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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Longínquo



Utilidade pública é recorrente nos perfis de veículos de comunicação nas redes sociais digitais. Rádios e jornais (Vide CBN e O TEMPO) disponibilizam informações atualizadas sobre diversos aspectos urbanos, dentre eles o da mobilidade. É interessante como a paisagem é a mesma, com apenas tons variados. Carros sempre parados. Ainda assim há atropelamentos. Metrô lotado e depredado. Ruas alagadas, barrancos deslizantes.

Atraso e prejuízos soterram o pacato cidadão. Alinhadas à prestação de serviços dos perfis nas redes sociais, as matérias da mídia tradicional abordam a mobilidade urbana pelos ângulos da dúvida, contestação, alternativa e viabilidade. Seja a partir das inúmeras intervenções para agilizar o trânsito em Belo Horizonte, que pela desinformação acabam por atravancar o fluxo (fato recorrente em outras cidades), seja pelas suspeitas de processo ilícito em contratações, construções e licitações, passando pelo lobby automotivo e de infraestrutura asfáltica, a natalidade da frota de automóveis (que extrapola nos grandes centros e já cresce significativamente no interior), a ineficiência das vias (que não estão preparadas para o estouro), seja pelo frescor e risco das pedaladas, a saúde, a segurança, a educação e o meio ambiente considerados para se movimentar e circular pelos espaços urbanos. Falta alguma narrativa? Algum ponto de vista? A mídia tem cumprido seu papel (repetindo-o diariamente), mas e quem não tem? O cidadão e os governantes (alguns não parecem ser cidadãos)? Pauta pertinente, mas tão surrada, que efeito não parece fazer.

Sem virar página, narrativa metamorfose, metaformose. Um horizonte de pessoas dispersas, pintadas em aquarela, modeladas de cimento. Pó! Mentes entorpecidas dos pragmatismos que conduzem nossa ordem social. Anônimos, mergulhamos de braços abertos no lago seco da paz. Inquietos lábios de um sábio coração. A massa se move em ano de carnaval em março, copa em junho, eleição em outubro.

Dona matéria, estonteante, com o talento encoberto pelas unhas, quase não permitia que percebessem suas intenções rasas. O que acontece ao redor é causa ou efeito do que ecoa dentro? Narradores selados a vácuo mantêm uma dinâmica de frases que soterra o leitor/produtor (não há passivo) em uma ficção quase palpável. Ainda assim, o mecanismo de controle é adverso em um cenário em que as plataformas de comunicação estão mais dinâmicas e acessíveis. O básico objetivo de tocar o outro, agora exige mais do que formar versos, ou esticar os braços.

Agora produzimos conteúdos para produtores de conteúdo e não apenas para consumidores formadores de opinião. O formato adequado para cada plataforma é o santo Graal? Blogs, podcasts, vlogs, redes sociais digitais não pedem permissão ou aval de um editor, elas reverberam o conteúdo gerado por quem antes tinha voz apenas na mesa de bar, de tricô, de churrasco, na fila do ônibus ou do banco. Tudo ao alcance do Google e outros modelos matemáticos agora... Algorítmicos da liberdade. Palavra é número, gratuidade é número, imagem é número, e número sempre atrelado está a algum valor para alguém, em referência a algo. Poder/ controle.

Juntamente com a questão editorial complexa, uma membrana sutil merece atenção. A comercial; que da sustentação financeira à estrutura do meio (infraestrutura e pessoal). A viabilidade de investir e manter os meios é tão desafiadora quanto lidar com o alto índice de conteúdo produzido e a variável audiência. O modelo de negócio precisa ser melhor elaborado; ir além da chantagem velada (espaço obtido x contribuição financeira) tão presente na mídia (seja da capital ou do interior). É fundamental investir (R$) em pertinentes pautas diferenciadas. Faz-se necessário um processo de educação e diálogo ético, democrático.


Não espere por mim, mas aguarde-me, guarde-me intensamente no profundo daquele instante. No futuro possível daquele agora. As rimas, inválidas diante da gravidade. O mundo fechou, ou verdadeiramente se abriu diante dos meus olhos. E minha espada se tornou meu tropeço. Mudo, extasiado, vi o DNA de concreto, presenciei e vivi as curvas, a hidratação de uma garganta a tossir; atônito, respirei fora do tempo e dentro dele, a essência que faz e fará de qualquer autista o elixir da existência. O melhor afogatto é aquele que não senti o sabor...

"... estou aqui de passagem"

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Farelos

O calendário dita o ritmo dos acontecimentos que se renovam. Chuva forte, enchentes. Mas onde está a mídia convencional com serviço público? Informando pontos críticos, alertando a população, relatando os dramas e as ações do poder público? Nas últimas ocorrências no Vale do Aço, perfis públicos de redes sociais digitais mostraram o poder da ferramenta. Com imagem e informações quase que imediatas, as postagens além de informar incitavam ao diálogo das partes interessadas. Impressionante. Orientando até sobre doações para desabrigados. A mídia tradicional, atenta à dinâmica de fazer comunicação, logo entrou na chuva e se molhou. Interagiu nas redes sociais com os leitores para registrar o ocorrido e debater opções de locomoção. Interagir com os produtores de conteúdo, compartilhar e canalizar audiência em uma dinâmica de informar e formar. É preciso estar atentos, em um cenário em que o uso intenso dos smartphones é para disseminar e produzir conteúdo.


.......

As características semelhantes nos tornam invisíveis. As peculiaridades dos sorrisos nos provoca reticências. Fechar os olhos também funciona. O processo de identificação e satisfação alterna como a agenda dos noticiários. O enredo é o mesmo,  agimos da mesma forma, a mesma metalinguagem, a crítica, as análises, os artigos, as orações; mudam-se nomes e o tempo. Repetimos, nos orgulhamos e achamos necessária esta repetição.
 

Receite aí: momentos de carinho, filmes, caminhadas, corridas, sorrisos, cheiros e sabores. Movidos a prescrição, insistimos no leito da civilização infeliz. Conhecemos os artifícios para sermos felizes. Ditados, jargões e ponta de faca. Haja punhos. Nossa essência é revelada pelos farelos que dispersamos no ambiente.

