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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Busca por um doodle
O conflito de gerações é um eterno ciclo que apenas aumenta (tal qual o universo), recebendo de tempos em tempos novos ingredientes junto às gerações que passam a integrar este ciclo. O comportamento social se renova do mesmo, mas em plataformas diferentes. Se bem ou mal, o que importa são os desdobramentos possíveis das narrativas estabelecidas.
Gerações intercalam argumentos no diálogo multifacetado na definição de relevâncias. A representatividade de um indivíduo ou acontecimento anteriormente era notória pelo seu registro em enciclopedias, placas e monumentos. Entretanto, desde o enraizamento do Google na rotina de todos os usuários da Internet (quantas vezes acessa o site por dia ou usa um dos serviços da empresa?), os doodles passaram a marcar datas, acontecimentos e indivíduos; lembrando as pessoas o que aprenderam de relance, ou ensinando e instigando buscas àqueles que desconhecem o homenageado do dia. Esta é uma maneira sutil de direcionar o comportamento de buscas e interferir no agenda setting (Mccombs e Shaw e a teoria do Agendamento) ou um exercício de resgatar ao cotidiano a história da humanidade, os fatos representativos e até os mais os mais pitorescos? Mais do que a resposta, vale o que acontece quando surge um novo doodle. Comentários e conversas em redes sociais digitais, bem como matérias na imprensa (Geral e de nicho). Surgem lembranças e novos conhecimentos sobre algo do passado ou do presente, e quem sabe o vislumbre de um futuro; sempre com bom humor, criatividade e até mesmo inovação ao retratar em uma imagem o assunto escolhido.
Afora esta estratégia, que também fortalece a imagem da empresa, surge na mente de usuários da web, mesmo que de forma quase imperceptível, um novo indicador de representatividade: se já foi um doodle da Google, é importante; merece uma busca. Se antes, seres humanos, buscavam a confirmação de sua existência no outro que estava ao seu lado, com a famigerada globalização ele passou a buscar esta afirmação de existência e utilidade social não apenas na aldeia local e global, mas sim junto a um sistema da web. Se o Smartphone tornou-se a extensão do corpo e vida dos indivíduos (para trabalhar, movimentar finanças, para lazer e etc. Estar sem seu aparelho, ou sem sinal é entrar em estado de aflição e vulnerabilidade), o ranking do Google e do Youtube passaram a ser o indicador de relevância da contemporaneidade. Não é raro pessoas "darem um Google" no próprio nome para ver o que surge, o quão representativo é seu perfil. Se antes alguns queriam ser dignos de serem lembrados em livros, estar com sua marca em uma calçada, seu busto em praças, nomes de ruas, dentre outras formas; agora intuitivamente, os indivíduos querem sua representatividade atestada por um mecanismo de busca (não a biblioteca, onde a representatividade das buscas tem mais resultado acadêmico), com resultados diversos, bem linkados e elencados; e quem sabe atingir o topo: virar um doodle da Google.
A busca é iminente. Entre as respostas, utilidade e futilidade. Versos de porta de banheiro público já perpetuavam ditos populares. tudo o que sobre desce, se cuspir pra cima... Neste ínterim, vale pensar, o que você tem produzido, ou disponibilizado na nuvem, considerando que após um tempo condensando, pode cair irremediavelmente sobre sua cabeças e de outros?
Publicado também na minha página no Obvious http://obviousmag.org/rumos/
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sábado, 28 de novembro de 2015
Esse olhar
O rito da legitimidade das mensagens sofre pressão da
diversidade dos meios e plataformas de comunicação. Os trâmites essenciais do
processo de construção e disseminação de mensagens exigem agora não apenas
habilidade para atuar em multimeios
em tempo hábil (imediato), mas fundamentalmente em desacelerar um pouco a avalanche
comunicacional e trabalhar a percepção sobre o que se quer dizer, a mensagem
construída, as partes envolvidas, os repertórios destas partes (para tentar
compreender a dinâmica de percepção), os desdobramentos de interpretação da
mensagem e relacionamento com o processo de comunicação; tudo isso de forma
perene e integrada à questão do tempo na contemporaneidade.
“A comunicação é a vítima desse progresso e é preciso
desacelerar e realizar autorreflexão sobre ela”, com sabedoria se posiciona
Dominique Wolton em entrevista à Comunicação Empresarial (Ed 95 - ABERJE 2015).
Dentre os aspectos pertinentes a essa autorreflexão, na busca pela famigerada
legitimidade, estão a linguagem, a percepção, o ritmo e os limites.
