domingo, 1 de março de 2015

ah


pra quê esmero ao vento...
fui ser sincero
e fustigado pelo julgo dos outros fui
fui amar o que nunca é meu
e amargo se tornou meu olhar
insípidas minhas lágrimas
silenciosas minhas palavras
agora a foto de um instante de ternura
me afogou no ridículo da exposição
não há inocentes
não há inocência
suave macia e doce
sua voz afaga se pra mim e afoga se para os outros
tênue membrana entre a dor e o gozo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

pouso


presença que me envolve
suave voo
toca pétala, encanta olhos meus

borboleta flor de asas
tatuada

beija o verso que ainda é rosa
faz canção ao vento
do que ainda suspiro 

...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Daltonismo velado

Ramon Bruin
foto:Ramon Bruin
Muitos estranharam o rebuliço dos últimos tons exibidos nos cinemas, sob a direção de Sam Taylor-Johnson e impressos nas intrigantes páginas de E. L. James (50 tons de Cinza). Filas, risadas contidas de um pudor e excitação social que até remetia a outras eras. A sociedade como uma nova Babilônia sem os jardins suspensos. Entretanto, nos é tão natural o que nos impressiona. Indivíduos reprimidos, assumem costumeiramente seu papel de ser social, defendendo uma posição conservadora, neutra, ou pseudo-liberal. Antes de pensar sobre como a narrativa trabalha o mundo das possibilidades e sobreposição de paradigmas é importante atentar para alguns aspectos em cena:

Homem novo, esteticamente aceitável pelos padrões de beleza, bem sucedido financeiramente e intelectualmente. Solteiro, com firmeza de atitudes e escolhas, até mesmo quando precisa ser sutil. Com certo mistério sobre sua vida pessoal e um toque de trauma psicológico que o torna suscetível a mudança. Com sabedoria no que diz respeito ao corpo e suas reações. Pilota, dirige, toca, manda, bate, fode e assopra. Do outro lado, ela: Jovem, bonita, frágil, bem humorada, inocente, porém determinada. Solteira, independente, culta, virgem, disposta a descobertas. Fiel, acredita em relações sentimentais duradouras, baseadas em cumplicidade e transparência. Capaz de assumir o controle em discussões, domando o outro por meio do desejo e da mente.

Esses aspectos de certa forma manifestam o tão sonhado imaginário dos gêneros. Representa as projeções psíquicas que os indivíduos fazem na busca pelo parceiro ideal. Nem tanto sacro, nem exageradamente profano. Algo que supra a demanda pelo equilíbrio entre dominar e ser dominado. Produzir um gesto que tenha intensidade, força e ainda sim sutileza. A partir desses elementos, a narrativa perpassa por linguagens que atingem o imaginário coletivo, e simultaneamente afagam as projeções íntimas de cada espectador, que em silêncio reage e cautelosamente esboça (ou constrói) sua interpretação para a sociedade em que vive.

Um corpo contido nas poltronas, o princípio de furor entre as pernas. Uma história é exibida na tela, com fotografia e trilha sonora fantásticas. Ritmada por cortes concatenados com suspiros, mover de pálpebras e até mesmo o molhar os lábios. Outras histórias são compostas ou remexidas no cérebro de cada um. A liberdade do silêncio, no escuro de uma sala de cinema.

O que se perde com o piscar dos olhos? As sensações que ainda não traduzimos em imagem, tampouco em palavras. O que há além dos créditos finais? O volúvel ser humano e suas possibilidades de relacionamento.

O relacionamento humano a todo o tempo rompe paradigmas com a instituição de novos paradigmas. O elemento paradoxal deste fato nos faz perceber que um significativo aspecto que caracteriza uma sociedade é a maneira como o coletivo concebe conceitos, manifesta e reproduz interpretações a respeito de sentimentos. As ambições individuais e coletivas nutrem sentimentos que orquestram os gestos. A sobreposição dos gestos e sua aceitação pelo grupo consolidam tradições e paradigmas, sobre tudo: religião, política, sexo, espiritualidade e etc. Neste sentido, transcender não é extinguir, mas expandir as fronteiras da percepção e do comportamento. Trata-se de romper um paradigma com outro, sem a preocupação, ou a consciência, de que pode se repetir neste movimento quase de dança. E o sexo também pode ser visto sob o viés desta dança.

Se todas as possibilidades na ordem e relação das forças já não estivessem esgotadas, não teria passado ainda nenhuma infinidade. Justamente porque isto tem de ser, não há mais nenhuma possibilidade nova e é necessário que tudo já tenha estado aí, inúmeras vezes. (Friedrich Wilhelm Nietzsche).

O sexo em película vai além do que se pode projetar em um quarto escuro, mas reverbera no obscuro da constituição do “ID” do indivíduo simultaneamente à sua constituição como ser social. O teatro não conseguiu explicitar em cena todo a pandemônio da Casa dos Budas Ditosos (livro de João Ubaldo Ribeiro sobre a Luxúria, em 1999), As duas partes da Ninfomaníaca (lançado em 2013) do dinamarquês L. V Trier chegaram perto do quão cru é a realidade, o desejo, vontade e representação; o quão belo e trágico é coexistir. Contudo, o ápice das obras não está no clímax apresentado na tela, mas no efeito em quem assiste, em como a absorção daquele conteúdo consolida ou refaz conceitos, interfere na constituição do indivíduo, sendo o prelúdio de suas próximas escolhas. A vanguarda pulsante que autores buscam vai além do produto de sua arte; mas depende do efeito no outro e da continuidade da interação com a mensagem da obra cinematográfica.

Neste ínterim, percebe-se que o pano de fundo da reflexão sobre o sexo no cinema é a construção de valores e sua atribuição aos paradigmas vigentes ou aos que virão por ser estabelecidos como item de uma nova ordem social mundial. Esse processo acaba por definir também o que é polêmico. Quando temas polêmicos são abordados na tela do cinema, nas páginas de livros ou conversas ao ermo, não se trata de um gesto impensado, mas construção de mensagens que se propõem como pílulas de reflexão. Se placebo ou cura para um mal social, apenas sua absorção ao longo do tempo indicará uma resposta; todavia não esgotará o assunto, pois ele se renova.


Afora o que se concebe em palavras, há de se desdobrar o diálogo, buscar compreender e vivenciar os efeitos de mensagens da sétima arte, vendo-as e sendo-as como uma obra de Dali... ou como as migalhas da Casa de Budas Ditosos e a intensidade melancólica de L.Von Trier.

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Santos mortos - Poetas da Dor - parte 2


As narrativas às vezes são a membrana superficial...

Seja sol ou madrugada, janela aberta. O vento varre da minha face as ilusões. Fecho os olhos e consigo ver além do que penso ser. Percebo como os outros constroem seu repertório de experiências e códigos e os empregam em vida. Sinto as agulhas das emoções alheias penetrarem meu sossego.

