quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Relacionamento em Rede - entre o tropeço e o soluço.

Entre o tropeço e o soluço, em busca das soluções, organizações buscam implantar e integrar diversas ferramentas de administração e gestão para estruturar estratégias e revigorar o plano de negócios de forma a encontrar a estrada dos tijolos amarelos da perenidade, com licença social, consolidação comercial, conforto ambiental, e fôlego financeiro, com uma bela imagem estampada na parede. A licença social tornou-se moeda de troca e valorização.

Dentre tantas ferramentas, a metodologia de relacionamento em rede é uma que contribui deste desenvolvimento de projetos, a reestruturação da estratégia de relacionamento institucional de uma organização, e também no seio familiar. O que antes ficava na mesa de profissionais de RP, ou de informais lobistas agora habita a mente de analistas de relações institucionais, gerentes, coordenadores, assessores e mágicos corporativos.

Para estruturar um Plano de Ação de Relacionamento Institucional é importante antes criar a matriz geral de relacionamento (em Excel mesmo), e nela estabelecer o corte do potencial de influência, estabelecendo uma matriz específica de partes interessadas (um desdobramento da primeira planilha). Tive a oportunidade de criar a metodologia do relacionamento em rede de uma empresa e perceber os benefícios que trouxe desde em negociações básicas de mídia/imagem, até articulações para garantia de atividades operacionais, internas e externas.

O próximo passo é estabelecer como esta matriz se relaciona com a organização objeto, qualificando o perfil e desdobrando em como cada personagem da matriz relaciona entre si. Após esta qualificação, que passa por uma análise com aspectos subjetivos de percepção e leitura de território, realiza-se um corte por cenário de interesse, montando um infográfico (em ai / cdr ou ppt) do perfil de relacionamento. Desta forma, é possível compreender o mapa de interrelação, entendendo o fluxo de articulação entre os indivíduos, possibilitando traçar estratégias, identificar pontos de tensão e pontos de equilíbrio, para definir o que deve ser protegido, pressionado, monitorado, mas nunca ignorado.

Muitos tropeçam em tentar estabelecer fórmulas, ao invés de adaptar critérios, aspectos, vetores e criar a própria metodologia de forma contextualizada com seu negócio, setor, local de atuação, perfil social, econômico e cultural.

Na matriz de interrelação, deve ser verificado o nível de interferência / influência entre os indivíduos, classificando e identificando por cores e letras desdobrando em diretriz para cada perfil de público e se for o caso específico por indivíduo. Se é forte, médio, pequeno ou inexistente. A partir da diretriz por classificação, estabelecem-se as ações.

Na verdade, a metodologia de relacionamento em rede é a formalização e aplicação corporativa / política do que já existe de forma natural na organização do ser humano em sociedade, bem observado por Gertz e tantos outros. Quando formalizado em uma organização, facilita o trabalho em equipe no que concerne à relação institucional, pois padroniza o posicionamento conforme a identidade organizacional e suas estratégias. É fundamental saber fazer a transição da estratégia, metodologia para aplicação efetiva da estratégia, sair da ideia e mensurar os resultados obtidos (o que é extremamente possível).


 

... este assunto merece um desdobramento... depois retornarei a ele por aqui...


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Entre fibras musculares


Somos a sociedade da carne; para comer, se abster e para se relacionar. Sonâmbulos, erguemos civilizações, com breve consciência da aparência do real. Nosso desejo move-se para saciar ou punir a carne, destrinchar o que se faz frágil e expor as vísceras do corpo social. Nos embrenhamos entre as fibras musculares com ideologias que alteram o corpo social sem compreender profundamente os desdobramentos das ações, escolhas e consequências.

Nossa saliva, ácida, por muitas vezes ao invés de apaziguar, reverbera pelo espaço como um chicote de fogo, castigando a carne, abrindo feridas que iriam fechar, fazendo rio do que antes eram córregos de sangue, dor e lamento. Manejamos com imaturidade nossas angústias sem perceber como as rugas marcam em braile nossa história no corpo.

Quando observado por dentro, alguns possuem mais do que carne. É possível encontrar flores entremeio ao emaranhando de espinhos, e até mesmo perfume, quando a espessa fumaça da realidade tenta entupir a veia dos ideais.

Precisamos então escolher não apenas as palavras, mas o tom da narrativa e vislumbrar a tendência de desdobramento e criação de significantes que a mensagem irá gerar. Não podemos ser reféns dos automatismos e tampouco se aconchegar nesta zona de conforto. Devemos nos portar como o andarilho de Nietzsche. Ao invés do destino a caminhada renovada. Ao invés do ponto final, a vírgula, amarrada às reticências.




terça-feira, 5 de novembro de 2019

Calculadora de Pescoço


Desde as peripécias do Hilbert Hotel, e muito antes, a matemática permeia as mais malucas elucubrações corporativas e sociais. Cada qual com seu paradoxo, a comunicação não podia ficar fora do mundo das planilhas, com apresentações estimulantes para impulsionar canetas a liberarem verbas, ações e estratégias. A lista de índices é enorme, ROI, Clipping, Valoração, Engajamento, Abrangência, Peso, Relevância, Retenção de mensagem, e tantas outras que os gestores se perdem como um apresentador de talk show no meio de uma montanha de cupons fazendo sorteios de natal.

Muitos profissionais se jogam nos buscadores online atrás de fórmulas e dicas. Na assessoria de imprensa a brincadeira é extensa, Consolidação de centímetro por coluna, espaço ocupado por quadrante, por tipo de página, investimento realizado, conversão do conteúdo online de pixel em cm/col versus valor comparado, ou valoração. O desempenho em redes sociais então... dependendo do tipo de mídia social, um leque de métricas automáticas e outras desenvolvidas estão à disposição. É preciso mensurar e analisar as mensurações, sem euforia e ingenuidades.Ver as palavras atreladas aos números e conseguir compreender os rumos da comunicação (antes, agora e depois), o lugar do sujeito no processo de significação e prospectar os próximos passos (não apenas repetir o planejamento do último período).

