quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

conteúdo da forma



Intermitente reflexão sobre os valores dos fluxos, das pessoas, das coisas, mergulha nosso olhar ao redor com um distanciamento enigmático. Um pedaço de papel, dinheiro, certidões, contratos, escrituras, endereços, contas, rendimentos. Números na rede, signos, símbolos dos nossos rótulos. Todavia ainda tudo permanece sendo o que é. Quando sopramos para fora das coisas o sentido que colocamos nelas, podemos perceber que elas são o que são.

Espaços, objetos, reputação, imagem, relacionamentos. Firmamos no horizonte nossos objetivos, por casa, carro, riquezas, relacionamento, sucessão de gozo e legado. Alternamos nosso tempo entre dedicação, confrontamento e descanso, até sucumbir aos últimos dias de vida. Flanqueamos estandartes dos propósitos, queremos mudar opiniões, olhares e gostos.

Se viva a planta está, consome nutrientes, rompe a terra, vive, floresce e morre. Perpetua-se no pólen que cede, na cor que pinta a paisagem, no verso que inspira o homem. Nasce vive morre homem. Interfere na paisagem  desejando assiná-la, rimando por às vezes assassiná-la. Contudo, belo é seu intervir quando pinta a paisagem, de modo a propiciá-la ainda mais bela ao próximo, mesmo sendo este, cego.


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