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terça-feira, 1 de setembro de 2020

#googleads


Definir orçamento alinhado ao objetivo de cada ação. Estudar e determinar a segmentação estratégica para seu negócio conforme as possibilidades da plataforma e o padrão de consumo de informações de sua persona. Compreender o dilema das redes e buscar estabelecer um olhar que vai além, enxerga dentro!

Além de compreender o negócio, definir a persona e a narrativa... é importante (independente do tamanho da empresa) utilizar as plataformas disponíveis com planejamento e efetividade e técnica adequada para averiguar se o resultado esperado está sendo alcançado. Mais do que transformar a ação em um case, é determinar os objetivos, segmentar para obter a efetividade desejada. 

O #googleads é intuitivo, criterioso e com uma complexidade tranquila de se assimilar. Antes de criar as campanhas é fundamental compreender o objetivo e resultado. Segmentar, escolher a mídia e o fôlego da ação. O estudo de performance das campanhas contribui para redirecionar ações e até mesmo perfilar o comportamento e tráfego do público alvo, conforme o perfil do negócio.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Marcar valor à marca



No lombo do gado uma marca reluz. Couro queimado. Cicatriz sem sentido. Quando a marca registra valor no indivíduo, afora o trocadilho, a marca que fica é o significado além dos ícones; o significante além das breves atitudes. Outrossim, a sobreposição de versões confunde o indivíduo enquanto ser social. Deixa-o atordoado com tantos acontecimentos, verdades e pós-verdades.

Quando a marca perde valor? Não se trata aqui de alteração de cores, desenhos, aplicações, mas de atitudes, de posicionamentos e escolhas. A perenidade de uma empresa depende da aceitabilidade e sustentabilidade do plano de negócios no mercado pelas partes interessadas influenciadoras do processo: clientes, acionistas, comunidade de interrelação, funcionários, fornecedores. Entretanto, a empresa não é apenas maquinário, infraestrutura e processos, mas sobretudo as pessoas com poder de decisão. Desde as decisões simples, diante de procedimentos operacionais e normas, até decisões complexas de posicionamento a respeito de temas polêmicos, estratégicos, de negócios, de relação institucional e tantos outros.

Subestimar a opinião pública é o pior caminho a se tomar. A marca pode ter anos de presença na sociedade, pode ser âncora do desempenho econômico da cidade, pode ser proprietária de significante percentual de mão de obra economicamente ativa e de imóveis ou cadeia de fornecedores e geradora de tributos. Assim que decidir subestimar a opinião pública e esconder-se na omissão ou no rosto oculto de uma nota à imprensa, escolheu o rumo de destituir valor à marca. O processo de perda de valor de uma marca pode fazer com que ela deixe de significar a pujança de sua missão e visão e passe apenas a ser mais uma cicatriz mercadológica em uma sociedade comercial.

Em um breve exercício de lembranças, pode-se encontrar várias marcas que hoje são apenas uma cicatriz no lombo do gado social.

Atualmente, embora seja um artifício legítimo, funcional e direcionador, a "nota" tem sido usada de forma exagerada e desmedida. Ela torna homogêneo o imaginário a respeito da organização uma vez que manifesta a voz sem dar um rosto.  Trata-se de um posicionamento não personificado de uma organização gerida por pessoas. Seja por estratégia (mais fácil deixar a culpa ou julgamentos de valor recaírem sobre o ícone da marca do que sobre a pessoa gestora responsável pelo posicionamento) ou por falta de um Porta-voz preparado, seguro, verdadeiro e de coragem.

É fundamental equilíbrio e planejamento para estruturar a política organizacional de posicionamento. Segmentá-la por Natureza do tema, Tema, Público Direto, Público Indireto, Potencial de desdobramento do discurso, temporalidade das ações, e ainda a matriz de riscos do fato correlato à demanda por posicionamento. Assim pode-se estabelecer diretrizes para equilibrar quando se posicionar por meio de Nota, Porta-Voz, Ação Direta, viés jurídico, articulação política e etc.

A personificação na política é amplamente debatida; nomes viram bandeiras e ideologias. Nomes estabelecem-se como o resumo do desejo da massa, que pelo voto atribui valor e poder de decisão a um indivíduo. No mercado corporativo, as empresas apenas revelam um rosto à frente o ícone da marca quando o assunto é positivo. Quando se trata de um tema polêmico, telefones tocam sem parar, e-mails chegam sem resposta. Ou uma resposta padrão é pontualmente dada, até que saiam as notas.  A preliminar de forma vaga, e posteriormente as complementações, com dados técnicos e elucidações. Quando a bomba estoura juridicamente e de forma exacerbada na opinião pública, surge um Porta-voz para não apenas personificar o posicionamento e reforçar mensagem, mas para assumir a responsabilidade civil pela organização. Aí já é tarde!

Contudo, diante de tantos fatos questionáveis (em uma era social em que tudo se questiona e se publica), muitas marcas, por medo ou despreparo acabam por subestimar a opinião pública. Soterrando-as com notas e palavras ao vento. Seja com omissão, reforço de pós-verdade, controle comercial indireto dos meios de comunicação, mentira maquilada até mesmo com base científica (de pesquisas subsidiadas pelo setor parte interessada no viés de confirmação).

Para as organizações transitarem pela memória da opinião pública não há fórmula; trata-se de um processo que exige esforço, ritmo, maturidade e transparência para compor mensagens, significantes e significados. A área que cuida destes processos deve estar atenta, alinhada e capacitada. A mensuração dos resultados é possível (e nada abstrata) e um trabalho bem feito (com direito a trocadilho) marca Valor positivo à marca da organização.

... em breve falo mais sobre o tema aqui... 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Relacionamento em Rede - entre o tropeço e o soluço.

Entre o tropeço e o soluço, em busca das soluções, organizações buscam implantar e integrar diversas ferramentas de administração e gestão para estruturar estratégias e revigorar o plano de negócios de forma a encontrar a estrada dos tijolos amarelos da perenidade, com licença social, consolidação comercial, conforto ambiental, e fôlego financeiro, com uma bela imagem estampada na parede. A licença social tornou-se moeda de troca e valorização.

Dentre tantas ferramentas, a metodologia de relacionamento em rede é uma que contribui deste desenvolvimento de projetos, a reestruturação da estratégia de relacionamento institucional de uma organização, e também no seio familiar. O que antes ficava na mesa de profissionais de RP, ou de informais lobistas agora habita a mente de analistas de relações institucionais, gerentes, coordenadores, assessores e mágicos corporativos.

Para estruturar um Plano de Ação de Relacionamento Institucional é importante antes criar a matriz geral de relacionamento (em Excel mesmo), e nela estabelecer o corte do potencial de influência, estabelecendo uma matriz específica de partes interessadas (um desdobramento da primeira planilha). Tive a oportunidade de criar a metodologia do relacionamento em rede de uma empresa e perceber os benefícios que trouxe desde em negociações básicas de mídia/imagem, até articulações para garantia de atividades operacionais, internas e externas.

O próximo passo é estabelecer como esta matriz se relaciona com a organização objeto, qualificando o perfil e desdobrando em como cada personagem da matriz relaciona entre si. Após esta qualificação, que passa por uma análise com aspectos subjetivos de percepção e leitura de território, realiza-se um corte por cenário de interesse, montando um infográfico (em ai / cdr ou ppt) do perfil de relacionamento. Desta forma, é possível compreender o mapa de interrelação, entendendo o fluxo de articulação entre os indivíduos, possibilitando traçar estratégias, identificar pontos de tensão e pontos de equilíbrio, para definir o que deve ser protegido, pressionado, monitorado, mas nunca ignorado.

