quinta-feira, 5 de julho de 2012

Velha ria

Ainda no embalo de textos antigos do Oficina (Unileste - 2001)... alguns eram feitos em parceria...


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Velharia...

Dentre tantos textos produzidos junto da equipe do Oficina (Unileste - 2001), alguns gosto de reler.... separei alguns...


terça-feira, 26 de junho de 2012

Transparência opaca liberdade



Em seu modus operandi, a mídia surpreende como uma pastilha efervescente em um copo com água. Rumores sobre sobreposição de narradores e técnicas narrativas, obsolência de plataformas de comunicação e o surgimento de uma nova cultura de consumo. Tudo mais e do mesmo.

A recém lançada, e na imprensa divulgada, obra de Eli Pariser (O Filtro invisível: o que a internet está escondendo de você) atenta para uma sutil censura aos olhos da liberdade. Na mídia convencional, o filtro já existe constituído por visões de pauteiros profissionais e cifras mantenedoras. Na internet, o filtro é mecânico/ matemático, pautado por estratégias de estímulo ao consumo direto. Contra o ato passivo de ignorar manchetes surge a demanda por uma curiosidade e disposição para navegar na rede e confrontar narrativas. “Na bolha dos filtros, a situação é diferente. Nem chegamos a enxergar as coisas que não nos interessam” alerta Pariser. É preciso um novo leitor diante do colapso conceitual da dinâmica Tempo x necessidade + Capacidade Crítica. Apenas compreender que a vigente liberdade de expressão e transparência apresenta-se por uma superfície conceitual turva é que o indivíduo conseguirá vislumbrar uma direção sóbria para suas decisões como cidadão.

Além disso, é importante considerar a rentabilidade dos veículos. Como garantir investimento financeiro em mídia digital e como manter tantos títulos impressos; ainda mais agora com a crescente segmentação da mídia impressa? Consumidores são educados a mudar o perfil de consumo e a pagar pelo conteúdo digital. Todavia, todo processo de formação de público é moroso e com falhas.

Nesse ínterim, o processo de produção de conteúdo é permanente. Análises do pesquisador David Abrahamson apontam brechas entre a estrutura e continuidade das mídias digitais e das impressas. Perante o público, o jornalismo impresso se manterá como referência; a segmentação editorial deve garantir a profundidade das coberturas sem tornar o público uma célula alienada e isolada do corpo social. Ou seja, mesmo ao se especializar em um tema, o veículo deve relacionar o conteúdo com a multiplicidade social e contextualizar o indivíduo entremeio ao turbilhão de informações e demanda por decisões. Para vivenciar esse desafio, a tecnologia é paradoxalmente um aliado do jornalismo, pois instiga o profissional à melhoria e não à cômoda e boêmica posição soberana na sociedade. Embora muitos estejam aos tropeços inventando moda.

Enquanto as revistas mergulham na segmentação e distribuição otimizada, os impressos enxugam redações, atualizam projetos gráficos (Em Minas Gerais, o último foi o Hoje em Dia, que copiou formato do O Tempo e buscou leveza tipográfica e mais disponibilização de conteúdo) e se relacionam cada vez mais com o meio digital como plataforma complementar à impressa, vinculada. O sucesso não pode ser mensurado de imediato. A reação inicial do consumidor amadurece junto a persistência do veículo e a disponibilidade de informações.

Nesse momento, iniciamos o ciclo de intensificação das pautas políticas, com os óbvios candidatos corruptos panfletando uma imagem turva de confiança. O clichê nos é fatal. Há pão e há circo. A zona boêmia é então transferida para as prefeituras e câmaras, e o cidadão exala o ópio da indignação, topless, cartazes e votos equivocados nas urnas.

