quinta-feira, 26 de abril de 2012
tipografia orgânica
Acordo e revejo Life in a Day (o longa, projeto de retalhos do you tube); a encenação do espontâneo. O desafio de montar o enredo e a facilidade de obter cenas repetidas e ângulos comuns, pois somos repetitivos e iguais em essência (criativa?). Excesso. A tela passa por vaidade, prazeres, ridicularidades, simplicidade e irreverência. Tudo ao mesmo tempo, por toda a parte. Remendos de felicidade X verdade. Nossas particularidades mostram-se sutilmente especiais. Especiais por serem nossas, únicas em si, e não por serem mais ou menos relevantes na esfera social. Mais do que a essência do detalhe; o lugar que ele ocupa no tempo e espaço.
O filme constrói uma mensagem que comunica a humanidade a partir dos fragmentos. A comunicação espontânea, remontada. As interpretações à flor da pele.
Transpor a imperceptível lâmina d'água da realidade e misturar-se ao outro. a justaposição de Eiseinstein e a liberdade de Bazin. O epicentro da vanguarda em algo que se revela não como novo, mas como alternativa ao fluxo da modernidade. A reflexão sobre o que é o dia, a vida e um no outro.
Essa tua ruminança não é genialidade. É uma coceira do ego, da vontade de dominar. A alternativa então é ser cafona e sumir na massa, para que você me conte nua; me continua na curva da cintura desse nosso devaneio. Quando a palavra silêncio preenche toda a minha boca você surge. Contempla sentada ao meu lado. Ah, a tipografia orgânica desse seu olhar;
Em tempo, observar um grande artista embrenhar-se pelos números em prol de alternativa para sustento e desenvolvimento só anima quando percebo que a desesperança urbana será golpeada pelos olhares do meu amigo artesão da vida, que modelará os números em um cálculo que dobrará o concreto de nossos corações e transformará os espaços em ideias habitáveis. Que Deus mantenha a visão.
Outros filmes se repetem diante dos meus olhos, Diário de um jornalista bêbado e os Amores da casa de tolerância. A realidade em estado cru, a fantasia nua de narrar histórias marcantes. O cinema ainda é alívio, mesmo quando nos sufoca.
Hoje permito-me estar absorto na névoa que se esvai e revela a silhueta do infante sorridente a correr sob os raios de sol da manhã. O que ela [névoa] revela fascina-me todos os dias, todavia, a maneira como ela se dissipa intriga-me. Ela vai sem nada levar. Eu fico nu orvalho, admirando o novo dia do qual faço parte.
eu passo!
passocomunicacao.blogspot.com
terça-feira, 17 de abril de 2012
Valor às marcas
O desejo de ser
referência para a opinião pública está
mais atrelado a uma busca por lucro e controle de mercado do que
prestação de serviço à vida. Diante das
mudanças bruscas das últimas décadas, o poder e
valor das marcas já não pode ser trabalhado como um
anúncio, uma placa, um nome gritado aos quatro cantos do
esférico mundo.
A regionalização
das narrativas, em linguagens e temas tem sido a estratégia
padrão para integrar os consumidores e fidelizar o novo
cidadão digital. O modelo de construção das
marcas ultrapassa os espaços publicitários, e
alastra-se pelo espaço editorial, pelo espaço físico
das cidades e pela manifestação cultural. É
necessário conhecer a natureza do resultado a que se propõe
obter. O valor a ser construído depende dos parâmetros
que constituem a cultura da organização.
Seja a partir das
sucursais (muitas em extinção); seja os grandes meios
de comunicação com uma gestão integrada de
afiliados (Globo com 29 grupos de comunicação e 122
emissoras – sendo 117 afiliadas); seja nas empresas com um
corporativismo velado sob a tutela dos conceitos-produtos:
Responsabilidade social, Qualidade de Vida e Sustentabilidade. Todas
as frentes de comunicação anseiam tocar o público,
controlá-lo, saciar as vontades que os próprios meios
criam. Mas como se posicionar diante dessa massa?
