Tenso



A sensação térmica enlouquecia quem tinha de esperar o ônibus, em pé ou sentado, sob a luz do sol. Os carros em um ritmo frenético mantendo o silêncio dos sentidos no estardalhaço de seus ruídos e gases. Lojas, farmácias e seus transeuntes. Uma lata de tinta 20 litros vazia. O cidadão sem rumo, sem espera, entretanto com uma energia que quase cuspia para fora da face os olhos, começou a bater e cantar. “Eu sou terrível....

Imperceptível. Todos ouviam, balbuciavam os versos, pensavam sobre a situação, mas ignoraram o que sentiam. O cidadão ainda era menor do que a vaidade e o desejo vão.

As migalhas do tempo o fez sair às ruas. As calçadas feitas cama, cicatrizes de uma desordenada liberdade rotulada como urbanização. Com os passos à beira das ruas, olhava as fachadas de portas fechadas, as bocas rasgadas em risadas de fim de expediente, o exalar da vaidade e assim a metrópole de rostos iguais o permitia sumir.

O fio esticado, branco, entra, remexe e limpa. Seria ótimo se possível fosse fazer assepsia mental, editar as lembranças de uma mente cujo brilho é eterno. O espelho turvo sob a forte luz esconde as emoções de mais um rosto. O cadarço amarra as esperanças para que a razão possa dar passos firmes. Ele saiu da ideia, caiu solto no argumento e a lua estava linda.

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