terça-feira, 31 de maio de 2022

assobia



Percebi na madrugada que não havia pela primeira vez uma canção a ser tocada. Eu estava ali sentado contemplando o silêncio da fria madrugada, sem procurar a lua no céu, sem me esconder das emoções sussurradas ao vento. Era eu ali no calado na alta noite sem canção, sem verso, sem musa. Não se tratava de abandono, ou de engano e desengano, era momento outro, em que as palavras não acompanham os pensamentos e as memórias atravessam o presente com pontuações de um passado que anunciava o porvir. Eles sabiam. De certa forma sabia. que o silêncio das madrugadas de quando era apenas uma criança queria dizer mais do que uma simples teatralização da juventude às madrugadas, querendo um dia ser alguém no escuro com um copo na mão, de algo quente ou refrescante. era mais que isso. era história outra que ainda iria acontecer. Agora ele sabia de uma maneira estranha. O saber sem saber, era mais que a expectativa tola das pessoas e seus crachás, seus mantras e bandeiras. Ele estava além dos versos, nem melhor, nem pior, mas ele, era ele mesmo. No espaço e tempo dele. Sem atropelos. Sem espelhos. Sem donzelas e juízes. Percebi que eu era o silêncio. Entre os ventos da madrugada, que balançam os lençóis e fazem das cortinas nuvens bem próximas; sem chuva.

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domingo, 1 de maio de 2022


As relações humanas são sobre o poder. No entanto nem se aprofundam a ponto de compreender todas as nuanças e fundamentos e especificidades que envolvem o poder. Seja no indivíduo, no ser social, na sociedade ou na natureza sem humanos. Ficam no pó do poder, no início conceitual da palavra, na poeira que indica os rumos do envolvimento, na fuligem que engana os olhos sobre a realidade. 

Fazer desmoronar para subir nos escombros. Esta é prática de muitos que se colocam repetidas  vezes ao nosso lado na mesa, na fila, ao travesseiro, no trânsito, nas prateleiras sociais.

Não sei porque cheguei a esse ponto. Toda vez, olhar ao ermo. refletindo internamente. Sem ninguém para ver ou ser visto. Sem legado a ser deixado, sem explicações que configurem toda a realidade, pois a realidade não é feita de um só narrador, ou de sum narrador só. Então sem encontrar as saídas, persisto em admirar as janelas. Não é como se fosse especial ou óbvio demais, mas apenas como se atingisse parte do perfil da estrutura social, que diz muito sobre a configuração do indivíduo e partisse seu mind entre as  fases da lua e seu lado aparentemente sombrio... para quem olha sempre a partir do mesmo ponto.