Tanto buscamos descobrir o novo e catalogá-lo a fim de concebermos conceitos, interpretações e alcançar a certeza, para assim partir para outra descoberta ou simplesmente controlar as coisas catalogadas, ser superior. Dominar o que se ama, o que se conhece. Isto é percebido em todas as dimensões do comportamento humano; na sua relação com a natureza, com a sociedade, sentimentos e tudo o mais.

O processo de santificação (ao contrário do Bíblico) depende fundamentalmente da morte e não da vida. Ao morrer, o indivíduo comum passa a ser lembrado, admirado e considerado pelos fatos benéficos relevantes, tendo as mazelas de conduta e caráter amenizadas, quase apagadas da memória. Porque isso não é feito em vida? Valorizar as pessoas pelos acertos, focar o julgamento nas qualidades ao invés de em vida julgá-lo pelos erros, e em morte reconhecer seu valor de semideus? Quem morre é lembrado pela parte dele que construímos em nosso imaginário, a partir da convivência com a pessoa, ou com a narrativa que alguém criou sobre a pessoa em questão. Afora exceções, quem morre é lembrado como bom e os vivos têm seus defeitos realçados. Tropeços.

As narrativas então estabelecidas tratam os indivíduos vivos como seres os quais os erros e desvios sobressaem às qualidades. E assim, uma sociedade de sonhos hipócritas é consolidada. A trajetória do indivíduo, travestido de ser social, é analisada sobre vários aspectos. A sociedade, evitando o processo de autoconhecimento proposto pela máxima no Oráculo de Delfos, subjuga o próximo e disseca seu caráter com o objetivo de condenar ou absolver o cidadão. Como parâmetro de análise, utiliza padrões morais e de excelência que estabeleceu a partir dos respectivos anseios. Padrões consolidados junto ao grupo de afinidade, composto de pessoas que comungam dos ideais e um ou outro de ideia divergente, para garantir contraponto.

Para sobreviver a essa dinâmica social o indivíduo pode ignorá-la e conviver; pode subverter os parâmetros, interferindo neles, quebrando paradigmas construindo outros; ou pode sucumbir às manipulações sociais.

Ignorar é o que a maioria faz. Ignora e convive, pois o indivíduo naturalmente percebe que enquanto ser social ele também julga e opera os próprios padrões. O cinismo rege a história de vida de tantas pessoas. Assumem personagens, acreditam intensamente no rótulo que carregam, e ainda tentam impor uma realidade e modo de pensar a quem por perto estiver. E assim o terreno  está preparado para frustrações. (Que surgem também de tantos outros lugares).

Subverter os parâmetros, a partir da interferência e sobreposição de paradigmas é feito com a utilização das ferramentas culturais; as artes em suas diversas dimensões (artes plásticas, artes cênicas, literatura e etc), bem como pelos pilares históricos (manifestações populares e articulação de grupos que atravancam o sistema corrente estabelecendo outro padrão comportamental).

A operacionalização das ferramentas culturais nem sempre têm como finalidade alterar os parâmetros supracitados. Em sua maioria, as intervenções almejam reforçar preceitos, divertir, arrecadar recursos financeiros ou materiais, e até mesmo ser afago ao ego dos autores e mecenas. Entre mecenas e mercenários, o caleidoscópio: Mensagem / público / narrativas criadas / artistas e indivíduos / o ardor / as amarras da liberdade.

A intensidade de R. Wagner, com sua superioridade e pureza pernósticas; a força de Tchaikovsky, e as nuances de sua contradição; é recorrente a tentativa de representar o elixir do que torna humana a carne e sofrível a alma, passível de amor e ruína. Interessados em nossas mazelas, mergulhamos para compreendê-la e não para alterar o surgimento de novas e a continuidade das antigas. O final do ato não encerra a obra, e o estrondo repentino não sucumbe a sutileza do compasso. E o amor?

Seja em Arthur S. ou em 1 João 4, o amor é a ideia original. Felicidade possivelmente incompatível, pois nele também há dor. Aspirações, paixões, vontade e representação. Sob o óculo de A. Schopenhauer percebemos como o ser humano busca a sobrevivência como qualquer outro organismo vivo: guiado pela vontade [mesmo sem compreender sua origem] lembrado pela representação [não em plenitude] de seu desejo. A felicidade é o fiel oscilante de uma balança que de um lado tem o amor (ideia original, desejo natural) e do outro lado tem a vontade (a energia e os atos que a representam).

Após observar certas nuances do indivíduo (que pode muitas vezes ser caracterizado como o estrangeiro de Camus), inclusive enquanto ser social e organismo vivo, percebe-se que o fator determinante da santidade está atrelado aos atos em vida e não em morte (embora a morte santifique seus atos). Sendo os atos em vida constituídos de movimentos naturais, escolhas orgânicas por sobrevivência / evolução / continuidade; e não apenas por caridade. 

Toda relação é por interesse, ok Kant. este interesse ultrapassa a dimensão social, orgânica e material, atingindo também uma dimensão poética, emocional e espiritual. O interesse não é maquiavélico por completo, tampouco altruísta por demasia. Independentemente da existência de seres exemplares (santos) a sociedade os estabelece ou reconhece para saciar a necessidade de conforto, de calmaria, de fugir do estresse cotidiano (composto pelo fluxo, contrafluxo e colisão de indivíduos em busca de "realização" em todas as vertentes / desejo), vislumbrando o admirável.

Entremeio à busca por saciar o desejo pela ideia original e os desejos básicos; afora a busca por salvação e santificação bíblica, por reconhecimento e conforto/aconchego, o indivíduo tenta ultrapassar as interrogações da vida e não se alienar nas reticências, pois a vida do indivíduo está sempre sobre dois pontos:


Quando respiro e quando não,
O amor me alcança.
Rumos seguem, mesmo em silêncio. 
Dobrei o horizonte sob os joelhos e ponderei; 
rumos seguem, mesmo introspectivo. 



sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Alcachofra


A construção das mensagens e das narrativas possuem uma essência que não consegue ser representada pelos códigos linguisticos. Desta forma, faz com que o processo seja contínuo, em uma frenética busca por registrar e manifestar a plenitude do que pensa, sente e percebe o indivíduo. Neste ínterim,  o indivíduo travestido de ser social acumula experiências e interferências na essência primária, fato que expande o que se quer representar e alimenta o ciclo de criação das mensagens e narrativas.

"Quanta suavidade cabe nesse corpo? Quanta tristeza preenche o colo, os olhos, o copo? Como esconder, como sobreviver... A realidade despetalada diante dos sonhos.... O coração da alcachofra servido nas gotas da chuva. O inconfundível aroma de canela me abraça, me aquece.


