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sexta-feira, 24 de março de 2023

saber e sentir


Narrativas de uniformes transitam pelas telas, corredores e balcões. Comercializa-se interpretação, ação e reação. Tais narrativas estimulam uma demanda que não precisamos aumentando a probabilidade de sofrermos uma dor que não precisaríamos sentir.

Essas linguagens e códigos delineando o que entendemos ser realidade. Perdidos, encontramos aconchego no silêncio de um dia bom. As pessoas buscam pelo que tem sentido gritando argumentos absolutos, em uma configuração social falida.

Meu filho sorrindo ao dormir, sonhando com algo que o diverte e traz paz. É o mesmo que o desabrochar de uma flor, o cantar de um pássaro, o movimentar do vento no bambuzal. Beleza natural. Assim os raios de sol me encontraram pela manhã. As nuvens transitam sem compromisso com os formatos criados, os contrastes da paisagem. As páginas permitiram livre trânsito às palavras, e as letras se libertaram no processo de entrar pelos olhos e voltar para o papel. Respirar ficou mais fácil, quando o peso de certas narrativas ficou acorrentado nos argumentos atrofiados de quem nem em uma nota só samba. Entre o saber e o sentir; ir além.

Penso como a vida nos traz algumas nuances do porvir além dessa camada de rotinas. Nuances do que verdadeiramente importa. Mas quando vislumbramos isso, as rotinas nos puxam, nos prendem e nos conduzem. Vivencio narrativas que se entregam a ser tempestade de areia conceitual, diante dos curiosos olhares que sabem que existe uma algo mais.  No entanto, o peito treme. A respiração não aceita se encaixar no compasso natural. O corpo me avisa que irá sucumbir, pois a mente quer partir. O beija-flor me olha silenciosamente. Ele sabe.

sábado, 18 de março de 2023

lado outro



representação cultural é fantástica no modo como ao mesmo tempo informa, forma e conduz. São encantamentos, direcionados pelo desejo artístico e pelos fundamentos mercadológicos. 

Cores, sons, traços e movimentos. Combinações diversas escondem discursos e intenções à medida que retêm o olhar e geram até mesmo interpretações que divergem do cabresto. Ainda assim, para o organismo social se manter vivo, é elementar dar voz às manifestação culturais, mas sem a ingenuidade do "tudo pode".

Na parede, o ponteiro dos segundos se recusa a subir, tampouco descer. Na eterna tentativa, quase no nove, impede os demais de avançar das dez para as duas. Se tarde ou manhã já não importa. Entendo que sou o que acontece fora desse humano radar; o tempo medido. A flor de papaia que se esconde.

Qual o mérito que se espera alcançar? Luxo? Conforto? Audiência? Influência? É importante refletir sem necessidade de prestar contas aos outros. Uma reflexão sincera, com quem realmente interessa;  a pessoa que estará na cova ou na fornalha com você. Qual o legado e o propósito? Um busto na praça? Uma placa de rua, de auditório? Uma foto na estante? Uma memória? A lembrança embebida de qual sentimento? Dó, compaixão? Saudade? Orgulho? Vergonha? É importante não esquecer do peso das atitudes, dos significados, dos exemplos. É importante não se tornar escravo da reflexão. Equilibrar-se é um processo contínuo e não um porto seguro.

As narrativas em trama tecem uma realidade para cada par de olhos. Furos e remendos são por vezes desapercebidos. O que acontece no instante em que os olhos estão fechados ao piscar? Um paralelo universo sem olhares.

Um beija-flor sempre me visita nos momentos mais aleatórios da vida. Sempre é uma visita, pois seu voo não é igual, sua estadia perto de mim soa quase proposital. Ele me olha. Pousa. Voa.

sábado, 11 de março de 2023

estatísticas do absurdo



Infográficos no cardápio dão conta do quanto a sociedade adoece. A essência do ser humano espalhada em números que constatam contrastes, violências e esperança. Argumentos erguidos sobre recortes de planilhas. Assim, criam-se bases sólidas de narrativas que extraviam o pensamento individual e as atitudes coletivas. Estatísticas do absurdo amparam decisões para o bem e para o mal. Cada um estabelece o recorte dos dados que favoreça seu padrão de escolha e interpretação. 

As timelines estão abarrotadas então de versões da realidade que buscam soterrar o diferente, por meio da velha prática de desacreditar o outro. O que antes era apenas tática corporativa ou de política, instala-se cada vez mais nos lares. As pessoas estão gastando energia equivocadamente. Buscando resultado e respostas em locais errados, da maneira errada. Nesse nuvem de equívocos são gerados os fundamentos de uma nova geração. Assim, passa-se o tempo e estabelece-se como verdade fundamental. Paradigmas escorrem dessa forma em uma ampulheta interminável, que se reinicia continuamente.

Em tudo o que fui bom, as pessoas tencionaram até eu errar, por estresse extremo (e limitação),  e poderem atestar minha limitação e insuficiência. Com a suposta admiração, parceria e até mesmo dependência, mataram minhas virtudes quando confiei a elas um espaço que não deveria em minha vida. Quantos não foram os que deram com uma mão e me esbofetearam com a outra, para se exibir ao me ajudar, mas me rebaixar, mesmo eu não querendo me elevar sobre ninguém, mas pelo contrário. Sempre quis apenas viver meus dias em paz.

Uma criança aprendendo sobre os números nem imagina como eles não apenas estão presentes, como são ferramentas de manipular o que não se mede, e não se enumera. Se enamora; a vida. 

quinta-feira, 2 de março de 2023

Cálice derramado


Eram traços repetidos arranhando as paredes da garganta. As pétalas pela manhã tinham uma certa sutileza delicada de romper a aurora com perfume, cor e versos "impalavráveis", pois tem sentimento que de tão transcendental não se aceita entre o arranjo das letras. Ultrapassa a fronteira das ideias, embora não sejam indecifráveis. Perdoe a rima pobre sobre a tela surrada.

