sábado, 27 de março de 2021

Escadas e escaladas


Em tempos de muita informação e ritmo frenético de mensagens, é preciso ter uma narrativa leve, mesmo que para tratar de assuntos densos.

Ser leve não é imputar ao outro o peso que estava em seus ombros. Não é para deixar a vida dos outros mais pesada e ser assim mais leve. Ser leve é ter transformado o olhar e o agir; e principalmente, o refletir. Para crescer profissionalmente não é necessário prejudicar uma pessoa, não é necessário ferir o próximo para se tornar um ser humano melhor. A escalada da notícia, a derrocada do cidadão. Nas escadas, muitos fazem dos outros de degraus, ou até mesmo pisam em valores morais, erguendo o estandarte de argumentos tão vazios, plastificados para tentar ser perene. 

As pessoas estão confundindo competência com crueldade; tanto no mercado de trabalho, quanto nos relacionamentos pessoais. Não se deve ser imaturo a ponto de querer acabar com a brincadeira porque é o dono da bola, mas quem joga melhor é o outro. Deve-se jogar junto. Ir pelas escadas ou pelo paredão da realidade. O importante não é chegar ao topo, mas como você se lança no processo de subida. Aproveita a paisagem? Compartilha? Ajuda outros a subirem? Entende que para ajudar o outro às vezes você tem de ficar para trás, reduzir o ritmo ou carregá-lo? E até mesmo ser carregado?

As parcerias efetivas constroem algo irretocável, um legado elementar para a manutenção da sociedade, ou pelo menos, da narrativa proposta.

Na comunicação, compreender o potencial da equipe e estimular as performances entendendo como a narrativa é assim valorizada. Com as especificidades de cada um compondo a narrativa sem ter como premissa prejudicar alguém. Os resultados são, então, muito mais que indicadores.




sábado, 20 de março de 2021

Dedos e ranhuras



À frente no túnel do tempo, deixando para trás tanta coisa que bate à face, seguindo no túnel do carpo, driblando artrite,  tendinite e a tenossinovite. Dedos doem sem grandes preocupações, fazem o indivíduo parar um pouco com o celular. A vida. A interação pelo dedo que digita, que passa postagens, que dá corações, palminhas e carinhas. Acompanhar a vida dos outros, as coisas dos outros, as coisas que inexistem e as que persistem. Fora das telas, corre outra realidade. Muito se fala sobre isso, mas é crucial, no intervalo entre inspirar e expirar, refletir sobre o que de fato importa. Sem a plástica de representar para alguém, ou até mesmo de dizer em voz alta; mas com a intensidade de absorver o que se pensa, revestir o olhar com a maturidade de ir além do padrão social. Cobramos tanto uns dos outros e até de nós mesmos. Amamos julgar e responsabilizar, mas afora isso, o que há?  As ranhuras da palma das mãos sempre estiveram ali, desde a infância; todavia, pouco a pouco foram sendo preenchidas de sentidos, de memórias e esquecimento.

Na dobra do horizonte, depois e antes e além das belas paisagens, das nuvens enigmáticas do céu, dos sons da natureza e dos alto-falantes. Afora toda imagem, todo argumento e explicação. Sem incitar euforia e desespero do caos, sem pairar junto à acomodação da alienação e automatismo; encontrar e vivenciar o instante em que se aprimore quem se é sem grandes elucubrações. 

Ler Retrato - de Cecília Meireles evoca um desses instantes. Não importa o que ela sentiu, pensou e intencionou quando escreveu (pois trata-se de uma imensidão que é dela), o olhar do leitor se apropria dos traços e dão a eles um significado particular, desencadeando reações pessoais, possibilitando transformações; perceptíveis ou não, marcantes.

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

Comunicar sem inventar rodas


A contemporaneidade apresenta um cenário preocupante. A Era da informação se desdobrou pelos aspectos prejudiciais de sua intensidade e acessibilidade. Quando se considera o volume de informação, a capacidade do usuário receber, interpretar e reverberar um significante, a acessibilidade aos meios de produção e distribuição de mensagem, somado ao nível de maturidade do indivíduo e do grupo social, percebe-se os riscos de boas mensagens ficarem perdidas ou serem deturpadas. Para a comunicação corporativa, ao invés de se preocupar em inventar novas rodas, é fundamental aprimorar o básico, manter a continuidade da narrativa, rever e amadurecer (quando preciso)  o posicionamento. 

Sempre pensar no objetivo da mensagem. Falar o quê para quem?  

Em tempos de isolamento da empatia, os fluxos urbanos pontuam na paisagem mensagens comerciais e institucionais por onde o cidadão passar.  Quando planejada, a sinalização urbana racionaliza o uso da comunicação com clareza e objetividade da informação. Expandir a mensagem pela cidade, de forma estratégica, organizada. #comunicação AAPI Informar possibilitando ainda interação com o público via QRCode.

Mantendo a roda girando, mesmo quando o terreno é inóspito e o fluxo está mais para atrofia, pensar em potencializar a mensagem pelas plataformas disponíveis. Proporcionar aos associados (público-alvo) diversidade de conteúdo, manter a entidade (narrativa organizacional) próxima do público. Novo programa semanal no canal da AAPI utiliza leveza e bom humor de um professor parceiro para dar dicas de inglês, por meio de pílulas em vídeo. #identidade #aapi




Números - entre o tropeço e o soluço


É clichê, mas ignorá-lo não nos torna melhores. Quando o divórcio, o acidente, as dívidas, a morte, a doença, o nascimento, o casamento, solidão, a vitória ou a derrota estão distantes sempre serão estatísticas, números absolutos ou índices percentuais e tudo o que o homem cria em sua narrativa é passível de pelo menos duas interpretações: a que confirma e a que questiona; afora outras.

Por mais que os números possam talvez, quando comparados a outros dar a impressão de ser menor; vale lembrar: se não é algo absoluto, 100%; sempre podemos cair naquele 1%, naquela pequena margem, naquela improbabilidade; aí chamamos de fatalidade e muitas vezes engolimos sozinhos o sofrimento

Quando está perto da gente, esses números viram sentimento, dor, prazer, euforia, desespero. É clichê, mas precisamos sempre revisitá-lo para nos lembrar de sermos humanos. 

Ao criar uma narrativa é importante considerar tudo o que representa os indicadores. Seja em relatórios corporativos, mensagens motivacionais nas organizações, nas matérias jornalísticas, os números evocam muito mais que apenas quantidades. E a mensagem criada deve se importar com isso. Portanto, na construção da narrativa é preciso transitar pelo clichê de forma assertiva, tendo em mente o objetivo da mensagem na ordem social. Faz-se necessário evitar os vícios editoriais, as bandeiras das vaidades e convicções de torcida e se permitir à reflexão e diálogo.