segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

imagens



Criadas pelos mais diversos ângulos. Perspectivas tensionadas não mais apenas em lentes de robustas mas na imensidão de lentes de smartphones. Nos designers, o uso exacerbado de banco de imagens faz algo engraçado acontecer: imagens repetidas em campanhas de segmentos e público diferentes, e em tempos diferentes. Agora, dentre as mais diversas aplicabilidades, as ferramentas de construção de imagens por meio de inteligência artificial instrumentalizam mentes criativas com a facilidade de criar imagens base necessárias em criações. São tantos que surgem, como o DALL-E, Stable Diffusion,  Midjourney, Craiyon e Nightcafe Studio. Daqui a pouco, cada vez será vivenciado a artificialização do conteúdo. Bem argumentado em artigo de Altair Hoppe. Desdobrando esse raciocínio, podemos dizer que o algoritmo então deverá rever critérios de distribuição para favorecer o que é orgânico, realmente capturado por lentes controladas por humanos.

Estamos em uma moderna torre de Babel. As pessoas não se entendem, nem se esforçam para. Quando o fazem, é com a motivação equivocada. A narrativa adentra em um aspecto que se assenta no eterno retorno a uma questão elementar: o que é real?

Os laços no céu com o vento se contorcendo. Panos rubros, brancos e azuis. O corpo entre as curvas do tecido erguido, se mantém firme em manobras delicadas. Ela dança no ar. O violino, o piano, o ar que abraça e conduz o olhar para aquela que para o tempo, enquanto paira no ar. Puro encanto de luz, sombra, contorno dos sons dentro do meu olhar. 


Imagem feita pelo DALL-E
Imagem feita pelo DALL-E


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

conhecer



Imagem e reputação constituem o brasão de uma comunicação corporativa que busca se renovar e se manter em tempos tão volúveis dos significados e significantes da sociedade. A construção e defesa vão além dos comportamentos dos indivíduos, mas essencialmente em qual e como a mensagem circula pela sociedade. 

Sua empresa precisa ser conhecida por todos? Seus produtos precisam estar em todos os lugares? Ou ela tem um público específico, um potencial de atendimento limitado? Conhecer sua marca, as entranhas dos processos de produção ou estruturação dos serviços permite que você defina, a partir do plano de negócios, o perfil que a comunicação deve ter, o ritmo, a linguagem, as plataformas utilizadas, o orçamento de custeio e o potencial de investimento. Afora isso, é tentar copiar os colegas de outros setores, outras mídias, com outros perfis e até mesmo em realidades paralelas.

O reconhecimento do indivíduo precisa do ambiente externo para validar o interno. Na comunicação, a marca precisa ser exposta e reconhecida (sua mensagem e seu significado) mas apenas para seu público-alvo. É um raciocínio obviamente lógico, mas que em tempos de modernidade exacerbada, muitos procuram uma audiência que não suporta, que não agrega e que desconstrói a imagem e a reputação da marca. Neste cenário, a análise dos dados e a famigerada mensuração de performance de comunicação exige técnica, visão apropriada a respeito de todo o contexto, para assim melhor orientar os clientes e posicionar a marca.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

escorreu



E o que vem a ser o propósito? Se esquivar da essência com a distração de observar o outro? Entregar-se ao ócio, ou apatia em relação às demais pessoas e perceber que é cativado ou pela dor, ou pela posse e vivência de situações e objetos prazerosos? Ter dinheiro, vivenciar o que o dinheiro possibilita.

Na criação de filhos, a criação de templates para fantasias sua boa imagem externa de bom pai e mãe? Nos escondemos todo o tempo, nos esquivamos do que é essencial para fazer saltar aos olhos os elos dos algoritmos que criamos para termos mais tempo para ser, do que ter.

No desespero de proteger nossa hipocrisia, machucamos quem dissemos tanto amar. macucamos e nos isolamos. Embora fiquemos comovidos com enredos apaixonantes de união, aproximação e valorização do outro.

Não sabemos o que fazer com o tédio e imputamos a ele a perdição, a atrofia dos sentimentos, a individualização. Somos seres banais se julgando donos de verdades, de julgamentos, de condenações.  Não enxergamos, não mesmo, nossas interferências na vida das outras pessoas. Não controlamos, de forma alguma, a maneira como vão interpretar e reverberar nossas palavras, nossos gestos.