As faculdades não ensinam as métricas, não de forma aplicável; o mercado possui um padrão de cálculo e cada assessoria adapta à sua realidade (muitas vezes de forma equivocada) e as agências guardam suas fórmulas como carta de supertrunfo. Afora as referências, a mensuração das ações de comunicação e a análise dos desdobramentos evoca um profundo conhecimento do setor em que se atua, das reações esperadas, compreender a interrelação dos indicadores e como analisar os dados de forma a se desdobrar em diretrizes para ações de imediato, curto, médio e longo prazo. A inteligência não está na xícara de café ou na borra que fica.Não adianta gerar relatórios só para ocupar espaço e fazer cócegas no ego dos gestores, tampouco revestir com linguagem de marketing para galgar prêmios de entidades representativas, é fundamental que as análises da mensuração façam sentido para a organização, seja um ativo relevante.

Empoderados, gestores alternam entre o atacado e varejo da comunicação. Caminham pelas organizações como um agente de vendas, tendo o profissional de mensuração como uma calculadora presa ao pescoço, sempre pronto a sustentar argumentos e preencher lacunas. Defendendo orçamentos, analisando investimento e custos perante resultados e planejando os próximos passos.

Diferencial no mercado de comunicação tornou-se o profissional que sabe transitar entre o operacional e o estratégico. Domina os fluxos das plataformas e é versátil no uso da linguagem e restruturação de narrativas. Simultaneamente, sabe gerir planejamento, orçamento, custos, apropriações, consegue mensurar resultados, analisar a mensuração e projetar diretrizes que alimentam o processo, desdobrando-se no operacional e obviamente no estratégico. Essa calculadora pesa, pois sua bateria não é apenas salarial, e suas funções excedem até mesmo as científicas pós graduadas, pois este profissional tem apurada percepção para compreender números, palavras e a paisagem; para chegar a este patamar é fundamental além de formação acadêmica, continuar o processo de aprendizado de maneira multidisciplinar. Quando maduro, este profissional está pronto tanto para fazer a gestão, quanto para consolidar-se como especialista. Torna-se uma peça chave no tabuleiro corporativo, uma oportunidade e uma ameaça. Torna-se exemplo e alvo. Na maioria das estruturas, vira alvo, pois com medo de ser enforcado pela calculadora que não sabe usar, o gestor não a desliga, mas a joga contra a parede. Uma vida sem receita, mas com muito sabor.

A mensuração de resultados e oportunidades em comunicação é um ambiente atrativo e traiçoeiro (pois tem muitos vícios). Compreender as especificidades contribui para a evolução dos processos, bom uso das plataformas, relatórios úteis e relevantes, mudanças benéficas no ambiente corporativo e no potencial profissional de cada um.

Marketing Digital? Assista abaixo!




quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Varejo e varejeiras


Ideias delineiam os rumos das ações que interferem na organização social. É óbvio, mas apenas quando se pensa na generalidade deste aspecto. No entanto, quando pensa que a ideia em questão pode ser sua ou da sua empresa, a situação, sensação e atitude mudam. E logo começam as cobranças por audiência, por índice de percepção e retenção da mensagem, de valor da imagem e tantos et ceteras que nem quem pede sabe ao certo como interpretar e pior, nem sabem como estruturar planejamento estratégico e ações efetivas após análise dos dados. Sobre a mensuração e as complexidades que envolvem o tema comentarei posteriormente.

Antes, é interessante olhar de forma sutil para a forma e o conteúdo. O que informar e como informar... volta e meia esta mosca incomoda e pousa à frente das redações, públicas, corporativas e midiática. No que concerne ao ambiente corporativo, é fundamental não simplificar demais as mensagens e não banalizar as plataformas disponíveis, pois se quanto mais comodidade, mais preguiçoso fica o leitor (de texto / áudio / vídeo), o uso desequilibrado das ferramentas. Exemplos são vários. Antes ficávamos muito tempo assistindo a vídeos... os institucionais tinham 15, 10 minutos... depois reduziram para 5.. e agora, os indicadores de quem assistiu pelo menos alguns segundos da mensagem já despontam em relatórios de mensuração. Cada vez mais seletivo no universo expandido de conteúdos, o leitor (usuário) não assiste a vídeos longos caso não seja de extremo interesse.

Sociedade de vanguarda, a pseudo liberdade. Clamam, reclamam por divulgação, mais informações, mas não elavam o índice de leitura, não leem a quantidade exorbitante de dados que está disponível sobre os mais variados assuntos , seja na internet, nos livros e nas praças.  Não leem, despejam nas ruas o livo de folders, jornais e afins. Paradoxalmente, alimentam a reclamação por "divulgar mais e melhor". Reclamam que não há divulgação e não se envolvem com a ampla divulgação que existe. Não buscam. Querem, como filhotes de passarinho, receber o conteúdo já mastigado, regurgitado em suas mentes autômatas. Neste cenário, o lobby dos setores privados e públicos nada de braçada, construindo pós verdades, alimentando todo tipo de vaidades e consolidando fontes, desacreditando outras. O resultado é uma série de veículos de comunicação defendendo estandartes que nem de longe revelam os fatos, os interesses e desdobramentos correlatos. A comunicação  e o relacionamento institucional no varejo, com pensamento de atacado. Geralmente, o reflexo natural é espantar com um tapa as varejeiras, ignorando as ovas prestes a eclodir. Isto é óbvio, acontece há décadas, irremediável, quando se pensa na generalidade do tema. Contudo, torna-se preocupante quando analisada regionalmente, inclusive pensando qual o "seu" lugar e função no cenário.

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terça-feira, 20 de agosto de 2019

Com fio comunicação


A integração das gerações com as novas tecnologias espanta. Um espanto por causa da maneira intuitiva que novas gerações se relacionam com as novas plataformas e linguagens como se fosse inerente ao útero. Espanto também em virtude da dificuldade das gerações mais antigas de se relacionarem com o novo cada vez mais pujante, renovado. Entraves de processos de gestão e relacionamento então são verificados como desdobramento desde "espanto". Há de se definir práticas de interrelação e equilíbrio para caminhar em neste mundo tão digital, tão entregue à nuvem, sem pensar que ela pode sumir ao vento, desanuviar, ou até mesmo chover.