Perco-me entre tantos testes e oscilações das emoções. Já não reconheço minha escrita, pois ela exala meus sentimentos, ultrapassa meus pensamentos...

Os efeitos da Cantárida são produzidos naturalmente e saem pelos meus poros. Essa canção sem dança orquestrada, esse suspiro sem sangue, o torpor  sem droga. O envelhecer de mãos dadas no amadurecido silêncio, como uma certa esperança.

E eu quis a canção que alcançava minhas emoções, meu passado no presente meu futuro no tempo. E além dele. Mas apenas letras em frases, suspiros e soluços sem melodia... Eu nu no silêncio, na madrugada.


olhos meus fixados;
Inquieto coração;
e a distância faz dela um verbo.
Ela me lua!
Eu suo a frase sem paradeiro..."




quinta-feira, 27 de novembro de 2014

desenho

Queria ser eu o albatroz? O pássaro pleno no voo, no ninho, na companhia eterna. O traço é o lapso, o fôlego o enigma. O brilho é alimento. O acalento do olhar aquece, o sorriso refresca. A palavra é o tormento, o sentimento a libertação. O tempo, o surto. Sem dúvidas, mas com obstáculos. As incertezas de mudar e de aceitar. Sem precipitações, sem a costumeira hipocrisia das pessoas. E se passaram anos, e ela não sabia se o que escorria era gesto, verso, lágrimas ou chuva. Banhados, persistentes. Entrelaçados. As escolhas tomadas na respiração correta. Anjo, amor especial.

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domingo, 23 de novembro de 2014

Coleiras da liberdade – mídias e modismos

Soluções que proporcionem segurança, facilidade, agilidade, comodidade: Recorrentes promessas das tecnologias, das mídias, das novas propostas de amor.

Aplicativos que já sugerem o que você intenciona digitar, corrige intuitivamente suas digitações emocionadamente erradas; aplicativos que sugerem legendas para fotos (a Google lançou um recentemente), que compreendem sua expressão de busca antes de você finalizá-la (ou mesmo que escreva errado) e que seleciona os anúncios que serão exibidos para seu perfil.  Unificação de dados na nuvem para serem acessados a qualquer tempo, em qualquer dispositivo e local. As funcionalidades são diversas. As soluções, caracterizadas pela transferência de responsabilidade e controle, vendem uma liberdade que nos aprisiona. Livres, não sabemos o que fazer e nos embrenhamos em um automatismo social que seria cruel, se não fosse tão poético.

Poético, pois nos estabelece como seres modernos, autônomos, livres para criar e vivenciar a vida sem as amarras operacionais de um indivíduo social. Entretanto evoca uma intensa vulnerabilidade. Quando observados com afinco, é possível perceber que o comportamento dos seres humanos apenas foi envelopado por novas mídias e modismos. A conversa, alinhamento e fofoca das praças públicas estão agora nos aplicativos de smartphones e em redes sociais digitais. Os crimes e perigos de becos, lugares ermos e escuros agora espreitam o cidadão digital.Os avisos de porta de geladeira e de agenda agora brilham nas telas de aparelhos que passaram a ser extensão do corpo. A possibilidade de criar e reverberar conteúdos nos fez emitir discursos muitas vezes sem a devida substância e conceito. A felicidade buscada, a mensagem e significado sonhado sofrem com o solavanco da corda esticada de uma coleira da liberdade, cravejada de mídias e modismos.

O que deveria nos dar liberdade para refletir, rever e aprimorar a narrativa que estabelecemos em vida, aparentemente nos confunde, atrofia a linguagem pelo excesso e castra o potencial que possuímos.

... o tanto que tenho, que ainda posso ser, vai além da ideia, do verso e no tempo... 😇💖🌟

Publicado também no Observatório da Imprensa - http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed826_coleiras_da_liberdade

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

esvai à derme

A realidade com a derme trincada. Quantos anseiam poder tocar você, integrar-se ao que você é, ao que pode vir a ser... juntos? Tantos. Você nem percebe, ou se percebe, qual o efeito fazem em você? O que você sente, o que quer de verdade? O que torna um especial e o que o sucumbe à ruína? Como você pode ignorar o amor? É muito para enfrentar? É muita coisa sempre! Com ou sem amor! Ah realidade, faceira dose da vida.

Algumas pessoas têm luz própria ou são especialmente iluminadas por Deus. Acredito na segunda parte.... Simplesmente por estar perto, encanta a todos. Com sua voz, sua presença, seu olhar... tudo. Traz fascinação, sua maturidade em saber lidar com tanta admiração recebida e sua ingenuidade em renovar o encanto de forma tão natural sobre todos e tudo ao redor...

Sua dança contida à cadeira, sua risada, sua curiosidade, sua fidelidade. Fiel aos sentimentos, às crenças. 

percebo que domino minhas escolhas; percebo também que nunca tive controle sobre as reações, sentimentos e rumos. sou uma peça, metade, por inteiro, em silêncio...

Nossa relação com o tempo. Definindo as frases compostas por gestos. O tempo entremeio aos pensamentos e sentimentos; escorrendo por nossas escolhas, definindo quem somos, tornando-nos memórias ou esquecimento. Ainda sinto o toque e encaixe de sua mão à minha. Ainda arde em mim aquela misteriosa chama, que nunca se apaga...

sábado, 18 de outubro de 2014

(



Todo o mel da flor. Invariavelmente, o efeito encontra aconchego onde as ideias abandonam a lógica e os sentimentos fornecem direção, calor, alimento e sonhos. O fluxo dinâmico de acontecimentos nos faz interpretar cada detalhe como ingrediente da história particular de cada um. A diversidade de indivíduos, fatos, percepções e tempo é tão intensa que assemelha-se ao toque de uma trombeta e o pouso de uma borboleta na ponta do dedo.

A humanidade tempera o mundo do melhor e do pior que há para vivenciarmos. Paisagens são contaminadas. O gorjear do verso quebrado; o voo interrompido do pássaro que não mais canta. O céu sangra no horizonte e o peito atormentado pelo silêncio cala um milhão de suspiros, em um sentimento. A lógica é lançada ao vento; e a melodia que pontua os acontecimentos, marca profundamente toda a percepção... o silêncio.

Os processos de comunicação interferem no comportamento social, isto é fato. Entretanto, qual o limiar da loucura ou o tempero da ternura? Seria a temperatura das palavras, dos corpos, dos sentimentos? Narrativas contínuas em fragmentada linha reta, em convergência e transcendência.  O sol sangrou no céu. Rasgou o peito e aqueceu de melancolia a mente. O famigerado silêncio dá o tom da narrativa que se transforma; esvai na madrugada, figura os sonhos, protagoniza o porvir.


estar junto.
escutar seus sonhos e temores,
provocar rubor e tremores,
conhecer suas pintas,
reconhecer seus poros no escuro;
o verso sem palavras a dar ritmo aos sonhos,
delineando o sentimento e as sensações;
há tanto para você ler
há de ao tempo ser

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

e soul...