Era um pouco entre o que esperam de nós, o que realmente pensamos ser, o que damos conta de reconhecer e tantas outras variáveis que o espelho fica em silêncio, e nos cansamos de nos olhar.  As narrativas expostas sem pretensão de trono, ou de perpétua memória; apenas lampejos. Ninguém iria sobrepor a ninguém. Cada qual em sua constante. Cada um em paz com seus traços. Outra comunicação é possível. Dinheiro se empresta, ganha-se e perde-se. Sentimentos, sensações, vida, não. Status se alternam no compasso dos ponteiros. As narrativas podem fazer mais do que alimentar as vaidades, as métricas corporativas, as manobras políticas, as amarras da religiosidade. A reflexão  que se propõe é ir além do que há fora e embrenhar-se para dentro de si. Sinceramente e verdadeiramente.

Assenta-se na virada do vento sobre as árvores, tentando seguir com o olhar o voo de uma borboleta, enquanto o beija-flor, em silêncio, sem julgamento o observa. Instantes que escorrem por versos que sustentam olhares que não rimam, mas se apaixonam. Nem sempre lugar, tempo, palavras, silêncios e sentimentos estão em harmonia, em consonância. Quando acontece, ou quando reconhecemos o instante, chamamos de coincidência. Outrossim, quando constatamos o que seria ideal e nos ferimos no que pode ser considerado real, o infortúnio vira verso, música, filme, lágrima ou overdose de si mesmo. Indivíduos apropriando-se do contexto flamulando seu significante como o ponto absoluto.

Letreiros luminosos, views, curtidas, compartilhadas emoções com filtro. Julgamentos como milhos aos pombos em uma praça triste. A natureza selvagem de uma sociedade que não percebe que se atrofia. A vida que em off persiste e prevalece às narrativas não se permite às travas das mídias e aos dogmas da nova mentalidade social em que tudo pode "pois há de ser tudo da lei", regente da velha prática de impor padrões, delimitar o que é liberdade e minimizar as diversidades. A novilíngua de Eric Arthur Blair e tudo o que envolve lidar com as pessoas.

 

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

nervuras


Ser uma pessoa melhor. Frase surrada no para-choque de um caminhão que tenta romper cascalho, terra, asfalto. O leva e traz de necessidades, atendendo as demandas salutares. O sol destaca contrastes que a lua alivia na madrugada.

Falhamos na missão de sermos melhores, mas obtemos contínuo êxito na tarefa de gerar esperança. Na suavidade de uma folha que se desprende do galho e plaina ao chão, aprendemos que é a esperança que move os dias e as relações entre as pessoas. 

A textura dos dias, das estradas. As folhas e suas nervuras, os rostos. Rugas rasgam a derme cravando no silêncio experiências. Ainda assim nos distraímos com a esperança, com as cores, rimas e sons. O beija-flor enigmático lança seu olhar e faz seu voo levando a lemniscata pelo vento em uma poesia sutil.

Ocupamos espaço e tempo com nossas narrativas que muitas vezes são releituras de instantes e até mesmo de outras narrativas.  Repetição, ou apenas repasse. No entanto, os objetivos e necessidades se renovam?

Era a foto não publicada da palavra não dita, do toque que arrancou suspiros mais sinceros e sublimes. Era possível sentir a leveza, a membrana, o peso. As pessoas lá fora. Fora. Era complicado. Ninguém enxergava o outro. Encontrar com quem conversar de forma sem amarras, sem o malhete, tornou-se tarefa rara. Entremeio a tanta narrativa elaborada por algoritmos e distribuídas por outros, tornou-se ainda mais difícil coexistir.

As cifras e cifrões passaram a delinear a sociedade que sucumbiu à atrofia, confundindo com liberdade. Sentados sobre narrativas que desconhecem origem e propósito, muitos arrotam uma autoria utópica de um argumento que corrói a vida com um sorriso. 

Ainda há céu e jardim para os colibris.



segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

imagens



Criadas pelos mais diversos ângulos. Perspectivas tensionadas não mais apenas em lentes de robustas mas na imensidão de lentes de smartphones. Nos designers, o uso exacerbado de banco de imagens faz algo engraçado acontecer: imagens repetidas em campanhas de segmentos e público diferentes, e em tempos diferentes. Agora, dentre as mais diversas aplicabilidades, as ferramentas de construção de imagens por meio de inteligência artificial instrumentalizam mentes criativas com a facilidade de criar imagens base necessárias em criações. São tantos que surgem, como o DALL-E, Stable Diffusion,  Midjourney, Craiyon e Nightcafe Studio. Daqui a pouco, cada vez será vivenciado a artificialização do conteúdo. Bem argumentado em artigo de Altair Hoppe. Desdobrando esse raciocínio, podemos dizer que o algoritmo então deverá rever critérios de distribuição para favorecer o que é orgânico, realmente capturado por lentes controladas por humanos.

Estamos em uma moderna torre de Babel. As pessoas não se entendem, nem se esforçam para. Quando o fazem, é com a motivação equivocada. A narrativa adentra em um aspecto que se assenta no eterno retorno a uma questão elementar: o que é real?

Os laços no céu com o vento se contorcendo. Panos rubros, brancos e azuis. O corpo entre as curvas do tecido erguido, se mantém firme em manobras delicadas. Ela dança no ar. O violino, o piano, o ar que abraça e conduz o olhar para aquela que para o tempo, enquanto paira no ar. Puro encanto de luz, sombra, contorno dos sons dentro do meu olhar. 