Os gestores, com raiz
no modelo antigo de administração, são
resistentes a assumirem a transparência como virtude. Eles a
consideram um risco, uma ameaça à saúde do
negócio. Dessa forma, cerceiam a liberdade dos profissionais
de comunicação (dentro ou fora das redações)
como um indivíduo pensante. São poucas as empresas e
áreas de comunicação que sustentam uma postura
transparente e sóbria na construção de
discursos, práticas e relacionamentos. A marca (seja de uma
indústria ou de um veículo de comunicação)
deve ir além do símbolo, precisa representar um valor,
um caráter perceptível nas práticas.
A integração
de serviços e a livre escolha são estandartes do mundo
contemporâneo. O indivíduo precisa sentir liberdade para
consumir informação e o acesso deve ser resultado de
uma fórmula cruel, onde a instantaneidade deve estar
disponível em multiplataformas a um custo baixo [ o que muitas
vezes desconsidera o valor de produção e do produto].
TV, jornal, rádio,
tudo na palma da mão. O smartphone dita o ritmo de vida
moderno. O rádio foi então revitalizado pelo twitter,
os jornais pelo facebook e a TV pelos portais de convergência
de conteúdo. A maneira como a Rádio CBN e a Itatiaia
utilizam o twitter para alinhar e expandir a programação,
provocar interatividade e prestação de serviços
tem dado fôlego ao fazer jornalismo. O mesmo acontece com as
fanpages dos jornais. As notícias provocam diálogo
direto com os leitores e aponta caminhos possíveis para
aprofundar nos temas veiculados. Muitos têm aprendido a
trabalhar tendo a interferência do público como
instrumento do processo narrativo.
O turbilhão do
padrão de absorção das novas gerações
é um dos desafios do atual modelo de consolidação
de marcas por meio de ações de comunicação.
A cultura de timeline impera. F5 é o piercing na
língua da juventude. Engajar todos na cadeia de produção
e absorção de conteúdo é algo inevitável.
Engajar o
empregado/consumidor é dar poder a ele. Isso é um
paradoxo da gestão atrofiada que não percebe os
benefícios do equilíbrio entre autonomia e
arbitrariedade. Para que as organizações, midiáticas
ou não, obtenham representatividade perante o público é
preciso trabalhar à sombra da confiança e não
hesitar para mantê-la intacta. A ruptura da confiança
reinicia todo o processo de sedução do outro, trincando
as marcas. Enfim, o processo de comunicação está
cada vez mais vulnerável, pois embora tenha suas premissas
básicas (tal qual leis da física) sua instabilidade
despertou como um vulcão acordado. No desconforto procura-se
por referência. É fundamental refletirmos a respeito de
qual valor há nas marcas que espalhamos ao vento, para não
sermos fustigados pelo que sair do vulcão que criamos.
Publicado também o Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas
Publicado também o Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas
terça-feira, 27 de março de 2012
Pautas Doces
Basta passar os olhos
na seção Ano 1 Nº 1
da Revista Imprensa para perceber o quanto são criados novos
veículos de comunicação; fenômeno
interessante, já que as pessoas falam tanto no colapso dos
impressos e maior utilização dos eletrônicos.
Muitos desses veículos raramente ultrapassa a marca dos cinco
anos de circulação. Porém, existem aqueles que
conseguem amadurecer a linha editorial e se manter de forma saudável
no cruel mercado editorial. São revistas e jornais que se
desdobram para conseguir, sem uma grande editora, o fôlego
financeiro e uma circulação satisfatória.
Em relação
à representatividade das pautas, alguns veículos
especializados acabam por contribuir na construção das
edições da grande mídia; seja pelo assunto,
linguagem ou abordagem dos fatos. Diante da iminente Rio +20, podemos
observar que o mecanismo repetitivo e raso dos grandes veículos
emerge. Os problemas, as limitações e as\soluções
são tratadas apenas durante o calor da conferência
(período próximo, durante e o imediato depois). Nesses
períodos, a população é soterrada de
debates e informações que pouco esclarecem. Todavia, há
um consenso velado que tratar desses assuntos no cotidiano fica
reservado às publicações especializadas de
circulação limitada. Bons exemplos podem sem conferidos
nas discussões levantadas pela Revista Ecológico (MG),
Revista Imprensa e outros títulos.
As pautas de Vida
Simples (revista lançada em 2002, filha da Editora Abril)
infelizmente são tratadas pela grande mídia como
jornalismo de entretenimento, coisa de segmento. Portanto, não
se vê nos diários uma abordagem satisfatória e
não propagandista das ações em prol de um mundo
mais habitável, mais ameno ante tanta desgraça. A
imprensa, em sua maioria, teima em reconstruir casas na areia, em um
exercício só para ver o mar.