Avanços tecnológicos mudaram o modo de consumo do indivíduo, que tem no streaming um mundo de possibilidades. O 4G trouxe mais velocidade e qualidade no fluxo de informação. O AM deu espaço ao necessário 4G. A agilidade de entrega e a confiabilidade das vendas online mudou o modo de fazer varejo em uma série de setores. As agências bancárias são apenas entrepostos, pois as grandes transações são feitas na palma da mão. As organizações buscam se nortear neste cenário móvel, onde nada é perene a não ser a mudança.

Pelo Smartphone controla-se quase tudo, inclusive aspectos essenciais à sociedade, seja no âmbito familiar, profissional ou político. Os vazamentos pautam mercados, propositalmente ou não, tornam-se a justificativas de algozes que tomam decisões antes mesmo que qualquer interpretação mais aprofundada possa ser feita. A instantaneidade dos momentos sucumbe à superficialidade de decisões. Determinações, arbitrárias por demasia, geradas no ventre dos indivíduos do espanto. Seja os novos impacientes, onde um segundo é um millenium, seja os antigos em uma combustão ideológica estranha, uma inquietação frustrante de ser obrigado a acompanhar ou pelo menos se integrar ao novo para se manter em posição de relevância no grupo social.

A dependência digital é patologia psiquiátrica em alguns países, fundamentada no comportamento obsessivo do indivíduo que se desassocia do convívio em sociedade e se atém apenas no vínculo digital com a comunidade. A estabilidade é o santo graal. A estabilidade comportamental, mas sobretudo a estabilidade da prestação dos serviços e disponibilização das plataformas. Se tudo o é digital, se o desktop e HD externos, ou caixas físicas de arquivo perdem sua funcionalidade diante do brilho digital, o que acontece se o no brake falhar, se a nuvem chover, desanuviar ou simplesmente lá não mais estar por instantes? Não se trata de elucubrações da teoria do caos, ou Mayhem project; mas uma constatação para que os indivíduos olhassem para as nuvens sem esquecer do chão. Não se prender, não ser os extremos da era, não assentar sobre o próprio conceito de vanguarda, todavia, entretanto, ciente das fragilidades, escolher bem os passos, plataformas, narrativas, backups e trampolins. Trabalhar a confiança na estabilidade dos meios, da infraestrutura em estado de excelência, seja com ou sem fio.

Neste cenário, impossível não acompanhar a cadeia de interrelação dos setores e mecanismos e compreender a importância de se trabalhar matrizes energéticas diversas, sustentáveis, para que elas sustentem as nuvens no céu. Para garantir viabilidade às matrizes energéticas sustentáveis tem de se trabalhar a maneira como é feito o manejo dos recursos naturais e como é encarado a questão do custo versus o benefício, sem a demagogia das contas bancárias ou bandeiras xiitas. Pois, a tensão nos extremos descompensa o equilíbrio de todo o corpo social. Quando se exercita o raciocínio da esfera de influência social macro, até chegar no universo miro do indivíduo, percebe-se o poder do bater de asas da borboleta, compreende-se o seu grau de interferência nesta cadeia de eventos que pode reconfigurar a sociedade ou reafirmar paradigmas. Pode manter de brigadeiro o céu ou desencadear uma tempestade. Há de se saber o momento de se molhar na chuva.

Fonte: https://istoe.com.br/326665_VITIMAS+DA+DEPENDENCIA+DIGITAL/



sexta-feira, 5 de julho de 2019

Livros lançados


Neste mês, irei lançar em Coronel Fabriciano meus dois livros Aspargos e Pinhole - Cílios ao Vento (Editora Lura) e Cobogós (Editora Fontenele). Tratam-se de produções independentes, de baixa tiragem e sem patrocínio. O enredo das obras perpassa a interrelação entre as pessoas na busca por autoconhecimento transformação do olhar sobre a realidade. A ilustração da capa de Aspargos e Pinhole e Cílios ao vento é do artista Luciano Moreira Fonseca (Amigo, irmão, artista que muito admiro).
Há muito a escrita me persegue e me liberta. Há pouco tempo, amigos me instigaram e estimularam a publicar, mesmo que de forma independente, meus escritos. Decidi até participar de alguns concursos. Em 2017 e 2018 fui finalista no Prêmio SESI MG de Literatura. Sou jornalista especializado em sociologia política,  trabalho há 15 anos na área de comunicação corporativa da CENIBRA, tendo artigos publicados no site Observatório da Imprensa e Obvious Magazine, além de manter o blog Passo Comunicação.  Além dos livros publicados este ano, confesso ter mais um em produção...

Serviço;

Interessados em adquirir os livros podem solicitar via formulário disponível no blog www.passocomunicacao.blogspot.com ou pelas redes sociais.


Intitulada por Luciano Moreira Fonseca de : A insustentável leveza da sombra
Intitulada por Luciano Moreira Fonseca de:
O iluminado degradê da montanha de Odonatas




Cenário literário
Após anos de queda, o mercado de livros no Brasil registrou resultado positivo nos últimos dois anos, com um faturamento que subiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 1,7 bilhão – ou 3,2% (considerando a inflação). Em 2015, havia recuado 7% e em 2016 queda de 9,2%.

De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, lançada em 2016 pelo Instituto Pró-Livro, mais da metade da população brasileira se considera leitora, mas leem apenas 4,96 livros por ano. Deste total, 2,43 foram terminados e 2,53 foram lidos em partes. A pesquisa ainda apontou que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro em toda a sua vida. No entanto, de acordo com a Pesquisa, verifica-se o crescimento do percentual da população leitora no Brasil para 56%, em face dos 50% apontados no estudo anterior.
Com a manutenção de uma série de feiras, seminários, fóruns e concursos literários no país, a produção nacional tem sido estimulada. Existem diversas plataformas de autopublicação, seja em formato impresso quanto e-book, assim como existem várias editoras dedicadas à viabilização da publicação de novos escritores, ou escritores independentes, com prestação de serviço de diagramação, arte final registro ISBN, impressão e até mesmo divulgação, sem exigir mínimo de exemplares.