Após definir a mensagem e o público, é necessário refletir
sobre a linguagem a ser estabelecida na narrativa, seu formato, plataforma e
peculiaridades. Atentar ao ritmo de transmissão de mensagem e os limites de
desdobramento (esses praticamente inexistentes). A partir disso, deve-se
observar e até mesmo (resguardando a distância de observação do outro de
Clifford Gertz) interagir com a percepção do outro para assim aperfeiçoar o
processo de comunicação, redefinindo os ritmos da narrativa (incluindo a
linguagem), limites de reverberação do conteúdo e a legitimidade de suas
interpretações (atrelando vínculo com a fonte oficial do conteúdo).
O tempo inevitavelmente passa e isso não deve ser
angustiante, mas argumento e espaço ideal para transformações e
aperfeiçoamento, não em busca de perfeição, mas da perenidade do processo de
comunicação, possibilitando inquietude, questionamento, diálogo, consenso e a
liberdade de pensar e conviver. Neste sentido, o passar do tempo incita-nos a
trabalhar esse olhar; esse olhar a realidade, olhar os sentimentos, espaços,
pessoas e sentidos e assim narrar (em gestos e palavras) nossa experiência
enquanto organismo vivo em interação social.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Conflitos Corporativos
As estratégias e as diretrizes para identificar, conhecer e tratar os conflitos sociais que afetam o ambiente corporativo são várias, no entanto, enquanto empresas e instituições buscam por receitas para padronizar ações de tratativas (na maioria das vezes alicerçadas no viés jurídico), os conflitos passam constantemente por mutação não em sua essência, mas na forma de se hospedar e interferir no cotidiano.
Neste sentido, na busca por resguardar o patrimônio, não vale
mais aquela máxima do "abafar o caso", extirpar com ações agressivas
o assunto e sua reverberação na tentativa de silenciar e não tratar o conflito
em suas causas.
A premissa básica para a gestão de conflitos é ter técnicas
definidas para Identificar, lidar e minimizar a situação. Neste sentido, é
fundamental considerar os aspectos de Intensidade / Características / Contexto;
Metodologia, Mensuração e monitoramento (de aspectos e impactos).
É fundamental compreender o universo do conflito. Seguindo
uma visão de paisagem, é necessário observar o todo e os detalhes,
interrelacionando-os, compondo assim a paisagem. Dentre os aspectos relevantes
estão:
- Identidade Cultural dos envolvidos
- Vocação Socioeconômica da região e dos envolvidos
- Perfil de financiamento das ações e grupos de conflito
- Interesse da iniciativa privada (geral e local)
- Interesse / tendência do Poder Público (Estado / Município)
- Perfil político da sociedade civil (comportamento)
- Demanda legítima da sociedade (quais são)
- Apetite a risco dos atores envolvidos no conflito (Ações
Admitidas e Custo das ações)
Quando os conflitos entre comunidades e instituições
estiverem amparados em uma demanda social legítima, as soluções efetivas
deverão contemplar o envolvimento da Instituição com os problemas estruturais da sociedade e para isso é
fundamental estabelecer diretriz específica para o assunto.
No manejo do apetite a risco das instituições é necessário
lucidez na execução dos planos de ação. Quando acontecer, a internalização de
custos ambientais e sociais deve seguir um planejamento estratégico que não
comprometa a rentabilidade do empreendimento, por mais que interfira no Plano
de Negócios da instituição.
A diversidade cultural que compõe cada indivíduo é premissa
para a oscilação entre harmonia e conflito em diversas esferas. Trata-se de uma
dinâmica que começa em si (o indivíduo consigo) e expande à medida que ele se
sociabiliza. Na interação entre sociedade civil organizada e iniciativa
privada, a dinâmica (harmonia x conflito) é potencializada pelos interesses e
necessidades de todos os envolvidos. Desta forma, mesmo que tenha impacto
pontual, restrito e localizado, um conflito nunca deverá ser abordado de forma
simplista. Mesmo que ele possa ser resolvido por ações simples, é necessário
compreender e se integrar à complexidade que o envolve e os possíveis desdobramentos.
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terça-feira, 7 de abril de 2015
Redes Orkutizadas - o Espelho de nossa vanguarda
A contínua renovação das plataformas de
comunicação não significa evolução humana e dos processos de produção de
conteúdo, interpretação e desdobramentos possíveis. A tão proclamada vanguarda sucumbe não ao
ineditismo e novos padrões de percepção, mas à consolidação de paradigmas. Na
verdade, submetidas ao tempo de uso, as plataformas refletem a estagnação dos
usuários em expandir fronteiras do processo de comunicação. Reforçam aspectos
sociais e funcionam como uma lente de aumento nas atitudes dos indivíduos.