Muitos tropeçam em tentar estabelecer fórmulas, ao invés de adaptar critérios, aspectos, vetores e criar a própria metodologia de forma contextualizada com seu negócio, setor, local de atuação, perfil social, econômico e cultural.

Na matriz de interrelação, deve ser verificado o nível de interferência / influência entre os indivíduos, classificando e identificando por cores e letras desdobrando em diretriz para cada perfil de público e se for o caso específico por indivíduo. Se é forte, médio, pequeno ou inexistente. A partir da diretriz por classificação, estabelecem-se as ações.

Na verdade, a metodologia de relacionamento em rede é a formalização e aplicação corporativa / política do que já existe de forma natural na organização do ser humano em sociedade, bem observado por Gertz e tantos outros. Quando formalizado em uma organização, facilita o trabalho em equipe no que concerne à relação institucional, pois padroniza o posicionamento conforme a identidade organizacional e suas estratégias. É fundamental saber fazer a transição da estratégia, metodologia para aplicação efetiva da estratégia, sair da ideia e mensurar os resultados obtidos (o que é extremamente possível).


 

... este assunto merece um desdobramento... depois retornarei a ele por aqui...


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Varejo e varejeiras


Ideias delineiam os rumos das ações que interferem na organização social. É óbvio, mas apenas quando se pensa na generalidade deste aspecto. No entanto, quando pensa que a ideia em questão pode ser sua ou da sua empresa, a situação, sensação e atitude mudam. E logo começam as cobranças por audiência, por índice de percepção e retenção da mensagem, de valor da imagem e tantos et ceteras que nem quem pede sabe ao certo como interpretar e pior, nem sabem como estruturar planejamento estratégico e ações efetivas após análise dos dados. Sobre a mensuração e as complexidades que envolvem o tema comentarei posteriormente.

Antes, é interessante olhar de forma sutil para a forma e o conteúdo. O que informar e como informar... volta e meia esta mosca incomoda e pousa à frente das redações, públicas, corporativas e midiática. No que concerne ao ambiente corporativo, é fundamental não simplificar demais as mensagens e não banalizar as plataformas disponíveis, pois se quanto mais comodidade, mais preguiçoso fica o leitor (de texto / áudio / vídeo), o uso desequilibrado das ferramentas. Exemplos são vários. Antes ficávamos muito tempo assistindo a vídeos... os institucionais tinham 15, 10 minutos... depois reduziram para 5.. e agora, os indicadores de quem assistiu pelo menos alguns segundos da mensagem já despontam em relatórios de mensuração. Cada vez mais seletivo no universo expandido de conteúdos, o leitor (usuário) não assiste a vídeos longos caso não seja de extremo interesse.

Sociedade de vanguarda, a pseudo liberdade. Clamam, reclamam por divulgação, mais informações, mas não elavam o índice de leitura, não leem a quantidade exorbitante de dados que está disponível sobre os mais variados assuntos , seja na internet, nos livros e nas praças.  Não leem, despejam nas ruas o livo de folders, jornais e afins. Paradoxalmente, alimentam a reclamação por "divulgar mais e melhor". Reclamam que não há divulgação e não se envolvem com a ampla divulgação que existe. Não buscam. Querem, como filhotes de passarinho, receber o conteúdo já mastigado, regurgitado em suas mentes autômatas. Neste cenário, o lobby dos setores privados e públicos nada de braçada, construindo pós verdades, alimentando todo tipo de vaidades e consolidando fontes, desacreditando outras. O resultado é uma série de veículos de comunicação defendendo estandartes que nem de longe revelam os fatos, os interesses e desdobramentos correlatos. A comunicação  e o relacionamento institucional no varejo, com pensamento de atacado. Geralmente, o reflexo natural é espantar com um tapa as varejeiras, ignorando as ovas prestes a eclodir. Isto é óbvio, acontece há décadas, irremediável, quando se pensa na generalidade do tema. Contudo, torna-se preocupante quando analisada regionalmente, inclusive pensando qual o "seu" lugar e função no cenário.

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terça-feira, 20 de agosto de 2019

Com fio comunicação


A integração das gerações com as novas tecnologias espanta. Um espanto por causa da maneira intuitiva que novas gerações se relacionam com as novas plataformas e linguagens como se fosse inerente ao útero. Espanto também em virtude da dificuldade das gerações mais antigas de se relacionarem com o novo cada vez mais pujante, renovado. Entraves de processos de gestão e relacionamento então são verificados como desdobramento desde "espanto". Há de se definir práticas de interrelação e equilíbrio para caminhar em neste mundo tão digital, tão entregue à nuvem, sem pensar que ela pode sumir ao vento, desanuviar, ou até mesmo chover.

Avanços tecnológicos mudaram o modo de consumo do indivíduo, que tem no streaming um mundo de possibilidades. O 4G trouxe mais velocidade e qualidade no fluxo de informação. O AM deu espaço ao necessário 4G. A agilidade de entrega e a confiabilidade das vendas online mudou o modo de fazer varejo em uma série de setores. As agências bancárias são apenas entrepostos, pois as grandes transações são feitas na palma da mão. As organizações buscam se nortear neste cenário móvel, onde nada é perene a não ser a mudança.

Pelo Smartphone controla-se quase tudo, inclusive aspectos essenciais à sociedade, seja no âmbito familiar, profissional ou político. Os vazamentos pautam mercados, propositalmente ou não, tornam-se a justificativas de algozes que tomam decisões antes mesmo que qualquer interpretação mais aprofundada possa ser feita. A instantaneidade dos momentos sucumbe à superficialidade de decisões. Determinações, arbitrárias por demasia, geradas no ventre dos indivíduos do espanto. Seja os novos impacientes, onde um segundo é um millenium, seja os antigos em uma combustão ideológica estranha, uma inquietação frustrante de ser obrigado a acompanhar ou pelo menos se integrar ao novo para se manter em posição de relevância no grupo social.

A dependência digital é patologia psiquiátrica em alguns países, fundamentada no comportamento obsessivo do indivíduo que se desassocia do convívio em sociedade e se atém apenas no vínculo digital com a comunidade. A estabilidade é o santo graal. A estabilidade comportamental, mas sobretudo a estabilidade da prestação dos serviços e disponibilização das plataformas. Se tudo o é digital, se o desktop e HD externos, ou caixas físicas de arquivo perdem sua funcionalidade diante do brilho digital, o que acontece se o no brake falhar, se a nuvem chover, desanuviar ou simplesmente lá não mais estar por instantes? Não se trata de elucubrações da teoria do caos, ou Mayhem project; mas uma constatação para que os indivíduos olhassem para as nuvens sem esquecer do chão. Não se prender, não ser os extremos da era, não assentar sobre o próprio conceito de vanguarda, todavia, entretanto, ciente das fragilidades, escolher bem os passos, plataformas, narrativas, backups e trampolins. Trabalhar a confiança na estabilidade dos meios, da infraestrutura em estado de excelência, seja com ou sem fio.

Neste cenário, impossível não acompanhar a cadeia de interrelação dos setores e mecanismos e compreender a importância de se trabalhar matrizes energéticas diversas, sustentáveis, para que elas sustentem as nuvens no céu. Para garantir viabilidade às matrizes energéticas sustentáveis tem de se trabalhar a maneira como é feito o manejo dos recursos naturais e como é encarado a questão do custo versus o benefício, sem a demagogia das contas bancárias ou bandeiras xiitas. Pois, a tensão nos extremos descompensa o equilíbrio de todo o corpo social. Quando se exercita o raciocínio da esfera de influência social macro, até chegar no universo miro do indivíduo, percebe-se o poder do bater de asas da borboleta, compreende-se o seu grau de interferência nesta cadeia de eventos que pode reconfigurar a sociedade ou reafirmar paradigmas. Pode manter de brigadeiro o céu ou desencadear uma tempestade. Há de se saber o momento de se molhar na chuva.

