segunda-feira, 7 de agosto de 2023

domingo


Um passeio sem aparelhos de celular. A casa espaçosa e antiga no final da estrada. O casal que há mais de 30 anos vive tranquilamente na curva do vento. O café, o doce de laranja. Os sons cativantes, as cores vibrantes, a calmaria. A roça em sua simplicidade, em sua exuberância de significados. Um aprendizado. Voltar para a área urbana. Amadurecer ainda mais o olhar, as palavras, as atitudes. Respirar.

Aprendi a ligar a tv em conteúdo aleatório para dar um clima de infância em casa. Aprendi a viver sem dor a nostalgia dos tempos em que eu era a criança e meus pais faziam as coisas de adulto que agora faço. Amadureci me relacionando com as plantas, cuidando de jardins, respeitando os livros, admirando os filmes, tomando cuidado com as pessoas. Os domingos. Os domingos têm um clima do qual muitos fogem, outros se entregam, mas todos vivenciam seu misterioso aspecto. Domingo.  

Quando certa idade chega, você vê os problemas e as dores com a limitação da vista cansada, das rugas emocionais. A verdade do clichê de ser imperfeito, de não suprir totalmente o outro, mas ser o seu melhor, no pouco. Uma boa música basta. Depois de tanto sorriso escondendo a dor, um bom céu basta. Um cheirar o cabelo da criança, provar um doce, ver um filme. Estar junto. 


A troca. A conversa sobre o que me faz a diferença, sobre como funciona o comportamento e a percepção, me fascina, me renova, me encaixa no mundo e na história dos outros. Sentar ao lado de um dos filhos e olhar a chuva, o beija-flor se alimentar de nectar; é se conectar com o que vale a pena.

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