O verso que mais decorou foi o que, incapaz de escrever, esqueceu. Não é mais e nunca foi. A sede de paisagens dobra no deserto urbano erguido entre nós. Nas entranhas sua uma textura que inquieta. Lábios ásperos; O inevitável porvir. As palavras surgem como agulhas nos sentimentos, pensamentos e olhos. A sinfonia avassaladora do egoísmo massacra qualquer flor. Nos poemas, um respiro, um esboço. Nas mãos a certeza da tentativa... Deixe que minha mão errante entre e sorrateiramente repouse sobre o alvo ombro. Torre de marfim, ei de escalar, entrelaçado aos seus cabelos, enquanto calo seu silêncio com meus lábios; reluz o menu constituído com onomatopeias. Eu sou um lápis de ponta quebrada no curso da frase.

Eu passo

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pontuação

 

Quanto mais meios, mais fins. Argumentos, desabafos e narrativas do porvir. A vanguarda é o insistente "nunca será" que ecoa entre nós.

Assimilação é o diferencial de mercado. Todos produzem todos consomem. Quantos assimilam? Narrativas pulsam onde quer que o cidadão se volte. Eu não voltei a escrever, pois não consigo respirar. Nunca parei de inspirar e pirar expiração enquanto não conseguem ler. Todos enxergam as frases, sem perceber o que o texto é. Gentileza é poesia, muito mais que verso. E a fé, a fortaleza que nos faz perceber o brilho e o sabor da vida que nos rodeia, que nos entrega e integra. Cansado, com uma paz que não cabe, com os dias que a guiar não veio. Ah, guiar não veio. 

A ruptura de tudo aquilo que se esconde corrói nossa alma de forma a contaminar a paisagem com nosso olhar. Inalterado, o ambiente é sutilmente acrescido de sentidos que passam desapercebido. Reféns; de nossos semelhantes, de nossas escolhas e pensamentos. Ninguém há de libertar ninguém. A hipocrisia impera até mesmo na face daqueles altruístas afogados em compaixão. Bandeiraram o Cristo ao invés de vivê-lo. Fazem com uma mão e divulgam com todo o corpo. Rompeu o solo a raiz que me sangra. As palavras saem nuas, sem sentido algum alfaiatado. Com suas formas espontâneas e inocentes, suas arestas e seu suor. Já não caibo mais nos clichês que tanto me alimentaram. Narrativas me encantam pela manhã e me conduzem para cama a noite. Quando a amargura entorpece ao coração, cabe à língua dar ou não vazão. E quando o refrigério vem, como um momento de gravidade, você hesita em sobrepor mãos; pois os lábios ressecam, tosse, a pupila dilata naquele quarto escuro; e a tela que brilha fustiga o tempo lá fora. A liberdade que expande e que nos aprisiona, tudo é tão simples e intenso.

A dimensão do não ser. Tudo está nas nuvens, mas quando chove não encontro mais a gota que eu evaporei. Doce tempo, amarga minhas lembranças de um futuro tão terno. Não há esboço para você e pra mim. Simples assim. Qual é o nosso traço? O que podemos assimilar?

 O animal que sou nesse zoológico de trocadilhos. O termo que sou no texto que não escrevo. O tropeço e a pedra no clichê do poeta, no traço no muro, na rima no silêncio.

Tenho sede de paisagens. Tenho sede das suas paisagens, completou o menino que permanece calado.

E o quanto se assimila pode ser o que distancia a mensagem do meio; o significado do indivíduo.

A vírgula me para, o tempo me volta...

... 


sábado, 9 de novembro de 2013

Fatos e Perspectivas

O movimento das plantas no jardim relaxava seus passos. Já não mais se incomodava com a imagem no espelho. Porque você desconhecia o próximo verso, a pisada no pé foi inevitável. Você sem a poesia, eu sem compasso. A medida da vida não está em métrica alguma conhecida, menos ainda dominada. O frescor do vento ao correr, caminhar. O frescor de lavar o rosto em límpida água.

Os meios de comunicação vieram para facilitar e intensificar o relacionamento, as narrativas, a emissão e percepção de mensagens. Eles facilitaram; o acesso ultrapassa a porta de banheiros; eles confundiram; a percepção oscila da latrina recheada à límpida água ao rosto em cachoeira pela manhã.

Diante dos fatos, é importante saber como se relacionar com a existência de múltiplas perspectivas e o respectivo poder de relevância para o público. Seja pela facilidade estética ou pela complexidade reverberante. Os mecanismos de comunicação disponíveis escravizam-nos à ansiedade de consumir e produzir conteúdo. A inteligência artificial, criada para ser o piloto automático do ser social, aos poucos nos domina, domestica e castra.

Em madrugada de narrativas, amanheci com janelas abertas. A nitidez da felicidade em seus olhos. O brilho que há em você possibilita um sabor especial em meu sorriso. Caminho então entre as narrativas que nunca foram, as possíveis que nunca serão, e a que escolho traçar para que esteja gravada naquilo que sou. Só será óbvio se tiver visto pela mesma perspectiva. Meu argumento.

Palito os dentes com a especulação; passo...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Garimpar [narrativas e relações]


O que te globaliza te identifica? Sem a interrogação ou com uma resposta completa? Que cenário você integra diante da desconstrução do indivíduo dentro da fôrma do ser social? Sua fé, seu modo de interpretar os fatos, a maneira como você opera o egoísmo, o sistema de relevância e a metáfora do copo d'água. Beba! A multiplicidade é o paradoxo contemporâneo. A vanguarda é ser simples. Ponto de Vista?

As narrativas midiáticas e as relações sociais construídas deleitaram-se do conforto e das potencialidades da multiplicidade. Entretanto, todos tornaram-se vítimas daquilo que as alimenta (euforia, inquietação, diversidade e imediatismo). Depressão, estresse, violência e choro. Linguagem atrofiada nas narrativas, clichês ineficazes nas relações interpessoais. Não se trata de uma gueda de braço, mas mãos dadas.