A consciência do
novo cidadão é também formada pela mídia.
É preciso equilibrar a peneira para que os fatos de desgraça
não sejam maiores do que as iniciativas de esperança. A
avalanche de informações pode moldar o imaginário
do indivíduo em um processo de formar Orange Clockwork
e seus dissidentes.
O atual modelo de
comunicação de massa tem formado o cidadão
apático e estressado ou apenas tem sido o espelho da
realidade? Protestar vai além de subir em monumentos ou
mostrar os peitos. Trabalhar a consciência é um desafio.
Alterar padrões de comportamento implica estabelecer outros.
De onde virão os parâmetros? Da mídia que se
abstém de tratar no cotidiano temas como meio ambiente e
responsabilidade social?
A cidade orgânica
cresce. A verticalização é proporcional ao
aumento da frota. A estrutura de esgoto, trânsito, fornecimento
de água e energia não consegue acompanhar o referido
crescimento. As pessoas precisam determinar os limites da própria
satisfação e o nível de sociabilidade que é
capaz de suportar. As pessoas não cedem; derrubam argumentos
sustentáveis por práticas imediatas de conforto e
satisfação. Alguém tem que ceder, mas quem?
Todos em algum momento, em determinada intensidade. Enfim, entre a
imprensa falar mais ou falar melhor, nos aproximamos de mais uma
conferência (Rio +20) para debater a falência dos
recursos perante nossa cadeia de consumo e de argumentos. Determinar
políticas com resultados mais efetivos é um desafio;
mas diante desse cenário, qual é a face da opinião
pública? Esta entidade que é a maior interessada nos
efeitos das decisões tomadas pelos chefes de estado e
iniciativa privada. É possível traçar o perfil
social a partir das páginas dos jornais?
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed687_pautas_doces
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed687_pautas_doces
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www.passocomunicacao.blogspot.com
sábado, 3 de março de 2012
terminologia da prática
A comunicação (corporativa ou não) insistentemente está atrelada a conceitos que se tornaram palavra de ordem: engajamento, alinhamento, ações coordenadas e integradas. Entretanto, como os conceitos podem ser verificados nas ações postas no dia a dia?
Dentre a papelaria e as ideologias que não cabem nos bits, os comunicadores com síndrome de Pink e Cérebro despejam todos os dias as estrategias para pontuar o que é, ou não, interessante no cotidiano, e pintar o antigo de vanguarda; disparar interpretações alternativas para conceitos e fatos. O público sucumbe sempre, mesmo quando alega não o fazer. Trata-se de um automatismo sutil. O resultado está nos padrões de mobilização popular e de consumo. Cada vez mais nas mãos do que é eletrônico, vivemos com o pânico de ouvir a recorrente frase "o sistema caiu". Engraçado mas diante da queda do sistema da TAM (no dia 2/3) não vi nenhuma matéria dos grandes (ES EM FSP e etc) com um foco mais abrangente ( que vá além do jargão "quero ver como vai ser na copa"). Essa frase ("o sistema caiu") significa atraso, impotência, perdas e danos. No entanto, diante do colapso das ferramentas criadas para tornar o dia a dia mais ágil, constatamos a necessidade de nos reinventarmos; encontrar soluções para educar e manter o fluxo social.
Quem criará as soluções? Quem as divulgará? As cifras controlam as decisões sobre o que é ou não bom para a sociedade. A revolução industrial já não cabe nos livros de história, ela extrapola o que se pode controlar. Indústria da seca, indústria da miséria, indústria das emendas parlamentares, indústria dos votos comprados, indústria do consumo, das rodovias sem reforma, da violência, do sexo, das drogas, do futebol e da et cétera.
Do outro lado do balcão, os jornais têm ganhado atualmente muitos leitores em função de um kit básico da mídia: boas narrativas, distribuição otimizada, interatividade e preço de capa, além da grande oferta de tragédias (humanas e ambientais). A disponibilização em mídia eletrônica tem contribuído para manter leitores em uma nova plataforma de acesso a conteúdo, e também para fidelizar alguns olhos que passam pelas bancas em busca de identidade. Sustentar-se é preciso, agora e amanhã, mas do que nunca; novamente as cifras.