O que há dentro que não consegue materializar-se. O labirinto jardim que acalma, excita, esconde ou sufoca. Não é grande, menos ainda espinhoso. Extenso e intenso se revela. Não é uma metáfora, ou projeção. É por onde caminho de mãos  dadas! Sem entradas ou saídas, o instante do caminho. Se eterno retorno ou ida, se estadia no Hilbert Hotel, nunca saber-se-á. A percepção é o instrumento condutor do ser humano pela vida. Para a alterar ou consolidar, é preciso operar com maestria os mecanismos de comunicação.

Quando mal feito, o efeito é passageiro; quando feito para o mal, a situação fica quase irremediável. Além dos diversos canais de comunicação criados pelo homem, há um determinante para a manutenção do relacionamento social: o corpo. Saber usá-lo não como um objeto, ou arma, mas como um canal genuíno de comunicação, amplifica a eficácia da mensagem, interferindo efetivamente na percepção; consequentemente, conduzindo o ser humano como um rio para o mar. A vida; esta narrativa que transcende fórmulas e regras nos apresenta uma névoa de desafios; e nós seguimos. Ultrapassar os desafios, absorver as curvas do caminho perfazendo-as como se fossem extensão do corpo. Prospectar diante de impossibilidades e por fim, vivenciar o gozo de desaguar no mar.

... o próximo verso é sabor;
o sabor é futuro
e o futuro a ideia...

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Mensagem

Afora a de Pessoa, o sistema de criação. Pinturas rupestres que transcendem gerações; discursos diários esquecidos a cada gole de café. Teimam que ainda é na base do emissor, mensagem,
receptor? Como são tratados os resíduos do processo de comunicação? Ruídos? Os dejetos das narrativas guardam a essência não digerida pelo meio, a mensagem e os personagens. A manutenção da fidelização da audiência depende da manutenção das pautas, dos olhares sobre os dejetos (ruídos). As ações para obter a referida manutenção devem ser simples.

Seja instituição, ou indivíduo, é necessário compreender seu lugar no contexto da significância
social. Em termos de mercado, sistemas de relacionamento e processos de comunicação. Assim, é
alcançada a simplicidade necessária para construir e consolidar uma identidade.

Em tempos de política de reaproveitamento de materiais, aproveitamento de resíduos, estabelecimento de alternativas para garantir a sustentabilidade, é fundamental aplicar a mesma prática ao processo de comunicação. Talvez desta forma os indivíduos e as massas não sejam massacrados pelo isolamento proporcionado pelo turbilhão de informações, mas que consigam respirar, se integrar e se resguardar quando de interesse for.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Quê mais?

Quê mais? O balé das apurações e a sinfonia dos fatos

Há de se falar. Não há de negar. Quê mais precisa para perceber como escorre o ser? O drama, a tragédia e a paisagem. Argumentos daqueles que demasiadamente pensam sobre os sentimentos e desfrutam da brisa à face. O código de interpretação da realidade que cada indivíduo opera é regido pelo ego. Somos reféns de uma liberdade nossa que esperamos encontrar no outro. Somos algozes do outro, imperceptivelmente, às vezes. De propósito.

Consigo ouvir o silêncio de um tempo. No instante de uma manhã, a sociedade deixa o mundo fluir. Nem sempre. No sereno da madrugada, as pessoas parecem adormecer, na brisa da tarde, os ruídos tornam-se intermitentes. Quando a percepção se distancia das palavras e dos conceitos constituídos, a evolução é o resultado.

A mídia se diverte com o desdobramento do eco de suas mensagens. Neste cenário, articulações políticas e comerciais interferem de modo (às vezes) sutil no comportamento social e na maneira do indivíduo interpretar os comportamentos da sociedade. A mídia se diverte, pois vê o efeito de suas ações, e regozija-se como detentora de um poder. Entretanto, ela é indiretamente vítima das articulações, pois elas são base das mensagens midiáticas.

As mensagens mais perspicazes atualmente (e sempre) são as que provocam movimento e absorção ideológica, comprovada em discurso e comportamento. Um exemplo, o balé econômico. Matérias constatam menos cheque sem fundos. Crescente uso dos cartões. Aumento da inadimplência, restrição de crédito, aumento de juros. Cai o consumo, aumenta-se o crédito, juros flexibilizados, incentiva-se o consumo. E roda o próximo ato do balé. A qualidade de vida e dos lugares determinadas pelo índice de segurança e exposição ao risco. A saúde, a educação, os clichês da imprensa ao retratar as faltas, a esperança e as perspectivas. O que mais pode ser feito? O que mais precisa ser lido? Novo ato. A dança dos setores: fabricantes de eletroTudo, automóveis, móveis e imóveis. Cada qual em defesa de seu lugar no palco. Matérias por todos os lados. Não há mais um meio oficial. A banca não consegue ser a primeira página da formação de opinião do indivíduo. Extrapoladas, as fronteiras são na verdade expandidas, continuamente.


Uma apuração intensa e acessível sobre o tema é soterrada não pelos escombros da recorrente inconsequência dos construtores, mas fica submersa à vértebra quebrada. A dinâmica da imprensa não dita, menos ainda antecede, mas, sobretudo repete o que acontece em escritórios, trânsito, lares, igrejas e bares. Entre balés e sinfonias, onde paira a sintonia? Precisamos alternar nosso modo de leitura e interpretação, bem como o de registrar ideias e ideais no papel.

Passo.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Notas ao vento




Em tempos de crises recorrentes a nota é o novo porta-voz das empresas e personalidades. Este fato, secular, revelaria a insegurança da fonte ante o repórter, que muitas vezes suprime informações ou edita posicionamento com interpretação equivocada ou a fuga da fonte de um questionamento específico, a respeito de algo que ela não quer falar sobre o assunto?

A opacidade das fontes oficiais deve ser revista. O índice de transparência necessário para evoluir a relação fonte e imprensa é o mais próximo possível da pureza. O mito da objetividade. Esse guia recorrente na construção de narrativas. Se a instituição não quer falar, não significa que ela não deva. Algumas diretrizes devem ser cumpridas para garantir a fluência do processo democrático de acesso à informação.

A eficiência das notas está em organizar o argumento da fonte, de modo a evitar respostas emocionais, frases equivocadas, informações desnecessárias. No entanto, elas não estabelecem um diálogo com a imprensa e sociedade, pois não permitem questionamentos. A nota é uma fala oficial, unilateral, de posicionamento a um questionamento chave. Esta ferramenta de comunicação é necessária, pois dribla com elegância os repórteres mal intencionados e é um ponto de partida para os jornalistas bons de faro.