Caça às bruxas na casa de espelhos



É importante moralizar a sociedade. Embora emblemático o termo, nada mais é do que reajustar a massa ao comportamento definido com padrão social, que delimita o conceito da respectiva sociedade. Entretanto, os excessos de dedos e poderes de denúncia tem tornado os cidadãos em algozes da diferença, apontando a diferença como desvio e já determinando pena. Uma casta de acusadores, que muitas vezes acusam com uma trave nos olhos, o cisco que há no outro. Deste modo, os grupos promovem uma caça à bruxas baseados em suposições e o pior, não se reconhecem nas práticas que condenam. Assim alimentam-se as mazelas e a disparidade social. Ávidos por punir alguém e assim ganhar posição de destaque promovem uma Caça às bruxas na casa de espelhos; beiram o ridículo. Compliance, Código de Ética, Leis, Normas, Procedimentos devem ser coerentes e aplicáveis a todos e não apenas de forma conveniente, segundo a posição social (cargo e etc).

Empresas como Odebrecht, JBS e Petrobras investiram mais em  programas de compliance para tentar reconstruir a reputação, cumprir exigências de acordos de leniência e prosseguir com negócios, mas nem isso as tem salvado algumas da falência (Odebrecht entrou em recuperação judicial e a OAS apresenta iminente derrocada). Programas de Compliance apresentam problemas dentre outros aspectos da cultura organizacional, também em Cláusulas anticorrupção (devem ser definidas de forma clara, ampla e abrangente também à alta direção e não apenas a cargos baixos).

Voltando a falar da caça às bruxas, percebemos muitos Coronéis de pós verdade. Na verdade, Coronéis de versões que sobrepõem o próprio ponto de vista aos fatos. Fazem publicidade. Queimam então na praça pública de redações, casas, repartições e salas, as pessoas como se fossem objetos, ou animais a serem sacrificados. Ignoram que o ditado é certeiro. O mundo dá voltas e o universo se expande. Tensionam o conceito de moral a bel prazer e debruçam-se sobre a vida dos outros com a arrogância punitiva de cegar-se às variáveis e aos fatos e ater-se apenas a seu ponto de vista e seu poder de decisão.

O cenário descrito acima está presente em diversos núcleos sociais, seja de configuração profissional, religiosa, familiar. Ele subtrai do sujeito a oportunidade e direito de defesa. Direito fundamental inerente à pessoa humana, documentado na Constituição Federal Brasileira de 1988, no artigo 5º, inciso LV, com os seguintes termos: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Conversar sobre contrapontos, relacionar as diversas versões a respeito dos fatos pode amadurecer a percepção, a visão e compreensão do contexto. Para manter a sociedade viva é necessário ter controladas a tensões, delimitadas as interações da diversidade e também a arbitrariedade do padrão social instituído, o padrão absorvido, e o padrão natural. Paradigmas não são intocáveis. É fundamental ter a visão do detalhe, da paisagem e de como um interfere no outro. Amadurecimento é aspecto elementar, profissionalismo premissa básica.

Em tempos de moralização, de politicamente correto, de intolerância agressiva sobre o pensamento diferente (independente dos lados), é preciso ter cuidado de como respiramos, ao lado de quem, e o que decidimos fazer. É preciso olharmos no espelho e reconhecer o reflexo, se somos algozes ou as bruxas a serem queimadas (para no futuro virar busto em praça, capítulo em livro e nome de medalha, rua ou penteado). Procure se esquivar dos extremos e das armadilhas do centro.

Importante também lembrar, que o tratamento de dados pessoais no Brasil estará submetido a nova legislação, já aprovada e que entra em vigor em 2020. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, regula o tratamento de dados pessoais e também atualiza os artigos 7º e 16 do Marco Civil da Internet. A lei se fundamenta em diversos valores, como o respeito à privacidade; à autodeterminação informativa; à liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; à inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; ao desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; à livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor e aos direitos humanos liberdade e dignidade das pessoas. Então muito cuidado ao coletar e tratar de dados pessoais, ou o tribunal será o nova rede social, onde todos encontrar-se-ão para tratar da vida, dos anseios, conquistas e punições.

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Esse estandarte recorrente




O pensamento social estaciona, rumina e reverbera a preocupação com a coerência. Coerência entre gestos e valores definidos como padrão social. Na rede de conceitos em interseção e mudança, riscos, crises, imagem e reputação ornam estandarte de instituições, seja CPF ou CNPJ. Todos anseiam uma boa reputação e muito fazer para construí-la e proteger. A leitura de Gestão da Reputação (Elisa Prado - Aberje) é boa pedida.

Já comentei sobre isso aqui... Empresas forjam um discurso de transparência para criar um acessório à marca e assim realizar a manutenção da reputação. Para funcionar, é preciso conhecer a dinâmica social da personificação. A partir disso, a organização deve definir os conceitos que norteiam a cultura da empresa de forma a designar a gestores a função operacional de transmitir no dia a dia, via comunicação face a face, a cultura e o posicionamento da empresa. Como não atuam na maior parte do tempo no cenário atual (mar de rosas), mas variavelmente em aspectos adversos (mar de espinhos) as empresas precisam manter atualizado o cálculo e o apetite a risco. A reputação é responsabilidade de todos os funcionários e quando obtida por comportamento e postura adequados não exige esforço de blindagem, pois seu reforço é natural. Diante da crise de imagem, a reputação bem construída já é em si o propulsor da recuperação. Alguns profissionais, artistas e empresas podem ser exemplo. 

