segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Contra


Trâmites aparentemente aleatórios delineiam a silhueta e as entranhas de uma sociedade prisioneira dos próprios conceitos, principalmente os que remetem a liberdade e felicidade. 


O poder. A maneira como é venerado, buscado e como atordoa quem o exerce (seja em qualquer esfera) representa a imaturidade dos indivíduos em serem entronizados; tanto na família, na empresa, na política, e em todas as etceteras


O dinheiro é o estandarte mais arraigado em boa parte dos indivíduos. Abraçam e se mergulham no dinheiro como Tio Patinhas. Quanto mais dinheiro mais sobre ele falam e pensam e menos  a respeito do que seria ser humano; afora as posses.


Não percebem, mas soa quase natural a dependência e o gozo que manifestam ao se relacionar com o dinheiro e o poder que vem ou se vai com ele.


Traços recorrentes podem ser encontrados em casa, nos jornais, portais e nas nuvens; que antes apenas eram alvo do abstrato das ideias e agora são o arquivo sem fim dos acumuladores que nos tornamos. 


Antes da chuva. Grupos sociais movimentam-se na máxima de sempre o bando julgar e focar em uma parte, como exemplo. Assim evita que cada um reflita sobre si e também sobre o real motivo de ainda serem um grupo.  As traves nos olhos. Os elos que regem a sociedade.


Já não são mais correntes, são argumentos que nos aprisionam. E os usamos como elixir de uma liberdade que machuca os outros; o diferente é perseguido, o reflexo do espelho.


Acostumados, passamos pelos dias sem cogitar a ideia de existir algo mais importante do que ter posse, de terra, de moeda, de razão, de imagem. Falamos muito dos outros para evitar de pensar em nós mesmos de uma maneira íntima, intensa e sem argumentos. 


A grama molhada sob os pés descalços era o refrigério de um dia agonizante. O movimento das asas em lemniscata, possibilitava parar no ar durante o voo, analisar a ideia contra o vento, e finalmente partir.


“Eu não te contei o que aconteceu de verdade. Só estando em minha cabeça para ver como foi sentir tudo. E ainda assim saber como foram tantos os alheios a usarem o malhete, e desferirem golpes dos quais nunca me recuperei, tampouco retribuí.” Armenon 



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