Imagem feita pelo DALL-E
Imagem feita pelo DALL-E


sábado, 24 de dezembro de 2022

Natureza morta

Palavras estagnadas, não conseguiram se formar e sair pelas cordas, tampouco alcançar a garganta. Menos ainda estabelecer-se em frase e assim quem sabe talvez fazer sentido aos ouvidos sem pálpebras que por perto poderiam estar no momento. Confiar nas coincidências e na providência é algo que beira a insanidade; um padrão de comportamento contrário ao padrão da maioria.

As narrativas das mais diversas plataformas de mídia transitam não mais por um fluxo bilateral de mensagens. Ele agora (há muito tempo) considera os fluxos semelhantes aos neurais, com suas grandes, pequenas e múltiplas redes de conexões. Um número alto e intenso de emissores, mensagens e receptores, com um tempo de processamento (assimilação e retenção da mensagem) menor do que em gerações passadas. Desta forma, as doenças emocionais tais como a ansiedade, passam a ser recorrentes e permanentes. Como fazer uma comunicação que não piore o cenário? Consciente de que não tem o poder de alterá-lo por completo, mas de ser a alternativa em um contexto tão avassalador e impessoal? Na comunicação pessoal é o desafio para se manter as relações familiares. Na comunicação corporativa, é a árdua ação de proteger uma marca, conduzi-la ao amadurecimento, e reverberar seu posicionamento e sua missão de forma efetiva e não apenas de fachada.

A impessoalidade não é mais de mensagens robotizadas, mas de narrativas sistêmicas programadas, de  uma espontaneidade forjada, veiculada em stories, grupos de WhatsApp, nos cartões de natal e aniversário ainda existentes, tudo velado como se fosse orgânico. Baterias sempre carregadas e olhares ávidos por ter sempre sinal. Verdades e pós-verdades incrustadas no comportamento cotidiano e então tudo passa a ser tido como natural.

E esse novo natural que se instaura na sociedade e confunde os referenciais, propicia ao conflito, à sobreposição e uma suposta evolução pela aniquilação do divergente e não a partir de um possível consenso e coexistência. Veladas de paz, as narrativas tornam-se ácidas, mesmo que silenciosamente, aumentando a fissura entre as famílias, grupos sociais e as bases culturais. Neste cenário, mais do que ter os sentidos apurados, saber utilizar a interrogação e as reticências para a ser um requisito de sobrevivência.

Havia uma árvore na floresta. Se comunicou com as demais pelas raízes, alertando a chegada de uma nova praga. No entanto, não tinha como correr. Centenária, com suas raízes espalhadas por todo o solo, ela sentiu o vento, absorveu dele um pouco de Co2, percebeu o percorrer dos últimos raios solares pelas suas ranhuras, folhas e galhos, sentiu o golpe, sucumbiu. Na queda, seus frutos foram longe. Foram também no bucho de pássaros. Suas flores forraram o solo de sua putrefação. Durante alguns anos, a sua memória era percebida pelo buraco na paisagem e pela maneira com que cada organismo se aproveitou do que dela restara. No entanto, não há canção que perdure, por mais que repita, o tempo. sempre ele, ou a percepção que temos dele. Pujante, a natureza morta abusa da paleta de cores e argumentos.


sábado, 1 de outubro de 2022

Nem sempre ganhar é melhor

O gozo da realização, a euforia do reconhecimento, o acesso liberado a regalias que só quem ganha alcança. O sabor do mérito, o perfume do legado que fica no ar. Os ensinamentos a serem repassados, a marca deixada na história, a paz do dever cumprido. Atributos apenas da vida dos vencedores? Ninguém ganha sempre e em tudo. Poder, riquezas vêm e vão, mas as pessoas, quando se perde, nunca mais; já diria o corvo. Nunca mais. Perde-se pessoas com a morte do corpo, perde-se todos os dias com a morte da essência, corpos vivos enchendo as multidões de indivíduos com ansiedade, nervosismo, espasmos de estresse, depressão, problemas com o peso, intrigas pessoais profundas de coisas tão corriqueiras. Um colapso do modelo social. Ou sua retroalimentação, para reiniciar ciclos.

O cenário então se configura com o excesso de narrativas que buscam consenso, aceitação e conciliação. Todavia, por estratégias diversas. Narrativas que causam inquietação e questionamento para reflexão; narrativas que causam confusão (essas geram insegurança e estimulam o desejo natural por se assegurar em um referencial); narrativas que geram apatia controlada (pasteurizando o pensamento individual, uma lobotomia social); narrativas de reação (instigando "escolhas", fruto da persuasão); narrativas de alienação pelo entretenimento; e tantas outras, cada qual com seu movimento padrão pelo tabuleiro da realidade. Se antes o planejamento da estruturação de uma narrativa podia demorar muitos copos de cafés, atualmente (há muito tempo) é preciso ser mais dinâmico no intervalo entre planejar e executar.

Paira entremeio a sociedade de maneira mais intensa o FOMO (Fear of missing out) e as narrativas corporativas só intensificam esse processo. O tempo; recorrente prisão e liberdade. Ser real como proposta do novo (2020) "bereal"?
Limitar o tempo de exposição das mensagens e às mensagens pode ser uma ação para não sobrecarregar "a nuvem" e sofrer com a chuva de multiplicidade e também de confusão. Não se trata de ganhar ou perder.


O que precisa e deve ser comunicado e que precisa e deve ser contemplado? E o que se deseja? Conhecer-se a ti mesmo é o exercício recorrente tão necessário e eficaz, que talvez seja uma recomendação latente para a saúde social dos indivíduos. 