Entretanto, cada um entende de uma forma. “Comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende”(David Ogilvy). Com um perfil de leitura baixo, a massa essencialmente se informa via o antigo “boca a boca” ou seja, se informa pela codificação de um porta voz que relata a percepção e não o fato. Este cenário compromete o pensamento crítico uma vez que o limita. Grandes pensadores de "compartilhamento, retuítes e aspas". Resultado? Convivemos com pessoas que são ácidas em criticar, julgar e até mesmo sentenciar (às vezes até mesmo executar a pena); todavia, debruçadas em interpretações de outros, em pensamentos formatados, conclusões induzidas. Falam de uma lei sem a ter lido, interpretam um comportamento sem conhecer os procedimentos, fluxos e normativos que o envolvem. Adoram assentar-se no trono social e gozar do poder, sem o preparo necessário para exercê-lo. Adoram entupir as ruas para reclamar da situação e da oposição, mas não exercem as pressões via mecanismos democráticos além do voto: presença em reuniões ordinárias, petições em gabinetes dos representantes eleitos, acompanhamento das informações de prestação de contas, realização de audiências públicas ou reuniões comunitárias com líderes. É mais fácil e perceptível fazer barulho, ou tumulto, mas isso muda algo? A curto, médio e longo prazo? Acredito que ações simultâneas de manifestação em várias frentes teria mais efeito, pode ser que menos impacto e mídia, mas talvez se aproximasse do objetivo. tempo de violência, e não mais somente nas telas do cinema, mas intensificada no dia a dia, independente do local, horário e vestimenta. Na era dos extremos, diálogo algum tem êxito, pois a dinâmica das conversas têm sido sobreposições de opiniões.

O conceito de compliance é a nova moda conceitual do mundo corporativo (que já passou por responsabilidade social, qualidade de vida, sustentabilidade, qualidade total, e tantos outros"), mas ele remete a uma premissa básica, a do exemplo, coerência. Agir conforme os valores, estando isso escrito ou não, estando alguém olhando ou não. 

Evite intermediários e busque ir o mais próximo possível da fonte de informações e confronte versões. Questionar é uma virtude, conciliar versões em uma interpretação para então formar opinião é um bom exercício. A reputação é um estandarte que não se põe na janela ou no peito, menos ainda em discursos. Outrossim, é percebida.

Repetidas. Batidas da canção que o coloca em movimento nas ruas. Seu ritmo de olhar a vida é tão volúvel como a escala das notas do solo. Ele tinha ciência de que não sabia de nada, e isto não mais era incômodo, ou motivo de sofrimento, tampouco consumia tempo. 

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dimensões



Turvo, o olhar resvala.
Ressoa dentro da rima
além da sina
selva de amar.

Fina camada da paz
intenso instante que se desfaz.
basta palavra sem asa
para turvar a retina.

O abuso sutil da beleza
fisga meu olhar em estrofes;
escorro no verso do encanto
embrenho-me em você ao lido ser.


Coração catavento. gira sol, gira lua. Tempo é tempo. Transitório, o pensamento sucumbe à arbitrariedade. Repetimos os mesmos sistemas.

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terça-feira, 18 de junho de 2019

A vista e o ponto


As pessoas olham para você e automaticamente criam significações segundo as premissas de Saussure, para determinar relevância, perfil e modo de se relacionar. Definem opiniões, mensagens chave, liberdades e também a expectativa. Esta última determina reações e influencia em todo o resto. A expectativa consiste no padrão de comportamento que a pessoa espera de você. Qualquer ação que não atenda a expectativa criada gera uma série de eventos que culminam por ressignificar você não apenas para quem o julga, mas também para o grupo social com o qual interage. Assim definem-se as paredes da meritocracia volúvel. Olhando bem; somos o mesmo. Do ponto de vista que olha, o lado da história que conta sempre busca consolidar a versão na qual tem razão; e assim conseguir mais adeptos e multiplicadores da versão, sobre pondo demais lados, estabelecendo uma verdade atemporal, ou seja, a do presente.

Ideias, a Ideia. Percebo que não é meu interesse que muda, mas é que a ideia habita em partes vários corpos, vários instantes. Eu a procuro em totalidade, em um derradeiro destino, sem grandes anunciações, sem até mesmo registros, mas a verdade de a encontrar e a ela me integrar.

Gradativamente percebo o derredor de forma diferente. Os valores, as crenças, as atitudes, as expectativas, as buscas... todo esse fluxo complexo que tece a base que sustenta a sociedade. Claro, enamoram-me os momentos de refrigério, os sorrisos, as gentilezas, a ternura das pessoas e gestos. Há equilíbrio no balanço que mantém em movimento o corpo social. Antes fosse um pensamento, ou talvez um sentimento, ou até mesmo sensação. Aspectos manipuláveis a partir de pontos de pressão, aspectos passíveis de sobreposição e silêncio. Mas não; uma ideia não pode ser silenciada, ela tem vida, pujante, tem uma energia, um fogo que arde continuamente, sem consumir. Não se trata de um surto, ou utopia. Mais fácil seria se o fosse.

Não compreendo ter e cuidar de um jardim que não se pode tocar, perpassar as folhagens, as flores, perfumes e cores. Ser a gota que escorre por pétalas, folhas, dorso e pende ao chão, penetra, nutre, evapotranspira, e volta a rondar o jardim no tempo de orvalho, com sutileza e brilho.

... entre mudar o ponto ou ajustar a vista...

terça-feira, 11 de junho de 2019

intervalo


Naquela interminável frase fria eu já não haviam mais palavras. Essa madrugada sem rima ou aconchego, esvaziou-me o olhar. Libertado das linhas do texto usual, percebo o entre-texto que transcende as plataformas e sucumbe a narrativa a um fluxo ilógico. Naquela madrugada fria, eu já estava sem. O sol evitou o horizonte, como a bela que desvia o olhar. Assim o dia sonolento se abateu sobre meus passos.