Fonte: https://istoe.com.br/326665_VITIMAS+DA+DEPENDENCIA+DIGITAL/



sexta-feira, 5 de julho de 2019

Caça às bruxas na casa de espelhos



É importante moralizar a sociedade. Embora emblemático o termo, nada mais é do que reajustar a massa ao comportamento definido com padrão social, que delimita o conceito da respectiva sociedade. Entretanto, os excessos de dedos e poderes de denúncia tem tornado os cidadãos em algozes da diferença, apontando a diferença como desvio e já determinando pena. Uma casta de acusadores, que muitas vezes acusam com uma trave nos olhos, o cisco que há no outro. Deste modo, os grupos promovem uma caça à bruxas baseados em suposições e o pior, não se reconhecem nas práticas que condenam. Assim alimentam-se as mazelas e a disparidade social. Ávidos por punir alguém e assim ganhar posição de destaque promovem uma Caça às bruxas na casa de espelhos; beiram o ridículo. Compliance, Código de Ética, Leis, Normas, Procedimentos devem ser coerentes e aplicáveis a todos e não apenas de forma conveniente, segundo a posição social (cargo e etc).

Empresas como Odebrecht, JBS e Petrobras investiram mais em  programas de compliance para tentar reconstruir a reputação, cumprir exigências de acordos de leniência e prosseguir com negócios, mas nem isso as tem salvado algumas da falência (Odebrecht entrou em recuperação judicial e a OAS apresenta iminente derrocada). Programas de Compliance apresentam problemas dentre outros aspectos da cultura organizacional, também em Cláusulas anticorrupção (devem ser definidas de forma clara, ampla e abrangente também à alta direção e não apenas a cargos baixos).

Voltando a falar da caça às bruxas, percebemos muitos Coronéis de pós verdade. Na verdade, Coronéis de versões que sobrepõem o próprio ponto de vista aos fatos. Fazem publicidade. Queimam então na praça pública de redações, casas, repartições e salas, as pessoas como se fossem objetos, ou animais a serem sacrificados. Ignoram que o ditado é certeiro. O mundo dá voltas e o universo se expande. Tensionam o conceito de moral a bel prazer e debruçam-se sobre a vida dos outros com a arrogância punitiva de cegar-se às variáveis e aos fatos e ater-se apenas a seu ponto de vista e seu poder de decisão.

O cenário descrito acima está presente em diversos núcleos sociais, seja de configuração profissional, religiosa, familiar. Ele subtrai do sujeito a oportunidade e direito de defesa. Direito fundamental inerente à pessoa humana, documentado na Constituição Federal Brasileira de 1988, no artigo 5º, inciso LV, com os seguintes termos: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Conversar sobre contrapontos, relacionar as diversas versões a respeito dos fatos pode amadurecer a percepção, a visão e compreensão do contexto. Para manter a sociedade viva é necessário ter controladas a tensões, delimitadas as interações da diversidade e também a arbitrariedade do padrão social instituído, o padrão absorvido, e o padrão natural. Paradigmas não são intocáveis. É fundamental ter a visão do detalhe, da paisagem e de como um interfere no outro. Amadurecimento é aspecto elementar, profissionalismo premissa básica.

Em tempos de moralização, de politicamente correto, de intolerância agressiva sobre o pensamento diferente (independente dos lados), é preciso ter cuidado de como respiramos, ao lado de quem, e o que decidimos fazer. É preciso olharmos no espelho e reconhecer o reflexo, se somos algozes ou as bruxas a serem queimadas (para no futuro virar busto em praça, capítulo em livro e nome de medalha, rua ou penteado). Procure se esquivar dos extremos e das armadilhas do centro.

Importante também lembrar, que o tratamento de dados pessoais no Brasil estará submetido a nova legislação, já aprovada e que entra em vigor em 2020. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, regula o tratamento de dados pessoais e também atualiza os artigos 7º e 16 do Marco Civil da Internet. A lei se fundamenta em diversos valores, como o respeito à privacidade; à autodeterminação informativa; à liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; à inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; ao desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; à livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor e aos direitos humanos liberdade e dignidade das pessoas. Então muito cuidado ao coletar e tratar de dados pessoais, ou o tribunal será o nova rede social, onde todos encontrar-se-ão para tratar da vida, dos anseios, conquistas e punições.

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Esse estandarte recorrente




O pensamento social estaciona, rumina e reverbera a preocupação com a coerência. Coerência entre gestos e valores definidos como padrão social. Na rede de conceitos em interseção e mudança, riscos, crises, imagem e reputação ornam estandarte de instituições, seja CPF ou CNPJ. Todos anseiam uma boa reputação e muito fazer para construí-la e proteger. A leitura de Gestão da Reputação (Elisa Prado - Aberje) é boa pedida.

Já comentei sobre isso aqui... Empresas forjam um discurso de transparência para criar um acessório à marca e assim realizar a manutenção da reputação. Para funcionar, é preciso conhecer a dinâmica social da personificação. A partir disso, a organização deve definir os conceitos que norteiam a cultura da empresa de forma a designar a gestores a função operacional de transmitir no dia a dia, via comunicação face a face, a cultura e o posicionamento da empresa. Como não atuam na maior parte do tempo no cenário atual (mar de rosas), mas variavelmente em aspectos adversos (mar de espinhos) as empresas precisam manter atualizado o cálculo e o apetite a risco. A reputação é responsabilidade de todos os funcionários e quando obtida por comportamento e postura adequados não exige esforço de blindagem, pois seu reforço é natural. Diante da crise de imagem, a reputação bem construída já é em si o propulsor da recuperação. Alguns profissionais, artistas e empresas podem ser exemplo. 

Entretanto, cada um entende de uma forma. “Comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende”(David Ogilvy). Com um perfil de leitura baixo, a massa essencialmente se informa via o antigo “boca a boca” ou seja, se informa pela codificação de um porta voz que relata a percepção e não o fato. Este cenário compromete o pensamento crítico uma vez que o limita. Grandes pensadores de "compartilhamento, retuítes e aspas". Resultado? Convivemos com pessoas que são ácidas em criticar, julgar e até mesmo sentenciar (às vezes até mesmo executar a pena); todavia, debruçadas em interpretações de outros, em pensamentos formatados, conclusões induzidas. Falam de uma lei sem a ter lido, interpretam um comportamento sem conhecer os procedimentos, fluxos e normativos que o envolvem. Adoram assentar-se no trono social e gozar do poder, sem o preparo necessário para exercê-lo. Adoram entupir as ruas para reclamar da situação e da oposição, mas não exercem as pressões via mecanismos democráticos além do voto: presença em reuniões ordinárias, petições em gabinetes dos representantes eleitos, acompanhamento das informações de prestação de contas, realização de audiências públicas ou reuniões comunitárias com líderes. É mais fácil e perceptível fazer barulho, ou tumulto, mas isso muda algo? A curto, médio e longo prazo? Acredito que ações simultâneas de manifestação em várias frentes teria mais efeito, pode ser que menos impacto e mídia, mas talvez se aproximasse do objetivo. tempo de violência, e não mais somente nas telas do cinema, mas intensificada no dia a dia, independente do local, horário e vestimenta. Na era dos extremos, diálogo algum tem êxito, pois a dinâmica das conversas têm sido sobreposições de opiniões.

