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segunda-feira, 26 de junho de 2017

copronarrativa


Orgânico divã, o corpo traduz nossa relação com o mundo exterior de forma tão subliminar quanto escrachada. Quando se fala ou passa por algo e logo vem aquela sensação de náusea, materializada no vômito ou diarreia, trata-se do corpo manifestando sua rejeição e tentando lidar com as emoções ou palavras não digeridas. Seguindo o raciocínio, uma pessoa que tem nojo dos respectivos excrementos, que se limpa com nojo e nem olha a merda que fez antes de descarta-la, essa pessoa geralmente é do tipo que na vida social não reconhece as "merdas sociais" que faz, não corrige seus erros, não assume suas falhas, mas ou as esconde, ou transfere a responsabilidade para outras pessoas ou situações. Olhe ao redor, vai constatar gente assim mais perto do que imagina, em cargos altos nas empresas, em governos, destaque em famílias.

Engraçado ainda pensar na constituição dos banheiros públicos. Dos primórdios antros de doenças das casas de banho e banheiros coletivos da Roma antiga, atualmente os banheiros tem certa higiene (depende muito do local) e privacidade (quando há cubículos, ou mictórios individuais). Mas é curioso como te leva a fazer algo que é natural, mas tão íntimo que você não faz perto da família, mas sim perto de estranhos. Seja usar a latrina, escovar os dentes, cortar os pelos do nariz. Uma intimidade momentânea, uma cumplicidade superficial, de dividir odores e ruídos, fluidos e alívios; mazelas. Mas a integração acaba com o bater da porta.  A sociedade de gestos mecânicos, de interações técnicas para facilitar processos individuais, em espaços coletivos. O mesmo acontece em metrõs, ônibus e etc... onde há aglomeração.

Fato é que muitos se comportam socialmente como anciãos, à beira da senilidade. Fazem merda, não reconhecem, culpam os outros e ainda esperam que alguém os limpe.

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