O Processo de comunicação (emissor – mensagem – receptor) se renova sobre o mesmo mito: padrões estéticos de produção e de consumo. O jornalismo precisa se posicionar como um circuito aberto. Deve induzir reflexão e às vezes conduzir, mas não entregar pronto, pois é falho ao se enxergar como premissa da opinião pública e detentor da versão oficial dos fatos. Fatos tais que são cada vez menos exatos, em virtude da avalanche de interpretações que agora podem ser postadas e transportadas por diversas mídias; em casa, nos bolsos, ruas, painéis, fachadas, escritórios e até mesmo naquela antiga conversa de esquina, beira da calçada ou mesa de bar, ao gosto do bom gosto.

A liberdade social é manifestada então na mídia sob uma película opaca, chamada transparência, fabricada na cabeça de Assessores de Comunicação, Redatores desavisados, e também pela população da esperteza e repetição. A viabilidade de qualquer mídia está em sua representatividade e relevância. Para encontrar o que vale a pena consumir, o leitor deve driblar os filtros programados e confrontar narrativas, regurgitar informação e transformar o que absorveu em algo produtivo para o que vem depois.

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

bom dia

A manhã desperta minha face ao sol, o vento percorre minha pele definindo caminhos de refrigério, de excitação e paz. Pego uma flor e penso em você; guardo-a no aconchego do peito. Suas pétalas suaves sobre mim; poder sentir com intensidade a sutileza que você carrega naturalmente. Seu bom dia é transformador, seja qual dia for!


terça-feira, 8 de maio de 2012

limão n' água



Multiplicidade; somos invariavelmente os mesmos? Continuo a frequentar as bancas, insisto em atirar limões na água e observar os seus efeitos. Entre os ombros dos mais afoitos, as pautas e ruas revelam tanto desejo que as horas são poucas e os dias cada vez mais necessários. Um país com significativa preocupação com temas ambientais e controversa tratativa de tais assuntos.

A fraca presença da imprensa no último Fórum Mundial de Água (em Marselha) e a repercussão do assunto na mídia despertou preocupação. Os debates provocados no VII Fórum Água em Pauta”, realizado pela Revista Imprensa e pela Bolsa de Responsabilidade Social (BRS), em Fortaleza (CE), alfineta-nos ainda mais. Como os jornais de grande circulação e os jornais de circulação regional tratam do tema? Como proporcionam a reflexão e mudança de hábito do cidadão? Aos que não fazem, é tempo de despertar; aos que esboçam uma narrativa, é preciso mais do que panfletagem.

Inevitável então é condicionar o público para a faceta econômica de comportamentos sociais. Combater a violência, a droga, o crime ambiental e a pobreza e falta de saúde tratando todos como indicadores econômicos dos mais importantes (como variáveis do mercado econômico); mostrar e amplificar como tudo isso nos é muito caro. O avanço tecnológico e as mudanças no periodismo das mídias tornaram equivocadamente o “passar os olhos” sinônimo de leitura. Precisamos fazer como disse Dines à revista Negócios da Comunicação: “Eu subordino a tecnologia ao texto, e não o contrário”. As universidades, entidades e institutos de pesquisas despejam diariamente estatísticas que nutrem pautas e a desinformação da massa.

Considerando a importância do lucro para as atividades sociais contemporâneas, a Economia Verde a ser debatida na Rio +20 propõe tratar a natureza como um capital. Desse modo, estratégias de lucratividade a partir de investimento em preservação serão apresentadas como solução. O lucro saudável, sem exacerbado ganho financeiro, mas também sem prejuízo. O ganho humano é maior.

Enquanto a preservação do meio ambiente depender do emocional coletivo, nada de efetivo acontecerá. O indivíduo se move pelo bolso ou pela barriga que dói. A cobertura da imprensa deve ampliar os interesses envolvidos em questões como a do Código Florestal e não ficar com uma placa de protestos em mãos.

O factual precisa ser utilizado como instrumento de reflexão e não para induzir uma opinião (como é feito desde os primórdios), mas proporcionar o diálogo. Talvez essa seja a alternativa à consciência social vigente: Proporcionar mudança pelo debate (e não combate) da multiplicidade de ideias, reforçando que alguém terá de ceder, é inevitável.