O conceito de compliance é a nova moda conceitual do mundo corporativo (que já passou por responsabilidade social, qualidade de vida, sustentabilidade, qualidade total, e tantos outros"), mas ele remete a uma premissa básica, a do exemplo, coerência. Agir conforme os valores, estando isso escrito ou não, estando alguém olhando ou não. 

Evite intermediários e busque ir o mais próximo possível da fonte de informações e confronte versões. Questionar é uma virtude, conciliar versões em uma interpretação para então formar opinião é um bom exercício. A reputação é um estandarte que não se põe na janela ou no peito, menos ainda em discursos. Outrossim, é percebida.

Repetidas. Batidas da canção que o coloca em movimento nas ruas. Seu ritmo de olhar a vida é tão volúvel como a escala das notas do solo. Ele tinha ciência de que não sabia de nada, e isto não mais era incômodo, ou motivo de sofrimento, tampouco consumia tempo. 

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sábado, 25 de maio de 2019

Persuasões



Cialdini chegou a ser explícito em sua obra com as técnicas de persuasão e como pode ser instrumentalizado no dia a dia, tanto na profissão, quanto nas demais esferas sociais. Passando pelas armas da influência, reciprocidade, compromisso e coerência, aprovação social, afeição, autoridade, escassez, influência instantânea e mimetismo. Uma sociedade que alterna seus valores e seus marcos através da relação Tecnologia Disponível x Tecnologia necessária x Tecnologia acessível x Tecnologia desejada. Tire a palavra tecnologia e a interrelação dos conceitos contia a ser o chicote sobre o lombo social. Pretensões marcam o ritmo. Noticiários alternam entre o respiro e o sufoco.

A facilidade das interferências está no perfil humano de adorar ter intermediários para tudo. para as escolhas, para as tarefas simples, para exercer a fé, para amenizar punições, transportar mensagens ou assumir atos indesejáveis. Preferem a abordagem mais fácil, o clique mais rápido, o alimento já processado. Culpam o tempo, que transcorre sempre como transcorreu (60 segundos por minuto), entretanto, a sensação, a percepção do tempo revela dias abreviados.

Para exercer influência é necessário mais que empatia. Após identificar o comportamento padrão do grupo social, faz-se necessário conhecer o ponto de pressão da espécie e pressionar ou proteger conforme o interesse e necessidade. Ciente de como opera o comportamento padrão e quais os pontos de pressão dos indivíduos, torna-se possível compreender e identificar os esteriótipos, bem como os mecanismos para redefini-los. Trata-se de uma dinâmica de recondicionamento social, a partir da ação de um indivíduo ou grupo coordenado. Proteger as fragilidades para controlar a intimidade e selecionar grupos de acesso.

Operadores do automatismo surgem como reguladores do comportamento padrão. Definem atalhos entre os valores morais, leis estabelecidas, princípios e anseios. Conhecem os pontos de pressão e os administram de forma a estabelecer o alívio de automatismos que mantém a sociedade em fluxo constante, quase espontâneo, imperceptivelmente induzido. Assim, ninguém questiona os especialistas, tampouco os líderes. A aceitação é uma variável da conveniência e sobrevivência.

A percepção da realidade dá-se pelo referencial (repertório) de cada um, altere o referencial e controle a percepção. Assim interfere-se no padrão de construção da opinião pública. Identificar repertórios (base) e os referenciais estipulados. considerando que as escolhas, decisões são tomadas a partir da percepção (que por sua vez depende do referencial), uma ação de re-significação do referencial pode alterar a percepção e por sua vez, conseguinte, as escolhas e decisões do indivíduo. Esta estrutura torna-se ainda mais desafiadora e complexa considerando todos os atributos da sociedade líquida de Bauman. É preciso controle e reciprocidade e para isso é fundamental ter timing and balance.

Alguns executam a dinâmica da dívida. Assim, utiliza altruísmo como instrumento gerador de "dívidas de gratidão", construindo então uma rede de influência e poder de persuasão. Como defesa, o sujeito pode exercitar as ferramentas de "evitar" e "recusar" envelopadas de uma gratidão protetora. Estar atento às iscas de gratidão, recorrentes como ferramenta de influência.

O conflito de autoridades gera autorizações e transgressões. Grandes lobbystas (de setores industriais, produtivos, religiosos, educacionais e etc) subvertem o que chamam de cultura de compliance para redefinir o comportamento padrão de um grupo, por meio de manipulação dos pontos de pressão (fragilidades/acessos) e das "dívidas de gratidão", onde o desconforto propicia certa culta e sentimento de ter de gerar recompensa. Não pedir, mas conceder, para depois obter. Assim, a sobreposição dos padrões sociais estabelecem uma sensação de força cultural natural, cujo meio de fuga é alternar a moral. Uma revisão de conceitos e interiorização deles em seus gestos, pensamentos e sonhos. Para ocorrer as mudanças interiores deve-se cultivar uma ideia, e a inserir no seio social por meio protéticos sobre as lacunas. Posteriormente, retira-se a ideia do cenário, ficando então o novo padrão de comportamento.

Motivos? Para alguns a manutenção do fluxo da vida em comum, para outros uma maneira de exercer potencialidades percebidas, para outros, mera diversão.

Entre casais, sutil tortura a de controlar a quem se ama para satisfazer uma carência; sublime submissão a de ter a ciência disso e ainda assim sucumbir ao controle do ser amado, chamando isso de entrega.

A estratégia do eterno retorno e compasso da compra. A sociedade, um corpo de poros escancarados, seres suscetíveis, com pontos de acesso e exaustão. Quando o clichê do tempo movimenta o vento e balança o prisma que protege o caráter das pessoas, muda-se a imagem, ou revela-se um pouco mais.

Compromisso e coerência como justificativa mental para as escolhas. Alicerces da integridade. Construindo um novo padrão de comportamento como referencial, altera-se as estruturas da aceitação, por empatia ou autoridade. O aconchego da aceitação social é como trancar o quarto 101 de 1984. A combinação de estratégias de influência consolidam os relacionamento nas diversas esferas da sociedade e sustenta o fluxo afora as imperfeições psicológicas dos indivíduos. As vulnerabilidades, pontos de pressão do indivíduo, são aceitas então; tanto como ferramenta de manuseio, tanto como limitação do ser humano (tão desejoso de colocar um trono sobre as estrelas).

Motivos? A falta. A falta afasta a calma, inquieta a alma e nos faz sucumbir à rima. A escassez, desde os detalhes até a amplitude de sua complexidade, envolve os indivíduos em sociedade, transformando-o em sujeito, ser social. A ambientação da falta estabelece lastro de interferência. Então desdobra-se em controle. Afã da raridade x Controle de ansiedade.



terça-feira, 3 de julho de 2018

sangria



Era a sangria de um dia frio. Ele não sabia se o gosto do café era prosa ou verso. Bebia descomedido, em copos. Os acontecimentos ao redor não tinham corpos. Apenas fluxos.

"Eu vou comer realidades para cagar suas ilusões". Comer realidades; defecar suas ilusões. A congestão da alma ao tocar o espelho no balanço do vento que me revela. A sanidade de outrora agora convergira na atrocidade de palavras ácidas (será algo que comido foi?) e olhares ávidos por aconchego. A paz que excede o entendimento vem no alento que ultrapassa a rima. As pegadas da madrugada não deixam marcas, nem quando do céu desce orvalho, cobrindo-nos. Nus.

O que foram dedos entrelaçados de mãos cansadas, tornaram-se o monumento soterrado no canto da sala, onde nem as aranhas arquitetam.