Assessores ou lobistas? Afora a discussão defendido há anos pela Aberje, e a luta pela regulamentação das profissões, é preciso refletir além de terminologias. Responsabilidade social é algo incrustado à filosofia de desenvolvimento. O modelo truculento e imediatista de progresso precisa ser substituído por ações colaborativas e posicionamento transparente ao agregar valor ao negócio (veículos de comunicação e empresas) sem ferir ainda mais a sociedade. Como se portam os assessores e lobistas diante de temas de utilidade pública? E os repórteres?
Acredito ser necessário Conhecer para crescer; Não basta criar estratégias de escritório, por trás das mesas e em frente a aparelhos ruidosos de ar condicionado. Os comunicadores precisam Personalizar o reconhecimento. Falar da massa considerando o grau de individualidade existente nela. Mobilizar pela sensibilização? Após conhecer como o público cria significado e utiliza a linguagem, interagir deixará de ser uma ferramenta de controle velada e passará a representar um processo de comunicação menos corrosivo.
As interrogações são as sementes de uma boa pauta e as reticências a garantia da continuidade. Façamos!
.,
o sabor da linguagem
Enquanto no escurinho há teatro e cinema, e à mesa (e aos olhos) repousam orgias gastronômicas, sem reservas, respira-se entremeio aos fluxos urbanos. Dentre As mais fortes, o bufão. Não o filho do demônio, mas o riso grotesco, as entranhas do homem expostas numa risada. O espelho que anda diante de nossas palavras reflete nossos pensamentos. Encenar a espontaneidade é respirar. O processo de formação de público, estimulado pelas campanhas de popularização do teatro e da dança colherão frutos a longo prazo. Todavia, a iniciativa deveria contaminar também as salas de cinemas, com estratégia de exibição de filmes "não comerciais" seja ficção, documentário, curta, média ou longa metragem.
Frustração é consequência de visão limitada [embebida em paixão], entendimento raso. Diante dos desafios, o talento traz a confiança, mas apenas a sabedoria a mantém. Apesar de tudo o que cansa no humano, os poros escondem mais do que pelos; o suspiro e as palavras muito mais do que significados.
A felicidade está em encontrar a plenitude da vida no gerúndio, no significante. Chocolates e olhares. A amargura o distingue, realça a ternura de seu sabor, delineia o espanto, o medo de se envolver; a vontade e a energia. Tudo em uma mordida silenciosa, seguida de uma intensa e vagarosa dança da língua. Amelie ou Angelique. Poulain ou Delange.
O som de degustar um chocolate. Caminhar na chuva emotivamente anônimo meia noite em paris; texas. Inocente, ingênuo e intenso, o amor se faz em um chocolate e impregna-nos ao se desfazer na língua.
Entre o que nos faz humanos e o que nos faz palavras, o picadeiro pós-moderno: a cidade
O circo é o palhaço. "O gato bebe leite, o rato come queijo. E você?"
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Conexão de egos
Manhattan connection,
apresentado pela Globo News, revela um Brasil anestesiado. Um país
de fim de expediente que sentado à mesa reflete sobre os
problemas do mundo e do país com bom humor descompromissado,
palavras ácidas e alguns argumentos pertinentes. Entre
episódios bem orquestrados pelos jornalistas, há sempre
o desagradável duelo de egos que subestima assuntos e prolonga
comentários sobre temas menos relevantes.
A conexão
proposta nem sempre consegue estabelecer uma identidade entre os
comentaristas e os locais de onde comentam. Leituras uniformes de um
recorte do cotidiano ( a partir de leituras de mídias) com
pequenas divergências.
Há algumas
semanas, a entrevista com Fernando Henrique Cardoso derrapava
justamente quando deixava de ser entrevista, conversa, para ser uma
troca de manifestação de egos. Na última semana,
apresentou uma mídia cansada, sem identidade, perdida em
comentários a conta gotas mais pautados pelo ego do que por
uma análise de um profissional experiente em imprensa (como
apresentam ser os apresentadores – e são, considerando o
currículo de cada um). Afora a conexão
de egos, é de certa forma satisfatório percorrer os
comentários, pois jogam assuntos no ventilador e narram o que
observam acontecer, em ritmo frenético, deixando a sensação
de que falta algo.