Na elaboração das narrativas corporativas, todos devem fazer com mais cuidado, responsabilidade e agilidade; e claro, usar os cafés como prazer e não para contar do tempo que passa rsrsrs; seize the day, e aproveite a vida; "a poderosa peça continua e você pode contribuir com um verso".

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

artesanal


Fica um sabor de desilusão toda vez que os noticiários nos alcançam. Sempre que as frases estruturadas como ondas do mar arrebentam sobre nossas expectativas de um dia diferente.

Driblando tantos termos e analogias e tentando compreender os relacionamentos conduzidos via a comunicação corporativa. Rede Orgânica (viva) ou robotizada, industrializada? A contemporaneidade trouxe valor agregado ao artesanal. Desde as bebidas, doces e mídias sociais. O artesanal (orgânico) é mais pessoal, mais vivo e próximo no relacionamento. Assim, ganhou mais relevância. Visualmente, um perfil de rede social industrializado pode ser mais agradável ao olhar, sendo padronizado, com harmonia de cores e demais elementos. No entanto, não inspira ou instiga ao envolvimento, engajamento e à retenção da mensagem, tampouco integração com a narrativa.

Em tempos de tudo digital, padrão e robotizado via algoritmos, as pessoas sentem a necessidade de um relacionamento (e atendimentos) mais humanizados. O processo industrial, afora as incontáveis e fundamentais vantagens, traz também distanciamento e impessoalidade. O que em alguns setores, acaba sendo mais um obstáculo do que facilidade para exercer a atividade fim. Intercalar artes elaboradas, como fotos e vídeos (secos), tem uma conversa mais direta, sem rodeios e ter um conteúdo menos frio contribui para deixar o perfil mais próximo do usuário. Claro, é necessário ter alta performance na resposta a "direct" e posicionamento a respeito de comentários. A avaliação deve ser rápida, séria e as ações transparentes. Não se trata de se apoiar em invenções, e aqui não se propõe uma receita. É preciso compreender a missão, valores, princípios da organização e da sociedade. Além disso, também considerar a finalidade do relacionamento com os diversos públicos. Sem receita miojo. A solução está muito mais na dedicação e na sinceridade de fazer e trabalhar a comunicação. 


quarta-feira, 3 de agosto de 2022

pertencimento

Fala-se muito em jargões das profissões e os que marcam a sociedade. As narrativas corporativas buscam aumentar a retenção de mensagem, absorção e incorporação de cultura organizacional e multiplicação de mensagem. Para isso, brindes, palestras, metas, mimos, desafios, desafetos e cobranças. Após a cortina de fumaça e do uso de todos os aparatos de tecnologia, de treinamento e desenvolvimento, o que é orgânico ainda inspira mais veracidade.

Dar voz aos sujeitos ao invés do modelo títere de interação. Em uma campanha interna de comunicação, ao utilizar os funcionários para serem porta-voz e rosto da mensagem, a empresa potencializa na equipe o aspecto do pertencimento, desdobrando em contribuição nos demais atributos corporativos supracitados.

Mas isso não é novidade. Muitos já fazem, até mesmo para otimizar custos. O diferente é simples. No bastidor, na construção da mensagem, ouvir não apenas o interlocutor, mas o mensageiro. Diversos roteiros de cinema se tornaram primorosos quando os atores puderam contribuir. É preciso estar preparado para um processo de integração. Sair um pouco dos muros conceituais, das vaidades de crachás, da prisão dos ponteiros. Permita-se a duas atitudes simples: Observar e Dialogar.

Com o devido amadurecimento, o diálogo de pré-produção e produção enriquece não apenas a mensagem mas todo o processo. Sugestões simples de posicionamento de câmera, alteração de uma fala, entonação, postura corporal, olhar, vocabulário, figurino, passando até mesmo pelo briefing de como o público-alvo absorve determinado conteúdo. Ouvir e dar vazão aos ruídos do processo de comunicação, participar com os demais atores da ação de comunicação, são atitudes e escolhas que interferem positivamente e efetivamente. Pertencer é estar vivo, se envolver.












sexta-feira, 29 de julho de 2022

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#Seguimos Diversificar o material, as narrativas de uma cultura organizacional que amadurece e mostra resiliência ao transitar pelo conflito de gerações sem perder sua essência e sem descaracterizar sua atividade fim. Desta forma a área de comunicação se desdobra entre equilibrar o famigerado orçamento, o hiperestímulo das novas tecnologias, a capacidade técnica dos funcionários, o perfil de retenção de mensagem do público-alvo e a cobrança contínua dos clientes. A busca por um "algo mais" não deve ser apenas para receber elogios. A comunicação corporativa deve servir ao propósito da atividade fim da empresa e respectivos desdobramentos correlacionados. 






terça-feira, 7 de junho de 2022

malhete social




As narrativas sobrepostas cotidianamente criam a atmosfera de convívio social. A integração favorece ao amadurecimento de significados e significantes, marcando capítulos da evolução da sociedade. No entanto, também revela as misérias do carácter tanto da massa, quanto do indivíduo. Cada um maneja seu malhete sem reconhecer as próprias mazelas, mas sobretudo mirando a de quem está próximo. Este comportamento cruel e instantâneo, aparentemente tão natural à espécie humana,  por essência contadora de história, consolida conflitos e traumas na malha social influenciando a percepção a cerca das narrativas. 