Passado está o tempo das encruzilhadas. Momento sutil onde todas as possibilidades estiveram pujantes, latentes, extremamente atrativas e com potencial de sucesso. Feita a escolha... o caminho continua e você apenas vê, numa paralela que se afasta em outra dimensão, aquilo que fora possibilidade e que agora é uma pintura viva na paisagem. O vento à face é um virar de páginas em que percebemos por um instante a sobriedade de seguir.

As ilusões diárias são nutridas para distrair o indivíduo continuamente e abstê-lo de refletir sobre sua passagem no tempo e não a passagem do tempo por ele. O automatismo que garante a fluência social é a trava para a evolução buscada.

Cada momento ruminado, na certeza de que se apressado ou lento tudo acontece, ou não. Assim, a caminhada, pensada e repensada no caminhar pode revelar que os rumos, os tempos, os fins, finais e inícios são apenas aspectos, pontos de referência em uma teia que vai além das três dimensões, do mecanismo de criar e sobrepor padrões; da dinâmica de gerar e se entrelaçar aos significantes.

A digestão das ideias, a congestão dos sentimentos. O sono aconselha o inquieto enquanto reorganiza os móveis dos questionamentos no salão dos ideais do amanhecer.



segunda-feira, 7 de maio de 2018

accumbens



O epicentro da movimentação humana. Parte da área do cérebro responsável pelo sistema de recompensa, sensação de prazer. As obsessões e apatias humanas estão relacionadas a como está a saúde e utilização deste local em nosso cérebro. Biologicamente necessário para motivar o ser humano a exercer, pelo prazer, atividades que garantem a sobrevivência (comer, movimentar, reproduzir e etc).

Núcleo Accumbens; Durkhein adoraria passear conscientemente por ali, para traçar como a sociedade modula sistemas, comportamentos, padrões e paradigmas.Parafrasear a sociedade líquida de Bauman e o estandarte dos pernósticos sociais em ser engrenagem julgando-se serem a chave mestra desta grande trama.

A saciedade buscada incessantemente extrapola as necessidades de subsistência das pessoas e alcançam um patamar de tortura social que se perpetua no automatismo, se dissemina no mimetismo evolutivo do passar das gerações. No entanto, os tempos no tempo são um desafio no equilíbrio do conflito das gerações.

A sociedade incompreende a percepção de tempo do outro, estabelecendo assim julgamentos de "atraso", "adiantado", "na hora certa". O conflito de gerações poderia ser amenizado se cada qual compreender como percebe o tempo e como o outro o concebe para assim coexistir no espaço tempo, interagindo nas diversidades.

Refletir sobre os paradigmas é mais que romper para estabelecer outros, ou questionar para subverter o que rege as relações sociais. A Reflexão mencionada aqui evoca uma madura reestruturação do modo como lidamos com o ambiente interno e externo do indivíduo, e como estabelecer integrações entre os padrões e paradigmas sem impor, mas conciliar. A motivação reordenada a partir da reflexão madura pode ser útil para viabilizar a vida em um planeta onde recursos naturais têm sua disponibilidade comprometida, e a proporção de habitantes (mais de 7 bilhões) com o acesso e disponibilização de recursos preocupa. A famigerada evolução da profanada raça humana pode conter uma chave de retomada, um núcleo que se aprimorado, pode fazer do transcendental uma realidade. Seras tu Accumbens?

sexta-feira, 13 de abril de 2018

manifesta




A humanidade define os verbos que movem seus ventos. Os indivíduos repetem sozinhos tais verbos até sentirem-se seguros de os fazerem reverberar na sociedade. Agredir. Romper. Sacudir. Convencer. Obter. Amar.

Manifestar. O metro quadrado variável. Manifestantes tem um número, autoridades tem outro. As imagens revelam trupes, os ares confundem no vento os objetivos. Estilos, ideais, ideias. Tudo se defende, todos se ofendem. Um "demo" do processo democrático a cada esquina. As praças ocupadas, as redes sociais soterradas. O mundo tornou-se cansativo em um cenário de manifestações estruturadas como desfiles de escolas de samba. Depois que a banda passa fica a sujeira nas ruas, o cheiro da urina, os estilhaços, as manchas de tinta, de sangue, o custo (público ou privado) de se restabelecer o ritmo da sociedade até a próxima manifestação. A desordem das palavras, o desencontro das pessoas, o desencanto. Os sentimentos suprimidos a orelhas de livros, a recadinhos de um instante, um toque dos dedos na tela, um emoticon que esconde nosso rosto.

A manifestação muitas vezes ignora os caminhos efetivos e formais de provocar a mudança necessária, e invoca ânimos para evocar o caos numa estratégia de “resetar” o sistema contra o qual manifesta. Ansiamos atalhos, tal qual o lobo mal. Mas os protagonistas desconsideram o mar de variáveis para alcançar os objetivos por estes meios. Desconhecem um modo eficaz de caminhar pela burocracia da formalidade e assim provocar as mudanças. Assim, decidem então pela ruptura brusca, o restart a partir das manifestações, dos bloqueios, do caos. O diálogo da gritaria, para romper a apatia de quem não deseja tomar em mãos bandeiras. Engraçado, mas quando se verifica o quê financia o quê, percebe-se que nunca são os opostos a brigar, mas os aliados em tempos diferentes. As ranhuras da sociedade acobertam as conveniências das vozes e narrativas.

Em uma onda de manifestar a indignação sobre tudo, até sobre a nata do leite, esquivamos de manifestar o amor, o equilíbrio, a aceitação das diferenças e a busca por soluções cordiais aos intermináveis conflitos de interesses. Vasto o mundo é, mas o ponto que todos desejam ocupar cabe poucos; o poder de controle. O epicentro, precisamos aprender muito ainda...


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

emissário


Torta ao vento, a palavra enraizada segue seu rumo. Teus lábios como pétala de uma flor capturam meus sentidos no silêncio, e o tempo me impõe a tormenta da espera, esperança. Sempre há um pouco de partida em cada espera.


O dia nos nasce com um modo de perceber que depende de diversos fatores. Mas hoje foi um dia que brilhava sem agredir as vistas, que aquecia sem incomodar e refrescava sem deixar os pelos do braço em riste. Envolvemos nossa mente em uma série de frustrações do outro e de si, e acreditamos um dia tropeçar na cura para tais mazelas. Por vezes recorrentes buscamos o que não precisamos. Criamos conceitos que não se aplicam ao nosso repertório e depois sofremos com eles. E ainda desejamos tropeçar na cura que cai do céu. O dia então nos embala no aconchego do tempo para sentirmos ao invés de apenas passar. Sobrepõem-se então todas as sensações e o texto perde a pontuação. O dia despido da manhã, lavado da tarde, se embrenha na noite. O dia nos adormece, na esperança sem norte, até o porvir que não se anuncia.

Ninguém é mais o mesmo. Este eterno clichê. 

Borboletas na janela
o vidro é a retina dos meus olhos
bloqueio natural para o que belo é

corpo em trânsito no elixir da vida
as rimas contornam os poros dela
certeza do rumo do acaso que é
destino

escorrem dos olhos

o que a chuva não faz escorrer das janelas
O mesmo é mais ninguém. Clichê eterno este.