Domínio próprio
é estratégia para o bom narrador. O ego de um
jornalista não deve conduzir sua narrativa ou análise
do posicionamento midiático. A humildade, bom senso e estilo
devem contribuir para a convergência de ideias e a conexão
de olhares alhures.
Publicado também no Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed682_conexao_de_egos
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Que perfil encanta aos
olhos?
“Em geral, quando
escrevemos para uma publicação com a qual concordamos,
pecamos por comissão, mas quando escrevemos para uma
publicação de caráter contrário, pecamos
por omissão.” Eric A Blair
A imprensa muitas vezes
foge do desconforto, seja do repórter ou da fonte, mas o
processo de informação exige desconforto para revelar
dados além dos institucionalizados e das versões
treinadas diante de espelhos. O repórter não é
taquígrafo, como já disse Malin; todavia, às
vezes o jornalista parece um cardíaco com medo da próxima
emoção: a do fato revelado. Desta feita, sobra-nos
pautas exageradas como a cobertura do caso Eloá, que sem muita
novidade se repete noticiário por noticiário.
Até tu Minas
O Estado de Minas do
dia 15/2 apresentou mais uma de suas ousadias de estrutura gráfica
para tratar do cotidiano de forma fascinante, mas errou a mão.
Com a bajulação ao jogador Neymar, a imprensa constrói
um crack que não vicia, mas cansa. A capa do jornal trazia uma
arte estilizada como um cartaz de filme (O Artista) e no caderno de
esporte não economiza em mostrar o menino da vila como O Astro
– artista da bola. É um produto do futebol moderno onde o
talento cria mitos instantâneos e enaltece um potencial antes
dele consolidar resultados (Ao contrário da trajetória
de Messi). A mídia precisa ser mais cautelosa ao traçar
perfil de artistas, sua supervalorização tem sido
corresponsável pelo surgimento de grossas biografias de
celebridades com menos de 30 anos de idade.
Entretanto, alguns
perfis resgatam a veia perceptiva do narrador. Na edição
do dia 16/2, o mesmo Estado de Minas apresentou o perfil
de um pasteleiro(olha o link) que trabalha próximo ao
Hospital da Polícia Militar em Belo Horizonte. Uma história
de superação, simplicidade e determinação,
relatada de forma objetiva pelo repórter. Cidadania.
Se o futebol representa
o Brasil volátil, da incoerência, o perfil do seu Zé
apresenta o Brasil da persistência, que não se faz sob
holofotes. A imprensa deveria instigar mais narrativas assim.
Estampar um perfil que contribua para reflexão humana e
melhoria de caráter. Ler jornais deve ser mais do que apertar
F5, deve trazer de volta o prazeroso desconforto de pensar.
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed682_que_perfil_encanta_os_olhos
.,
sábado, 11 de fevereiro de 2012
errata
Tostoi e Blair ébrios do conceito de felicidade e busca humana. O deflagrar da essência humana não está mais sobre o fôlego divino, mas no paradoxo entre seduzir, conquistar e destruir. Constata-se isso na política internacional, na concorrência no mercado regional, ou entre as alianças, namoros e programas de entretenimento.
Comportamentos selam o
valor do indivíduo. A intrepidez, ganância e arrogância fazem
do ser social cobiçado e temido. A sincera humildade e
sensibilidade o torna resto entre os dentes. Há lei dos mais fortes.
Fidelidade em plenitude
inexiste; até os mais profundos resquícios do que foi
humano. A vaidade exortada é o significado da sociedade
contemporânea. Todavia, às vezes é ela (vaidade)
mecanismo de defesa, estratégia natural de sobrevivência
pela sedução e reconhecimento, ocasionando benefícios para o outro ou para o grupo social: solidariedade.
Em um rápido
olhar ao redor, o retrato: As referências, os grupos de
relacionamento; as riquezas. Os sentimentos esmigalhados, a justiça
esmagada, a misericórdia, a esperança. Açougue e
suor, sob o sol o dia resvala as ilusões de homens sobre as
fúteis mulheres limpas, sujas de papel moeda e controle de
emoções. O álcool, nesse cenário, é
a porta para o beco que desemboca em outra porta: para outras drogas. A
degradação da vida aumenta sem medida. As páginas
de jornais já não conseguem acompanhar e apenas resumem a violência sem fronteiras, credo ou classe. Todavia, há narradores que conseguem tornar o jornal uma bula para lidar com a realidade.
