejamos tropeçar na cura que cai do céu. O dia então nos embala no aconchego do tempo para sentirmos ao invés de apenas passar. Sobrepõem-se então todas as sensações e o texto perde a pontuação. O dia despido da manhã, lavado da tarde, se embrenha na noite. O dia nos adormece, na esperança sem norte, até o porvir que não se anuncia.

Ninguém é mais o mesmo. Este eterno clichê. 

Borboletas na janela
o vidro é a retina dos meus olhos
bloqueio natural para o que belo é

corpo em trânsito no elixir da vida
as rimas contornam os poros dela
certeza do rumo do acaso que é
destino

escorrem dos olhos

o que a chuva não faz escorrer das janelas
O mesmo é mais ninguém. Clichê eterno este.


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