Acostumamos ao ritmo da vida em resumos. Resumo de livros, de filmes, de amizades, de coito, de notícias, da conversa à mesa, de análises, de sonhos e transformação. O dar conta é o novo mito, acima da objetividade. Dar conta de tudo talvez seja compreender e exalar que somos ineficientes para "dar conta" de tudo.

A segmentação de narrativas e o envolvimento do público com especificidades é uma alternativa dentre tantas. Tantas? Não apenas as plataformas de negócio mudaram. O processo de construção da identidade do indivíduo ganhou outros elementos constituintes, com a modernização do ser social. Desse modo, "conhecer" tornou-se ouro sob nossos pés. Como garimpar? Como acessar? Como conhecer? E fazer o quê depois? Perguntar impulsiona, perguntar é fácil. Desafio é viver as respostas, conclusivas ou não.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Narrativas de unhas sujas


Unhas sujas de quê? Do jornal virado ai lado, das palavras ditas como expiro involuntário? De esperança? Talvez, por narrativas que não tropecem na métrica, nem que seja refém dos mesmos esquadros. Que não abuse do jeito banksy de narrar e não consolide-se como o modo Cid de perpetuar. Seja worlf, seja basquiat. Seja o menino queimado na esquina cantando "eu sou terrível" enquanto bate em uma vazia lata de tinta. Seja sem referência, a reverência.  O grão de realidade que estaciona em nossos olhos já está muito além do que cabe nas páginas de jornais e internet (isso já percebemos); bem como ultrapassa o que pode produzir de narrativa cada indivíduo (isso ainda ignoramos).

Precisamos estar atentos a isso. A capacidade dos meios é limitada e ultrapassada, a capacidade de absorção nos empurra para o stress  ou segmentação. A capacidade de produzir narrativas, diante do fenômeno "tudo ao mesmo tempo agora" torna-se imensurável, porém natimorta.

 Se estagnada e atrofiada está a forma de fazer, registrar e absorver, o que há para se ter?

 Que do café da manhã sem café, até onde for o passo ou a imaginação; que pulse, mesmo no silêncio. A fé é algo vivo, nem doutrina, nem linha, nem desenho ou rascunho.
  


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

No ar

Um motorista da Folha registra o fato (policial agredindo manifestante) enquanto espera repórter. Cada vez mais evidente, o processo de registro e divulgação está nas mãos de todos. O comportamento na rede mundial, o consumo de vídeos, e as narrativas eletrônicas interferem decisivamente no que vai para os veículos formais, e até mesmo para as bancas. A grande massa de produtores de conteúdo quer não mais voz, mas ouvidos. São torcedores de distintos gritos no meio da multidão. Pensar e agir. Estar atento às janelas.

Uma pomba estraçalhou a vidraça com a cabeça. Transparência em demasia pode ser perigoso. O que fazer com tanta preposição sobre os lençóis? O humano saiu para ser noticiário, ser tinta na tela e nota na canção.  Escorro meu ódio enxurrada no ribeirão das suas ideias, cansadas. Te segurei com ódio e ternura, palavra. Verdade, seu nome pende em meus lábios. A ponta da língua como arma a desbravar a hipocrisia e incendiar a realidade com sonho, com verdade.

Desanuvia, lilás seda orgânica. Rego-te até saciar e esbanjar as gotas excedentes como lágrimas de um amante incompreendido pelo egoísmo que ruge ao derredor. O que parecia tão dentro se mostra tão Camus, oh estrangeiro. E tais lagrimas se cristalizam, como remelas tornam-se a trave nos olhos, o vitral de um sentimento que foi fustigado pelos cacos.

Míopes perdem-se quando o amor é um buraco no asfalto. Surge do descuido a longo prazo, toca-nos quando desavisados tentamos passar por ele.  Seco golpe aprisiona as escolhas na garganta. Bateu na janela o desespero, nem as grades seguraram o olhar. A libertação na paisagem que no fundo dos olhos encanta, sustenta e caminha junto. A pomba não mais respira, mas ainda há ar.

 Intermitências do clichê. 


terça-feira, 6 de agosto de 2013

úmida unidade

A unidade em um mundo da diversidade. A unidade em tempos de um individualismo de arestas, que fere, não encaixa, que rompe, não integra. "Que desafio mais ordinário em um mundo extraodinário Raskol".

As narrativas estabelecidas pelos meios de comunicação alimentam nossa necessidade de se inteirar e ater ao que acontece no entorno, com o outro, e assim se condoer ou se indignar, mas nada fazer. Resumem as movimentações políticas e conomicas. Mural para os espertos visualizarem potencialidades de lucro e sucesso; lugar onde os incautos se perdem em cansativos discursos.A sobreposição de plataformas de informação e os diversos veículos de comunicação existentes provocam uma rave alucinante entre o processo de estabelecer e ser agenda setting.

A convergência ou conflito entre as versões dos fatos é imediata. Começa nas redes sociais digitais, amadurece no F5 dos veículos de comunicação, estabiliza nos noticiários noturnos da TV e estaciona no impresso da manhã seguinte; isso quando o circuito é fechado. Às vezes o assunto, quando parece estacionar, novamente entra no turbilhão.

A sinalização nas ruas é tão indicativa. Onde podemos estacionar, a mão e a contramão, os pontos turísticos, as revoltas, passagens, políticas, drogas, relacionamentos, liberdades e liberdades, respeito em placas, muros e corpos. Apesar de todos, me pergunto o que há de ser amanhã. Seja côncavo ou convexo, é preciso estar atento ao foco, à distância focal das ideologias.

Entre umas e outras; a fé exercida como advento midiático. Audiência pelos meios errados. Reações em cadeia que deturpam a mensagem. A caridade exercida por nós perpassa nossas fragilidades, nossos mais íntimos desejos; aqueles resignados ao espaço em si, onde não há palavras.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Memes jornalisticos



Na falta de aprofundamento e diferenciação na apuração, repetir o que o outro já apurou e dar um estardalhaço diferente é melhor. A brindaceira gera "memes" que soterram o público com mais do mesmo. Na falta de uma argumentação sóbria, ser irritado e irritante gera caracteres aprazíveis ao consumo. Enquanto as escolhas forem regidas pelo umbigo, não há como falar de futuro; menos ainda no presente desembrulhado que embrulha o estômago do trocadilho fraco.






