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sábado, 1 de outubro de 2022

Nem sempre ganhar é melhor

O gozo da realização, a euforia do reconhecimento, o acesso liberado a regalias que só quem ganha alcança. O sabor do mérito, o perfume do legado que fica no ar. Os ensinamentos a serem repassados, a marca deixada na história, a paz do dever cumprido. Atributos apenas da vida dos vencedores? Ninguém ganha sempre e em tudo. Poder, riquezas vêm e vão, mas as pessoas, quando se perde, nunca mais; já diria o corvo. Nunca mais. Perde-se pessoas com a morte do corpo, perde-se todos os dias com a morte da essência, corpos vivos enchendo as multidões de indivíduos com ansiedade, nervosismo, espasmos de estresse, depressão, problemas com o peso, intrigas pessoais profundas de coisas tão corriqueiras. Um colapso do modelo social. Ou sua retroalimentação, para reiniciar ciclos.

O cenário então se configura com o excesso de narrativas que buscam consenso, aceitação e conciliação. Todavia, por estratégias diversas. Narrativas que causam inquietação e questionamento para reflexão; narrativas que causam confusão (essas geram insegurança e estimulam o desejo natural por se assegurar em um referencial); narrativas que geram apatia controlada (pasteurizando o pensamento individual, uma lobotomia social); narrativas de reação (instigando "escolhas", fruto da persuasão); narrativas de alienação pelo entretenimento; e tantas outras, cada qual com seu movimento padrão pelo tabuleiro da realidade. Se antes o planejamento da estruturação de uma narrativa podia demorar muitos copos de cafés, atualmente (há muito tempo) é preciso ser mais dinâmico no intervalo entre planejar e executar.

Paira entremeio a sociedade de maneira mais intensa o FOMO (Fear of missing out) e as narrativas corporativas só intensificam esse processo. O tempo; recorrente prisão e liberdade. Ser real como proposta do novo (2020) "bereal"?
Limitar o tempo de exposição das mensagens e às mensagens pode ser uma ação para não sobrecarregar "a nuvem" e sofrer com a chuva de multiplicidade e também de confusão. Não se trata de ganhar ou perder.


O que precisa e deve ser comunicado e que precisa e deve ser contemplado? E o que se deseja? Conhecer-se a ti mesmo é o exercício recorrente tão necessário e eficaz, que talvez seja uma recomendação latente para a saúde social dos indivíduos. 

Na elaboração das narrativas corporativas, todos devem fazer com mais cuidado, responsabilidade e agilidade; e claro, usar os cafés como prazer e não para contar do tempo que passa rsrsrs; seize the day, e aproveite a vida; "a poderosa peça continua e você pode contribuir com um verso".

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Calculadora de Pescoço


Desde as peripécias do Hilbert Hotel, e muito antes, a matemática permeia as mais malucas elucubrações corporativas e sociais. Cada qual com seu paradoxo, a comunicação não podia ficar fora do mundo das planilhas, com apresentações estimulantes para impulsionar canetas a liberarem verbas, ações e estratégias. A lista de índices é enorme, ROI, Clipping, Valoração, Engajamento, Abrangência, Peso, Relevância, Retenção de mensagem, e tantas outras que os gestores se perdem como um apresentador de talk show no meio de uma montanha de cupons fazendo sorteios de natal.

Muitos profissionais se jogam nos buscadores online atrás de fórmulas e dicas. Na assessoria de imprensa a brincadeira é extensa, Consolidação de centímetro por coluna, espaço ocupado por quadrante, por tipo de página, investimento realizado, conversão do conteúdo online de pixel em cm/col versus valor comparado, ou valoração. O desempenho em redes sociais então... dependendo do tipo de mídia social, um leque de métricas automáticas e outras desenvolvidas estão à disposição. É preciso mensurar e analisar as mensurações, sem euforia e ingenuidades.Ver as palavras atreladas aos números e conseguir compreender os rumos da comunicação (antes, agora e depois), o lugar do sujeito no processo de significação e prospectar os próximos passos (não apenas repetir o planejamento do último período).