Um automatismo é percebido no perfil de
comportamento dos usuários. A manifestação pública é padronizada nas mídias
sociais, independente se elas (mídias) são específicas para assuntos
profissionais, pessoais, textos, fotos, e etc. O padrão de comportamento que
tornou cansativo e obsoleto o Orkut, tem sido verificado não apenas no
facebook, mas também no Linkedin e até mesmo no twitter e fóruns temáticos. A
infantilização de postagens, a agressividade da linguagem de mensagens
ideológicas, ou a avalanche de pílulas de auto-estima. Verifica-se mais um
processo de busca por audiência do que por aprimorar relacionamentos via
plataformas digitais.
O respeito é o mito na
interação nas redes sociais digitais. A frequente imposição de versões dá o tom
de um diálogo que mais parece um monólogo diante do abismo do que uma roda
virtual de conversa. Este processo, tão repudiado pelos usuários, é o que os
representa. Após orkutizarem o bate papo da praça, a interação no o ICQ,
no MSN, no Face, a maioria segue com a massa para o próximo hospedeiro,
tornando obsoleta a plataforma antiga. Neste ínterim, o Google Plus ainda é um
território não contaminado pelo automatismo social, e, portanto, tem
possibilitado mais leveza e fluência à interação com temas específicos; por
enquanto.
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/o-espelho-de-nossa-vanguarda/
...
Avante
despertado o sentimento flui
angustiado o tempo perde o compasso
o corpo se contorce
nus unimos
...
o corpo se contorce
nus unimos
...
terça-feira, 31 de março de 2015
Novas (?) Narrativas Jornalísticas
Ilustração: Ramon Bruin |
Não sei se nova é a narrativa, a linguagem jornalística, o
olhar, ou ainda assim o tempo. Antes o ideal era a câmera não tremer e as
frases serem bem concatenadas. Agora tentam vender realidade viva. Algo que
pulsa incontrolavelmente. Tanta espontaneidade que chega a parecer um
espetáculo de dança contemporânea. O imprevisível é parte do enredo, está no
script do espetáculo midiático.
A inquietação é premissa para a evolução. Nesse sentido, os
programas de TV têm buscado inovar na maneira de narrar e de fidelizar o
público. Seja por meio dos milhares de “cozinha com fulano” que tentam
sofisticar, naturalizar, ou tornar rústico o ato de preparar alimentos e se
relacionar com eles; ou nos programas de esporte que tentar levar adrenalina
aos pilotos de tablets e controles remotos, lembrando até da metalinguagem de
programas como A Liga e Profissão repórter. A linha entre o interessante,
eficaz e o cansativo é tênue. É preciso destreza para caminhar sobre ela.
Dentre as várias tentativas, algumas são bem interessantes
(mas não inovadoras). O Mundo segundo os Brasileiros, produção independente (produtora
holandesa/argentina - Eyeworks) disponível em canal no Youtube e transmitido
pela Rede Bandeirantes, há 5 temporadas (desde 2011) apresenta a narrativa pelo
viés de quem vive o espaço e transmite a própria impressão a respeito do lugar,
do tempo, da história, das referências.
Um texto praticamente documental estilo história oral, aquela
conversa informal de quem quer contar suas experiências em um novo território. Trata-se
se um formato sem protagonistas fixos; alterna-se os narradores, guiando com a
câmera, nos contando histórias oficiais e impressões de estrangeiros
andarilhos. Baseada no original argentino Clase turista: el mundo según los argentinos, a série é dinâmica e
perpassa desde os principais pontos turísticos a pontos pouco conhecidos do
globo.
Cidades invisíveis erguem-se à medida que significados são
repassados ao espectador. Forçando um pouco as vistas, dá para imaginar o Marco
Polo contemporâneo revelando as nuances das cidades, ou o estrangeiro de Camus
andando pelo mundo, contaminando-o e sendo contaminado por ele. E como
brasileiro é um povo espalhado pelo planeta, matéria-prima não falta ao
programa.