A Presidenta Dilma tem até dia 25/5 para se manifestar sobre o Código Florestal. Enquanto isso, a população continua como uma massa em bloco de carnaval atrás do trio elétrico: presa no automatismo de pensar e agir. A rima pobre é válida: Tudo muito polarizado em mundo globalizado.

sinto você ranger abaixo de mim,
não me canso de tocar-te;
mantenha-me de pé enquanto persistir o sonho
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quinta-feira, 26 de abril de 2012

tipografia orgânica


Acordo e revejo  Life in a Day (o longa, projeto de retalhos do you tube); a encenação do espontâneo. O desafio de montar o enredo e a facilidade de obter cenas repetidas e ângulos comuns, pois somos repetitivos e iguais em essência (criativa?). Excesso. A tela passa por vaidade, prazeres, ridicularidades, simplicidade e irreverência. Tudo ao mesmo tempo, por toda a parte. Remendos de felicidade X verdade. Nossas particularidades mostram-se sutilmente especiais. Especiais por serem nossas, únicas em si, e não por serem mais ou menos relevantes na esfera social. Mais do que a essência do detalhe; o lugar que ele ocupa no tempo e espaço.

O filme constrói uma mensagem que comunica a humanidade a partir dos fragmentos. A comunicação espontânea, remontada. As interpretações à flor da pele.

Transpor a imperceptível lâmina d'água da realidade e misturar-se ao outro. a justaposição de Eiseinstein e a liberdade de Bazin. O epicentro da vanguarda em algo que se revela não como novo, mas como alternativa ao fluxo da modernidade. A reflexão sobre o que é o dia, a vida e um no outro.

Essa tua ruminança não é genialidade. É uma coceira do ego, da vontade de dominar. A alternativa então é ser cafona e sumir na massa, para que você me conte nua; me continua na curva da cintura desse nosso devaneio. Quando a palavra silêncio preenche toda a minha boca você surge. Contempla sentada ao meu lado. Ah, a tipografia orgânica desse seu olhar;

Em tempo, observar um grande artista embrenhar-se pelos números em prol de alternativa para sustento e desenvolvimento só anima quando percebo que a desesperança urbana será golpeada pelos olhares do meu amigo artesão da vida, que modelará os números em um cálculo que dobrará o concreto de nossos corações e transformará os espaços em ideias habitáveis. Que Deus mantenha a visão.

Outros filmes se repetem diante dos meus olhos, Diário de um jornalista bêbado e os Amores da casa de tolerância. A realidade em estado cru, a fantasia nua de narrar histórias marcantes. O cinema ainda é alívio, mesmo quando nos sufoca.

Hoje permito-me estar absorto na névoa que se esvai e revela a silhueta do infante sorridente a correr sob os raios de sol da manhã. O que ela [névoa] revela fascina-me todos os dias, todavia, a maneira como ela se dissipa intriga-me. Ela vai sem nada levar. Eu fico nu orvalho, admirando o novo dia do qual faço parte.

eu passo!

passocomunicacao.blogspot.com

terça-feira, 17 de abril de 2012

Valor às marcas


O desejo de ser referência para a opinião pública está mais atrelado a uma busca por lucro e controle de mercado do que prestação de serviço à vida. Diante das mudanças bruscas das últimas décadas, o poder e valor das marcas já não pode ser trabalhado como um anúncio, uma placa, um nome gritado aos quatro cantos do esférico mundo.

A regionalização das narrativas, em linguagens e temas tem sido a estratégia padrão para integrar os consumidores e fidelizar o novo cidadão digital. O modelo de construção das marcas ultrapassa os espaços publicitários, e alastra-se pelo espaço editorial, pelo espaço físico das cidades e pela manifestação cultural. É necessário conhecer a natureza do resultado a que se propõe obter. O valor a ser construído depende dos parâmetros que constituem a cultura da organização.