Confiante no elixir da humanidade, arrisco: Haverá errata.
Lampejos do que a
mão não alcança, do que os lábios não
podem tocar. A liberdade das interpretações determina a
intensidade dos conflitos. Encontrar o próprio ritmo dentre os
passos e ombros na rua. Encontrar o seu ritmo dentre as gotas de
chuva. Saber cumprir sua função como átomo neste
universo.
As lágrimas
confundem-se com a chuva;
e o suor não
saía daquele corpo cansado.
Essa palavra que não
tiro do seu raciocínio
esse teu jeito de
causar-me rima e suspiro
Não é
o céu, muito menos seus olhos;
o brilho é a
estática da ilusão;
a esperança
nos invade e conduz-nos
a uma paz sem alma,
sem corpos,
sem palavras.
Quantas voltas guardam o caminho de ida?
Quantas voltas guardam o caminho de ida?
passocomunicacao.blogspot.com
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Rumor e prumos do olhar
“Para
o Jornalista, tudo o que é provável é verdade”,
H. Balzac
Ninguém parece
se ater às águas enquanto navega, por isso vêm a
pique, pois no meio do caminho há sempre mais do que uma
pedra. É fundamental que os narradores percebam de onde vem o
barulho que determinam suas pautas. Na Bíblia, o efeito “solta
Barrabás” mudou o rumo dos acontecimentos, atualmente,
eventos Trending topics como o “Luiza Canadá” e
“Grávida de Taubaté” mudaram a pauta da mídia
nacional, as discussões sobre comunicação em
massa e criaram um instantâneo clichê do humor.
Sofrimento e
irreverência continuam como moedas sociais. Na mesa de
discussão da agenda reflexiva, as memórias reais da
sociedade são substituídas por ideologias de palavras e
espasmos de uma puberdade tecnológica, onde a ponta dos dedos
ordena ações às telas, mas as palavras à
cabeça não provocam mudança nos comportamentos.
Os veículos de comunicação ignoram o poder do
buzz, mas são regidos por eles. Atualmente, o tosco
telefone sem fio define o material reflexivo tanto do narrador
quanto do espectador. A temporalidade do assunto e seu poder de
assombramento, de retorno, são subestimados e substituídos
pelo que está na moda. Quem define essa moda? Um grupo
corporativo (como defende W. Bueno), as classes sociais, ou as
gerações X, Y, Z?
“Quando
se diz que um escritor está na moda, sempre se quer dizer na
prática que ele é admirado por pessoas com menos de
trinta anos” Eric Arthur Blair.
Navio tomba no mar,
prédios caem no Rio e Pinheiro já não simboliza
natal, mas atrocidades de um governo reacionário e negligente,
amparado por uma polícia cujo bom senso está na ponta
dos dedos, comprimido entre gatilhos e cassetetes. A imprensa com
canetas e eletrônicos mais uma vez registra o imediato mas não
constrói a rede de interesse que cerca a permissividade dos
governos, da estrutura de habitação (ocupação,
viabilização e fornecimento de serviços básicos,
expansão), da gestão da segurança pública,
educação e saúde como pastas interligadas.
Enquanto isso na mídia, o aniversário de uma Potra na
Bahia continua a ser matéria.
A imprensa de modo
geral se confunde no âmbito emocional ao cobrir tragédias.
Esquece que todo dia tem tragédia, pinça as
cinematográficas e “cria” personagens em cima de vítimas.
Constrói heróis e transformam telejornais ou jornais em
versões noticiosas das mensagens fonadas melosas de datas
comemorativas. Gasta-se tempo demais em repetir informações
(imagem e texto). O efeito disso vai além das edições
nas bancas, ou dos telejornais; a interferência da imprensa
chega às livrarias, afeta escritores e autores de livros; as
prateleiras são entupidas de títulos ruins com alta
venda.
Tragédia não
é só para os gregos, mas Reforma é coisa de
brasileiro; acostumados a fazer puxadinhos e gambiarras, quando na
verdade, na maioria das vezes, tudo deveria ser posto ao chão.
