No
simples gesto de folhear a realidade percebemos que milhões
($) transitam diante e além de nossos olhos. Entre os
interesses da massa e as necessidades e anseios individuais, os
eletrocidadãos mobiles perambulam
entre as novelas midiáticas da famigerada vida real.
A
polêmica política de integração nacional
familiar pernambucana de Bezerra; a proposta de aumento exorbitante
(61%) dos salários dos vereadores de Belo Horizonte (MG); as
desgraças do período pós-chuva a atingir 3
milhões de pessoas nos municípios mineiros e os 3
milhões atingidos pela seca no sul do país; o ENEM e os
erros do sistema educacional (e o Prouni comemora que desde sua
criação, em 2004, já concedeu quase um milhão
de bolsas de estudos em cursos de graduação – e esse
ano arrebentou em inscrições; mais de 1,2 milhão
– Qualidade versus Acesso), tudo se renova do mesmo. Etanol, café
e suco de laranja pelos ares.
A
esperança está na sensação que alguns
veículos conseguem provocar com suas matérias, ao
apontar incoerências e soluções, e transmitir a
ideia de que algo está sendo feito. Nem que esse algo seja
apenas barulho.
Fato
curioso não é a mídia estacionar as pautas nos
trending topics, mas é a matéria da Folha de São
Paulo Online no dia 12/1, em uma matéria sobre o MinistroBezerra, utilizar o jornal O Estado de São Paulo como fonte ao
falar sobre os dados da ONG Contas Abertas. Costume cada vez mais
presenta na mídia.
Mino
Carta e Thomaz Souto Corrêa (na última edição
da Revista Imprensa) declararam que a qualidade do jornalismo
brasileiro tem caído continuamente.
A
mídia impressa há tempos é usada como registro
histórico de uma era. Uma versão equivocada, ou
narrativa mal construída pode comprometer o registro e a
interpretação das gerações futuras ao
revisarem a história social. O que intriga atualmente, é
que alguns veículos não consideram esse fato e
tornam-se panfletos que sujam nossos dedos de tinta ou cansam nossos
olhos à tela.
Um
eficiente sistema de controle, a desinformação
justifica dentre outras coisas a censura rebatizada de SOPA e PIPA,
mesmo Obama alegando veto. Atualmente, conteúdo público
e privado depende muito mais dos interesses do gestor ou autor, do
que da natureza do produto. Quando têm o interesse de
disseminar em massa algo novo, tratam como conteúdo público
e gratuito; todavia, quando esse algo já está
consolidado, querer ganhar dinheiro com o acesso, tornam o produto
privado. O padrão de precificação de conteúdo
do Itunes (pelo menos para música e apps) apresenta-se como
alternativa, mas ainda muito ineficiente. A interação
em web aponta a substituição do download pelo
streaming.
A
desinformação é uma arma estratégica. Ela
enaltece e afunda partidos políticos, obras públicas,
iniciativa privada, conceitos e ideologias; funda religiões,
corrompe a relação do homem com Deus e contribui para o
espetáculo da soberba e fúria contemporânea, onde
a modernidade se faz arcaica e humanidade confunde-se com
individualismo.
Cada
vez mais distante do que deveria e precisaria se tornar, o homem se
enobrece, alimentando-se de sonhos, silício, cidades e jardins
resignados a vasos no quintal de concreto.
Se
Almodóvar espirrasse:
Atrofiado,
em estado vegetativo, o corpo social apaixonado olha nos olhos dela e
clama por um fim. Linda, Ela sobe e coloca seu gineceu sobre a face dele, sufoca intensamente o corpo. Mas naquele orgástico fim, o engano: era apenas um
novo começo.
"não vos canseis de fazer o bem."
2 Tessalonicenses 3:13
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed678_desinformacao_do_sustentavel