quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Mediação Maturada?


Maturada pela história, a mediação instaura o processo de eterno retorno. Retorno à inocência, à infância, Era de sonhos, mimos e desatinos, anseios, equívocos, empolgação, especulação e reclamações ao ermo. Retorno à compreensão, quando as mensagens faziam sentido num baile doentio com a confusão. As narrativas instigavam e explicavam, ao invés de frustrarem e confundirem.

A representatividade, embora pareça ter sido um conceito destruído pelo imediatismo ou efervescência tecnológica, está soterrada por nossa recorrente incapacidade de assimilação entre desejo e necessidade. Os narradores contemporâneos parecem atordoados no campo de batalha da informação. Não importa apenas de onde vem o estardalhaço, mas como ele afeta a percepção de realidade em tempos em que a justiça é lenda, a violência sai das telas de cinema, encharcam noticiários, e os bons exemplos de cidadania são sinais de esperança, o fôlego cotidiano.

O panorama apresentado na última edição da Revista MSG - revista de Comunicação e Cultura (editada pela ABERJE) apresenta uma crise na mediação a partir da ausência de uma identidade coletiva. Isolados pela soberba do controlar o processo de produção (e não a informação); unidos pela confusão de compreender e situar-se na sociedade: assim flui o indivíduo. Aparentemente, o princípio de igualdade é suprimido pelo da hierarquia restritiva e não qualificada. O que vemos é uma verdadeira Lei das Porteiras (abertas): O primeiro que passar abre e o último nunca fecha, pois ele inexiste.

Mas o que a Imprensa, com suas estratégias de mediação, pode fazer? E o que o cidadão precisa? Assimilar a presença do contraponto nas relações sociais e nas características humanas. Uma vez que o investimento correto em educação não surge, os narradores precisam coser e cozer argumentos para contribuir com mais afinco para a formação de público com senso crítico não apenas apurado, mas exercitado. De forma a contribuir para que o indivíduo concilie os fatos com as possíveis consequências. Talvez assim as escolhas sejam menos destrutivas.

A lucidez de Carlos Castilho* (em seu último artigo publicado no OI) chama a atenção para o momento de fragilidade dos veículos de comunicação e a necessidade de aplicar estratégias que possibilitem não apenas dar fôlego, mas garantir à imprensa a rentabilidade e condições de trabalho adequadas. O processo de mediação conclama os narradores a agir. O amadurecimento passa pelo renovo.

Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed706_mediacao_maturada
www.passocomunicacao.blogspot.com

terça-feira, 17 de julho de 2012

Produção de sentido x Ideologia (pelo consumo)


Interação. A expertise do jornalista em verter a multiplicidade em texto é fundamental para manter o fôlego dos veículos de comunicação.

Além de apresentar um projeto gráfico moderno e cativante (nas últimas semanas o jornal Hoje em Dia – MG – mudou o formato em busca de consolidar leitores e conquistar público), jornais e jornalistas precisam investir na qualidade da apuração. Ainda mais agora com a lei de livre acesso à informação pública. O dilema entre acesso e interpretação instaura um desafio aos repórteres e público.

A resignificação a partir das transformações culturais estabelece um novo padrão de narrativa. A vulnerabilidade da mídia, quando exposta à opinião pública, diminui poder de persuasão da imprensa em manipular as interpretações da massa. No entanto, torna-se inevitável manter a transparência para assim buscar manter credibilidade perante a sociedade como fonte oficial dos fatos. Para isso, não pode ignorar o processo colaborativo da atual narrativa midiática. A tecnologia viabilizou a formalização do cochicho.

A participação em congressos e eventos promovidos pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais (MG), permite uma percepção preocupante. A profissão se mostra esvaziada em prol do interesse de apenas encher o bolso e mobiliar a vida de descartáveis ideologias. Com pesar, observa-se as brigas por questões irrelevantes, o afastamento da reflexão do fazer comunicação. Cansada, a profissão tropeça (do regional ao nacional) no desgaste. Cursos vazios, redações sucateadas, textos pobres, confusão. Poucos resistem, poucos investem. Trata-se de um perfil alarmante, no qual toda a sociedade está inserida.

Queremos o mérito da transparência, mas não ser transparente. Os princípios éticos têm sido manipulados conforme a conveniência. Enquanto focarmos a satisfação como resultado de lucro financeiro crescente, isso não mudará, mas irá intensificar o desenvolvimento atrofiado da sociedade.