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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

o que se quer



Uma análise ponderada sobre as ações de sustentabilidade (de todos os atores sociais) pontuadas pelo agenda setting, percebe-se que a multiplicidade envolve a todos em uma noção equivocada de transparência e responsabilização. As empresas não estão preocupadas com a atuação em localidades, as chamadas comunidades. Tampouco as consultorias por elas contratadas (visam lucro e reputação), ou as certificadoras que fiscalizam processos (visam reputação e ampliação de mercado controlado). Tudo é arquitetado para se obter uma licença social, uma aceitação de intervenção e presença de forma a controlar tensões e conflitos de interesses sem atrapalhar o fluxo do desenvolvimento econômico. A gestão pública não está interessada em primeiro plano na demanda da população, mas sim na manutenção do poder e para isso negocia benefícios, emendas, recursos, cargos e os rotula de ação social e estratégia. O atendimento popular é então apenas o efeito de retardo das articulações, o efeito colateral da defesa de interesses de quem está no poder. Assim, toda ação social contemporânea carrega um retrogosto de interesse financeiro, com tons aromáticos de vaidade (até mesmo misturado de altruísmo).

A ansiedade por obter boa imagem faz de todos “lobos em pele de cordeiro” alternando-se entre ser a vítima e o carrasco. Faz-se necessário definir antes de agir qual o nível aceitável de hipocrisia ou transparência ao se estabelecer as relações. O mesmo deve ser definido no discurso propagado. A grande vítima por outro lado (comunidades), não apenas é lesada, mas também se faz algoz, em proporções devidas. Não está preocupada tanto assim com o próximo, mas essencialmente consigo mesmo, com sua subsistência e posteriormente com sua alavancada na qualidade de vida, rumo ao status de quem detém poder, ou pelo menos quem não sofre tanto com ele. A preocupação com o meio ambiente não é amor à natureza, mas interesse em manter viável o local em que vive e de onde retira recursos. Por muitas vezes é até uma submissão de subsistência a alguma crença. Outrossim, pessoas condenam a iniciativa privada ao mesmo tempo em que almejam um cargo dentro delas, para essencialmente repetir o que já é feito.

Chove dentro e fora. As mudanças existem. Encontrei em uma caminhada sem precedentes pessoas simples. Simplicidade que não se refere a posses, a vestuário ou vocabulário. Mas uma simplicidade de olhar a vida e tocar o outro. A maneira leve de perceber as coisas complexas da vida sem afetar-se em um processo destrutivo, ou filantrópico. Tampouco essas pessoas desejam divulgação de seus atos, nomes, imagem. Nem dinheiro, nem abraços. Não era condicional o que faziam. Suas necessidades eram supridas de outra forma. Não eram santos no sentido sacro, pois cada qual guardava suas imperfeições, mas talvez o eram no sentido da palavra, “separados” diferentes de um modo que todos podem ser.

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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

caixa


Esconda sua felicidade no seu sorriso. Não permita que toquem, que furtem ou que o soterrem.

Cambaleou e mesmo diante do contorcionismo para evitar a queda, sucumbiu. Tentei juntar os pedaços do cristal despedaçado e quanto mais tentava, mais me cortava. Os cortes, o sangue, as lágrimas. Varri então os cacos, acomodei-os em uma caixa. Identifiquei-a e a entreguei ao mercador dos cacos. 

Deixe ao tempo o que ao tempo designado é...

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

curvas



Faz em mim curva o vento.
Vou me nu 
Invisível entre os ombros angustiados 


A metrópole permite lacunas dos fluxos cinzas do cotidiano. Possibilita a existência de espaços encantadores, onde um bom olhar pode ser degustado com café. Sublime, a música ambiente isola o som da cidade e harmoniza os sons das pessoas. O aroma de café me seduz e eleva a um ambiente onde não me conheço, me reconheço e me leio. Os sabores do café e do bom queijo a embalar essa silenciosa e solitária dança em uma tarde de brisa suave.

Um macchiato para o primeiro verso. Um chemex com grão na linha mais exótica para me debruçar e tocar a próxima estrofe.

Contorna-me o tempo 
enquanto palavras perpassam os poros

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

descalço



O coração caminha descalço no arcabouço de um dia sem ar. O suspiro esmura o tempo em busca de refrigério, mas o eco não há de libertar, apenas devolve distorcida a ferida de um pesado pensar.
Olhos cerrados florescem um novo dia.

domingo, 20 de agosto de 2017

trilhas

Minas teus sons
ofícios das Gerais 
Forjando na pele e nas veias
a história que a letra não traz

Alfabeto posto
escolha seus punhais
minhas cicatrizes estão no interior
De Minas 

domingo, 18 de junho de 2017

poça passo peço



A iminência de um passo. A gota formada desce pelo ar sem mira, sem esperança alguma, sem qualquer pensamento sobre passado presente e futuro. Sem preocupar-se com o estado em que se encontra, sem ao menos ter ciência de sua pureza. Cai, repousa na face de quem o céu observa na esperança de ser refrigerado, corpo e alma. Durante uma caminhada o automatismo mantém em movimento o corpo enquanto a mente se liberta para buscar soluções, rumos, tempo. “A falta de alternativas clarifica maravilhosamente a mente.(Henry Kissinger)". Uma mente clarificada, sem as névoas do dia a dia, permite perceber a vida, o ambiente ao derredor, de uma forma diferente. Entre as formas de tocar, a mais intensa é o olhar. Suas camadas, suas cores e seus versos. Não melhor ou pior, mas diferente. Seu doce vai além da formiga que chama ao vento.

Assim o tempo se embrenha no vento e dobra sobre os poros, escorre pelo olhar, mantém-se tempo, vento. O ruminar memórias de estrangeiros, os passos de Marco Polo revelando invisíveis curvas que dobram conceitos. O segredo das pisadas não está na direção. Se te escrevo me descrevo, me embrenho e ainda respiro.

Esse laço desfeito sobre nossas cabeças que solta-nos ao ar em uma queda onde a liberdade é o tormento de distanciar-se do que se deseja. Você não compreende o que é fazer da palavra um punho fechado a esmagar o coração no peito, comprimindo suas batidas, espremendo o que corre nas veias.
...

Plenamente belo, o beija-flor perpassa os fios do vento carregando em si o pólem da esperança, o sabor do verso de amor. Antes de pousar, o beijo, o momento delicado de reverter a física a favor de um instante. Meu olhar encontrou repouso no seu voo. Os ambientes passavam e entravam dentro de mim.

domingo, 4 de junho de 2017

Tensão Superficial


A Política Externa e suas interfaces

A partir da leitura da realizada pela abordagem de Zygmunt Bauman, onde a modernidade revela uma sociedade líquida, podemos expandir o olhar e refletir acerca da percepção dos movimentos da organização social. A liquidez da sociedade, seus conceitos e suas relações, atribuem ao indivíduo uma nova vertente de comportamento e de busca para alcançar um estado de harmonia. A perenidade já não é mais um estado viável, pois segundo Bauman, "Nada foi feito para durar", tudo então é transição. A referida transição, segundo a liquidez de Bauman se ampara no desejo individual extrapolado para o coletivo. Um bom vinho e as armas adequadas para degustar a líquida sociedade.

Diante de um mundo líquido, onde cada um é potencial produtor e reverberador de conteúdo, é preciso ter muita maturidade ao se falar de política e não apenas ter o vigor da paixão. O ser humano, animal político e social, não pode confundir esta vocação de sociabilização (por meio da política) com paixão, desejo íntimo de saciar-se. As intermitências da ética materializam os lapsos humanos em defender os interesses íntimos travestidos de bem comum e bem-estar social. A história das nações e seus ciclos de poder revelam como cada vez mais a sociedade sofre com os abalos da moral humana.