O paradeiro da ética na construção das narrativas é algo a se pensar, debruçar antes de disseminar os discursos, consolidar cenários. Cenários que podem ou não estar em harmonia com a paisagem social (re) construída continuamente.  Estabelecer uma narrativa diplomática não significa mentir. Corromper não deve ser uma possibilidade. Assumir a responsabilidade em argumentar diante da expectativa social e especulação dos opositores é inevitável.

Biblicamente já registrado; existe um tempo para todas as coisas. Em paráfrase, há tempo para release, tempo para entrevista, tempo para nota, tempo para coletiva e tempo para o silêncio. A habilidade para compreender e determinar estes momentos é o que torna o profissional um diferencial de mercado, e enriquece o processo de comunicação. Trata-se de um frágil terreno; caminhar por ele exige conhecimento técnico e percepção do fluxo social de construção de significante.

Também publicado no observatório da Imprensa: 
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Insista. Basta. Na expressão da dor, no reflexo de sangue que perdura como purpurina no caráter do indivíduo. Sim, basta. No que a palavra torpe se transforma ao estar no poema, no que as cartas de amor envelhecidas se tornam na gaveta. As cifras de um canção economicamente calculada. Sociedade. O colapso e o trato considerando o tempo um aliado. Inexistente. Casta. A personalidade pura é então entregue ao que é profano, ao que é marginal. O poeta dilacerado fica resignado à poeira e lágrimas. As páginas sobrepõem as sensações, pensamentos e sentimentos. O mundo não gira, nós piramos. A sanidade arrancada na pétala de uma flor.

"Ele nos auxilia em todas as nossas aflições para podermos ajudar os que têm as mesmas aflições que nós temos. E nós damos aos outros a mesma ajuda que recebemos de Deus." (2 Coríntios 1:4 NTLH).

terça-feira, 1 de abril de 2014

Dois pontos





A exclusão é premissa da organização das pessoas em sociedade. Aspectos como "fatores socioambientais", "comportamento por prazer" e "comportamento por sobrevivência" são estruturais. Quando um grupo se reúne e estabelece critérios de convivência, tem por objetivo excluir "algo" para assim garantir a permanência e manutenção dos valores dominantes dos proponentes da ordem social ou dos possuidores articulados dos recursos básicos que viabilizam a vida em sociedade.

Compreender este processo é perceber quão complexo é o sistema e quão sutis são as ações que podem causar mudanças. O estandarte da educação, saúde e segurança funciona como uma vitrine ambulante que resume as linhas de atuação. Embora seja secular o conhecimento, a exibição e o repasse deste estandarte por todos os segmentos sociais, as demandas estão petrificadas. Ações desconexas brilham como faíscas de possibilidades (ex: trabalhos como os da Associação do Semi-Árido, produtores de alimentos orgânicos, grupos culturais, câmaras mirins de vereadores, Jovens Inventores, etc), mas não penetram no cerne da organização social, menos ainda causam as mudanças esperadas. A evolução da consciência crítica existe, no entanto, o sistema de relevância dos meios de comunicação interfere incisivamente no índice de reconhecimento de um indivíduo ou causa.

A organização social não possui um cerne? As ações incipientes precisam de maturação para se embrenhar no consciente coletivo, consolidar um automatismo sustentável e se estabelecer como aspecto de "comportamento por prazer, ou comportamento por sobrevivência"?

O exercício contínuo das ações dos indivíduos estabelece as intocáveis tradições. A família poder ser analisada como uma célula social. Refletir sobre o processo de construção dos valores é fundamental para realizar qualquer reforma (política, social, religiosa, agrária, moral). Se pensar que a sociedade não é um bloco fechado, mas permeável, entendo-a como uma narrativa, restrinjo-a em um texto. Todavia, não há um cerne, uma palavra "pedra fundamental", um código fonte para mudar o todo por reação em cadeia. Acredito que neste contexto, o cerne está no canto de uma frase, especificamente nos dois pontos.


quinta-feira, 6 de março de 2014

Pautas conjuntas


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed788_pautas_conjuntas

Lidar com o ego é o recorrente desafio social. Setores não se habilitam ao diálogo, mas à alternância de poder. As assessorias de imprensa precisam de reflexão e renovação constante. As redações (cada vez mais enxutas) precisam compreender o modus operandi da construção conjunta de uma pauta. O conceito de diálogo é equivocadamente confundido com difusão unilateral de mensagem e indução a um pensamento crítico e comportamento de consumo.

O processo econômico carece de uma transformação consequente da evolução do indivíduo como sociedade, embora a sensação seja a de continuidade de um clique que intercala manifestações entre o “desenvolver”, “informar” e “preocupar”. A crise ambiental pode ser compreendida como crise do conhecimento de como reconhecemos o mundo e a maneira que ele precisa de nós. Deve-se trabalhar de forma profunda os aspectos da notícia. O tema meio ambiente precisa sair do gueto das pautas com maturidade. Cobrir as faces sustentáveis em todas as pautas é fundamental. Aspectos como gestão política, manejo de recursos, orientações e recomendações científicas precisam ser apurados com responsabilidade.

Diante da intensificação das adversidades ambientais, é preciso adequar o modelo de vivência agrícola e urbano. A começar pela necessidade de efetivar os conceitos trabalhados em ações (ex: cidadania). Entretanto, como a imprensa tem abordado o tema e contribuído para o processo de transformação social? O que move um país são as pautas ou o lobby que as provoca? Sistemas ditam o comportamento. As pessoas são reféns das tecnologias criadas para facilitar a vida.

O ego em metástase

Mobilidade, acessibilidade e transferência de dados prendem as pessoas no trânsito, na web, nos discursos e tarifas. Lucro pelo lucro, com selo de sustentabilidade. Os interesses oscilam entre lobistas. Governos, indústrias, órgãos certificadores, ambientalistas (sem voz, mas com barulho). A impunidade é o problema maior da gestão pública e corporativa, pois abre precedente. Afora o perfil de organizações de vanguarda, as capacidades instaladas das empresas têm como parâmetro a disponibilidade e produção de matéria-prima do passado e não do futuro; considerando o presente como momentâneo, especulando melhoria.

A comunicação precisa amadurecer. Processos ou processadores? Os prêmios oferecidos (ex: Délio Rocha, Sebrae etc.) deveriam valorizar os olhares efetivos e narrativas de utilidade pública, e não massagem ao ego das assessorias por trás dos prêmios. É preciso resgatar o prazer pela leitura (seja em qualquer canal). Comunicar com o público sem forçar absorção, mas construir junto. Este seria o amadurecimento iminente.