Seja a partir das sucursais (muitas em extinção); seja os grandes meios de comunicação com uma gestão integrada de afiliados (Globo com 29 grupos de comunicação e 122 emissoras – sendo 117 afiliadas); seja nas empresas com um corporativismo velado sob a tutela dos conceitos-produtos: Responsabilidade social, Qualidade de Vida e Sustentabilidade. Todas as frentes de comunicação anseiam tocar o público, controlá-lo, saciar as vontades que os próprios meios criam. Mas como se posicionar diante dessa massa?

Os gestores, com raiz no modelo antigo de administração, são resistentes a assumirem a transparência como virtude. Eles a consideram um risco, uma ameaça à saúde do negócio. Dessa forma, cerceiam a liberdade dos profissionais de comunicação (dentro ou fora das redações) como um indivíduo pensante. São poucas as empresas e áreas de comunicação que sustentam uma postura transparente e sóbria na construção de discursos, práticas e relacionamentos. A marca (seja de uma indústria ou de um veículo de comunicação) deve ir além do símbolo, precisa representar um valor, um caráter perceptível nas práticas.

A integração de serviços e a livre escolha são estandartes do mundo contemporâneo. O indivíduo precisa sentir liberdade para consumir informação e o acesso deve ser resultado de uma fórmula cruel, onde a instantaneidade deve estar disponível em multiplataformas a um custo baixo [ o que muitas vezes desconsidera o valor de produção e do produto].

TV, jornal, rádio, tudo na palma da mão. O smartphone dita o ritmo de vida moderno. O rádio foi então revitalizado pelo twitter, os jornais pelo facebook e a TV pelos portais de convergência de conteúdo. A maneira como a Rádio CBN e a Itatiaia utilizam o twitter para alinhar e expandir a programação, provocar interatividade e prestação de serviços tem dado fôlego ao fazer jornalismo. O mesmo acontece com as fanpages dos jornais. As notícias provocam diálogo direto com os leitores e aponta caminhos possíveis para aprofundar nos temas veiculados. Muitos têm aprendido a trabalhar tendo a interferência do público como instrumento do processo narrativo.

O turbilhão do padrão de absorção das novas gerações é um dos desafios do atual modelo de consolidação de marcas por meio de ações de comunicação. A cultura de timeline impera. F5 é o piercing na língua da juventude. Engajar todos na cadeia de produção e absorção de conteúdo é algo inevitável.

Engajar o empregado/consumidor é dar poder a ele. Isso é um paradoxo da gestão atrofiada que não percebe os benefícios do equilíbrio entre autonomia e arbitrariedade. Para que as organizações, midiáticas ou não, obtenham representatividade perante o público é preciso trabalhar à sombra da confiança e não hesitar para mantê-la intacta. A ruptura da confiança reinicia todo o processo de sedução do outro, trincando as marcas. Enfim, o processo de comunicação está cada vez mais vulnerável, pois embora tenha suas premissas básicas (tal qual leis da física) sua instabilidade despertou como um vulcão acordado. No desconforto procura-se por referência. É fundamental refletirmos a respeito de qual valor há nas marcas que espalhamos ao vento, para não sermos fustigados pelo que sair do vulcão que criamos.

Publicado também o Observatório da Imprensa  http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas

terça-feira, 27 de março de 2012

Pautas Doces



Basta passar os olhos na seção Ano 1 Nº 1 da Revista Imprensa para perceber o quanto são criados novos veículos de comunicação; fenômeno interessante, já que as pessoas falam tanto no colapso dos impressos e maior utilização dos eletrônicos. Muitos desses veículos raramente ultrapassa a marca dos cinco anos de circulação. Porém, existem aqueles que conseguem amadurecer a linha editorial e se manter de forma saudável no cruel mercado editorial. São revistas e jornais que se desdobram para conseguir, sem uma grande editora, o fôlego financeiro e uma circulação satisfatória.