Reforma agrária, política, ortográfica, da
imprensa, da habitação, dos transportes, da saúde,
das religiões e dos colhões. Todavia, a inviabilidade
do recomeço aponta a reforma como o mais viável;
trata-se da coleta seletiva do comportamento humano. Não
resolve, pois não atua no consumo e no início da cadeia
produtiva, mas ajuda uma vez que provoca reflexão e ação
imediata. Como se reforma um olhar?
Moderado e nítido, seu
olhar girassol encontra o chão;
no renovar de mais um ciclo, sementes.
no renovar de mais um ciclo, sementes.
Salve o Guardador de Rebanhos, que na beira da estrada
é o paradoxo de nossa falência
é o paradoxo de nossa falência
.,
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
O gineceu e a desinformação do sustentável
No
simples gesto de folhear a realidade percebemos que milhões
($) transitam diante e além de nossos olhos. Entre os
interesses da massa e as necessidades e anseios individuais, os
eletrocidadãos mobiles perambulam
entre as novelas midiáticas da famigerada vida real.
A
polêmica política de integração nacional
familiar pernambucana de Bezerra; a proposta de aumento exorbitante
(61%) dos salários dos vereadores de Belo Horizonte (MG); as
desgraças do período pós-chuva a atingir 3
milhões de pessoas nos municípios mineiros e os 3
milhões atingidos pela seca no sul do país; o ENEM e os
erros do sistema educacional (e o Prouni comemora que desde sua
criação, em 2004, já concedeu quase um milhão
de bolsas de estudos em cursos de graduação – e esse
ano arrebentou em inscrições; mais de 1,2 milhão
– Qualidade versus Acesso), tudo se renova do mesmo. Etanol, café
e suco de laranja pelos ares.
A
esperança está na sensação que alguns
veículos conseguem provocar com suas matérias, ao
apontar incoerências e soluções, e transmitir a
ideia de que algo está sendo feito. Nem que esse algo seja
apenas barulho.
Fato
curioso não é a mídia estacionar as pautas nos
trending topics, mas é a matéria da Folha de São
Paulo Online no dia 12/1, em uma matéria sobre o MinistroBezerra, utilizar o jornal O Estado de São Paulo como fonte ao
falar sobre os dados da ONG Contas Abertas. Costume cada vez mais
presenta na mídia.
Mino
Carta e Thomaz Souto Corrêa (na última edição
da Revista Imprensa) declararam que a qualidade do jornalismo
brasileiro tem caído continuamente.
A
mídia impressa há tempos é usada como registro
histórico de uma era. Uma versão equivocada, ou
narrativa mal construída pode comprometer o registro e a
interpretação das gerações futuras ao
revisarem a história social. O que intriga atualmente, é
que alguns veículos não consideram esse fato e
tornam-se panfletos que sujam nossos dedos de tinta ou cansam nossos
olhos à tela.
Um
eficiente sistema de controle, a desinformação
justifica dentre outras coisas a censura rebatizada de SOPA e PIPA,
mesmo Obama alegando veto. Atualmente, conteúdo público
e privado depende muito mais dos interesses do gestor ou autor, do
que da natureza do produto. Quando têm o interesse de
disseminar em massa algo novo, tratam como conteúdo público
e gratuito; todavia, quando esse algo já está
consolidado, querer ganhar dinheiro com o acesso, tornam o produto
privado. O padrão de precificação de conteúdo
do Itunes (pelo menos para música e apps) apresenta-se como
alternativa, mas ainda muito ineficiente. A interação
em web aponta a substituição do download pelo
streaming.
A
desinformação é uma arma estratégica. Ela
enaltece e afunda partidos políticos, obras públicas,
iniciativa privada, conceitos e ideologias; funda religiões,
corrompe a relação do homem com Deus e contribui para o
espetáculo da soberba e fúria contemporânea, onde
a modernidade se faz arcaica e humanidade confunde-se com
individualismo.
Cada
vez mais distante do que deveria e precisaria se tornar, o homem se
enobrece, alimentando-se de sonhos, silício, cidades e jardins
resignados a vasos no quintal de concreto.