A porção acostumada. O metro quadrado. Afora todas as medidas translúcidas aferidas; se pouco, nos angustia, aconchega e sufoca; se extenso nos liberta, afasta e silencia; na morte a certa medida; na vida a medida que falta. O metro dobrado sobre o ermo céu, quadrado, o oco do humano. O Eco da ideia, o número que rima com o que paz traz ao ser acostumado com uma porção de realidade.

sábado, 25 de maio de 2019

Persuasões



Cialdini chegou a ser explícito em sua obra com as técnicas de persuasão e como pode ser instrumentalizado no dia a dia, tanto na profissão, quanto nas demais esferas sociais. Passando pelas armas da influência, reciprocidade, compromisso e coerência, aprovação social, afeição, autoridade, escassez, influência instantânea e mimetismo. Uma sociedade que alterna seus valores e seus marcos através da relação Tecnologia Disponível x Tecnologia necessária x Tecnologia acessível x Tecnologia desejada. Tire a palavra tecnologia e a interrelação dos conceitos contia a ser o chicote sobre o lombo social. Pretensões marcam o ritmo. Noticiários alternam entre o respiro e o sufoco.

A facilidade das interferências está no perfil humano de adorar ter intermediários para tudo. para as escolhas, para as tarefas simples, para exercer a fé, para amenizar punições, transportar mensagens ou assumir atos indesejáveis. Preferem a abordagem mais fácil, o clique mais rápido, o alimento já processado. Culpam o tempo, que transcorre sempre como transcorreu (60 segundos por minuto), entretanto, a sensação, a percepção do tempo revela dias abreviados.

Para exercer influência é necessário mais que empatia. Após identificar o comportamento padrão do grupo social, faz-se necessário conhecer o ponto de pressão da espécie e pressionar ou proteger conforme o interesse e necessidade. Ciente de como opera o comportamento padrão e quais os pontos de pressão dos indivíduos, torna-se possível compreender e identificar os esteriótipos, bem como os mecanismos para redefini-los. Trata-se de uma dinâmica de recondicionamento social, a partir da ação de um indivíduo ou grupo coordenado. Proteger as fragilidades para controlar a intimidade e selecionar grupos de acesso.

Operadores do automatismo surgem como reguladores do comportamento padrão. Definem atalhos entre os valores morais, leis estabelecidas, princípios e anseios. Conhecem os pontos de pressão e os administram de forma a estabelecer o alívio de automatismos que mantém a sociedade em fluxo constante, quase espontâneo, imperceptivelmente induzido. Assim, ninguém questiona os especialistas, tampouco os líderes. A aceitação é uma variável da conveniência e sobrevivência.

A percepção da realidade dá-se pelo referencial (repertório) de cada um, altere o referencial e controle a percepção. Assim interfere-se no padrão de construção da opinião pública. Identificar repertórios (base) e os referenciais estipulados. considerando que as escolhas, decisões são tomadas a partir da percepção (que por sua vez depende do referencial), uma ação de re-significação do referencial pode alterar a percepção e por sua vez, conseguinte, as escolhas e decisões do indivíduo. Esta estrutura torna-se ainda mais desafiadora e complexa considerando todos os atributos da sociedade líquida de Bauman. É preciso controle e reciprocidade e para isso é fundamental ter timing and balance.

Alguns executam a dinâmica da dívida. Assim, utiliza altruísmo como instrumento gerador de "dívidas de gratidão", construindo então uma rede de influência e poder de persuasão. Como defesa, o sujeito pode exercitar as ferramentas de "evitar" e "recusar" envelopadas de uma gratidão protetora. Estar atento às iscas de gratidão, recorrentes como ferramenta de influência.

O conflito de autoridades gera autorizações e transgressões. Grandes lobbystas (de setores industriais, produtivos, religiosos, educacionais e etc) subvertem o que chamam de cultura de compliance para redefinir o comportamento padrão de um grupo, por meio de manipulação dos pontos de pressão (fragilidades/acessos) e das "dívidas de gratidão", onde o desconforto propicia certa culta e sentimento de ter de gerar recompensa. Não pedir, mas conceder, para depois obter. Assim, a sobreposição dos padrões sociais estabelecem uma sensação de força cultural natural, cujo meio de fuga é alternar a moral. Uma revisão de conceitos e interiorização deles em seus gestos, pensamentos e sonhos. Para ocorrer as mudanças interiores deve-se cultivar uma ideia, e a inserir no seio social por meio protéticos sobre as lacunas. Posteriormente, retira-se a ideia do cenário, ficando então o novo padrão de comportamento.

Motivos? Para alguns a manutenção do fluxo da vida em comum, para outros uma maneira de exercer potencialidades percebidas, para outros, mera diversão.

Entre casais, sutil tortura a de controlar a quem se ama para satisfazer uma carência; sublime submissão a de ter a ciência disso e ainda assim sucumbir ao controle do ser amado, chamando isso de entrega.

A estratégia do eterno retorno e compasso da compra. A sociedade, um corpo de poros escancarados, seres suscetíveis, com pontos de acesso e exaustão. Quando o clichê do tempo movimenta o vento e balança o prisma que protege o caráter das pessoas, muda-se a imagem, ou revela-se um pouco mais.

Compromisso e coerência como justificativa mental para as escolhas. Alicerces da integridade. Construindo um novo padrão de comportamento como referencial, altera-se as estruturas da aceitação, por empatia ou autoridade. O aconchego da aceitação social é como trancar o quarto 101 de 1984. A combinação de estratégias de influência consolidam os relacionamento nas diversas esferas da sociedade e sustenta o fluxo afora as imperfeições psicológicas dos indivíduos. As vulnerabilidades, pontos de pressão do indivíduo, são aceitas então; tanto como ferramenta de manuseio, tanto como limitação do ser humano (tão desejoso de colocar um trono sobre as estrelas).

Motivos? A falta. A falta afasta a calma, inquieta a alma e nos faz sucumbir à rima. A escassez, desde os detalhes até a amplitude de sua complexidade, envolve os indivíduos em sociedade, transformando-o em sujeito, ser social. A ambientação da falta estabelece lastro de interferência. Então desdobra-se em controle. Afã da raridade x Controle de ansiedade.



sexta-feira, 5 de abril de 2019

entrelinhas do sopro


Sou
Dedilhado à superfície das correntes águas.