Intelectuais se escondem. O ego em metástase os faz aparecer pela doença que se tornaram, e não pelas narrativas de vida que poderiam estabelecer. A forma como ocupamos o território e o percebemos precisa evoluir. Saber quem somos, o que nos faz seres sociais e vislumbrar o porvir.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Longínquo



Utilidade pública é recorrente nos perfis de veículos de comunicação nas redes sociais digitais. Rádios e jornais (Vide CBN e O TEMPO) disponibilizam informações atualizadas sobre diversos aspectos urbanos, dentre eles o da mobilidade. É interessante como a paisagem é a mesma, com apenas tons variados. Carros sempre parados. Ainda assim há atropelamentos. Metrô lotado e depredado. Ruas alagadas, barrancos deslizantes.

Atraso e prejuízos soterram o pacato cidadão. Alinhadas à prestação de serviços dos perfis nas redes sociais, as matérias da mídia tradicional abordam a mobilidade urbana pelos ângulos da dúvida, contestação, alternativa e viabilidade. Seja a partir das inúmeras intervenções para agilizar o trânsito em Belo Horizonte, que pela desinformação acabam por atravancar o fluxo (fato recorrente em outras cidades), seja pelas suspeitas de processo ilícito em contratações, construções e licitações, passando pelo lobby automotivo e de infraestrutura asfáltica, a natalidade da frota de automóveis (que extrapola nos grandes centros e já cresce significativamente no interior), a ineficiência das vias (que não estão preparadas para o estouro), seja pelo frescor e risco das pedaladas, a saúde, a segurança, a educação e o meio ambiente considerados para se movimentar e circular pelos espaços urbanos. Falta alguma narrativa? Algum ponto de vista? A mídia tem cumprido seu papel (repetindo-o diariamente), mas e quem não tem? O cidadão e os governantes (alguns não parecem ser cidadãos)? Pauta pertinente, mas tão surrada, que efeito não parece fazer.

Sem virar página, narrativa metamorfose, metaformose. Um horizonte de pessoas dispersas, pintadas em aquarela, modeladas de cimento. Pó! Mentes entorpecidas dos pragmatismos que conduzem nossa ordem social. Anônimos, mergulhamos de braços abertos no lago seco da paz. Inquietos lábios de um sábio coração. A massa se move em ano de carnaval em março, copa em junho, eleição em outubro.

Dona matéria, estonteante, com o talento encoberto pelas unhas, quase não permitia que percebessem suas intenções rasas. O que acontece ao redor é causa ou efeito do que ecoa dentro? Narradores selados a vácuo mantêm uma dinâmica de frases que soterra o leitor/produtor (não há passivo) em uma ficção quase palpável. Ainda assim, o mecanismo de controle é adverso em um cenário em que as plataformas de comunicação estão mais dinâmicas e acessíveis. O básico objetivo de tocar o outro, agora exige mais do que formar versos, ou esticar os braços.

Agora produzimos conteúdos para produtores de conteúdo e não apenas para consumidores formadores de opinião. O formato adequado para cada plataforma é o santo Graal? Blogs, podcasts, vlogs, redes sociais digitais não pedem permissão ou aval de um editor, elas reverberam o conteúdo gerado por quem antes tinha voz apenas na mesa de bar, de tricô, de churrasco, na fila do ônibus ou do banco. Tudo ao alcance do Google e outros modelos matemáticos agora... Algorítmicos da liberdade. Palavra é número, gratuidade é número, imagem é número, e número sempre atrelado está a algum valor para alguém, em referência a algo. Poder/ controle.

Juntamente com a questão editorial complexa, uma membrana sutil merece atenção. A comercial; que da sustentação financeira à estrutura do meio (infraestrutura e pessoal). A viabilidade de investir e manter os meios é tão desafiadora quanto lidar com o alto índice de conteúdo produzido e a variável audiência. O modelo de negócio precisa ser melhor elaborado; ir além da chantagem velada (espaço obtido x contribuição financeira) tão presente na mídia (seja da capital ou do interior). É fundamental investir (R$) em pertinentes pautas diferenciadas. Faz-se necessário um processo de educação e diálogo ético, democrático.


Não espere por mim, mas aguarde-me, guarde-me intensamente no profundo daquele instante. No futuro possível daquele agora. As rimas, inválidas diante da gravidade. O mundo fechou, ou verdadeiramente se abriu diante dos meus olhos. E minha espada se tornou meu tropeço. Mudo, extasiado, vi o DNA de concreto, presenciei e vivi as curvas, a hidratação de uma garganta a tossir; atônito, respirei fora do tempo e dentro dele, a essência que faz e fará de qualquer autista o elixir da existência. O melhor afogatto é aquele que não senti o sabor...

"... estou aqui de passagem"

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Farelos

O calendário dita o ritmo dos acontecimentos que se renovam. Chuva forte, enchentes. Mas onde está a mídia convencional com serviço público? Informando pontos críticos, alertando a população, relatando os dramas e as ações do poder público? Nas últimas ocorrências no Vale do Aço, perfis públicos de redes sociais digitais mostraram o poder da ferramenta. Com imagem e informações quase que imediatas, as postagens além de informar incitavam ao diálogo das partes interessadas. Impressionante. Orientando até sobre doações para desabrigados. A mídia tradicional, atenta à dinâmica de fazer comunicação, logo entrou na chuva e se molhou. Interagiu nas redes sociais com os leitores para registrar o ocorrido e debater opções de locomoção. Interagir com os produtores de conteúdo, compartilhar e canalizar audiência em uma dinâmica de informar e formar. É preciso estar atentos, em um cenário em que o uso intenso dos smartphones é para disseminar e produzir conteúdo.


.......

As características semelhantes nos tornam invisíveis. As peculiaridades dos sorrisos nos provoca reticências. Fechar os olhos também funciona. O processo de identificação e satisfação alterna como a agenda dos noticiários. O enredo é o mesmo,  agimos da mesma forma, a mesma metalinguagem, a crítica, as análises, os artigos, as orações; mudam-se nomes e o tempo. Repetimos, nos orgulhamos e achamos necessária esta repetição.
 

Receite aí: momentos de carinho, filmes, caminhadas, corridas, sorrisos, cheiros e sabores. Movidos a prescrição, insistimos no leito da civilização infeliz. Conhecemos os artifícios para sermos felizes. Ditados, jargões e ponta de faca. Haja punhos. Nossa essência é revelada pelos farelos que dispersamos no ambiente.

O verso que mais decorou foi o que, incapaz de escrever, esqueceu. Não é mais e nunca foi. A sede de paisagens dobra no deserto urbano erguido entre nós. Nas entranhas sua uma textura que inquieta. Lábios ásperos; O inevitável porvir. As palavras surgem como agulhas nos sentimentos, pensamentos e olhos. A sinfonia avassaladora do egoísmo massacra qualquer flor. Nos poemas, um respiro, um esboço. Nas mãos a certeza da tentativa... Deixe que minha mão errante entre e sorrateiramente repouse sobre o alvo ombro. Torre de marfim, ei de escalar, entrelaçado aos seus cabelos, enquanto calo seu silêncio com meus lábios; reluz o menu constituído com onomatopeias. Eu sou um lápis de ponta quebrada no curso da frase.

