Falhamos na missão de sermos melhores, mas obtemos contínuo êxito na tarefa de gerar esperança. Na suavidade de uma folha que se desprende do galho e plaina ao chão, aprendemos que é a esperança que move os dias e as relações entre as pessoas.
A textura dos dias, das estradas. As folhas e suas nervuras, os rostos. Rugas rasgam a derme cravando no silêncio experiências. Ainda assim nos distraímos com a esperança, com as cores, rimas e sons. O beija-flor enigmático lança seu olhar e faz seu voo levando a lemniscata pelo vento em uma poesia sutil.
Ocupamos espaço e tempo com nossas narrativas que muitas vezes são releituras de instantes e até mesmo de outras narrativas. Repetição, ou apenas repasse. No entanto, os objetivos e necessidades se renovam?
Era a foto não publicada da palavra não dita, do toque que arrancou suspiros mais sinceros e sublimes. Era possível sentir a leveza, a membrana, o peso. As pessoas lá fora. Fora. Era complicado. Ninguém enxergava o outro. Encontrar com quem conversar de forma sem amarras, sem o malhete, tornou-se tarefa rara. Entremeio a tanta narrativa elaborada por algoritmos e distribuídas por outros, tornou-se ainda mais difícil coexistir.
As cifras e cifrões passaram a delinear a sociedade que sucumbiu à atrofia, confundindo com liberdade. Sentados sobre narrativas que desconhecem origem e propósito, muitos arrotam uma autoria utópica de um argumento que corrói a vida com um sorriso.
Ainda há céu e jardim para os colibris.