Iniciativas
assim precisam se alastrar pela TV aberta, mas essencialmente necessitam estar
alinhadas com o conteúdo multimídia, considerando o comportamento de consumo de
informação e a disponibilidade dos meios; expandindo assim a acessibilidade ao
conteúdo, novos campos para reflexão e seu desdobramento.Publicado também no Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed844_novas_()_narrativas_jornalisticas
terça-feira, 17 de março de 2015
Disseminar e verificar
A verdade que nos aflige não cabe na narrativa de um fato. As
minúcias de uma apuração, que podem determinar o rumo das interpretações
subsequentes, não estão evidentes nas curtas linhas. Menos ainda nas fotos e
respectivas legendas. Quando os textos trazem declarações de autoridades então,
o pandemônio dos dados é assustador. Seja em cenários de crises ou durante
eleições, as declarações das fontes oficiais nem sempre contribuem para o
indivíduo estar informado, mas de modo recorrente atrofia a percepção pública
com elementos confusos, interferindo na narrativa.
Iniciativas como a do da organização argentina
"Chequeado" (Site que verifica a legitimidade dos discursos de
autoridades), estabelecem-se como mais uma estratégica para não absorvermos
"opiniões" traduzidas em informações pseudo-isentas. Em essência, o serviço prestado por eles é o modus
operandi que todo leitor deveria ter (principalmente e não somente, durante
eleições e posicionamentos oficiais): cruzar informações do discurso com
matérias já divulgadas e com dados disponíveis nos canais de transparência.
Cabe ao leitor, antes de confiar, buscar resquícios dos fatos e confrontar
versões. Sempre. Embora seja um processo cansativo (considerando o ritmo de
vida), é ainda o menos ineficiente.
Nesse percurso, o leitor perceberá como muitos conteúdos são
replicados em diversos veículos de comunicação. A ocorrência é tanto fruto do
compartilhamento (autorizado ou não) de conteúdo, quanto o resultado de uma
assessoria de imprensa com interferência em massa. Sobre o compartilhamento de
conteúdo, interessante o que aconteceu com jornais de seis países da Europa. Fizeram
parceria para promover a troca de conteúdo e pesquisas em comum entre
eles na denominada Aliança Europeia de Jornais Líderes (Leading European
Newspaper Alliance). Acredito ser uma estratégia interessante para otimizar
recursos (reduzir custos de produção), mas sua operacionalização não pode
engessar a narrativa em apenas uma direção. Funcionaria no Brasil tanto com
veículos pequenos quanto com os grandes? De forma quase que underground alguns repórteres
compartilham pautas, ou premissas de pautas e fontes, em um processo mais de
negociação de informações do que de enriquecimento de narrativa e redução de
custo de produção.
No universo paralelo, o Governo Federal insiste e nos
bastidores tenta afinar o argumento para estabelecer regras para o
funcionamento da mídia; a famigerada regulamentação da imprensa. Antes
de implantar uma ação de controle para promover a responsabilidade narrativa
aos veículos e interferir no que ainda há de liberdade, é importante consolidar
os dados emitidos em declarações oficiais e o objetivo específico das
respectivas atitudes. Não apenas disseminar informações e controlar o processo
de produção, mas essencialmente possibilitar rastreabilidade aos dados, para
que qualquer um possa verificar a legitimidade da informação de discursos de
fontes oficiais e a narrativa construída pela Imprensa.
Publicado também no Observatório da Imprensa - http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed842_disseminar_e_verificar
e o que não cabe no fio do olhar
como te fazer sentir?
como saber o que você sente?
- - -
como te fazer sentir?
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terça-feira, 10 de março de 2015
puro sangue
Ilustração:Ramon Bruin |
Somos preciosistas ou conceituais demais. O jornalismo puro sangue, assim
como o ser humano puro sangue, é figura de um folclore de um tempo sem
parâmetros de referência, onde tudo o que surgia, rompia paradigmas e se
estabelecia como o novo, a referência. O "sangue" do jornalismo
funciona como um rio rumo ao mar. No caminho, ao longo do tempo, recebe
interferências de seus afluentes, e também das condições geográficas do
trajeto. E nesta narrativa, um rio sem afluentes não sobrevive às crises hídricas.
A mutação que encontramos
atualmente nas redações é fruto do turbilhão tecnológico (que torna mais ágil o
acesso, produção e disponibilização de conteúdo), juntamente com a alteração do
modelo econômico (fôlego financeiro dos veículos). Percebemos a intensificação
de jornalistas nas assessorias de comunicação, o surgimento de veículos
segmentados (vários para cada assunto) e as tentativas de negociação financeira
de conteúdo.
Entretanto, as faculdades
entregam focas ao mercado e o mercado cada vez mais sufoca os profissionais.