Eu passo

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pontuação

 

Quanto mais meios, mais fins. Argumentos, desabafos e narrativas do porvir. A vanguarda é o insistente "nunca será" que ecoa entre nós.

Assimilação é o diferencial de mercado. Todos produzem todos consomem. Quantos assimilam? Narrativas pulsam onde quer que o cidadão se volte. Eu não voltei a escrever, pois não consigo respirar. Nunca parei de inspirar e pirar expiração enquanto não conseguem ler. Todos enxergam as frases, sem perceber o que o texto é. Gentileza é poesia, muito mais que verso. E a fé, a fortaleza que nos faz perceber o brilho e o sabor da vida que nos rodeia, que nos entrega e integra. Cansado, com uma paz que não cabe, com os dias que a guiar não veio. Ah, guiar não veio. 

A ruptura de tudo aquilo que se esconde corrói nossa alma de forma a contaminar a paisagem com nosso olhar. Inalterado, o ambiente é sutilmente acrescido de sentidos que passam desapercebido. Reféns; de nossos semelhantes, de nossas escolhas e pensamentos. Ninguém há de libertar ninguém. A hipocrisia impera até mesmo na face daqueles altruístas afogados em compaixão. Bandeiraram o Cristo ao invés de vivê-lo. Fazem com uma mão e divulgam com todo o corpo. Rompeu o solo a raiz que me sangra. As palavras saem nuas, sem sentido algum alfaiatado. Com suas formas espontâneas e inocentes, suas arestas e seu suor. Já não caibo mais nos clichês que tanto me alimentaram. Narrativas me encantam pela manhã e me conduzem para cama a noite. Quando a amargura entorpece ao coração, cabe à língua dar ou não vazão. E quando o refrigério vem, como um momento de gravidade, você hesita em sobrepor mãos; pois os lábios ressecam, tosse, a pupila dilata naquele quarto escuro; e a tela que brilha fustiga o tempo lá fora. A liberdade que expande e que nos aprisiona, tudo é tão simples e intenso.

A dimensão do não ser. Tudo está nas nuvens, mas quando chove não encontro mais a gota que eu evaporei. Doce tempo, amarga minhas lembranças de um futuro tão terno. Não há esboço para você e pra mim. Simples assim. Qual é o nosso traço? O que podemos assimilar?

 O animal que sou nesse zoológico de trocadilhos. O termo que sou no texto que não escrevo. O tropeço e a pedra no clichê do poeta, no traço no muro, na rima no silêncio.

Tenho sede de paisagens. Tenho sede das suas paisagens, completou o menino que permanece calado.

E o quanto se assimila pode ser o que distancia a mensagem do meio; o significado do indivíduo.

A vírgula me para, o tempo me volta...

... 


sábado, 9 de novembro de 2013

Fatos e Perspectivas

O movimento das plantas no jardim relaxava seus passos. Já não mais se incomodava com a imagem no espelho. Porque você desconhecia o próximo verso, a pisada no pé foi inevitável. Você sem a poesia, eu sem compasso. A medida da vida não está em métrica alguma conhecida, menos ainda dominada. O frescor do vento ao correr, caminhar. O frescor de lavar o rosto em límpida água.

Os meios de comunicação vieram para facilitar e intensificar o relacionamento, as narrativas, a emissão e percepção de mensagens. Eles facilitaram; o acesso ultrapassa a porta de banheiros; eles confundiram; a percepção oscila da latrina recheada à límpida água ao rosto em cachoeira pela manhã.

Diante dos fatos, é importante saber como se relacionar com a existência de múltiplas perspectivas e o respectivo poder de relevância para o público. Seja pela facilidade estética ou pela complexidade reverberante. Os mecanismos de comunicação disponíveis escravizam-nos à ansiedade de consumir e produzir conteúdo. A inteligência artificial, criada para ser o piloto automático do ser social, aos poucos nos domina, domestica e castra.

Em madrugada de narrativas, amanheci com janelas abertas. A nitidez da felicidade em seus olhos. O brilho que há em você possibilita um sabor especial em meu sorriso. Caminho então entre as narrativas que nunca foram, as possíveis que nunca serão, e a que escolho traçar para que esteja gravada naquilo que sou. Só será óbvio se tiver visto pela mesma perspectiva. Meu argumento.

Palito os dentes com a especulação; passo...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Garimpar [narrativas e relações]


O que te globaliza te identifica? Sem a interrogação ou com uma resposta completa? Que cenário você integra diante da desconstrução do indivíduo dentro da fôrma do ser social? Sua fé, seu modo de interpretar os fatos, a maneira como você opera o egoísmo, o sistema de relevância e a metáfora do copo d'água. Beba! A multiplicidade é o paradoxo contemporâneo. A vanguarda é ser simples. Ponto de Vista?

As narrativas midiáticas e as relações sociais construídas deleitaram-se do conforto e das potencialidades da multiplicidade. Entretanto, todos tornaram-se vítimas daquilo que as alimenta (euforia, inquietação, diversidade e imediatismo). Depressão, estresse, violência e choro. Linguagem atrofiada nas narrativas, clichês ineficazes nas relações interpessoais. Não se trata de uma gueda de braço, mas mãos dadas.

Acostumamos ao ritmo da vida em resumos. Resumo de livros, de filmes, de amizades, de coito, de notícias, da conversa à mesa, de análises, de sonhos e transformação. O dar conta é o novo mito, acima da objetividade. Dar conta de tudo talvez seja compreender e exalar que somos ineficientes para "dar conta" de tudo.

A segmentação de narrativas e o envolvimento do público com especificidades é uma alternativa dentre tantas. Tantas? Não apenas as plataformas de negócio mudaram. O processo de construção da identidade do indivíduo ganhou outros elementos constituintes, com a modernização do ser social. Desse modo, "conhecer" tornou-se ouro sob nossos pés. Como garimpar? Como acessar? Como conhecer? E fazer o quê depois? Perguntar impulsiona, perguntar é fácil. Desafio é viver as respostas, conclusivas ou não.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Narrativas de unhas sujas


Unhas sujas de quê? Do jornal virado ai lado, das palavras ditas como expiro involuntário? De esperança? Talvez, por narrativas que não tropecem na métrica, nem que seja refém dos mesmos esquadros. Que não abuse do jeito banksy de narrar e não consolide-se como o modo Cid de perpetuar. Seja worlf, seja basquiat. Seja o menino queimado na esquina cantando "eu sou terrível" enquanto bate em uma vazia lata de tinta. Seja sem referência, a reverência.  O grão de realidade que estaciona em nossos olhos já está muito além do que cabe nas páginas de jornais e internet (isso já percebemos); bem como ultrapassa o que pode produzir de narrativa cada indivíduo (isso ainda ignoramos).

