sexta-feira, 13 de abril de 2018

é só agua




Precipitou dos céus sobre nossas cabeças, naquela manhã de poucas surpresas. Despencou de nossas certezas a chuva que marcava o ritmo dos pensamentos. Que momento sublime, poder apreciar a vida em movimento.

Seus contornos, seu fluxo e contrafluxo, seus tempos e temperaturas. As rimas duras que faz em enxurradas de desilusões, o sublime toque dos seus versos a inundar os poros de um novo mundo. "É só água", ressoam. "É só corpo", pensam. "É só matéria", atestam. Doutores em nada saber, tudo julgar.

Quando se para a olhar a paisagem, parado não se está, mas sim em movimento; indo e vindo com aquilo que o olhar toca. Apreciar um dia de sol, refrescar-se na introspecção de um dia nublado, libertar-se em dias de chuva. Revigorar-se nas madrugadas, seja acordado, ou sonhando. Perpassar as ranhuras do solo, das árvores, das mãos, dos rostos; tudo integrado, tudo disperso. A vida não se submete às rédeas que criamos, aos cabrestos que tentamos impor, aos ponteiros que buscamos marcar, aos murros que damos no vento. Ela escorre, toca, vai...


Nenhum comentário:

Postar um comentário