Deste modo, não basta apenas criar as mensagens e estruturar narrativas atrativas mirando em um específico significante sem considerar o contemporâneo perfil de comportamento individual e da massa no que tange ao julgamento do outro a partir das narrativas. A comunicação, seja corporativa, pública ou individual, não pode ser feita à revelia e em busca de um "engajamento momentâneo" sem considerar os rumos, onde irá desembocar a narrativa.

Fofocas corporativas, intrigas sociais, brigas de família, embates políticos, versões de uma mesma fé, distorções de prioridades, o malhete nunca foi tão usado, de forma intensa, até mesmo com transmissão ao vivo. Após o julgamento relâmpago, a execução sumária. Todo dia, todo o dia. Novos julgamentos são iniciados assim que a execução do primeiro termina, e muitas vezes o processo é simultâneo. Seja em casa, no trabalho, na família ou roda de amigos. O malhete social não se cansa ou se desgasta, mas ao subestimar o tempo, desconhece as profundas consequências do seu martelar.

terça-feira, 1 de março de 2022

Telefone sem fio


As pessoas não buscam informação. Alimentam-se do que recebem e até mesmo compartilham o equívoco sem saber. Não é novidade e está mais do que perceptível. As pessoas se atolam nas fontes de informação que agradam sua ideologia e pensar ser ela a única legítima. Não estão verdadeiramente dispostas ao diálogo, mas excitadas pelo efeito "telefone sem fio" que causam na sociedade e a conseguinte sensação de poder. No ambiente corporativo este comportamento (já instaurado na cultura social do indivíduo) coloca em risco a reputação e imagem da marca de uma maneira ainda não mensurada no longo prazo. Pensa-se nas crises de curto prazo e nos desdobramentos no médio prazo reordenando às vezes o plano de negócios da organização e seu posicionamento social; contudo, pouco pensa-se no longo prazo. Talvez pela intensa sensação de incerteza de que se esse longo prazo irá chegar, visto que o imediatismo é sobrenatural. Afinal, não se pensa efetivamente na política do revezamento, do "passar o bastão" para próxima geração. Assim, as narrativas ficam atoladas nos mesmos conceitos e variações de estratégias de comunicação.

Erga o pescoço sem perder o chão de vista. Siga.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Empatia em texto



Exercício social controlado. Em agosto de 2021, solicitei que meu filho mais velho escrevesse um texto. Não falei especificamente para quê era. Apenas disse que precisava da ajuda dele com uma redação, sem especificar o site, uma vez que há tempos escrevo no Obvious Magazine, tendo textos publicados no Observatório da Imprensa (motivo pelo qual ele não estranhou).

Apenas enviei para ele:

Tema: A empatia e a inteligência artificial na configuração da sociedade moderna.

Argumento: O comportamento das pessoas em convívio em sociedade, como está, como se dá e como será a empatia, considerando avanço da Inteligência artificial

1.000 palavras

Arial 12
Entrelinha 1,5
Prazo: 12/9
Hiperlink: relacionar com artigo científico

O motivo? Compreender como se estrutura a narrativa de um adolescente a respeito da empatia, do comportamento humano em tempos de muletas digitais cada vez mais incrustadas no perfil social. Estimular a reflexão sobre o que é a empatia e como ela está presente (ou ausente) nas famílias atualmente. Pensar também, argumentando em texto, como as facilidades tecnológicas, as interações com a inteligência artificial têm interferido no comportamento dos jovens, nas relações entre as gerações e no pensamento do indivíduo com os valores que o tornam humano e sociável (não no sentido do desejo, mas da necessidade de estar em sociedade). É interessante como se amparam nas tecnologias e alimentam lacunas que poderiam ser preenchidas com o que há ao redor. Alimentam por muitas vezes uma falta para forçar inconscientemente um amadurecimento pelo sofrimento da falta e da dúvida, ancorado na euforia da facilidade de assimilação de novas tecnologias, desprendimento em relação às tradições e conhecimentos de outrora. Fatidicamente, não percebem reafirmar o clico eterno do conflito de gerações. No entanto, agora cada vez mais exercendo uma apatia controlada em relação à realidade, tempo, valores, anseios e prazeres. Neste ínterim, as benesses das novas tecnologia evocam a sabedoria antiga para não refutar, mas incorporar com primazia o novo no presente possibilitando um futuro saudável, palatável a todas as gerações, sem destruir, mas muitas vezes modernizar, alguns aspectos fundamentais da sociedade.

O que se perde no percurso? Importa? Se viver estrutura-se em cumprir processos, qual a consciência perceptível do todo e dos detalhes e como isso se manifesta em nossos gestos, interferência e construção social? O que somos? Se nos propormos a ser globais excluindo os locais para assim não revelar e possibilitar que reconheçam o que somos.

Aguardei o texto com certa observação e expectativa. O que posso dizer do resultado? Antes de postar, algumas observações do processo. A curiosidade em levantar os dados, a liberdade para argumentar com as próprias palavras. No primeiro dia, o estranhamento de pensar algo assim. A receptividade, a desconfiança e a necessidade de cumprir a tarefa. No segundo, o primeiro parágrafo já pronto, e os gestos incorporados no ambiente de casa, talvez sem ele perceber. Acompanhar o texto ganhando forma, foi vivenciar o autor também se apropriando da narrativa, envolvendo-se na mensagem a ponto de se tornar mais leve, mais livre para se relacionar na família e pouco a pouco na sociedade, nos respectivos núcleos de convivência (claro, considerando todos os atributos psicossociais que envolvem a adolescência). Era como se um nova luz se acendesse sobre seus passos. Quanto tempo duraria ou o que verdadeiramente o levaria a incorporar em sua vida está fora de qualquer forma de persuasão ou controle. O exercício tem em si a capacidade de proporcionar a reflexão sobre o tema e sua discussão materializada no papel por meio da memória gráfica. Tenho esperança no que pode ter despertado nele. O depois é inalcançável, porém desejado. 