Suo 
Trepidando no vento que perpassa as montanhas.

no silêncio pousar do beija-flor
na harmonia de cheiros, texturas,
desejos e suspiros.

Voo nas cores que delineiam o horizonte 
sem o rompante dos infantes
sem o afoito feito dos incautos
Maturo e misturo
ouço o tempo
sinto atravessar-me a vida
Fluo 
na continuidade do verso que amanhece

beiras



À beira do tempo
o abismo responde
suspiro de esperança 
que se dobra ao horizonte.

A intensidade do olhar
na simplicidade de ser
leveza sustentável que se revela.

;

quarta-feira, 6 de março de 2019

Relâmpagos da narrativa



Desafio de comunicar e proporcionar a fluência dos processos sociais sem atravancar a retenção de mensagem, formação da consciência do cidadão e manutenção do caráter do indivíduo. É realmente necessário educar a comunidade sobre o negócio dos setores? Não há espaço para manipulação velada, mas esse processo de "educação" da comunidade não pode se estruturar sobre a premissa de ser apenas um defensor setorial.

Algumas variáveis devem entrar no escopo de análise de quem se propõe a atuar profissionalmente (defendendo setores e marcas) como agente de comunicação na contemporaneidade (Considerando que enquanto indivíduos atores sociais todos atuam naturalmente como agente de comunicação na sociedade).

- Excesso de informação
Amplificou-se o reverberar das narrativas dos indivíduos, aumentou o número de narradores com poder de manifestação, via fácil acesso a novas tecnologias e plataformas de comunicação. A Avalanche de informação sobrecarregou a sistema de relevância dos indivíduos. Dificultou a triagem. Qual informação é essencial? Diferencial? Irrelevante?

- Vulnerabilidade da intimidade
Com a intensificação dos fluxos de comunicação e exposição de pensamentos e acontecimentos pessoais, criou-se uma intimidade digital entre conhecidos, tornando vulnerável a intimidade do indivíduo e passível de interferências não com objetivo pessoal, mas talvez até setorial.

- Clamor natural por um propósito 
Soma-se aos desafios do mercado, a necessidade natural do indivíduo e também da coletividade, por um propósito. A reputação de um setor ou marca não passa por ser A MAIOR, A MELHOR, A MAIS TRANSPARENTE, mas sim ter um propósito que esteja em harmonia ou alinhado com os propósitos de um grupo (coletividade) e também do indivíduo (pessoal).

- Consistência e participação 
Neste sentido, as ações e narrativas precisam ter consistência e manifestar a participação efetiva do narrador na sociedade. Como ser que atua, interfere e sofre interferência. Integração.

As plataformas de comunicação são meio (que às vezes tratado como fim), a interação e reação das pessoas é o objetivo que modula em essência, mas não em natureza. As narrativas devem compreender seu papel de tradução de conflito e convergência de "significantes" em uma mensagem outra, que vai além na paisagem, em busca de uma mensagem de amplo acesso e aceitação (não por imposição ou massificação).

A vanguarda na comunicação permanece o Santo Graal. Muitos empunham cálices, cruzes e projetam conceitos ao ar... afora os ciclos de clichês... há quem diga que o encontrar o almejado Graal da Comunicação e narrativa, se realiza no exercício e não no fim da busca.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Des - perdida


Caminhava distraído pela manhã. O canário pousou repentinamente na minha frente, sorriu e alçou voo. Assim minha manhã, dentro de mim, teve ainda mais leveza e paz. Um amigo recitou "vamos nos perder no tempo", como um lamento, sem perceber que se mudasse o olhar sobre a frase, a vida seria outra... e a borboleta gasta pelos errantes voos sinceros fez pouso em minha janela, paralisou e depois levou meu olhar, e nas asas fez ressoar um "vamos nos perder no tempo"

Vamos nos perder no tempo, um aviso, uma promessa
Vamos nus, perder no tempo, prelúdio da liberdade
vamos nos perder no tempo, um convite, a viver a vida
vamos nos perder no tempo, a constatação do horizonte distante que brota dentro de nós....


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O presente iminente no futuro que se almeja




A construção da realidade social passa pelo interesse. Interesse constituído pelas vontades, necessidades individuais, e pelo consenso coletivo subsequente. O sujeito está cada vez mais centralizado como ator social individualizado, interferindo na Rede Social para apenas atender seus objetivos, isso até mesmo quando demonstra nuances de altruísmo. Este aspecto fica latente quando consideramos a leitura que Adorno faz do indivíduo em sociedade, enquanto sujeito, onde por mais que se submete a fluxos impostos por uma liderança social, ele executa suas escolhas tendo como motivado os próprios interesses, as respectivas singularidades. Neste cenário de impulsionamento do individualismo na sociedade, é importante também refletir sobre a construção de sentido, sobre as mensagens que disseminam consolidam e derrubam padrões culturais.

Para as Empresas atuarem de forma satisfatória no mercado, é preciso perceber e conhecer a mutante configuração social, os mecanismos de interferência e a maneira de interagir. A viabilidade do negócio depende da versatilidade dos gestores das organizações.

O presente é imediato. A iminência corrente do futuro almejado pelas pessoas e organizações. O Planejamento estratégico é fundamental para a perenidade das entidades. Maurício Fernandes Pereira (2010) discorre em Planejamento Estratégico (teorias, modelos e processos) a premissa de Platão para desempenhar as atividades em ordem de prioridade (Belo / bom / verdadeiro / útil). Parafraseando-o podemos perceber que é o belo é o Ideal; o bom o máximo possível; o verdadeiro é o possível mediano; o útil é o básico. Em sua obra ele discorre das alternâncias dos modelos de construção dos Planejamentos ao longo dos anos e revoluções sociais, passando pela industrialização e culminando nas correntes do Século XXI e as Escolas de formação de estratégia: Empreendedora, Cognitiva, de Aprendizado, do Poder, Cultural, Ambiental. Sendo que nenhuma é melhor ou pior, mas são rumos que podem ser seguidos, seja ele pelo viés da Concepção; Formal; Analítico; Visionário; Processo Mental; Emergente; Negociação; Coletivo; Reativo ou de Transformação.