Filipenses 1:3-4
Filipenses 1: 9-10

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Jornalismo Vaselina


A leitura diária de determinados jornais regionais, estaduais e nacionais nos instiga a refletir sobre a composição das pautas e textos (entre investigação / barrigadas / posicionamento oficial / brechas das fontes). A agenda setting e seus efeitos continua a fascinar, iluminar um canto da sala, mas não toda a casa.


Repórteres precisam ler mais sobre os assuntos que se propõem a apurar sem pensar que tudo pode ser resumido a um traço simples. Às vezes, o traço revela uma trama complexa, que exige mais do que um partidarismo, ou lirismo moral, mas uma fotografia e análise ampla. O paradoxo tempo X qualidade não deve ser fator limitador, mas motivador de alta performance. o profissional deve dar a devida atenção no processo de construção da narrativa.



Sentado ao balcão, ao contar os contos para pagar as contas, outro tema reluz: a viabilidade econômica dos meios de comunicação. Alguns veículos (não apenas regionais, mas também alguns setoriais de grande circulação), afoitos por garantir a viabilidade econômica de suas publicações, apelam para fracos argumentos de proposta midiática; tratando jornalismo como produto de prateleira, fazendo da chantagem empacotada de oportunidade uma ferramenta de negociação. Parecem pessoas que se penteiam diante de espelhos trincados, não percebem quem são e menos ainda os efeitos desta perigosa equação. A ética tem sido descartada em prol das cifras.



Quando há profissionalismo na gestão de mídias, a viabilidade econômica acontece, pois soluções são implementadas e ritmos de rentabilidade ajustados conforme mercado, linguagem e prospecção. O imbróglio antigo entre relações editoriais e comerciais tem se intensificado pela nova configuração do mercado midiático, com o acesso a informação em meios digitais, mídia gratuita. Diários do Interior de Minas Gerais têm buscado soluções viáveis para manter recursos financeiros e garantir isenção editorial. Alguns são exemplo para grandes veículos setoriais com sedes em capitais do país.



Por outro lado, afora os procedimentos formais de investimentos publicitários em Redes Sociais Digitais (post promovidos/pagos), começa a surgir profissionais de mídia e veículos de comunicação que oferecem acesso à audiência (post em perfis de representatividade ou com grande audiência) como espaço publicitário. A participação das empresas ainda é tímida, pois é preciso estudar melhor as oportunidades, os cenários e os resultados; afinal "nem tudo que reluz é ouro".  


Publicado também no Observatório da Imprensa 


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 www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed741_jornalismo_vaselina



Programas dominicais e síndrome dos vídeos do youtube ( a modernização da videocassetada?) ainda falaremos....

quinta-feira, 14 de março de 2013

Leminescata Midiática

Publicado originalmente em http://palpitandoocotidiano.com/2013/03/14/leminescata-midiatica/


janjaap ruijssenaars
O público consome informação com uma nova dinâmica. A plateia mudou. Agora ouve o interlocutor, publica em rede social digital, atualiza-se de outras notícias, ouve podcast e ainda opina junto ao interlocutor. Seja na sala de casa, na rua, em reunião com amigos e até mesmo em palestras, audiências e aulas.

Outro dia no fórum, enquanto deliberavam os rábulas, uma doutora esfregava o dedo na tela, sem perder o fio norteador da audiência. Na sala de casa, televisão, tablet, computador e celular interagem com uma estranha presença no diálogo familiar. Tudo muito natural."Tudo ao mesmo tempo agora".

O mercado publicitário e também o de produção de conteúdo disputa a "clique" os cookies dos usuários. Se antes os ancestrais ensinavam a não se "colocar todos os ovos em um mesmo cesto" hoje percebe-se uma frenética convergência ao digital. Unificação de acessos, senhas fortes com plataformas integradas. Banco, email, rede social, informações de trabalho, de lazer; tudo registrado, controlado, escondido e compartilhado pela plataforma digital. Os riscos e as frestas não impedem o fluxo diante da comodidade, conforto e agilidade dos novos processos. O fascínio e a histéria chicoteiam a estrutura de obter-se capital. Mudar para sustentar é mais uma frase imã de geladeira.

Ações de merchandising têm se aprimorado intensamente como alternativa a anúncios chapados de produtos e serviços. Atualizar o modus operandi é a recorrente pauta diária.

Os paradoxos gerados com conflitos de gerações, desafios para compreender o público e produzir para ele; formar público e profissionais, exigem reflexões e atitudes que ainda não podem ser concatenadas em um manual. Vale uma leitura na edição da Revista Imprensa deste mês. As matérias sobre a formação do jornalista e sobre o relacionamento com as novas mídias estão muito interessantes.

Saiu também no Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed738_leminescata_midiatica

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Balcão de Vidro




Afora as exceções, enquanto repórteres lerem pouco, assessores escreverão as matérias. É tão bom quando o diálogo acontece, é produtivo e enriquecedor para o leitor ou espectador. Todavia, quando o repórter desconhece por completo o assunto e nem ao menos faz rápida pesquisa antes de dialogar com a fonte, o que se vê é o assessor dos dois lados do balcão. Isso limita a narrativa, envelopa as interpretações com a logomarca invisível das corporações. Isso não é valorização da marca, mas alienação do cliente, subestimação do consumidor. Ignora o potencial do profissional de comunicação e trinca o balcão onde passam e às vezes ficam informações.

No trato da informação, em assessoria ou redação, o diálogo deve persistir, e de forma transparente. Os procedimentos de contato com a fonte devem ser respeitados, mas não podem influenciar a informação, nem o relato do fato. O lobby não pode ser sinônimo de ficção e nem a apuração ter o significado atrelado a relações comerciais.