Precisamos estar atentos a isso. A capacidade dos meios é limitada e ultrapassada, a capacidade de absorção nos empurra para o stress  ou segmentação. A capacidade de produzir narrativas, diante do fenômeno "tudo ao mesmo tempo agora" torna-se imensurável, porém natimorta.

 Se estagnada e atrofiada está a forma de fazer, registrar e absorver, o que há para se ter?

 Que do café da manhã sem café, até onde for o passo ou a imaginação; que pulse, mesmo no silêncio. A fé é algo vivo, nem doutrina, nem linha, nem desenho ou rascunho.
  


Na ponta das unhas

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

No ar

Um motorista da Folha registra o fato (policial agredindo manifestante) enquanto espera repórter. Cada vez mais evidente, o processo de registro e divulgação está nas mãos de todos. O comportamento na rede mundial, o consumo de vídeos, e as narrativas eletrônicas interferem decisivamente no que vai para os veículos formais, e até mesmo para as bancas. A grande massa de produtores de conteúdo quer não mais voz, mas ouvidos. São torcedores de distintos gritos no meio da multidão. Pensar e agir. Estar atento às janelas.

Uma pomba estraçalhou a vidraça com a cabeça. Transparência em demasia pode ser perigoso. O que fazer com tanta preposição sobre os lençóis? O humano saiu para ser noticiário, ser tinta na tela e nota na canção.  Escorro meu ódio enxurrada no ribeirão das suas ideias, cansadas. Te segurei com ódio e ternura, palavra. Verdade, seu nome pende em meus lábios. A ponta da língua como arma a desbravar a hipocrisia e incendiar a realidade com sonho, com verdade.

Desanuvia, lilás seda orgânica. Rego-te até saciar e esbanjar as gotas excedentes como lágrimas de um amante incompreendido pelo egoísmo que ruge ao derredor. O que parecia tão dentro se mostra tão Camus, oh estrangeiro. E tais lagrimas se cristalizam, como remelas tornam-se a trave nos olhos, o vitral de um sentimento que foi fustigado pelos cacos.

Míopes perdem-se quando o amor é um buraco no asfalto. Surge do descuido a longo prazo, toca-nos quando desavisados tentamos passar por ele.  Seco golpe aprisiona as escolhas na garganta. Bateu na janela o desespero, nem as grades seguraram o olhar. A libertação na paisagem que no fundo dos olhos encanta, sustenta e caminha junto. A pomba não mais respira, mas ainda há ar.

 Intermitências do clichê. 


domingo, 11 de agosto de 2013

Exílio restrito.,

Meu restrito meu. Sem ponto, nem vela. Vírgula ou verbete que simplifique. Meu restrito meu. O ritmo da sua leitura é o tropeço do entendimento. Meus poros não desejam sufocar os seus. Códigos quebrados, lacradas lágrimas sagradas. A língua destravada sobrepõe discursos e anseios. A sanidade pulsa enquanto os pensamentos não se organizam em palavras. Respiração é música, enquanto seu gosto passa a fazer parte de mim. 

Você olha pelas frestas em busca do todo. Ali não cabe nem a ponta. 
Na esquina surge sua rima perfeita, mas você não tem o vocábulo; 
à língua, escorre a sensação. Fecha os olhos para alcançar. 

é esse êxtase que não traduz, que não combina com entendimento; 
extrapola minhas marcas; as curvas são ranhuras de uma história sem parâmetros.

exaustivos versos cotidianos, narrativas que perpetuam o clássico compasso midiatico;
sublimes respiros além,
me cubro, procuro 

Prefiro as citações sem aspas e as pessoas de caráter. Infelizmente, prevalece muitas vezes a casa de vidros, espelhos trincados de personalidades. Que papel indigesto o uniforme impõe, os algozes anseiam e a sociedade julga. Sépia sensação, esperança que ainda suspira. 

Não há páginas que suportem, não há plataforma melhor do que o corpo, a alma, o diálogo com Deus.

Meu restrito meu, a compreensão é personagem inexistente. O sentimento vive e a possibilidade única é ser feliz, onde as portas se abrem com meu, restrito meu.Fiat lux. 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

úmida unidade

A unidade em um mundo da diversidade. A unidade em tempos de um individualismo de arestas, que fere, não encaixa, que rompe, não integra. "Que desafio mais ordinário em um mundo extraodinário Raskol".

As narrativas estabelecidas pelos meios de comunicação alimentam nossa necessidade de se inteirar e ater ao que acontece no entorno, com o outro, e assim se condoer ou se indignar, mas nada fazer. Resumem as movimentações políticas e conomicas. Mural para os espertos visualizarem potencialidades de lucro e sucesso; lugar onde os incautos se perdem em cansativos discursos.A sobreposição de plataformas de informação e os diversos veículos de comunicação existentes provocam uma rave alucinante entre o processo de estabelecer e ser agenda setting.

A convergência ou conflito entre as versões dos fatos é imediata. Começa nas redes sociais digitais, amadurece no F5 dos veículos de comunicação, estabiliza nos noticiários noturnos da TV e estaciona no impresso da manhã seguinte; isso quando o circuito é fechado. Às vezes o assunto, quando parece estacionar, novamente entra no turbilhão.

A sinalização nas ruas é tão indicativa. Onde podemos estacionar, a mão e a contramão, os pontos turísticos, as revoltas, passagens, políticas, drogas, relacionamentos, liberdades e liberdades, respeito em placas, muros e corpos. Apesar de todos, me pergunto o que há de ser amanhã. Seja côncavo ou convexo, é preciso estar atento ao foco, à distância focal das ideologias.

Entre umas e outras; a fé exercida como advento midiático. Audiência pelos meios errados. Reações em cadeia que deturpam a mensagem. A caridade exercida por nós perpassa nossas fragilidades, nossos mais íntimos desejos; aqueles resignados ao espaço em si, onde não há palavras.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Memes jornalisticos



Na falta de aprofundamento e diferenciação na apuração, repetir o que o outro já apurou e dar um estardalhaço diferente é melhor. A brindaceira gera "memes" que soterram o público com mais do mesmo. Na falta de uma argumentação sóbria, ser irritado e irritante gera caracteres aprazíveis ao consumo. Enquanto as escolhas forem regidas pelo umbigo, não há como falar de futuro; menos ainda no presente desembrulhado que embrulha o estômago do trocadilho fraco.






Filipenses 1:3-4
Filipenses 1: 9-10