Trocadilhos infames são instantâneos diante de uma realidade cada vez mais
clichê. Recentemente (janeiro) O jornal O Estado de Minas, promoveu um corte em
seu quadro de funcionários (11 jornalistas). A TV Bahia (março) mais 37 profissionais.
O Estadão (fevereiro) mais de 10. IstoÉ Gente é fechada e Editora Três demite
20% das redações. A conta pelo país só cresce; parece acompanhar a evolução das
demissões no setor industrial. Trata-se de uma questão econômica e
administrativa do país ou uma estrutura atrofiada dos veículos?
Muito se fala da estrutura das
narrativas (que tem se distanciado de um tal "puro sangue"), das
interferências causadas pelo repertório que se sobrepõe e o tempo de dedicação
que se esvai. No entanto, é preciso analisar todos os aspectos que compõem a
produção da narrativa. A infraestrutura (condições das redações) e a
psicológica (a relação entre pressão e produção, estresse, capacidade de
percepção, fôlego em apurar e narrar, dentre outros).
O contexto social pede outro
modelo de narrativa ou ele soterrou o modelo ideal de apurar e narrar, sem se
perder nas facilidades da modernidade e forca dos bolsos? Mas do que respostas
definitivas, o fazer jornalismo deve prezar pela continuidade, inquietude em
questionar e versatilidade em propor reflexões que podem ou não serem
respostas. Dessa forma, ao invés de cair no arcabouço político e empresarial, o
jornalista consegue tornar mais perceptível a essência de fatos polêmicos que
ganham apelidos de mensalão, petrolão, dossiê multicolorido, e tantos outros. A
busca pelo jornalismo puro sangue está em saber fazer uma transfusão
periodicamente, sem esquecer-se de também doar e às vezes até sangrar. A
interação social, a sobreposição de versões, percepções e tempo aprimoram o DNA
do jornalista (e do indivíduo) para a sobrevivência e não para ser uma obra de
Dali.
Disponível também no Observatório da Imprensa - http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed841_jornalismo_puro_sangue_()
Disponível também no Observatório da Imprensa - http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed841_jornalismo_puro_sangue_()
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canalha afiado como a rima
o sangue não se contém nos versos
viver o amor no fio da navalha
as lágrimas extrapolam
o sangue não se contém nos versos
viver o amor no fio da navalha
as lágrimas extrapolam
---
domingo, 23 de novembro de 2014
Coleiras da liberdade – mídias e modismos
Soluções que proporcionem segurança, facilidade, agilidade, comodidade: Recorrentes promessas das tecnologias, das mídias, das novas propostas de amor.
Aplicativos que já sugerem o que você intenciona digitar, corrige intuitivamente suas digitações emocionadamente erradas; aplicativos que sugerem legendas para fotos (a Google lançou um recentemente), que compreendem sua expressão de busca antes de você finalizá-la (ou mesmo que escreva errado) e que seleciona os anúncios que serão exibidos para seu perfil. Unificação de dados na nuvem para serem acessados a qualquer tempo, em qualquer dispositivo e local. As funcionalidades são diversas. As soluções, caracterizadas pela transferência de responsabilidade e controle, vendem uma liberdade que nos aprisiona. Livres, não sabemos o que fazer e nos embrenhamos em um automatismo social que seria cruel, se não fosse tão poético.
Poético, pois nos estabelece como seres modernos, autônomos, livres para criar e vivenciar a vida sem as amarras operacionais de um indivíduo social. Entretanto evoca uma intensa vulnerabilidade. Quando observados com afinco, é possível perceber que o comportamento dos seres humanos apenas foi envelopado por novas mídias e modismos. A conversa, alinhamento e fofoca das praças públicas estão agora nos aplicativos de smartphones e em redes sociais digitais. Os crimes e perigos de becos, lugares ermos e escuros agora espreitam o cidadão digital.Os avisos de porta de geladeira e de agenda agora brilham nas telas de aparelhos que passaram a ser extensão do corpo. A possibilidade de criar e reverberar conteúdos nos fez emitir discursos muitas vezes sem a devida substância e conceito. A felicidade buscada, a mensagem e significado sonhado sofrem com o solavanco da corda esticada de uma coleira da liberdade, cravejada de mídias e modismos.
O que deveria nos dar liberdade para refletir, rever e aprimorar a narrativa que estabelecemos em vida, aparentemente nos confunde, atrofia a linguagem pelo excesso e castra o potencial que possuímos.