Embora o texto apresente uma necessidade de aprofundamento em algumas questões, trabalhando melhor o argumento em alguns pontos, gancho e demais atributos, é possível, a partir dele, compreender parte do olhar do autor. Após breve análise da narrativa, percebe-se o traço do autor em seus gestos e como o texto faz o autor à medida em que o autor faz o texto. 

Meses depois do exercício; posso dizer que não há espaço no segundo plano para o que deve permanecer no primeiro.


Abaixo segue o texto:

A empatia e a inteligência artificial na configuração da sociedade moderna

Gabriel Carlos Vieira Coutinho

A empatia, virtude a ser adquirida por todos, é a capacidade que o indivíduo tem de se colocar no lugar do próximo, seja conhecido ou não, é a maneira que o ser humano tem de compartilhar o sentimento e tomar ele como se fosse seu. Ao analisar a sociedade moderna no âmbito da ética e da empatia, percebe-se que ambos possuem tamanha importância para o equilíbrio perfeito de uma sociedade ideal. Entretanto, com a Revolução Industrial 4.0, houve o aumento de investimentos em áreas tecnológicas, que levou ao desenvolvimento da inteligência artificial e a sua ascensão no cotidiano das pessoas. Deste modo, pode-se analisar o real impacto, tanto positivo, quanto negativo, dessa inteligência no que tange a empatia na configuração da sociedade moderna.

Em primeira análise, sabe-se que, por natureza, o ser humano tem que formar grupos para viver em sociedade e isso é perceptível desde a época dos primitivos. As primeiras sociedades surgiram por meio de agrupamentos de pessoas que se migravam conforme a necessidade de conseguir alimentos para sobreviver, período conhecido na pré-história como paleolítico. Porém, com o passar do tempo o homem se tornou mais sedentário e deixou de ser nômade, se estabelecendo em um local com solo fértil, próximo aos rios e passaram a domesticar os animais, esse período se denominou como neolítico. Com base no exposto, fica evidente que independente se está fixo em um lugar ou mudando de acordo com a demanda, as pessoas sempre estiveram em grupos e tribos.

Além disso, é preciso observar a importância que as pessoas têm de estar em sociedade. Por mais bobo que pareça ser, o convívio social tem um papel significativo para o bem-estar físico e psicológico, pois os seres humanos têm uma necessidade de se interagir, cujo é cultivada desde cedo, quando ainda se é novo e está entrando na escola. Portanto, não é atoa que a primeira coisa que as instituições de ensino fazem é socializar as crianças, por meio de diferentes dinâmicas e brincadeiras, fazendo com que elas explorem seus sentimentos e aprendam a viver em conjunto.

Todavia, a inteligência artificial é um campo da ciência da computação mais recente, criada em 1956, a fim de buscar desenvolver novas criações e buscar respostas com auxílio da tecnologia. Para exemplificar, a A.I. “Artificial Intelligence” é o resultado dos avanços tecnológicos provenientes da revolução industrial e da globalização, com o foco de fazer com que as máquinas possam realizar tarefas que, até então, somente os humanos eram aptos a fazer.

A cada dia que passa a tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, possuindo diferentes impactos na sociedade. Desde a criação da inteligência artificial, muitas empresas tem adotado ela como uma forma de facilitar e agilizar o trabalho, já que com a I.A a produção fica mais rentável para a empresa, pois há uma redução na quantidade de funcionários necessários e um aumento na rapidez e na produção em larga escala. Logo, esses pontos, tanto positivos, quanto negativos, têm grande relevância e influência na relação das pessoas.

Primeiramente, a I.A. auxilia grandemente nas empresas na otimização do processo, auxiliando na tomada de decisão das indústrias, pois a inteligência analisa os dados precisamente e busca selecionar sempre a melhor opção para determinado caso, reduzindo assim as falhas. Além disso, o avanço dessa tecnologia, juntamente com a globalização, permitiu a aproximação de pessoas que estão em diferentes lugares no mundo, fazendo com que os indivíduos estejam “próximos”, enquanto na verdade estão em locais geográficos totalmente opostos.

A inteligência também possui seus pontos negativos, pois ao substituir os funcionários por máquinas, a taxa de desemprego aumenta significativamente e isso impacta diretamente nos quesitos sociais e psicológicos da sociedade moderna. Uma das principais consequências do desemprego é o aumento da pobreza, da desigualdade social e o aumento da violência; quando se analisa o aspecto psicológico surge problemas relacionados a autoestima e insatisfação do trabalhador.

Ademais, este avanço causou um afastamento entre as pessoas, pois muitas ficaram alienadas a esta ferramenta e focaram demais no mundo virtual, esquecendo e se afastando do mundo real. Sabe-se que a alienação é quando um indivíduo fica indiferente aos acontecimentos da sociedade, ou seja, a pessoa passa a deixar de lado as coisas que ocorrem ao seu redor, dando ênfase somente aquilo que ela julga como importante e/ou interessante. Assim sendo, é indubitável que a inteligência artificial trouxe para a sociedade moderna diversos pontos positivos e negativos, cabe ao ser humano dosar e utilizá-la de uma maneira que irá auxiliar e não atrapalhar a relação de convivência das pessoas.

Nesse viés, pode-se destacar o renomado Georg Simmel, sociólogo alemão que abordou a atitude “blasé” como um comportamento padrão da sociedade contemporânea, de maneira simples, esse ato consiste em deixar de lado assuntos, quando na verdade deveria mostrar atenção. Desta forma, o indivíduo da sociedade moderna acaba se priorizando e se ocupando com seus próprios interesses, de maneira egocêntrica, deixando de lado o ato de se colocar no lugar do outro.