Se
Almodóvar espirrasse:
Atrofiado,
em estado vegetativo, o corpo social apaixonado olha nos olhos dela e
clama por um fim. Linda, Ela sobe e coloca seu gineceu sobre a face dele, sufoca intensamente o corpo. Mas naquele orgástico fim, o engano: era apenas um
novo começo.
"não vos canseis de fazer o bem."
2 Tessalonicenses 3:13
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed678_desinformacao_do_sustentavel
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
bulas e fórmulas
O sentimento e o raciocínio que o homem tem em relação aos outros e aos sistema deste mundo é o mesmo que utiliza para se relacionar com Deus, ou com o que concebe ser Deus. Sempre na política do merecimento e recompensa. Com o foco na restituição ou no reconhecimento e não em ser relacionar com Deus, mas no que Ele pode oferecer. O desejo vão do homem e sua vaidade extrapolam a vida social, a postura religiosa e o que o homem fala a respeito dos sentimentos.
Existem fórmulas postas na sociedade, cadenciadas entre os perfis de comportamento. O indivíduo absorve algumas e quebra outras; fato catalisador de novas fórmulas. Curioso é a incoerência entre as fórmulas, quem as cria e para quê. A famigerada tentativa de controlar e julgar, inevitavelmente revela o processo dos indivíduos em determinar fórmulas para os outros. A matriz do pensamento do indivíduo estrutura rotinas de racionalidade e utopia cada vez mais humanas, e com certa possibilidade de controle.
La piel en que habito. O Desejo como estopim da desgraça. A sanidade posta à prova pela sucessão de fatos. A razão pode ser alterada por quem detiver a oportunidade e o controle. Junto à pele, o bisturi arranca a segurança, a identidade. Com a ferida, sangra para dentro do corpo amargura e a dor. Tal combinação aflorada revela a força da destruição, mas a pele já é outra. Na mesma pessoa, as mesmas lembranças, mas com a sucessão de fatos e experiências, uma nova identidade.
Alguns finais felizes não exalam felicidade. O paradoxo se sustenta no sabor de um chocolate amargo.
rascunho:
La
peil en que habito
Complexo e reverberante
Vicente ansiava fuga e coisas novas (Durkein). Atencioso, a vestiu. Inocente fugiu.
Vera perdeu a identidade e a teve transformada física e psiquicamente
Estava pronta a ser o que os outros desejassem que fosse, desde que isso diminuísse a dor.
Roberto - A loucura e a mágoa estabeleceram sua sanidade
A Mãe tinha "a desgraça em suas entranhas".
A morte foi a saída e libertação que todos buscavam.
E finalmente Vicente se tornou apto à Cristina
Zeca x Roberto - o erro bíblico (Abraão Sarah e Agar)
O Erro Humano (com vassalo e com patrão)
Foram pólvora
A inconsequência de Gal, da traição ao suicídio foi o estopim para a insanidade de Roberto; o trauma de Norma, a transformação de Vicente e a morte.
"eras minha melhor metáfora
O clichê a contrariar as leis da física.
A curva da cintura dobra sobre mim"
Complexo e reverberante
Vicente ansiava fuga e coisas novas (Durkein). Atencioso, a vestiu. Inocente fugiu.
Vera perdeu a identidade e a teve transformada física e psiquicamente
Estava pronta a ser o que os outros desejassem que fosse, desde que isso diminuísse a dor.
Roberto - A loucura e a mágoa estabeleceram sua sanidade
A Mãe tinha "a desgraça em suas entranhas".
A morte foi a saída e libertação que todos buscavam.
E finalmente Vicente se tornou apto à Cristina
Zeca x Roberto - o erro bíblico (Abraão Sarah e Agar)
O Erro Humano (com vassalo e com patrão)
Foram pólvora
A inconsequência de Gal, da traição ao suicídio foi o estopim para a insanidade de Roberto; o trauma de Norma, a transformação de Vicente e a morte.
"eras minha melhor metáfora
O clichê a contrariar as leis da física.
A curva da cintura dobra sobre mim"
Quais
as fronteiras do teu olhar?
Até onde agridem as ondas de tua voz; até quando reverberam tuas palavras e sufocam-me as interrogações que impulsionam meu pensamento?
gira meu sol
Até onde agridem as ondas de tua voz; até quando reverberam tuas palavras e sufocam-me as interrogações que impulsionam meu pensamento?
gira meu sol
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