O “derretimento dos sólidos”, traço permanente da modernidade, adquiriu, portanto, um novo sentido, e, mais que tudo, foi redirecionado a um novo alvo, e um dos principais efeitos desse redirecionamento foi a dissolução das forças que poderiam ter mantido a questão da ordem e do sistema na agenda política. Os sólidos que estão para ser lançados no cadinho e os que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade fluida, são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas – os padrões de comunicação e coordenação entre as políticas de vida conduzidas individualmente, de um lado, e as ações políticas de coletividades humanas, de outro (BAUMAN, 2001, p. 12).

Na leitura da sociedade líquida, percebe-se um ponto de tensão determinante para a organização social. As relações Internacionais e devidos desdobramentos. A política externa transita pela tensão superficial da sociedade.

A Tensão Superficial é o fenômeno físico pelo qual passa todos os líquidos. Este fenômeno consiste na formação de uma espécie de membrana elástica em suas extremidades. Trata-se da tendência de todas as moléculas do líquido a se compactarem em direção ao centro de massa, pois existe sempre uma resultante em todas as moléculas que aponta para o centro, de forma que criem a superfície externa de menor área possível, uma vez que todo sistema mecânico tende a adotar o estado de menor energia potencial.

"A tensão superficial da água é resultado das ligações de hidrogênio, que são forças intermoleculares causadas pela atração dos hidrogênios de determinadas moléculas de água (que são os polos positivos (H+)) com os oxigênios das moléculas vizinhas (que são os polos negativos (O-)). No entanto, a força de atração das moléculas na superfície da água é diferente da força que ocorre entre as moléculas abaixo da superfície. Isso ocorre porque essas últimas apresentam atração por outras moléculas de água em todas as direções: para cima, para baixo, para a esquerda, para a direita, para a frente e para trás. Isso significa que elas se atraem mutuamente com a mesma força." (FOGAÇA).

A política externa dinamizou-se para além das negociações de fronteiras e gestão de recursos naturais (fontes de energia e alimentação) para um jogo politizado, com viés de relacionamento democrático e igualitário, tendo midiatizada a política externa. Trata-se de uma caminhada sutil pela tensão superficial da realidade e fundamentos da sociedade. Desta feita, faz-se primordial refletir sobre o Estado e sua filosofia de relacionamento internacional.

A ordem mundial e a famigerada disputa de ideologia de Estados dominantes. As relações internacionais, para a constituição e manutenção de uma ordem mundial passam pelo diálogo e debate de anseios e posições de cada Estado dominante. Considerando aqui Estado Dominante, a nação detentora de poder de interferência no mercado mundial seja por controle de recursos naturais, materiais, bélicos ou humanos. Os exemplos perpassam as cadeiras da Organização das Nações Unidas (ONU) e hasteiam bandeiras pelo globo.

Importante considerar então, o modo como os sistemas alternam entre o idealismo, estabilidade hegemônica e o realismo. Sob o viés da teoria da estabilidade hegemônica, a estabilidade buscada em escala global está atrelada mediante os regimes e decisões arbitrárias. Uma potência ou Estado dominante assume uma posição de liderança mundial e determina as práticas e diretrizes aceitáveis para o relacionamento internacional. Entretanto, quanto maior o regime hegemônico, mais complexo os mecanismos de controle e garantia de cumprimento dos interesses soberanos. Desta feita, a potência, para obter estabilidade social, deve estar sempre no poder global, sendo reconhecida, por consenso (O consenso vem da divergência e processo de diálogo.) ou submissão, como regente da organização mundial, determinando limites e liberdades. O Estado então é concebido a partir do respectivo potencial de monopolizar a nação e o mercado de forma coercitiva. Para se manter, o Estado deve entender e formar blocos de aliança onde o poder é controlado, para assim não ser destituído por outro Estado dominante.

Evoluindo neste cenário, a teoria realista coloca o Estado como o epicentro das decisões. Neste contexto, partindo da concepção de que as relações internacionais são, por natureza, conflituosas, o Estado cerceia o conceito e prática de democracia no ambiente interno das respectivas nações, bem como o deturpa no cenário mundial. Instaura-se assim, a guerra como instrumento de se estabelecer a paz. Trata-se de uma medida dos Estados para maxização de poder e soberania ideológica. Assim, o processo conflituoso de sobreposição de poderes propicia o caos social. Princípios éticos no pensamento realista perdem espaço para a instintiva busca por sobrevivência (seja física ou ideológica), logo, conflitos são estabelecidos e atrocidades tidas como processo necessário. Trata-se de viver o mundo que se encontra e não o que se deseja.

Contudo, o idealismo propõe uma sociedade igualitária em poder de voz, onde a estabilidade seria construída pelo diálogo e não pelo confronto e agressões. O bem coletivo é o norte das decisões de forma a construir a ideia de uma moralidade internacional de cooperação. Nesse sentido, são defendidas as liberdades individuais e o Estado não tem poder arbitrário para agredir valores sociais e cometer abusos de poder. Os conceitos e relações sólidas de uma sociedade padronizada sofreram as interferências dos novos tempos, e sua operacionalização sucumbiu a uma perspectiva alternativa.

O “derretimento dos sólidos”, traço permanente da modernidade, adquiriu, portanto, um novo sentido, e, mais que tudo, foi redirecionado a um novo alvo, e um dos principais efeitos desse redirecionamento foi a dissolução das forças que poderiam ter mantido a questão da ordem e do sistema na agenda política. Os sólidos que estão para ser lançados no cadinho e os que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade fluida, são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas – os padrões de comunicação e coordenação entre as políticas de vida conduzidas individualmente, de um lado, e as ações políticas de coletividades humanas, de outro (BAUMAN, 2001, p. 12).

A descentralização dos polos com o fim da Guerra Fria instituiu no cenário mundial uma horda de nações emergentes e mercados instáveis em termos de produção, consumo e sustentabilidade.  A gestão de território tornou-se ainda mais complexa sem as bandeiras ideológicas regendo as relações internacionais. As grandes promessas econômicas (países emergentes) configuraram uma alternativa ao mundo organizado segundo os padrões do Estado Dominante Americano (EUA). Destaque especial para a China, que se tornou o principal parceiro comercial bilateral (maior importador desde 2009), como afirmou Jim O’Neill (Chefe de gerência acionária do grupo financeiro Goldman Sachs – que cunhou o termo BRICS - acrônimo referente Brasil, Rússia, Índia e China). Os BRICS detêm mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem no planeta.

Durante os últimos vinte anos, a política externa virou um dos principais campos de batalha entre PT e PSDB, os dois polos que se elegeram pelo voto popular para a presidência da República. Poucas políticas públicas foram tão polarizadas e controversas. De um lado, os petistas enxergaram no governo Lula a diplomacia mais arrojada. Com sua política externa ativista, Lula teria elevado a posição do Brasil à de grande potência emergente. Segundo essa visão, FHC representaria o exato oposto: a capitulação de uma elite entreguista à hegemonia dos Estados Unidos. A cena que esse grupo gosta de reprisar é a do último chanceler tucano, Celso Lafer, tirando os sapatos para uma revista de segurança em aeroportos norte-americanos. Do outro lado do ringue, encontram-se os tucanos, para os quais o presidente-sociólogo teria normalizado as relações com o mundo, tirando o Brasil do isolamento acumulado nos anos de ditadura militar e de atraso econômico. Para eles, a diplomacia petista seria uma função da vaidade prepotente de Lula e sua equipe. Em ninho tucano, a cena em reprise é a de Lula em Teerã, punho no ar, desafiando as grandes potências num abraço com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. (FELLOW e SPEKTOR. 2016 P.18)