Sendo assim, com base no que foi exposto, a I.A. é bastante influente na sociedade contemporânea, pois ela ajuda na melhor integração entre as pessoas que estão distantes uma das outras, deixando tudo mais rápido e fácil. Porém, essa inteligência deixa as pessoas mal acostumadas ao ponto em que chegam a se tornar escravas e totalmente dependentes das tecnologias, fazendo com que o indivíduo perca valores fundamentais como por exemplo a ética e a empatia, pois o ser foca somente em si mesmo e no seu bem estar no mundo virtual, esquecendo muita das vezes do que se passa ao seu redor.

Nesse sentido, com o passar dos anos valores como a empatia, seja ela cognitiva, emocional ou compassiva, irão se perdendo, considerando o avanço da inteligência artificial. Portanto, cabe o Conselho Nacional da Educação, por meio de uma modificação da Base Nacional Comum Curricular, ingressar disciplinas que envolvam habilidades socioemocionais, como respeito e empatia. Essas disciplinas devem ser estudadas não só pelo ensino infantil, como é feito atualmente, e sim em todas as idades, para que dessa forma as pessoas continuem a dar valor para essas virtudes e não deixem em segundo plano, como foi abordado por Simmel.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Atos





Em tempos de streaming em demasia sobre heróis, os referenciais estão dia a dia petrificando uma imagem de sucesso que sabota o sujeito social (Eu sei, sempre foi assim, mas a sensação é de que o tempo de adaptação agora é menor do que antes). Assim, muitas vezes ele (o ator social) se percebe aquém do padrão aceitável e reconhecido na sociedade. Essa frustração pode ser verificada em seus atos, tentando corrigir o curso ou se entregando a ele. E ao contrário da máxima... os atos nem sempre revelam quem é o indivíduo, mas apenas como está o ator social.

O ato de coragem não é entrar na frente de um tiro, de um carro, em uma briga. Trata-se de impulso de resposta espontânea, ou se tem ou se desenvolve perante as circunstâncias. Congelar ou agir. Ser um herói não é saber fazer uma improvisada manobra cirúrgica com tampa de caneta de bico de garrafa de destilado, ou recolocar o braço deslocado, dirigir de forma sagaz em uma perseguição de fúria ou fuga. A coragem heroica está em vivenciar o automatismo dos dias sem deixar que o abatimento tome conta. É levantar grato por um novo dia, mas também atento, aos detalhes que se repetem ou se alternam, às dificuldades que não dão trégua, à impessoalidade que determina o conjunto, o todo. Olhar os filhos, cada qual em seu fluxo de descobertas, experimentação e aprendizado; sabendo que todo pai e mãe também é filho, em um fluxo mais avançado. Compreender a si para ser alguém melhor para o outro, sem ser do outro.

O romântico ato de coragem não depende dos músculos, das cifras acumuladas, dos cargos e posição de poder ocupadas. Não se firma nas capacidades intelectuais, habilidade de argumentação e elucubrações. O anti-herói. Habitante calado da terceira margem do rio chamado realidade. Esse que veste roupas comuns, não fala muito alto, gosta de sentir o vento no rosto, valoriza um ar fresco, reconhece a importância do calor do sol à face. Saboreia momentos sem grandes expectativas e plateia. Coloca no papel não mais que traços em uma fragmentada linha reta. Que vivencia a empatia, sem fazer dela um estandarte. Esse indivíduo que se vê além do ator social, se sente e se percebe na paisagem e fora dela. Que aprendeu o caminho para Casdorra; e uma vez lá, não sairá. 

terça-feira, 6 de julho de 2021

pão


Outdoor, Ads, elemídias, painéis, displays, aplicativos e aplicações, papel, dinâmicas e gracinhas. Muitas vezes, a impressão é de que setores corporativos de comunicação parecem se revestir de estratégias e ações para ser vitrine (case de sucesso) para os pares e não para cumprir a atividade fim. O pão nosso de cada dia. A informação em avalanche tem de ser repensada. Tanto as plataformas, os conteúdos e os tempos. As narrativas precisam ser elaboradas sem o chicote da razão e com a flexibilidade dos contextos, sem corromper a mensagem. Considere o grau de autoconhecimento, autogestão emocional, empatia e repertório do indivíduo e sua atuação como ser social.

A inteligência emocional (Domina-te a ti mesmo) é mais que um termo corporativo, mas um aspecto crucial para refratar a imagem ao espelho. O autocontrole evoca sistemas de exaustão; verdadeiras portas emocionais de respiro. Há de se valorizar.

Trabalhar elogios não é semear a paz. Tampouco a rispidez das opiniões sinceras traz harmonia. Apenas a maturidade entre narrar, absorver e transmitir é o que prepara o terreno social para a paz. "Para ser do tamanho do que vê, oh Bernardo, é preciso lavar os olhos  e retirar a fuligem social"

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terça-feira, 22 de junho de 2021

parágrafo


Não se trata de um desabafo. Não imagino como interpretará isso os olhos ou o algoritmo. Como lixo, ruído de fundo, textura perene ou material de descarte em contagem regressiva. Mais um texto que some na massa em resultados de pesquisas por palavras-chave, em sugestões de conteúdo e chuva de links. As TVs na parede e na estante deixaram de ornar o altar do tempo da tradicional família. Dificilmente as pessoas sentam em frente ao desktop para ler, consumir informação. Tampouco colocam para esquentar o colo os mais diversos modelos de notebook. A primeira tela agora é a famigerada segunda. Na palma da mão. E nem precisam estar olhando, pois os fones (sem fio) fazem aquilo que o radinho de pilha fez bem em outra geração, em outro tempo. 