De pé, aconchegado em uma banca de jornais, expiro: Que os jornais tenham menos páginas, mas melhores páginas. Alguns veículos do interior acertaram a medida e consolidam leitores dia a dia. Eles persistem tendo a apuração como premissa de um bom registro. São parceiros, questionam o posicionamento corporativo e relata tanto o que pode melhorar, quanto o que está adequado, bom. Entretanto, enfrentam o dilema da rentabilidade e são forçados a reduzir custos operacionais e até mesmo reduzir pessoal. Falta uma estrutura comercial sólida, moderna e pertinente ao mercado. Faltam investidores?

Nesse ínterim, alguns assessores confundem as áreas e se colocam como mecenas com direito de manipulação. É preciso saber o lugar que ocupamos na cadeia da informação e desempenhar esse papel com maestria, e não hipocrisia. Pautas em mãos; é fundamental diagnosticar o que quer o público e o que precisa.

Grandes veículos atrofiam-se. As redações estão sucateadas e não há sindicato que contribua em prol de uma solução para os jornalistas, que atenda também aos patrões. Todavia, diante de um belo texto vem a esperança do removo, da melhora. O hábito de ir às bancas ainda é válido, precisamos aprender a garimpar; a peneira está nos olhos.

Publicado também no Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed718_balcao_de_vidro

 
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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Sociedade Infográfica



“Considerando todas as manifestações humanas, o silêncio continua sendo a que, de maneira muito pura, melhor exprime a estrutura densa e compacta, sem ruído nem palavras, de nossa sabedoria” (Ézio F. Bazzo)



Um costume antigo visto por professores como desvio e considerado por estudantes como estratégia rasa de sucesso, tem sido verificado no padrão atual de consumo de informação. Embora o índice de leitura tenha aumentado na última década (média de 1,8 livro/ano para 4,7) e a venda de livros aparentemente tenha mantido crescimento, ainda é pouco. No banco da praça, dia nublado de brisa agradável, o tablet descarregado torna o livro uma opção, mas “tem poucas figuras. Palavras são cansativas”. Calçadas violentadas com cartazes, cavaletes, buracos e veículos possibilitam, a seu modo, que os pés alcancem a banca de jornal e revistas. “Esse jornal deve ser bom, tem mais fotão.” Os ouvidos não têm pálpebras; estão abertos o tempo todo. Se ao menos pudessem verter lágrima.

O cheiro do papel, a tinta que traceja a possibilidade, a sensação de ter algo importante, ou ao menos útil em mãos. A caça por figuras em livros, com a finalidade de abreviar a leitura e forjar um entendimento sobre a obra, evoluiu para a sede de infográficos na mídia (impressa ou eletrônica). Cabeças ávidas por informações com o mais intenso índice de mastigação. Escolhas pré-moldadas embaladas de liberdade, essa dádiva às vezes descartada no primeiro acesso.

A finalidade de simplificar informações e contextos complexos para o público tornou os infográficos atrativas ferramentas de discurso. Facilitam o entendimento e cativam o leitor; alguns até possibilitam certa interatividade. Há alguns que são essenciais para fixar o conteúdo ao espectador e instigar o pensamento crítico. Entretanto, o uso intenso desse artifício estabelece uma leva de leitores atrofiados, presos a interpretações rápidas; percepção rasa a partir de ilustrações que resumem e simplificam temas que, às vezes, para uma compreensão adequada, exigem horas de reflexão. Os traços carregam relevância que é amparada pelo texto. Esses traços não são o texto completo (ao contrário do que alguns cartunistas conseguem fazer ao representar o relevante em uma charge). Eles são um componente.

A rotina de trabalho nos impulsiona a terceirizar alguns aspectos e atividades da vida social em prol de manter o fluxo da modernidade. Alguma coisa nos é praticamente inevitável. Entretanto, pensar não é algo de que devemos abrir mão. Provocar o diálogo das versões dos fatos e analisar as informações disponíveis é premissa de uma interpretação inicial. Seja diante da urna, entre amigos, dentro de uniformes, diante das páginas ou entre lençóis, o pensamento não pode sucumbir diante de facilidades; o caráter não deve ficar em frangalhos na Era do Instante. Nem sempre a boca precisa ser aberta. Nesses casos os olhos devem estar abertos.

Na continuidade do dia, o desenho de um garoto de quase nove anos evoca a compreensão, aqui do lado. Apesar dos pesares, vale a pena!

Publicado também no:  Observatório da Imprensa e no Caderno DA, do jornal Diário do Aço

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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Mediação Maturada?


Maturada pela história, a mediação instaura o processo de eterno retorno. Retorno à inocência, à infância, Era de sonhos, mimos e desatinos, anseios, equívocos, empolgação, especulação e reclamações ao ermo. Retorno à compreensão, quando as mensagens faziam sentido num baile doentio com a confusão. As narrativas instigavam e explicavam, ao invés de frustrarem e confundirem.

A representatividade, embora pareça ter sido um conceito destruído pelo imediatismo ou efervescência tecnológica, está soterrada por nossa recorrente incapacidade de assimilação entre desejo e necessidade. Os narradores contemporâneos parecem atordoados no campo de batalha da informação. Não importa apenas de onde vem o estardalhaço, mas como ele afeta a percepção de realidade em tempos em que a justiça é lenda, a violência sai das telas de cinema, encharcam noticiários, e os bons exemplos de cidadania são sinais de esperança, o fôlego cotidiano.

O panorama apresentado na última edição da Revista MSG - revista de Comunicação e Cultura (editada pela ABERJE) apresenta uma crise na mediação a partir da ausência de uma identidade coletiva. Isolados pela soberba do controlar o processo de produção (e não a informação); unidos pela confusão de compreender e situar-se na sociedade: assim flui o indivíduo. Aparentemente, o princípio de igualdade é suprimido pelo da hierarquia restritiva e não qualificada. O que vemos é uma verdadeira Lei das Porteiras (abertas): O primeiro que passar abre e o último nunca fecha, pois ele inexiste.

Mas o que a Imprensa, com suas estratégias de mediação, pode fazer? E o que o cidadão precisa? Assimilar a presença do contraponto nas relações sociais e nas características humanas. Uma vez que o investimento correto em educação não surge, os narradores precisam coser e cozer argumentos para contribuir com mais afinco para a formação de público com senso crítico não apenas apurado, mas exercitado. De forma a contribuir para que o indivíduo concilie os fatos com as possíveis consequências. Talvez assim as escolhas sejam menos destrutivas.