O descaso impera, a incoerência reverbera. Esvaziamos garrafas e estouramos estatísticas. Igrejas, escolas, residências, empresas e imprensa. Caminhamos para uma apocalíptica estagnação social. A cidadania aos poucos é usurpada, embora alguns lampejos de esperança despontem em publicações exemplares, jornalistas de verdade e pessoas com iniciativas dignas de um futuro melhor.

Assim.. passocomunicacao.blogspot.com

Publicado também no site Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed701_producao_de_sentido_vs_ideologia

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

futuros textos

Antes de partir para os textos mais recentes (dentre os quais estão os publicados no DA Presente e no Observatório da Imprensa. Segue mais um... e assim esta saudade está morta...


quinta-feira, 12 de julho de 2012

textos antigos

Quando releio esse, relembro a intensidade de Brissac e sua inquietação com tudo o que se faz urbano e humano.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Velha ria

Ainda no embalo de textos antigos do Oficina (Unileste - 2001)... alguns eram feitos em parceria...


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Velharia...

Dentre tantos textos produzidos junto da equipe do Oficina (Unileste - 2001), alguns gosto de reler.... separei alguns...


terça-feira, 26 de junho de 2012

Transparência opaca liberdade



Em seu modus operandi, a mídia surpreende como uma pastilha efervescente em um copo com água. Rumores sobre sobreposição de narradores e técnicas narrativas, obsolência de plataformas de comunicação e o surgimento de uma nova cultura de consumo. Tudo mais e do mesmo.

A recém lançada, e na imprensa divulgada, obra de Eli Pariser (O Filtro invisível: o que a internet está escondendo de você) atenta para uma sutil censura aos olhos da liberdade. Na mídia convencional, o filtro já existe constituído por visões de pauteiros profissionais e cifras mantenedoras. Na internet, o filtro é mecânico/ matemático, pautado por estratégias de estímulo ao consumo direto. Contra o ato passivo de ignorar manchetes surge a demanda por uma curiosidade e disposição para navegar na rede e confrontar narrativas. “Na bolha dos filtros, a situação é diferente. Nem chegamos a enxergar as coisas que não nos interessam” alerta Pariser. É preciso um novo leitor diante do colapso conceitual da dinâmica Tempo x necessidade + Capacidade Crítica. Apenas compreender que a vigente liberdade de expressão e transparência apresenta-se por uma superfície conceitual turva é que o indivíduo conseguirá vislumbrar uma direção sóbria para suas decisões como cidadão.

Além disso, é importante considerar a rentabilidade dos veículos. Como garantir investimento financeiro em mídia digital e como manter tantos títulos impressos; ainda mais agora com a crescente segmentação da mídia impressa? Consumidores são educados a mudar o perfil de consumo e a pagar pelo conteúdo digital. Todavia, todo processo de formação de público é moroso e com falhas.

Nesse ínterim, o processo de produção de conteúdo é permanente. Análises do pesquisador David Abrahamson apontam brechas entre a estrutura e continuidade das mídias digitais e das impressas. Perante o público, o jornalismo impresso se manterá como referência; a segmentação editorial deve garantir a profundidade das coberturas sem tornar o público uma célula alienada e isolada do corpo social. Ou seja, mesmo ao se especializar em um tema, o veículo deve relacionar o conteúdo com a multiplicidade social e contextualizar o indivíduo entremeio ao turbilhão de informações e demanda por decisões. Para vivenciar esse desafio, a tecnologia é paradoxalmente um aliado do jornalismo, pois instiga o profissional à melhoria e não à cômoda e boêmica posição soberana na sociedade. Embora muitos estejam aos tropeços inventando moda.

Enquanto as revistas mergulham na segmentação e distribuição otimizada, os impressos enxugam redações, atualizam projetos gráficos (Em Minas Gerais, o último foi o Hoje em Dia, que copiou formato do O Tempo e buscou leveza tipográfica e mais disponibilização de conteúdo) e se relacionam cada vez mais com o meio digital como plataforma complementar à impressa, vinculada. O sucesso não pode ser mensurado de imediato. A reação inicial do consumidor amadurece junto a persistência do veículo e a disponibilidade de informações.

Nesse momento, iniciamos o ciclo de intensificação das pautas políticas, com os óbvios candidatos corruptos panfletando uma imagem turva de confiança. O clichê nos é fatal. Há pão e há circo. A zona boêmia é então transferida para as prefeituras e câmaras, e o cidadão exala o ópio da indignação, topless, cartazes e votos equivocados nas urnas.