Publicado também no Observatório da Imprensa - http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed826_coleiras_da_liberdade
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quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Mensagem
Afora a de Pessoa, o sistema de criação. Pinturas rupestres que transcendem gerações; discursos diários esquecidos a cada gole de café. Teimam que ainda é na base do emissor, mensagem,
receptor? Como são tratados os resíduos do processo de comunicação? Ruídos? Os dejetos das narrativas guardam a essência não digerida pelo meio, a mensagem e os personagens. A manutenção da fidelização da audiência depende da manutenção das pautas, dos olhares sobre os dejetos (ruídos). As ações para obter a referida manutenção devem ser simples.
Seja instituição, ou indivíduo, é necessário compreender seu lugar no contexto da significância
social. Em termos de mercado, sistemas de relacionamento e processos de comunicação. Assim, é
alcançada a simplicidade necessária para construir e consolidar uma identidade.
Em tempos de política de reaproveitamento de materiais, aproveitamento de resíduos, estabelecimento de alternativas para garantir a sustentabilidade, é fundamental aplicar a mesma prática ao processo de comunicação. Talvez desta forma os indivíduos e as massas não sejam massacrados pelo isolamento proporcionado pelo turbilhão de informações, mas que consigam respirar, se integrar e se resguardar quando de interesse for.
receptor? Como são tratados os resíduos do processo de comunicação? Ruídos? Os dejetos das narrativas guardam a essência não digerida pelo meio, a mensagem e os personagens. A manutenção da fidelização da audiência depende da manutenção das pautas, dos olhares sobre os dejetos (ruídos). As ações para obter a referida manutenção devem ser simples.
Seja instituição, ou indivíduo, é necessário compreender seu lugar no contexto da significância
social. Em termos de mercado, sistemas de relacionamento e processos de comunicação. Assim, é
alcançada a simplicidade necessária para construir e consolidar uma identidade.
Em tempos de política de reaproveitamento de materiais, aproveitamento de resíduos, estabelecimento de alternativas para garantir a sustentabilidade, é fundamental aplicar a mesma prática ao processo de comunicação. Talvez desta forma os indivíduos e as massas não sejam massacrados pelo isolamento proporcionado pelo turbilhão de informações, mas que consigam respirar, se integrar e se resguardar quando de interesse for.
terça-feira, 8 de julho de 2014
Quê mais?
Quê mais? O balé das apurações e a sinfonia dos fatos
Há de se falar. Não há de negar. Quê mais precisa para perceber como
escorre o ser? O drama, a tragédia e a paisagem. Argumentos daqueles que
demasiadamente pensam sobre os sentimentos e desfrutam da brisa à face. O
código de interpretação da realidade que cada indivíduo opera é regido pelo
ego. Somos reféns de uma liberdade nossa que esperamos encontrar no outro.
Somos algozes do outro, imperceptivelmente, às vezes. De propósito.
Consigo ouvir o silêncio de um tempo. No instante de uma manhã, a
sociedade deixa o mundo fluir. Nem sempre. No sereno da madrugada, as pessoas
parecem adormecer, na brisa da tarde, os ruídos tornam-se intermitentes. Quando
a percepção se distancia das palavras e dos conceitos constituídos, a evolução
é o resultado.
A mídia se diverte com o desdobramento do eco de suas mensagens. Neste
cenário, articulações políticas e comerciais interferem de modo (às vezes)
sutil no comportamento social e na maneira do indivíduo interpretar os
comportamentos da sociedade. A mídia se diverte, pois vê o efeito de suas
ações, e regozija-se como detentora de um poder. Entretanto, ela é
indiretamente vítima das articulações, pois elas são base das mensagens
midiáticas.
As mensagens mais perspicazes atualmente (e sempre) são as que provocam
movimento e absorção ideológica, comprovada em discurso e comportamento. Um
exemplo, o balé econômico. Matérias constatam menos cheque sem fundos.
Crescente uso dos cartões. Aumento da inadimplência, restrição de crédito,
aumento de juros. Cai o consumo, aumenta-se o crédito, juros flexibilizados,
incentiva-se o consumo. E roda o próximo ato do balé. A qualidade de vida e dos
lugares determinadas pelo índice de segurança e exposição ao risco. A saúde, a
educação, os clichês da imprensa ao retratar as faltas, a esperança e as
perspectivas. O que mais pode ser feito? O que mais precisa ser lido? Novo ato.
A dança dos setores: fabricantes de eletroTudo, automóveis, móveis e imóveis.