Em relação à representatividade das pautas, alguns veículos especializados acabam por contribuir na construção das edições da grande mídia; seja pelo assunto, linguagem ou abordagem dos fatos. Diante da iminente Rio +20, podemos observar que o mecanismo repetitivo e raso dos grandes veículos emerge. Os problemas, as limitações e as\soluções são tratadas apenas durante o calor da conferência (período próximo, durante e o imediato depois). Nesses períodos, a população é soterrada de debates e informações que pouco esclarecem. Todavia, há um consenso velado que tratar desses assuntos no cotidiano fica reservado às publicações especializadas de circulação limitada. Bons exemplos podem sem conferidos nas discussões levantadas pela Revista Ecológico (MG), Revista Imprensa e outros títulos.

As pautas de Vida Simples (revista lançada em 2002, filha da Editora Abril) infelizmente são tratadas pela grande mídia como jornalismo de entretenimento, coisa de segmento. Portanto, não se vê nos diários uma abordagem satisfatória e não propagandista das ações em prol de um mundo mais habitável, mais ameno ante tanta desgraça. A imprensa, em sua maioria, teima em reconstruir casas na areia, em um exercício só para ver o mar.

A consciência do novo cidadão é também formada pela mídia. É preciso equilibrar a peneira para que os fatos de desgraça não sejam maiores do que as iniciativas de esperança. A avalanche de informações pode moldar o imaginário do indivíduo em um processo de formar Orange Clockwork e seus dissidentes.

O atual modelo de comunicação de massa tem formado o cidadão apático e estressado ou apenas tem sido o espelho da realidade? Protestar vai além de subir em monumentos ou mostrar os peitos. Trabalhar a consciência é um desafio. Alterar padrões de comportamento implica estabelecer outros. De onde virão os parâmetros? Da mídia que se abstém de tratar no cotidiano temas como meio ambiente e responsabilidade social?

A cidade orgânica cresce. A verticalização é proporcional ao aumento da frota. A estrutura de esgoto, trânsito, fornecimento de água e energia não consegue acompanhar o referido crescimento. As pessoas precisam determinar os limites da própria satisfação e o nível de sociabilidade que é capaz de suportar. As pessoas não cedem; derrubam argumentos sustentáveis por práticas imediatas de conforto e satisfação. Alguém tem que ceder, mas quem? Todos em algum momento, em determinada intensidade. Enfim, entre a imprensa falar mais ou falar melhor, nos aproximamos de mais uma conferência (Rio +20) para debater a falência dos recursos perante nossa cadeia de consumo e de argumentos. Determinar políticas com resultados mais efetivos é um desafio; mas diante desse cenário, qual é a face da opinião pública? Esta entidade que é a maior interessada nos efeitos das decisões tomadas pelos chefes de estado e iniciativa privada. É possível traçar o perfil social a partir das páginas dos jornais?

Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed687_pautas_doces

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www.passocomunicacao.blogspot.com 

sábado, 3 de março de 2012

terminologia da prática



A comunicação (corporativa ou não) insistentemente está atrelada a conceitos que se tornaram palavra de ordem: engajamento, alinhamento, ações coordenadas e integradas. Entretanto, como os conceitos podem ser verificados nas ações postas no dia a dia?

Dentre a papelaria e as ideologias que não cabem nos bits, os comunicadores com síndrome de Pink e Cérebro despejam todos os dias as estrategias para pontuar o que é, ou não, interessante no cotidiano, e pintar o antigo de vanguarda; disparar interpretações alternativas para conceitos e fatos. O público sucumbe sempre, mesmo quando alega não o fazer. Trata-se de um automatismo sutil. O resultado está nos padrões de mobilização popular e de consumo. Cada vez mais nas mãos do que é eletrônico, vivemos com o pânico de ouvir a recorrente frase "o sistema caiu". Engraçado mas diante da queda do sistema da TAM (no dia 2/3) não vi nenhuma matéria dos grandes (ES EM FSP e etc) com um foco mais abrangente ( que vá além do jargão "quero ver como vai ser na copa"). Essa frase ("o sistema caiu") significa atraso, impotência, perdas e danos. No entanto, diante do colapso das ferramentas criadas para tornar o dia a dia mais ágil, constatamos a necessidade de nos reinventarmos; encontrar soluções para educar e manter o fluxo social.