As faculdades não ensinam as métricas, não de forma aplicável; o mercado possui um padrão de cálculo e cada assessoria adapta à sua realidade (muitas vezes de forma equivocada) e as agências guardam suas fórmulas como carta de supertrunfo. Afora as referências, a mensuração das ações de comunicação e a análise dos desdobramentos evoca um profundo conhecimento do setor em que se atua, das reações esperadas, compreender a interrelação dos indicadores e como analisar os dados de forma a se desdobrar em diretrizes para ações de imediato, curto, médio e longo prazo. A inteligência não está na xícara de café ou na borra que fica.Não adianta gerar relatórios só para ocupar espaço e fazer cócegas no ego dos gestores, tampouco revestir com linguagem de marketing para galgar prêmios de entidades representativas, é fundamental que as análises da mensuração façam sentido para a organização, seja um ativo relevante.

Empoderados, gestores alternam entre o atacado e varejo da comunicação. Caminham pelas organizações como um agente de vendas, tendo o profissional de mensuração como uma calculadora presa ao pescoço, sempre pronto a sustentar argumentos e preencher lacunas. Defendendo orçamentos, analisando investimento e custos perante resultados e planejando os próximos passos.

Diferencial no mercado de comunicação tornou-se o profissional que sabe transitar entre o operacional e o estratégico. Domina os fluxos das plataformas e é versátil no uso da linguagem e restruturação de narrativas. Simultaneamente, sabe gerir planejamento, orçamento, custos, apropriações, consegue mensurar resultados, analisar a mensuração e projetar diretrizes que alimentam o processo, desdobrando-se no operacional e obviamente no estratégico. Essa calculadora pesa, pois sua bateria não é apenas salarial, e suas funções excedem até mesmo as científicas pós graduadas, pois este profissional tem apurada percepção para compreender números, palavras e a paisagem; para chegar a este patamar é fundamental além de formação acadêmica, continuar o processo de aprendizado de maneira multidisciplinar. Quando maduro, este profissional está pronto tanto para fazer a gestão, quanto para consolidar-se como especialista. Torna-se uma peça chave no tabuleiro corporativo, uma oportunidade e uma ameaça. Torna-se exemplo e alvo. Na maioria das estruturas, vira alvo, pois com medo de ser enforcado pela calculadora que não sabe usar, o gestor não a desliga, mas a joga contra a parede. Uma vida sem receita, mas com muito sabor.

A mensuração de resultados e oportunidades em comunicação é um ambiente atrativo e traiçoeiro (pois tem muitos vícios). Compreender as especificidades contribui para a evolução dos processos, bom uso das plataformas, relatórios úteis e relevantes, mudanças benéficas no ambiente corporativo e no potencial profissional de cada um.

Marketing Digital? Assista abaixo!




quarta-feira, 26 de julho de 2017

Relações Governamentais no mundo empresarial


(Parte do trabalho Sócio-Transcendência - A Sociologia Política como instrumento estruturante do Investimento Social Corporativo - da pós graduação em sociologia política)

As leis não definem e regulam uma sociedade, mas a sociedade regula as leis. Enquanto se pensar o contrário, viveremos um tempo de excesso de leis, escassez e ineficiência de cumprimento e de fiscalização. A atrofia dos órgãos públicos (em função do perfil robusto de burocracia, baixo índice de capacitação e de comprometimento de seus servidores, aliada a má gestão de alguns personagens) exige uma reconfiguração do posicionamento da iniciativa privada tanto no cenário social (como praticar a responsabilidade social), quanto no político (dialogando com os atores políticos em busca de uma responsabilização pública sobre as demandas sociais e também empresariais).

Neste sentido, as empresas deveriam estar atentas às respectivas estratégias e estruturas de relações governamentais. Não amparada em propina, e o velho modo já condenado e vindo à tona no Brasil pelos recentes acontecimentos (Operação Lava Jato), mas na legalização de um lobby como instrumento de diálogo e articulação de destinação de políticas públicas e recursos em prol da comunidade. Assim, os profissionais devem dominar as técnicas de leitura de território, exercitar a percepção de tendências e correlações sociais, bem como atentar-se para as estratégias políticas e suas interferências nas comunidades de atuação da empresa. Se a equipe responsável pela atividade é própria ou terceirizada, isso depende do perfil de gestão da empresa. Talvez o recomendável seja uma equipe própria com suporte (via convênio) de uma associação com expetise e trânsito político.