A lucidez de Carlos Castilho* (em seu último artigo publicado no OI) chama a atenção para o momento de fragilidade dos veículos de comunicação e a necessidade de aplicar estratégias que possibilitem não apenas dar fôlego, mas garantir à imprensa a rentabilidade e condições de trabalho adequadas. O processo de mediação conclama os narradores a agir. O amadurecimento passa pelo renovo.

Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed706_mediacao_maturada
www.passocomunicacao.blogspot.com

terça-feira, 17 de julho de 2012

Produção de sentido x Ideologia (pelo consumo)


Interação. A expertise do jornalista em verter a multiplicidade em texto é fundamental para manter o fôlego dos veículos de comunicação.

Além de apresentar um projeto gráfico moderno e cativante (nas últimas semanas o jornal Hoje em Dia – MG – mudou o formato em busca de consolidar leitores e conquistar público), jornais e jornalistas precisam investir na qualidade da apuração. Ainda mais agora com a lei de livre acesso à informação pública. O dilema entre acesso e interpretação instaura um desafio aos repórteres e público.

A resignificação a partir das transformações culturais estabelece um novo padrão de narrativa. A vulnerabilidade da mídia, quando exposta à opinião pública, diminui poder de persuasão da imprensa em manipular as interpretações da massa. No entanto, torna-se inevitável manter a transparência para assim buscar manter credibilidade perante a sociedade como fonte oficial dos fatos. Para isso, não pode ignorar o processo colaborativo da atual narrativa midiática. A tecnologia viabilizou a formalização do cochicho.

A participação em congressos e eventos promovidos pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais (MG), permite uma percepção preocupante. A profissão se mostra esvaziada em prol do interesse de apenas encher o bolso e mobiliar a vida de descartáveis ideologias. Com pesar, observa-se as brigas por questões irrelevantes, o afastamento da reflexão do fazer comunicação. Cansada, a profissão tropeça (do regional ao nacional) no desgaste. Cursos vazios, redações sucateadas, textos pobres, confusão. Poucos resistem, poucos investem. Trata-se de um perfil alarmante, no qual toda a sociedade está inserida.

Queremos o mérito da transparência, mas não ser transparente. Os princípios éticos têm sido manipulados conforme a conveniência. Enquanto focarmos a satisfação como resultado de lucro financeiro crescente, isso não mudará, mas irá intensificar o desenvolvimento atrofiado da sociedade.

O descaso impera, a incoerência reverbera. Esvaziamos garrafas e estouramos estatísticas. Igrejas, escolas, residências, empresas e imprensa. Caminhamos para uma apocalíptica estagnação social. A cidadania aos poucos é usurpada, embora alguns lampejos de esperança despontem em publicações exemplares, jornalistas de verdade e pessoas com iniciativas dignas de um futuro melhor.

Assim.. passocomunicacao.blogspot.com

Publicado também no site Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed701_producao_de_sentido_vs_ideologia

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

futuros textos

Antes de partir para os textos mais recentes (dentre os quais estão os publicados no DA Presente e no Observatório da Imprensa. Segue mais um... e assim esta saudade está morta...


terça-feira, 26 de junho de 2012

Transparência opaca liberdade



Em seu modus operandi, a mídia surpreende como uma pastilha efervescente em um copo com água. Rumores sobre sobreposição de narradores e técnicas narrativas, obsolência de plataformas de comunicação e o surgimento de uma nova cultura de consumo. Tudo mais e do mesmo.

A recém lançada, e na imprensa divulgada, obra de Eli Pariser (O Filtro invisível: o que a internet está escondendo de você) atenta para uma sutil censura aos olhos da liberdade. Na mídia convencional, o filtro já existe constituído por visões de pauteiros profissionais e cifras mantenedoras. Na internet, o filtro é mecânico/ matemático, pautado por estratégias de estímulo ao consumo direto. Contra o ato passivo de ignorar manchetes surge a demanda por uma curiosidade e disposição para navegar na rede e confrontar narrativas. “Na bolha dos filtros, a situação é diferente. Nem chegamos a enxergar as coisas que não nos interessam” alerta Pariser. É preciso um novo leitor diante do colapso conceitual da dinâmica Tempo x necessidade + Capacidade Crítica. Apenas compreender que a vigente liberdade de expressão e transparência apresenta-se por uma superfície conceitual turva é que o indivíduo conseguirá vislumbrar uma direção sóbria para suas decisões como cidadão.

Além disso, é importante considerar a rentabilidade dos veículos. Como garantir investimento financeiro em mídia digital e como manter tantos títulos impressos; ainda mais agora com a crescente segmentação da mídia impressa? Consumidores são educados a mudar o perfil de consumo e a pagar pelo conteúdo digital. Todavia, todo processo de formação de público é moroso e com falhas.

Nesse ínterim, o processo de produção de conteúdo é permanente. Análises do pesquisador David Abrahamson apontam brechas entre a estrutura e continuidade das mídias digitais e das impressas. Perante o público, o jornalismo impresso se manterá como referência; a segmentação editorial deve garantir a profundidade das coberturas sem tornar o público uma célula alienada e isolada do corpo social. Ou seja, mesmo ao se especializar em um tema, o veículo deve relacionar o conteúdo com a multiplicidade social e contextualizar o indivíduo entremeio ao turbilhão de informações e demanda por decisões. Para vivenciar esse desafio, a tecnologia é paradoxalmente um aliado do jornalismo, pois instiga o profissional à melhoria e não à cômoda e boêmica posição soberana na sociedade. Embora muitos estejam aos tropeços inventando moda.

Enquanto as revistas mergulham na segmentação e distribuição otimizada, os impressos enxugam redações, atualizam projetos gráficos (Em Minas Gerais, o último foi o Hoje em Dia, que copiou formato do O Tempo e buscou leveza tipográfica e mais disponibilização de conteúdo) e se relacionam cada vez mais com o meio digital como plataforma complementar à impressa, vinculada. O sucesso não pode ser mensurado de imediato. A reação inicial do consumidor amadurece junto a persistência do veículo e a disponibilidade de informações.