Cada qual em defesa de seu lugar no palco. Matérias por todos os lados. Não há
mais um meio oficial. A banca não consegue ser a primeira página da formação de
opinião do indivíduo. Extrapoladas, as fronteiras são na verdade expandidas,
continuamente.
Uma apuração intensa e acessível sobre o tema é soterrada não pelos
escombros da recorrente inconsequência dos construtores, mas fica submersa à
vértebra quebrada. A dinâmica da imprensa não dita, menos ainda antecede, mas,
sobretudo repete o que acontece em escritórios, trânsito, lares, igrejas e
bares. Entre balés e sinfonias, onde paira a sintonia? Precisamos alternar
nosso modo de leitura e interpretação, bem como o de registrar ideias e ideais
no papel.
Passo.
terça-feira, 8 de abril de 2014
Notas ao vento
Em tempos de crises recorrentes a nota é o novo porta-voz
das empresas e personalidades. Este fato, secular, revelaria a insegurança da
fonte ante o repórter, que muitas vezes suprime informações ou edita
posicionamento com interpretação equivocada ou a fuga da fonte de um
questionamento específico, a respeito de algo que ela não quer falar sobre o
assunto?
A opacidade das fontes oficiais deve ser revista. O índice
de transparência necessário para evoluir a relação fonte e imprensa é o mais
próximo possível da pureza. O mito da objetividade. Esse guia recorrente na
construção de narrativas. Se a instituição não quer falar, não significa que
ela não deva. Algumas diretrizes devem ser cumpridas para garantir a fluência
do processo democrático de acesso à informação.
A eficiência das notas está em organizar o argumento da
fonte, de modo a evitar respostas emocionais, frases equivocadas, informações
desnecessárias. No entanto, elas não estabelecem um diálogo com a imprensa e
sociedade, pois não permitem questionamentos. A nota é uma fala oficial,
unilateral, de posicionamento a um questionamento chave. Esta ferramenta de
comunicação é necessária, pois dribla com elegância os repórteres mal
intencionados e é um ponto de partida para os jornalistas bons de faro.
O paradeiro da ética na construção das narrativas é algo a
se pensar, debruçar antes de disseminar os discursos, consolidar cenários.
Cenários que podem ou não estar em harmonia com a paisagem social (re)
construída continuamente. Estabelecer
uma narrativa diplomática não significa mentir. Corromper não deve ser uma
possibilidade. Assumir a responsabilidade em argumentar diante da expectativa
social e especulação dos opositores é inevitável.
Biblicamente já registrado; existe um tempo para todas as
coisas. Em paráfrase, há tempo para release, tempo para entrevista, tempo para
nota, tempo para coletiva e tempo para o silêncio. A habilidade para
compreender e determinar estes momentos é o que torna o profissional um
diferencial de mercado, e enriquece o processo de comunicação. Trata-se de um
frágil terreno; caminhar por ele exige conhecimento técnico e percepção do
fluxo social de construção de significante.
Também publicado no observatório da Imprensa:
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Insista. Basta. Na expressão da dor, no reflexo de sangue
que perdura como purpurina no caráter do indivíduo. Sim, basta. No que a
palavra torpe se transforma ao estar no poema, no que as cartas de amor
envelhecidas se tornam na gaveta. As cifras de um canção economicamente
calculada. Sociedade. O colapso e o trato considerando o tempo um aliado.
Inexistente. Casta. A personalidade pura é então entregue ao que é profano, ao
que é marginal. O poeta dilacerado fica resignado à poeira e lágrimas. As
páginas sobrepõem as sensações, pensamentos e sentimentos. O mundo não gira,
nós piramos. A sanidade arrancada na pétala de uma flor.
"Ele nos auxilia em todas as nossas aflições para
podermos ajudar os que têm as mesmas aflições que nós temos. E nós damos aos
outros a mesma ajuda que recebemos de Deus." (2 Coríntios 1:4 NTLH).
terça-feira, 1 de abril de 2014
Dois pontos
A exclusão é premissa da organização das pessoas em sociedade. Aspectos
como "fatores socioambientais", "comportamento por prazer"
e "comportamento por sobrevivência" são estruturais. Quando um grupo
se reúne e estabelece critérios de convivência, tem por objetivo excluir
"algo" para assim garantir a permanência e manutenção dos valores
dominantes dos proponentes da ordem social ou dos possuidores articulados dos
recursos básicos que viabilizam a vida em sociedade.