Para isso, após ter uma leitura (diagnóstico) aprofundada do território (comunidades) que atua, é importante que as áreas de Relações Institucionais / Governamentais das empresas sigam algumas premissas básicas:

Conhecer a gestão financeira dos municípios críticos (receitas e despesas). Ex: via Portal transparência, Lei de livre acesso à informação. Considerando municípios críticos aqueles de relacionamento mais delicado, que exigem mais atenção.

Conhecer linhas de investimento público disponíveis. Convênios, emendas parlamentares, fundos, leis de incentivo. Acompanhar a estrutura de gestão do Estado e da União no sentido de destinar recursos para as cidades.

Conhecer Atores políticos de interferência e influência nos municípios críticos (Ex:Deputados Estaduais, Deputados Federais, Chefes de partido).

Articular captação e destinação de recursos federais e estaduais para demandas dos municípios críticos. Verificar junto a Prefeitos e Presidente de Câmaras o fluxo de recursos para o município e promover o diálogo com os atores políticos, colocando a empresa ou instituto da empresa como interlocutor que reforça a demanda social cuja solução é pleiteada.

 Simultaneamente a busca por recursos públicos, é fundamental que a empresa determine o que deseja obter de retorno de cada projeto que apoia (Retorno apenas de imagem? Geração de Renda para comunidade? Qual a meta de renda a ser gerada por família beneficiada? Qual o tempo de apoio? A empresa tem também que definir quanto (R$) está disposta a destinar ao Investimento Social Corporativo.

- Elaborar estratégia de atuação, definindo perfil de investimento (social e de comunicação) correlacionado à rentabilidade da Empresa  (Faturamento, lucro líquido, tributação).

Verificar perfil do investimento social corporativo e de comunicação e o impacto ou interferência no Índice de Sustentabilidade da Empresa (ISC).

A profissionalização das Relações Governamentais no cenário da iniciativa privada precisa ganhar aspectos sérios, com fluxos formalizados e estratégias bem traçadas para promoção da boa política, em prol do famigerado desenvolvimento integrado e justo.


quarta-feira, 19 de abril de 2017

eis



Eis que não sabias a profundidade do verso. Manipulava sentimentos calada. Tampouco percebias o envolver da rima. O tempo atravessava nós enquanto atravessado era. Rimas, essas quinas afiadas, esses desfiladeiros que não revelam o porvir, mas nos faz cativados pela nova sensação. A liberdade balbuciada na madrugada em um olhar, a lua.

A transformação acontece quando se renova paradigmas. Ela se instala quando há consenso. O consenso vem da divergência e processo de diálogo. A aceitação sem consenso é submissão. Submissão é diferente de se submeter, aqui, a submissão é uma aceitação imposta e não construída. As relações sociais, seja institucionalizadas ou não, precisam conceber além da mudança de leitura de cenário (público - privado - compartilhado - emissor de discursos - uso e ocupação do espaço) o processo de reorganização social a partir da entropia, da divergência em ampla concepção, onde a sociedade participa e o Estado se reformula não segundo objetivos de grupos dominantes, mas essencialmente sob o viés do consenso (obtido de forma complexa, dinâmica e nunca permanente). A sociedade é volúvel, e tudo o que a constitui assim se faz na contemporaneidade (talvez em função do efeito do emponderamento social junto ao fácil acesso a plataformas de comunicação e mecanismos de poder), assim não há Lei e Estado soberano de configuração permanente.

O modelamento político não é sólido, tampouco o contrato social e o pacto social. Se tudo que é sólido se desfaz no ar, como disse uma vez Marx; tudo o que está no ar será em algum momento absorvido por nossas narinas, interiorizado e posteriormente externalizado em algum paradigma social... assim nem a liquidez de Bauman permanecerá por muito tempo, uma vez que estamos em uma era transitiva. O porvir descortinará o que há além dos clichês sociológicos e antropológicos. Ele nos apresentará a vanguarda que ainda não versamos sobre.

Há uma iminente necessidade de se compreender a ruptura do pacto e do contrato social. Fato que evoca uma revisão dos mesmos, pois isso gera oscilação do equilíbrio social, revisão de valores e definição de novos padrões sociais (morais e etc).

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