Nesse momento, iniciamos o ciclo de intensificação das pautas políticas, com os óbvios candidatos corruptos panfletando uma imagem turva de confiança. O clichê nos é fatal. Há pão e há circo. A zona boêmia é então transferida para as prefeituras e câmaras, e o cidadão exala o ópio da indignação, topless, cartazes e votos equivocados nas urnas.

O Processo de comunicação (emissor – mensagem – receptor) se renova sobre o mesmo mito: padrões estéticos de produção e de consumo. O jornalismo precisa se posicionar como um circuito aberto. Deve induzir reflexão e às vezes conduzir, mas não entregar pronto, pois é falho ao se enxergar como premissa da opinião pública e detentor da versão oficial dos fatos. Fatos tais que são cada vez menos exatos, em virtude da avalanche de interpretações que agora podem ser postadas e transportadas por diversas mídias; em casa, nos bolsos, ruas, painéis, fachadas, escritórios e até mesmo naquela antiga conversa de esquina, beira da calçada ou mesa de bar, ao gosto do bom gosto.

A liberdade social é manifestada então na mídia sob uma película opaca, chamada transparência, fabricada na cabeça de Assessores de Comunicação, Redatores desavisados, e também pela população da esperteza e repetição. A viabilidade de qualquer mídia está em sua representatividade e relevância. Para encontrar o que vale a pena consumir, o leitor deve driblar os filtros programados e confrontar narrativas, regurgitar informação e transformar o que absorveu em algo produtivo para o que vem depois.

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terça-feira, 8 de maio de 2012

limão n' água



Multiplicidade; somos invariavelmente os mesmos? Continuo a frequentar as bancas, insisto em atirar limões na água e observar os seus efeitos. Entre os ombros dos mais afoitos, as pautas e ruas revelam tanto desejo que as horas são poucas e os dias cada vez mais necessários. Um país com significativa preocupação com temas ambientais e controversa tratativa de tais assuntos.

A fraca presença da imprensa no último Fórum Mundial de Água (em Marselha) e a repercussão do assunto na mídia despertou preocupação. Os debates provocados no VII Fórum Água em Pauta”, realizado pela Revista Imprensa e pela Bolsa de Responsabilidade Social (BRS), em Fortaleza (CE), alfineta-nos ainda mais. Como os jornais de grande circulação e os jornais de circulação regional tratam do tema? Como proporcionam a reflexão e mudança de hábito do cidadão? Aos que não fazem, é tempo de despertar; aos que esboçam uma narrativa, é preciso mais do que panfletagem.

Inevitável então é condicionar o público para a faceta econômica de comportamentos sociais. Combater a violência, a droga, o crime ambiental e a pobreza e falta de saúde tratando todos como indicadores econômicos dos mais importantes (como variáveis do mercado econômico); mostrar e amplificar como tudo isso nos é muito caro. O avanço tecnológico e as mudanças no periodismo das mídias tornaram equivocadamente o “passar os olhos” sinônimo de leitura. Precisamos fazer como disse Dines à revista Negócios da Comunicação: “Eu subordino a tecnologia ao texto, e não o contrário”. As universidades, entidades e institutos de pesquisas despejam diariamente estatísticas que nutrem pautas e a desinformação da massa.

Considerando a importância do lucro para as atividades sociais contemporâneas, a Economia Verde a ser debatida na Rio +20 propõe tratar a natureza como um capital. Desse modo, estratégias de lucratividade a partir de investimento em preservação serão apresentadas como solução. O lucro saudável, sem exacerbado ganho financeiro, mas também sem prejuízo. O ganho humano é maior.

Enquanto a preservação do meio ambiente depender do emocional coletivo, nada de efetivo acontecerá. O indivíduo se move pelo bolso ou pela barriga que dói. A cobertura da imprensa deve ampliar os interesses envolvidos em questões como a do Código Florestal e não ficar com uma placa de protestos em mãos.

O factual precisa ser utilizado como instrumento de reflexão e não para induzir uma opinião (como é feito desde os primórdios), mas proporcionar o diálogo. Talvez essa seja a alternativa à consciência social vigente: Proporcionar mudança pelo debate (e não combate) da multiplicidade de ideias, reforçando que alguém terá de ceder, é inevitável.

A Presidenta Dilma tem até dia 25/5 para se manifestar sobre o Código Florestal. Enquanto isso, a população continua como uma massa em bloco de carnaval atrás do trio elétrico: presa no automatismo de pensar e agir. A rima pobre é válida: Tudo muito polarizado em mundo globalizado.

sinto você ranger abaixo de mim,
não me canso de tocar-te;
mantenha-me de pé enquanto persistir o sonho
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terça-feira, 17 de abril de 2012

Valor às marcas


O desejo de ser referência para a opinião pública está mais atrelado a uma busca por lucro e controle de mercado do que prestação de serviço à vida. Diante das mudanças bruscas das últimas décadas, o poder e valor das marcas já não pode ser trabalhado como um anúncio, uma placa, um nome gritado aos quatro cantos do esférico mundo.

A regionalização das narrativas, em linguagens e temas tem sido a estratégia padrão para integrar os consumidores e fidelizar o novo cidadão digital. O modelo de construção das marcas ultrapassa os espaços publicitários, e alastra-se pelo espaço editorial, pelo espaço físico das cidades e pela manifestação cultural. É necessário conhecer a natureza do resultado a que se propõe obter. O valor a ser construído depende dos parâmetros que constituem a cultura da organização.

Seja a partir das sucursais (muitas em extinção); seja os grandes meios de comunicação com uma gestão integrada de afiliados (Globo com 29 grupos de comunicação e 122 emissoras – sendo 117 afiliadas); seja nas empresas com um corporativismo velado sob a tutela dos conceitos-produtos: Responsabilidade social, Qualidade de Vida e Sustentabilidade. Todas as frentes de comunicação anseiam tocar o público, controlá-lo, saciar as vontades que os próprios meios criam. Mas como se posicionar diante dessa massa?