Compreender este processo é perceber quão complexo é
o sistema e quão sutis são as ações que podem causar mudanças. O estandarte da
educação, saúde e segurança funciona como uma vitrine ambulante que resume as
linhas de atuação. Embora seja secular o conhecimento, a exibição e o repasse
deste estandarte por todos os segmentos sociais, as demandas estão
petrificadas. Ações desconexas brilham como faíscas de possibilidades (ex:
trabalhos como os da Associação do Semi-Árido, produtores de alimentos
orgânicos, grupos culturais, câmaras mirins de vereadores, Jovens Inventores,
etc), mas não penetram no cerne da organização social, menos ainda causam as
mudanças esperadas. A evolução da consciência crítica existe, no entanto, o
sistema de relevância dos meios de comunicação interfere incisivamente no
índice de reconhecimento de um indivíduo ou causa.
A organização social não possui um cerne? As ações
incipientes precisam de maturação para se embrenhar no consciente coletivo,
consolidar um automatismo sustentável e se estabelecer como aspecto de
"comportamento por prazer, ou comportamento por sobrevivência"?
O exercício contínuo das ações dos indivíduos
estabelece as intocáveis tradições. A família poder ser analisada como uma
célula social. Refletir sobre o processo de construção dos valores é
fundamental para realizar qualquer reforma (política, social, religiosa,
agrária, moral). Se pensar que a sociedade não é um bloco fechado, mas
permeável, entendo-a como uma narrativa, restrinjo-a em um texto. Todavia, não
há um cerne, uma palavra "pedra fundamental", um código fonte para
mudar o todo por reação em
cadeia. Acredito que neste contexto, o cerne está no canto de
uma frase, especificamente nos dois pontos.
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quinta-feira, 6 de março de 2014
Pautas conjuntas
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed788_pautas_conjuntas
Lidar com o ego é o recorrente desafio social. Setores não se habilitam ao diálogo, mas à alternância de poder. As assessorias de imprensa precisam de reflexão e renovação constante. As redações (cada vez mais enxutas) precisam compreender o modus operandi da construção conjunta de uma pauta. O conceito de diálogo é equivocadamente confundido com difusão unilateral de mensagem e indução a um pensamento crítico e comportamento de consumo.
O processo econômico carece de uma transformação consequente da evolução do indivíduo como sociedade, embora a sensação seja a de continuidade de um clique que intercala manifestações entre o “desenvolver”, “informar” e “preocupar”. A crise ambiental pode ser compreendida como crise do conhecimento de como reconhecemos o mundo e a maneira que ele precisa de nós. Deve-se trabalhar de forma profunda os aspectos da notícia. O tema meio ambiente precisa sair do gueto das pautas com maturidade. Cobrir as faces sustentáveis em todas as pautas é fundamental. Aspectos como gestão política, manejo de recursos, orientações e recomendações científicas precisam ser apurados com responsabilidade.
Diante da intensificação das adversidades ambientais, é preciso adequar o modelo de vivência agrícola e urbano. A começar pela necessidade de efetivar os conceitos trabalhados em ações (ex: cidadania). Entretanto, como a imprensa tem abordado o tema e contribuído para o processo de transformação social? O que move um país são as pautas ou o lobby que as provoca? Sistemas ditam o comportamento. As pessoas são reféns das tecnologias criadas para facilitar a vida.
O ego em metástase
Mobilidade, acessibilidade e transferência de dados prendem as pessoas no trânsito, na web, nos discursos e tarifas. Lucro pelo lucro, com selo de sustentabilidade. Os interesses oscilam entre lobistas. Governos, indústrias, órgãos certificadores, ambientalistas (sem voz, mas com barulho). A impunidade é o problema maior da gestão pública e corporativa, pois abre precedente. Afora o perfil de organizações de vanguarda, as capacidades instaladas das empresas têm como parâmetro a disponibilidade e produção de matéria-prima do passado e não do futuro; considerando o presente como momentâneo, especulando melhoria.
A comunicação precisa amadurecer. Processos ou processadores? Os prêmios oferecidos (ex: Délio Rocha, Sebrae etc.) deveriam valorizar os olhares efetivos e narrativas de utilidade pública, e não massagem ao ego das assessorias por trás dos prêmios. É preciso resgatar o prazer pela leitura (seja em qualquer canal). Comunicar com o público sem forçar absorção, mas construir junto. Este seria o amadurecimento iminente.
Intelectuais se escondem. O ego em metástase os faz aparecer pela doença que se tornaram, e não pelas narrativas de vida que poderiam estabelecer. A forma como ocupamos o território e o percebemos precisa evoluir. Saber quem somos, o que nos faz seres sociais e vislumbrar o porvir.
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