Antes de formular seu planejamento estratégico a organização deve compreender que está num rio pensando nas águas que virão, mas se molhado pelas águas que se foram e constantemente se vão. Diante deste paradoxo, é preciso verificar qual o propósito geral e específico da organização, sua competência para executar, disposição de investir nas ações necessárias e versatilidade para rever posicionamento e evoluir diante de possíveis intempéries.

A definição de um plano estratégico eficaz considera a resiliência e a flexibilização do olhar a configuração social contemporânea e as tendências. Neste cenário, a inquietação social (baseada na curiosidade) é essencial para tencionar paradigmas e adequar perfis em prol de licenças sociais. 


Ciente de qual o respectivo propósito, a empresa terá concebido o resultado esperado, mas deve ter bem definido qual o lastro desse resultado, para quem ele será destinado e até quando. A vida em sociedade (seja público ou privado) baseia-se na interação de pessoas. Pessoas que atuam como Indivíduos e Atores Sociais.

Elaborar, gerir um planejamento estratégico é conduzir um processo de pessoas; trabalhar potencialidades e limitações. Afora as plataformas tecnológicas, a dimensão humana é o diferencial de uma empresa. Enquanto teóricos discorrem sobre a criatividade ser inato (Fustier e Fustier 1985 / Bono 2000/ Abraham Maslow), outros a apontam como um diferencial de ocasião (Szent-Gyorgyi). O poder criativo da coletividade depende de como as pessoas são trabalhadas individualmente. Como a cultura da organização de alinha à do indivíduo e como o seu potencial criativo é recebido no ambiente da gestão estratégica. Uma ideia para conceber-se criativa e maturar em inovação precisa de tempo e espaço. É preciso exercício, capacitação; e um equilíbrio entre liberdade e autonomia. Para criar e inovar é preciso expandir fronteiras, mudar o modelo mental firmado em paradigmas e manter-se na constante busca pela vanguarda perene.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

licenças




Cada vez mais em voga, a interação dos atores sociais modelou-se como fator essencial no modelo de negócios das empresas. Não há espaço para apenas filantropismo ou discursos bem estruturados de publicidade de atuação social, de Responsabilidade Social. O novo modelo das sociedades e da viabilidade dos negócios exige que haja um Investimento Social Corporativo bem planejado, justificado e efetivo. O desdobramento das ações, mais que a publicidade do fato, deve promover influências positivas na configuração social da comunidade contemplada.

Seja por meio de conflitos operacionais e políticos com as comunidades, seja por meio da imposição de órgãos certificadores, as empresas se atualizaram no que concerne à interação social, tendo a ciência de que não há como subestimar a opinião pública. Os players passaram a perceber (de forma gradual) que não basta ter licença operacional e ambiental para uma empresa operar, é fundamental uma licença social, uma aceitação por parte da comunidade afetada, da interferência dos processos da empresa no ritmo e na paisagem regional. Este é um fator determinante para a imagem e reputação organizacional. Mas esta aceitação não é imposta, é conquistada (e não de forma soberana) e requer constante manutenção. Trata-se de uma chancela volúvel, que exige sabedoria além de técnica para perceber, analisar, interagir e comunicar.

E para compreender o que vem a ser a licença social a que se propõe obter, é interessante saber o que significa e como estão presentes os demais atores da sociedade como os Negócios Sociais (que difere de uma organização sem fins lucrativos, pois deve buscar lucro moderado para expandir o alcance da empresa, melhorar o produto ou serviço sem tornar-se essencialmente comercial, tampouco desmembrar-se da missão social).

Neste ínterim, a comunicação feita de forma adequada é o diferencial para tratar de temas polêmicos sem estardalhaço e sem propagandismo, mas com sobriedade, transparência e tempo hábil. Ao invés de consolidar midiaticamente conceitos e multiplicá-los, é fundamental tornar efetivas as ações de interação social e seus desdobramentos correlatos. Antes de fazer reverberar mensagens em grandes planos de mídia, é fundamental uma dedicação maior e intensa na construção das mensagens e sua devida formatação. Este é um dos gargalos do mercado da comunicação contemporânea: no afã do imediatismo, alimenta-se o propagandismo de ações nas diversas plataformas disponíveis, em busca de audiência, mas não de retenção de mensagem e transformação. 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

conteúdo da forma



Intermitente reflexão sobre os valores dos fluxos, das pessoas, das coisas, mergulha nosso olhar ao redor com um distanciamento enigmático. Um pedaço de papel, dinheiro, certidões, contratos, escrituras, endereços, contas, rendimentos. Números na rede, signos, símbolos dos nossos rótulos. Todavia ainda tudo permanece sendo o que é. Quando sopramos para fora das coisas o sentido que colocamos nelas, podemos perceber que elas são o que são.

Espaços, objetos, reputação, imagem, relacionamentos. Firmamos no horizonte nossos objetivos, por casa, carro, riquezas, relacionamento, sucessão de gozo e legado. Alternamos nosso tempo entre dedicação, confrontamento e descanso, até sucumbir aos últimos dias de vida. Flanqueamos estandartes dos propósitos, queremos mudar opiniões, olhares e gostos.

Se viva a planta está, consome nutrientes, rompe a terra, vive, floresce e morre. Perpetua-se no pólen que cede, na cor que pinta a paisagem, no verso que inspira o homem. Nasce vive morre homem. Interfere na paisagem  desejando assiná-la, rimando por às vezes assassiná-la. Contudo, belo é seu intervir quando pinta a paisagem, de modo a propiciá-la ainda mais bela ao próximo, mesmo sendo este, cego.