Quando tentamos ficar fora desse padrão velado como liberdade, sofremos por entender estarmos deslocados. Não somos dessa rua, estamos de passagem; entretanto não controlamos nem o piscar dos olhos.

O que vem a ser esse famigerado ao peito. Que nos faz guerrear, plantar e incendiar. Romper a alvura em versos e rasgas as mágoas ao travesseiro de um lugar de paredes úmidas, de lençóis suados e de um eco ensurdecedor.

O que está atrás de tanto brilho. Tanta imagem clichê, tanta angústia e tanta euforia clichê? O que há de se revelar? As narrativas são como a pipoca no cinema. Nos racham os lábios. Comemos até sem fome. Sem perceber o gesto. Apenas repetindo. Reencontrar a inocência da infância. Mas é lá que está também o início desse se perder na contemplação.

Lembro da criança de pés descalços, no intervalo das brincadeiras, olhando o céu, ou o gramado, ou um buraco no muro, ou uma trilha de formigas. Atordoado como que deslocado. Era tão intenso estes instantes, que ele não consegui a compreender. Sua cabeça não desligava, parecia mais um cavalo selvagem fazendo hipóteses de tudo ao redor, olhando do específico ao geral, construindo argumentos no silêncio, alimentando uma coragem que enfrenta até mesmo a dor.

Então vinha a bola, o pique, os raios, a terra, tampinhas, figurinhas, poste, banho jantar, brinquedos, televisão e cama.  Perdeu a conta de quantos circuitos fechados, e também dos dias bons pela simplicidade. Mas eles passam. Assim como o vento do guardador de rebanhos. 

sábado, 7 de janeiro de 2023

Contra tempos


Ele sabia. Um minuto Durden. A perfeita contemplação do instante. Quando o nada circunda o tudo e as escolhas não aquecem mais o silêncio. Estou a ermo no tempo entendendo ser uma engrenagem dentre tantas. Movimento-me, perco só dentes e ainda assim me movo. Algumas lembranças tenho vergonha de ter até mesmo sozinho. Outras, gostaria de compartilhar com uma pessoa, que entendesse. O minuto passa.
 As cenas se sobrepões em um roteiro mais do que caleidoscópico, mas fabuloso de tão real.

Impiedosa, a chuva cai sem consciência. Apenas cai. Escorre e faz barulho. Lava e arrasta. Nutre e encharca. Os versos em concreto armado, as esperanças e as garantias de uma segurança que até a água, sem aviso prévio, leva.


A foto está no ângulo certo? Com a iluminação do impacto? Na perspectiva da emoção? Ela está exposta o suficiente? Ou perder-se-á como tantos instantes não contemplados da maneira que verdadeiramente o aproveita. O minuto às vezes esconde outro.


Tantas narrativas, desespero e paz. Tornei-me minha pior versão controlada. Raivoso como um cachorro amarrado, grunhindo como um animal ferido, barulhento como um trovão sem chuva, sem raio. Consigo ainda lembrar, desanuviando essa realidade, de quando eu fui um infante agradável, curioso e risonho. Tute.  Tão distante. Deixei que matassem uma parte de mim que tanto eu gostava. Deixei que matassem. Permiti que controlassem o que não deveria ter controle. Tornei-me refém do desespero seguro de quem maneja a vida com receitas, com o malhete social, com o que não cabe em mim. 


O piscar dos olhos lança mais que cílios ao vento. A estratégia não é confundir, mas revelar que a lógica não se opera pelos padrões estabelecidos a consenso. Ela é do indivíduo e não da massa. 


Cachoeira barulhenta de tantos olhares silenciosos. Nossas dores vão nas águas com as paixões. Às margens, amores-perfeitos florescem e então sabemos o que fica. Quanto tempo dentro do tempo. Passaram-me décadas dentro de um ano. Pensamos escolher e programar os dias, mas não é assim. Os dias nos escolhem, se colocam diante de nós e nos assistem.


Um minuto Durden, ele se permitiu viver de outra forma.