Uma matriz de conceitos rege
organizações e até mesmo confunde gestores em uma promessa de êxito de fluxos
complexos em busca de transparência, que aparentemente deveria ser o resultado
de processo simples. Matriz de risco, sustentabilidade, responsabilidade
social, engajamento profissional, territorialidade, compliance, stakeholders, brandend content e tantos outros.
Richard Edelman, referência em
Relações Públicas, com graduação e MBA em Harvard, afirma que “Ganhar dinheiro
apenas já não é o suficiente; é preciso também melhorar ativamente a sociedade.
As organizações têm a obrigação de demonstrar altos padrões éticos e provar
continuamente que não estão interligadas de forma indecorosa com líderes do
governo”.
Percebe-se que os padrões éticos
de uma corporação devem estar refletidos em suas narrativas não de forma
engessada, mas de forma que os empregados da empresa absorvam e reproduzam o
discurso da empresa se apropriando dele como seu. Brandend Content e as novas nuances midiáticas interferindo ou se
adequando ao fluxo social contemporâneo. O modo como as pessoas se relacionam
com a comunicação, na geração e absorção da informação e criação de sentidos
exige novo modelamento. Em um ritmo frenético entre acessar e produzir
conteúdo, o usuário não se permite a intervalos, dar pasto a vista em
comerciais. Então o conteúdo de marca surge como possibilidade, mas não pode se
estabelecer como no filme O Demolidor (1993 - Dir. Marco Brambilla) onde os
jingles (em seu formato original) se tornaram produto cultural, suprimindo conteúdos.
Deste modo, o conteúdo passa a
ser o novo subproduto das corporações. Uma espécie de venda casada que
impulsiona o consumo, a venda e a absorção da mensagem. A partir de narrativas
que remetem à raiz e história relevante para o público alvo, os conteúdos devem
ser elaborados a partir da transparência, legitimidade, qualidade e
irreverência, para que o indivíduo perceba que se trata de um conteúdo de
marca, mas que aquela narrativa apresentada o proporciona uma reflexão ou um
dado relevante para seu universo particular. Além de um produto, a moral da
história. Por meio do conteúdo de marca a empresa espalha sua missão, vende seu
produto e busca se integrar à sociedade de forma igualitária.
O conteúdo de marca amplifica as
ideias além dos produtos. Essa narrativa trabalha sobre as premissas Desejo,
Necessidade, Vontade; como no final da música dos Titãs “Comida” (1987 - composição
de Arnaldo Antunes/Sérgio Brito/Marcelo Fromer).
O marketing então nesse cenário,
assim como o jornalismo, se coloca no lugar das pessoas como uma delas, de
forma verdadeira, fazendo a diferença na vida das pessoas a partir dessa
ambientação. As narrativas são ambientadas, regionalizadas sem perder o link
com o macro universo da sociedade. Semelhante foi feito no cinema com o livro
de Ismail Kadaré que fala do Kanun, um código de lei de origem patriarcal que
prega um loop eterno de vinganças e foi adaptada em Abril Despedaçado (2001 –
Dir. Walter Salles) regionalizando a questão que aqui também se encontra. Essa
dinâmica, quando aplicada por corporações, alavanca aceitação de conceitos,
interfere em comportamentos sociais, dentre eles o consumo, favorecendo venda
de determinados produtos.
O jornalismo assim permeia
vertentes que podem representar uma nova ordem na organização da profissão e
interferência na sociedade. O jornalismo também como instrumento para
elaboração de um correto conteúdo de marca, que não se aprisiona na publicidade
de convencer, mas no conteúdo de
promover reflexão, interferência e poder de escolha; conviver. As narrativas pulsam, perpassam plataformas e linguagens
e padrões sociais. Percebem a pessoa como indivíduo e sujeito social. Instigam
e acalentam.
Pode-se afirmar então que essa
narrativa conduz a interpretação do público, educando-o para relacionar o
conteúdo não apenas a uma marca, mas a um padrão social que transcende
paradigmas e valoriza ainda a cultura.
Para viabilizar o acesso
frenético da geração contemporânea o streaming estabelece um novo modelo de
consumo de dados. Milhões se entregam a este serviço como única ferramenta
(Netflix 80 milhões de assinantes, Spotify 40 milhões, Apple Music 17 milhões).
O streaming é o poder do instante. Vale mais o agora, o “enquanto eu acesso” do
que o download. A apropriação do conteúdo muda. Não é preciso ter o arquivo, a
informação, o produto, mas poder acessá-lo quando e como quiser. Assim
percebe-se como se alastra o perfil colaborativo de mídia, criação e gestão de
dados, e também de espaços (ex: escritórios Co-working).
O Youtube está para o mundo o que
a Rede Globo foi para o Brasil durante décadas. Janela da realidade. No
entanto, a grade livre do youtube é um ciclo que oscila, revoluciona e permite
que cada um produza e consuma o que quiser, como quiser de onde estiver. Aparelhos
filmam com qualidade, publicam e distribuem dados com rapidez. A produção
barata impulsiona lucros. Todavia, uma
nova configuração de cobrança aponta nuances de um mercado jovem (internet) que
reorganizou o modo de fazer negócios, de fazer política, de comunicar, de ser
sociedade.
Narrativas palpáveis que entregam
sentidos e promovam envolvimento. Assim, seja por streaming ou por conteúdo de
marca, a comunicação segue atualizando formatos, plataformas e linguagens,
alternando padrões e fluxos em busca de interligar seres humanos e mensagens.
Publicado também em minha página
na http://obviousmag.org/rumos/
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