Quem criará as soluções? Quem as divulgará? As cifras controlam as decisões sobre o que é ou não bom para a sociedade. A revolução industrial já não cabe nos livros de história, ela extrapola o que se pode controlar. Indústria da seca, indústria da miséria, indústria das emendas parlamentares, indústria dos votos comprados, indústria do consumo, das rodovias sem reforma, da violência, do sexo, das drogas, do futebol e da et cétera.

Do outro lado do balcão, os jornais têm ganhado atualmente muitos leitores em função de um kit básico da mídia: boas narrativas, distribuição otimizada, interatividade e preço de capa, além da grande oferta de tragédias (humanas e ambientais). A disponibilização em mídia eletrônica tem contribuído para manter leitores em uma nova plataforma de acesso a conteúdo, e também para fidelizar alguns olhos que passam pelas bancas em busca de identidade. Sustentar-se é preciso, agora e amanhã, mas do que nunca; novamente as cifras.

Assessores ou lobistas? Afora a discussão defendido há anos pela Aberje, e a luta pela regulamentação das profissões, é preciso refletir além de terminologias. Responsabilidade social é algo incrustado à filosofia de desenvolvimento. O modelo truculento e imediatista de progresso precisa ser substituído por ações colaborativas e posicionamento transparente ao agregar valor ao negócio (veículos de comunicação e empresas) sem ferir ainda mais a sociedade. Como se portam os assessores e lobistas diante de temas de utilidade pública? E os repórteres?

Acredito ser necessário Conhecer para crescer; Não basta criar estratégias de escritório, por trás das mesas e em frente a aparelhos ruidosos de ar condicionado. Os comunicadores precisam Personalizar o reconhecimento. Falar da massa considerando o grau de individualidade existente nela. Mobilizar pela sensibilização? Após conhecer como o público cria significado e utiliza a linguagem, interagir deixará de ser uma ferramenta de controle velada e passará a representar um processo de comunicação menos corrosivo.

As interrogações são as sementes de uma boa pauta e as reticências a garantia da continuidade. Façamos!

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o sabor da linguagem


Enquanto no escurinho há teatro e cinema, e à mesa (e aos olhos) repousam orgias gastronômicas, sem reservas, respira-se entremeio aos fluxos urbanos. Dentre As mais fortes, o bufão. Não o filho do demônio, mas o riso grotesco, as entranhas do homem expostas numa risada. O espelho que anda diante de nossas palavras reflete nossos pensamentos. Encenar a espontaneidade é respirar. O processo de formação de público, estimulado pelas campanhas de popularização do teatro e da dança colherão frutos a longo prazo. Todavia, a iniciativa deveria contaminar também as salas de cinemas, com estratégia de exibição de filmes "não comerciais" seja ficção, documentário, curta, média ou longa metragem.

Frustração é consequência de visão limitada [embebida em paixão], entendimento raso. Diante dos desafios, o talento traz a confiança, mas apenas a sabedoria a mantém. Apesar de tudo o que cansa no humano, os poros escondem mais do que pelos; o suspiro e as palavras muito mais do que significados.

A felicidade está em encontrar a plenitude da vida no gerúndio, no significante. Chocolates e olhares. A amargura o distingue, realça a ternura de seu sabor, delineia o espanto, o medo de se envolver; a vontade e a energia. Tudo em uma mordida silenciosa, seguida de uma intensa e vagarosa dança da língua. Amelie ou Angelique. Poulain ou Delange.

O som de degustar um chocolate. Caminhar na chuva emotivamente anônimo meia noite em paris; texas. Inocente, ingênuo e intenso, o amor se faz em um chocolate e impregna-nos ao se desfazer na língua.


Entre o que nos faz humanos e o que nos faz palavras, o picadeiro pós-moderno: a cidade
O circo é o palhaço. "O gato bebe leite, o rato come queijo. E você?"