Deve-se saber o potencial de desdobramento, maturação e transformação da mensagem. O conteúdo então é reforçado, através das plataformas diversas e não apenas em uma. A mídia outdoor cada vez mais poluindo, pontuando e inovando na paisagem. Mensagens em cartazes, em placas, postes, em barramentos, eletrônicos, pessoas tropeçando em códigos QR, distribuindo e recolhendo dados sem perceber o que está nos termos de aceite. Aliás, os dedos nem imaginam o quanto consentimento têm dado, mais do que a assinatura à tinta. Papéis transformados, não invertidos. Mensagens que dizem mais do que se pensa, palavras que extrapolam a homônima canção. 

Antes de produzir um conteúdo; pensar em quem, como e quando o consumirá? Será que basta? Ao estruturar a mensagem, considerar tudo o que se pretende com ela: simples manifestação, lançar ao universo sem pretensões; ou chegar a alguém e causar significantes? O que se quer? Ou "o que se quer saber de verdade"? 

As coisas simples. Os acontecimentos aparentemente corriqueiros. Ignoramos tanto. Mesmo tendo ciência de que ignoramos, o máximo que fazemos é refletir, se condoer, valorizar algum, e seguir no automatismo de ignorar o simples e sofrer pelo complicado. Complicamos a felicidade, para evitar o "tédio" ou por temer não saber viver sem a frustração e busca. Tememos ou não sabemos viver a plena paz? Muitos consideram que ela nem mesmo existe. Revisitar o olhar, o tempo, as circunstâncias e o que realmente fica do que se faz e o que se faz do que fica. Experimente! Cada um tem seu rosebud. Após identificá-lo, é preciso saber vivenciá-lo.


domingo, 13 de junho de 2021

Asas versus ases




Uma boa ideia não morre ao tentar colocá-la no papel. Ela amadurece, ganha asas para conseguir alçar voos antes não imaginados. Ela se abre às possibilidades de ser complementada. Após o famigerado briefing e brainstorming, organizar as ideias em um planejamento é o que permite sucesso à iniciativa; ainda mais se envolver outros players.

Posto à mesa, como vinho aberto na taça para ter contato com o ar. Respirar. Harmonizar, aumentar o contato com o oxigênio para apurar o sabor e tornar a experiência da degustação ainda mais especial e completa. Assim a ideia, bem valorizada, organizada (não castrada), maturada.

No mercado, ao invés de despontar, as cabeças urram para sobreviver, tornar-se essencial não pela contribuição no processo evolutivo, mas pela dependência para manutenção de padrões das estruturas sociais estabelecidas. Compartilhar virou indicador numérico, afastando-se do real significado e potência do ato. Ao invés de dar asas à imaginação e também ao outro, as pessoas tentam se tornar o grandes "As" podendo ser tão lembrado como uma boa foto antiga ou como um papel térmico exposto ao sol. Precificar tudo, rotular experiências humanas como um produto de mercado tem consequências que extrapolam divãs e gerações. É preciso rever comportamentos sem busca por culpados, mas por soluções plausíveis. Façamos uma comunicação que dê vida às ideias. 



segunda-feira, 7 de junho de 2021

Dimensões atordoantes


O boomerang das narrativas. A comunicação, via mensagem, conduzindo o usuário que a conduz até o receptor (sendo ele outro detentor de mensagem e influência na ordem social) e voltando (vez por outra em um voo de borboleta). Conceber discursos (organizacionais ou não) tornou-se cada vez mais desafiador. Seja pelo aumento do índice de engajamento e inquietação do público, ou pela mudança do perfil das plataformas de transmissão das mensagens e padrão de composição e durabilidade das narrativas.  

A nem mais citada globalização atravessou as massas, impactou leituras de grupos sociais, integrou processos macro. Em seus desdobramentos, ou avanço, como queira, interferiu no padrão do indivíduo de constituir sua face social. Ou seja, tornou-se volúvel de acordo com o repertório que a todo o tempo é alterado com novas formas de se expressar, de receber conteúdo, de acessar. O "telefone sem fio" não é o cochicho de ouvido em ouvido, mas é wi-fi, reverbera sem controle. No ar, uma massa diversificada de significações, chovendo influência sobre a sociedade. Vai e volta indo para outro lugar. 

Sem subestimar seu público-alvo.  Essa deve ser não uma premissa institucional apenas, mas interiorizada em todos. A partir dela, pensa-se o objetivo da mensagem e segue o rito de sua produção. Vemos diversos aparatos modernos, muita publicidade arrojada, muita narrativa aparentemente de vanguarda, mas que em sua maioria, pré-julga o público e falha na premissa citada no início do parágrafo.

Lance sua narrativa






quarta-feira, 7 de abril de 2021

indignar-se


A maturidade da indignação é perceptível quando a inquietação social da classe ou do indivíduo, se manifesta não na pueril agressão ou na institucionalizada crueldade, mas sim em argumentos sóbrios, consistentes, analíticos e não alienantes. O contraponto bem feito é o que oferece equilíbrio à sociedade. A massa tende a permanecer no estado atual (parada ou em movimento), estagnada ou em evolução. Os solavancos que marcam nossa história rompem a inércia para o bem e para o mal. Nesse ínterim, é fundamental manter o olhar atento ao todo e aos detalhes, sem prender-se aos vícios de interpretação e o automatismo de produzir significantes que alimentam a zona de conforto. É necessário indignar-se; de forma madura. Feliz Dia do Jornalista, sobretudo em tempos tão difíceis.