quarta-feira, 20 de março de 2024

O poema silencioso



Era como se fosse um paralelo universo sem amarras sociais, sem lastro de passado, presente ou futuro. Era apenas o instante nu, em sua exuberante simplicidade de ser.  As palavras fluem como o ar que toca minha face com o frescor de um vento, um poema silencioso. A sabedoria que busco para conduzir meus dias tento agarrar e aplicar sobre todas as circunstâncias, mas me é tão difícil. Tantas lembranças que eu gostaria de não ter, tanto laboratório de sentimentos e sensações que eu preferia não ter, mas foi o que me formou. Se isso pode ser visto como algo bom. Seja o sol a revelar os contrastes ou as nuvens a apaziguar tons e até mesmo ruídos, reduzindo o ritmo da vida, desfranzindo testas, despertando olhares. Equações de variáveis muitas vezes não confiáveis. Um sofrimento sem medida se instala nos corações. Então. Seja o tempo ou metade do tempo. O desfecho das minhas alegrias no calabouço das ilusões de amores. Amores confusos de vidas passadas, de um universo paralelo que na minha cabeça se desenvolveu e forjou o meu caráter. Impressionantes conceitos, ritmos aleatórios por onde quer que se passe. É aleatório para quem está deslocado, mas para quem está inserido, é a pura rotina, muitas vezes de adrenalina e tédio em alternância sem aviso. O angelical rosto de uma criança nos salva de nós mesmos. Então consigo ver além de toda essa fuligem social e compreender a realidade que vivo com mais entrega.

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