Neste novo cenário, nações formam missões (de iniciativa privada e poder público) para defender interesses de setores e vetores de desenvolvimento na busca por mercado e integração. As recorrentes missões do Governo Brasileiro em visita a países Asiáticos (Ex: Japão) reforçam esta observação.  Acordos de Cooperação e Protocolo de Intenções tornaram-se corriqueiro instrumento de formalização da política externa. No Brasil, assim se busca investimento estrangeiros e apoio político e tático nas relações comerciais (na medida em que decisão da AGU em 2010 sobre a LEI No 5.709, DE 7 DE OUTUBRO DE 1971, restringe a ocupação do capital estrangeiro no território tupiniquim na intenção de resguardar a soberania nacional; cerceando assim o investimento do capital estrangeiro).
O sistema político mundial está sofrendo os efeitos da perda de credibilidade e confiabilidade da opinião pública referente aos políticos. Assim, percebe-se uma horda de personagens da iniciativa privada, que até então atuavam no meio político como articuladores e financiadores, assumindo papéis políticos, para realizar gestão pública. Cidades, Estados e Países (EUA), elegem e creditam mudança a ícones da inciativa privada. Dentre os vários riscos envolvidos, está o de gerar conflitos de grandes proporções, em função de um choque de linguagens. Se a iniciativa privada, que conduz seu plano de negócios com base em decisões, estratégias e práticas Técnicas, tentar conduzir assuntos de natureza Política de forma técnica, irá potencializar tensões, não compreender as nuances da gestão política do território, e atrofiar relações necessárias para a manutenção da sociedade.

A Era Trump instaura no mundo, um cenário de instabilidade das projeções políticas e da democracia, amplificando riscos de conflitos internacionais e vulnerabilidade dos diversos mercados. Suas estratégias para alavancar a economia daquele país, com geração de emprego e fortalecimento econômico são controversas. Todavia, levantamentos da Economist Intelligence Unit - EIU sugere que na América Latina o Brasil será um dos menos afetados e corre menos riscos com as medidas norte-americanas de política internacional nesta nova era, fundamentada em um protecionismo de interferência no comércio internacional.

A política externa brasileira tem evoluído no sentido de flexibilizar parcerias de modo a potencializar setores econômicos nacionais no mercado mundial. O País buscou além de acordos de livre comércio, recuperar voz efetiva nas discussões globais sobre o clima, sobre os direitos humanos, liderança regional e a democracia. Todavia, as articulações fora do cenário econômico pouco avançam. Não há no país, resultados de uma integração internacional em respectivas políticas públicas no que concerne a melhoria de qualidade de vida da população, modelo de gestão política e organização social.

O Brasil vive um momento de emergência nacional. Em três anos, acumularam-se a crise política inaugurada com os protestos populares (2013), o início de uma longa recessão econômica (2014), a expansão da operação Lava Jato (2015), a queda de Dilma Rousseff e a implosão eleitoral do PT (2016). Depois do ciclo virtuoso de mais de uma década, a trajetória do Brasil é negativa. O pano de fundo dessa transformação para pior foi uma economia global de baixo crescimento, o aumento de nossa dependência econômica em relação à China e a onda global de neopopulismo, que venceu o voto pela saída da União Europeia no Reino Unido e levou Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Esse é o contexto no qual se impõe a necessidade de modernizar a doutrina brasileira de política externa. (FELLOW e SPEKTOR. 2016 P.18)

O Nacionalismo econômico defendido tanto no Brasil, quanto no modelo defendido por Trump desconsidera nuances de uma estabilidade social e democrática. Neste sentido é fundamental reestruturar as leituras e objetivos do cenário interno para melhor definir as diretrizes de relações internacionais. A inserção do país em discussões, com poder de interferência, em questões globais, passa por um fortalecimento dos objetivos que a nação tem além-fronteiras.

A construção de uma nova doutrina de política externa demandará algum tipo de consenso suprapartidário. Não é uma tarefa que possa ser descolada do processo político interno, nem uma empreitada viável no curto prazo. Ao contrário, trata-se de um esforço que demandará alguns anos de maturação, com ideias e conceitos que, um dia, possam compor um arcabouço doutrinário mais ou menos coerente. A ideia de uma doutrina de política externa é recorrente na história brasileira.  (FELLOW e SPEKTOR. 2016 P.22)

A política internacional de forma integrada prevê a valorização das nações emergentes, encerrando a velha dicotomia de mercado, sem isolar e criminalizar os Estados Dominantes tradicionais. É importante que as nações possam ser distinguidas individualmente e também em grupo. Não como um instrumento de manobra política em prol dos interesses de um eixo, mas como um player relevante, que transita com habilidade entre as especificidades da nação em si, e em grupo. Padrões de crescimento bem-sucedidos devem ser adotados e estimulados. O amadurecimento necessário para se posicionar no novo modo de fazer política que o caos presente evoca, apenas será alcançado se as legendas e fronteiras forem extrapoladas e expandidas. As nações, em espacial o Brasil, precisa conhecer e equilibrar seus potenciais internos e externos para ocupar um lugar de relevância na transição do uni para o multipolarismo das relações internacionais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bauman, Zygmunt. Modernidade Líquida. Ed. Zahar, 2001

Bauman, Zygmunt. Arte da vida. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

FELLOW, Senior. SPEKTOR, Matias. Coordenação: 10 Desafios da Política Externa Brasileira. 2016. CEBRI. Fundação Konrad Adenauer

FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Tensão Superficial da Água"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 18 de maio de 2017.

domingo, 7 de maio de 2017

Raspas



O apagar as luzes da sala de teatro é abrir uma nova dimensão dentro de nós. Somos, na plateia, um novo personagem na trama. Os conceitos se transformam no silêncio. Vivenciamos ao mesmo tempo o personagem que somos e a persona que assistimos. Não era o que se esperava, pois o que esperava era o que ali não haveria naquelas circunstâncias. O tremor, as sirenes, os suspiros. As paredes não abraçam, não contêm nem libertam. Deveria estender mais o olhar para perceber dobrar ao longe de sua face o frescor de um novo dia. Deveria ter atentado para os detalhes da crueldade dos olhos que brilhavam no escuro. A sanidade encontrada na desilusão.

O pouso do beija-flor e seu voo. Antecede a flor. Rompe o broto o solo úmido. Fere a terra para crescer, busca a luz sem alçar um olhar, estende seus ramos, firma-se no horizonte. Entre brisa, orvalho, pleno sol, chuva, luz. Entre folhas, floresce. Começa então seu outro momento, à espera de um beijo. O corpo que se curva ao vento, reconhece seus membros, aprende a voar. Aprende a se apaixonar.

Áspero, sua suavidade desanuviou na textura de suas lembranças. Assim, ela  seguiu sem sentir seus dedos se entrelaçarem na mão de quem puramente a ama. Flor. Escolheu o luxo, e as mentiras, abraçou a conveniência, o ensaio ao invés do pleno ato. Despetalada. Cozia suas memórias alinhavando com suas dores. Mas o bom ator sabe que não há atuação dentro da própria mente. O corpo é o próprio texto para quem sabe ler em braile. O Corpo manifesta o que as falas do personagem não conseguem transmitir. A luz é uma narrativa à parte (como em Urgente da Luna Lunera). O tempo é diretor, regente, é argumento, é personagem.

Quando confiança perdeu as palavras, me calo, me castro, me rompo em simplicidade uma vez que meu aberto universo não repousa em conceitos cotidianos. A medida da beleza submetida ao rigor de um outro olhar, perpassa o coração e faz mais uma vez florir. Não é o prédio que está caindo. O beija-flor alça seu olhar, renova seu voo, transforma-se no silêncio, esse anjo.

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