Os gestores, com raiz no modelo antigo de administração, são resistentes a assumirem a transparência como virtude. Eles a consideram um risco, uma ameaça à saúde do negócio. Dessa forma, cerceiam a liberdade dos profissionais de comunicação (dentro ou fora das redações) como um indivíduo pensante. São poucas as empresas e áreas de comunicação que sustentam uma postura transparente e sóbria na construção de discursos, práticas e relacionamentos. A marca (seja de uma indústria ou de um veículo de comunicação) deve ir além do símbolo, precisa representar um valor, um caráter perceptível nas práticas.

A integração de serviços e a livre escolha são estandartes do mundo contemporâneo. O indivíduo precisa sentir liberdade para consumir informação e o acesso deve ser resultado de uma fórmula cruel, onde a instantaneidade deve estar disponível em multiplataformas a um custo baixo [ o que muitas vezes desconsidera o valor de produção e do produto].

TV, jornal, rádio, tudo na palma da mão. O smartphone dita o ritmo de vida moderno. O rádio foi então revitalizado pelo twitter, os jornais pelo facebook e a TV pelos portais de convergência de conteúdo. A maneira como a Rádio CBN e a Itatiaia utilizam o twitter para alinhar e expandir a programação, provocar interatividade e prestação de serviços tem dado fôlego ao fazer jornalismo. O mesmo acontece com as fanpages dos jornais. As notícias provocam diálogo direto com os leitores e aponta caminhos possíveis para aprofundar nos temas veiculados. Muitos têm aprendido a trabalhar tendo a interferência do público como instrumento do processo narrativo.

O turbilhão do padrão de absorção das novas gerações é um dos desafios do atual modelo de consolidação de marcas por meio de ações de comunicação. A cultura de timeline impera. F5 é o piercing na língua da juventude. Engajar todos na cadeia de produção e absorção de conteúdo é algo inevitável.

Engajar o empregado/consumidor é dar poder a ele. Isso é um paradoxo da gestão atrofiada que não percebe os benefícios do equilíbrio entre autonomia e arbitrariedade. Para que as organizações, midiáticas ou não, obtenham representatividade perante o público é preciso trabalhar à sombra da confiança e não hesitar para mantê-la intacta. A ruptura da confiança reinicia todo o processo de sedução do outro, trincando as marcas. Enfim, o processo de comunicação está cada vez mais vulnerável, pois embora tenha suas premissas básicas (tal qual leis da física) sua instabilidade despertou como um vulcão acordado. No desconforto procura-se por referência. É fundamental refletirmos a respeito de qual valor há nas marcas que espalhamos ao vento, para não sermos fustigados pelo que sair do vulcão que criamos.

Publicado também o Observatório da Imprensa  http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas

terça-feira, 27 de março de 2012

Pautas Doces



Basta passar os olhos na seção Ano 1 Nº 1 da Revista Imprensa para perceber o quanto são criados novos veículos de comunicação; fenômeno interessante, já que as pessoas falam tanto no colapso dos impressos e maior utilização dos eletrônicos. Muitos desses veículos raramente ultrapassa a marca dos cinco anos de circulação. Porém, existem aqueles que conseguem amadurecer a linha editorial e se manter de forma saudável no cruel mercado editorial. São revistas e jornais que se desdobram para conseguir, sem uma grande editora, o fôlego financeiro e uma circulação satisfatória.

Em relação à representatividade das pautas, alguns veículos especializados acabam por contribuir na construção das edições da grande mídia; seja pelo assunto, linguagem ou abordagem dos fatos. Diante da iminente Rio +20, podemos observar que o mecanismo repetitivo e raso dos grandes veículos emerge. Os problemas, as limitações e as\soluções são tratadas apenas durante o calor da conferência (período próximo, durante e o imediato depois). Nesses períodos, a população é soterrada de debates e informações que pouco esclarecem. Todavia, há um consenso velado que tratar desses assuntos no cotidiano fica reservado às publicações especializadas de circulação limitada. Bons exemplos podem sem conferidos nas discussões levantadas pela Revista Ecológico (MG), Revista Imprensa e outros títulos.

As pautas de Vida Simples (revista lançada em 2002, filha da Editora Abril) infelizmente são tratadas pela grande mídia como jornalismo de entretenimento, coisa de segmento. Portanto, não se vê nos diários uma abordagem satisfatória e não propagandista das ações em prol de um mundo mais habitável, mais ameno ante tanta desgraça. A imprensa, em sua maioria, teima em reconstruir casas na areia, em um exercício só para ver o mar.

A consciência do novo cidadão é também formada pela mídia. É preciso equilibrar a peneira para que os fatos de desgraça não sejam maiores do que as iniciativas de esperança. A avalanche de informações pode moldar o imaginário do indivíduo em um processo de formar Orange Clockwork e seus dissidentes.

O atual modelo de comunicação de massa tem formado o cidadão apático e estressado ou apenas tem sido o espelho da realidade? Protestar vai além de subir em monumentos ou mostrar os peitos. Trabalhar a consciência é um desafio. Alterar padrões de comportamento implica estabelecer outros. De onde virão os parâmetros? Da mídia que se abstém de tratar no cotidiano temas como meio ambiente e responsabilidade social?

A cidade orgânica cresce. A verticalização é proporcional ao aumento da frota. A estrutura de esgoto, trânsito, fornecimento de água e energia não consegue acompanhar o referido crescimento. As pessoas precisam determinar os limites da própria satisfação e o nível de sociabilidade que é capaz de suportar. As pessoas não cedem; derrubam argumentos sustentáveis por práticas imediatas de conforto e satisfação. Alguém tem que ceder, mas quem? Todos em algum momento, em determinada intensidade. Enfim, entre a imprensa falar mais ou falar melhor, nos aproximamos de mais uma conferência (Rio +20) para debater a falência dos recursos perante nossa cadeia de consumo e de argumentos. Determinar políticas com resultados mais efetivos é um desafio; mas diante desse cenário, qual é a face da opinião pública? Esta entidade que é a maior interessada nos efeitos das decisões tomadas pelos chefes de estado e iniciativa privada. É possível traçar o perfil social a partir das páginas dos jornais?

Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed687_pautas_doces

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