O Processo de comunicação (emissor – mensagem – receptor) se renova sobre o mesmo mito: padrões estéticos de produção e de consumo. O jornalismo precisa se posicionar como um circuito aberto. Deve induzir reflexão e às vezes conduzir, mas não entregar pronto, pois é falho ao se enxergar como premissa da opinião pública e detentor da versão oficial dos fatos. Fatos tais que são cada vez menos exatos, em virtude da avalanche de interpretações que agora podem ser postadas e transportadas por diversas mídias; em casa, nos bolsos, ruas, painéis, fachadas, escritórios e até mesmo naquela antiga conversa de esquina, beira da calçada ou mesa de bar, ao gosto do bom gosto.

A liberdade social é manifestada então na mídia sob uma película opaca, chamada transparência, fabricada na cabeça de Assessores de Comunicação, Redatores desavisados, e também pela população da esperteza e repetição. A viabilidade de qualquer mídia está em sua representatividade e relevância. Para encontrar o que vale a pena consumir, o leitor deve driblar os filtros programados e confrontar narrativas, regurgitar informação e transformar o que absorveu em algo produtivo para o que vem depois.

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

bom dia

A manhã desperta minha face ao sol, o vento percorre minha pele definindo caminhos de refrigério, de excitação e paz. Pego uma flor e penso em você; guardo-a no aconchego do peito. Suas pétalas suaves sobre mim; poder sentir com intensidade a sutileza que você carrega naturalmente. Seu bom dia é transformador, seja qual dia for!


terça-feira, 8 de maio de 2012

limão n' água



Multiplicidade; somos invariavelmente os mesmos? Continuo a frequentar as bancas, insisto em atirar limões na água e observar os seus efeitos. Entre os ombros dos mais afoitos, as pautas e ruas revelam tanto desejo que as horas são poucas e os dias cada vez mais necessários. Um país com significativa preocupação com temas ambientais e controversa tratativa de tais assuntos.

A fraca presença da imprensa no último Fórum Mundial de Água (em Marselha) e a repercussão do assunto na mídia despertou preocupação. Os debates provocados no VII Fórum Água em Pauta”, realizado pela Revista Imprensa e pela Bolsa de Responsabilidade Social (BRS), em Fortaleza (CE), alfineta-nos ainda mais. Como os jornais de grande circulação e os jornais de circulação regional tratam do tema? Como proporcionam a reflexão e mudança de hábito do cidadão? Aos que não fazem, é tempo de despertar; aos que esboçam uma narrativa, é preciso mais do que panfletagem.

Inevitável então é condicionar o público para a faceta econômica de comportamentos sociais. Combater a violência, a droga, o crime ambiental e a pobreza e falta de saúde tratando todos como indicadores econômicos dos mais importantes (como variáveis do mercado econômico); mostrar e amplificar como tudo isso nos é muito caro. O avanço tecnológico e as mudanças no periodismo das mídias tornaram equivocadamente o “passar os olhos” sinônimo de leitura. Precisamos fazer como disse Dines à revista Negócios da Comunicação: “Eu subordino a tecnologia ao texto, e não o contrário”. As universidades, entidades e institutos de pesquisas despejam diariamente estatísticas que nutrem pautas e a desinformação da massa.

Considerando a importância do lucro para as atividades sociais contemporâneas, a Economia Verde a ser debatida na Rio +20 propõe tratar a natureza como um capital. Desse modo, estratégias de lucratividade a partir de investimento em preservação serão apresentadas como solução. O lucro saudável, sem exacerbado ganho financeiro, mas também sem prejuízo. O ganho humano é maior.

Enquanto a preservação do meio ambiente depender do emocional coletivo, nada de efetivo acontecerá. O indivíduo se move pelo bolso ou pela barriga que dói. A cobertura da imprensa deve ampliar os interesses envolvidos em questões como a do Código Florestal e não ficar com uma placa de protestos em mãos.

O factual precisa ser utilizado como instrumento de reflexão e não para induzir uma opinião (como é feito desde os primórdios), mas proporcionar o diálogo. Talvez essa seja a alternativa à consciência social vigente: Proporcionar mudança pelo debate (e não combate) da multiplicidade de ideias, reforçando que alguém terá de ceder, é inevitável.

A Presidenta Dilma tem até dia 25/5 para se manifestar sobre o Código Florestal. Enquanto isso, a população continua como uma massa em bloco de carnaval atrás do trio elétrico: presa no automatismo de pensar e agir. A rima pobre é válida: Tudo muito polarizado em mundo globalizado.

sinto você ranger abaixo de mim,
não me canso de tocar-te;
mantenha-me de pé enquanto persistir o sonho
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