segunda-feira, 9 de julho de 2012
quinta-feira, 5 de julho de 2012
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Velharia...
Dentre tantos textos produzidos junto da equipe do Oficina (Unileste - 2001), alguns gosto de reler.... separei alguns...
terça-feira, 26 de junho de 2012
Transparência opaca liberdade
Em seu modus operandi, a mídia
surpreende como uma pastilha efervescente em um copo com água.
Rumores sobre sobreposição de narradores e técnicas
narrativas, obsolência de plataformas de comunicação
e o surgimento de uma nova cultura de consumo. Tudo mais e do mesmo.
A recém lançada, e
na imprensa divulgada, obra de Eli Pariser (O Filtro invisível:
o que a internet está escondendo de você) atenta para
uma sutil censura aos olhos da liberdade. Na mídia
convencional, o filtro já existe constituído por visões
de pauteiros profissionais e cifras mantenedoras. Na internet, o
filtro é mecânico/ matemático, pautado por
estratégias de estímulo ao consumo direto. Contra o ato
passivo de ignorar manchetes surge a demanda por uma curiosidade e
disposição para navegar na rede e confrontar
narrativas. “Na bolha dos filtros, a situação é
diferente. Nem chegamos a enxergar as coisas que não nos
interessam” alerta Pariser. É preciso um novo leitor diante
do colapso conceitual da dinâmica Tempo x necessidade +
Capacidade Crítica. Apenas compreender que a vigente liberdade
de expressão e transparência apresenta-se por uma
superfície conceitual turva é que o indivíduo
conseguirá vislumbrar uma direção sóbria
para suas decisões como cidadão.
Além disso, é
importante considerar a rentabilidade dos veículos. Como
garantir investimento financeiro em mídia digital e como
manter tantos títulos impressos; ainda mais agora com a
crescente segmentação da mídia impressa?
Consumidores são educados a mudar o perfil de consumo e a
pagar pelo conteúdo digital. Todavia, todo processo de
formação de público é moroso e com
falhas.
Nesse ínterim, o processo
de produção de conteúdo é permanente.
Análises do pesquisador David Abrahamson apontam brechas entre
a estrutura e continuidade das mídias digitais e das
impressas. Perante o público, o jornalismo impresso se manterá
como referência; a segmentação editorial deve
garantir a profundidade das coberturas sem tornar o público
uma célula alienada e isolada do corpo social. Ou seja, mesmo
ao se especializar em um tema, o veículo deve relacionar o
conteúdo com a multiplicidade social e contextualizar o
indivíduo entremeio ao turbilhão de informações
e demanda por decisões. Para vivenciar esse desafio, a
tecnologia é paradoxalmente um aliado do jornalismo, pois
instiga o profissional à melhoria e não à cômoda
e boêmica posição soberana na sociedade. Embora
muitos estejam aos tropeços inventando moda.
Enquanto as revistas mergulham na
segmentação e distribuição otimizada, os
impressos enxugam redações, atualizam projetos gráficos
(Em Minas Gerais, o último foi o Hoje em Dia, que copiou
formato do O Tempo e buscou leveza tipográfica e mais
disponibilização de conteúdo) e se relacionam
cada vez mais com o meio digital como plataforma complementar à
impressa, vinculada. O sucesso não pode ser mensurado de
imediato. A reação inicial do consumidor amadurece
junto a persistência do veículo e a disponibilidade de
informações.
Nesse momento, iniciamos o ciclo
de intensificação das pautas políticas, com os
óbvios candidatos corruptos panfletando uma imagem turva de
confiança. O clichê nos é fatal. Há pão
e há circo. A zona boêmia é então
transferida para as prefeituras e câmaras, e o cidadão
exala o ópio da indignação, topless, cartazes e
votos equivocados nas urnas.
O Processo de comunicação
(emissor – mensagem – receptor) se renova sobre o mesmo mito:
padrões estéticos de produção e de
consumo. O jornalismo precisa se posicionar como um circuito aberto.
Deve induzir reflexão e às vezes conduzir, mas não
entregar pronto, pois é falho ao se enxergar como premissa da
opinião pública e detentor da versão oficial dos
fatos. Fatos tais que são cada vez menos exatos, em virtude da
avalanche de interpretações que agora podem ser
postadas e transportadas por diversas mídias; em casa, nos
bolsos, ruas, painéis, fachadas, escritórios e até
mesmo naquela antiga conversa de esquina, beira da calçada ou
mesa de bar, ao gosto do bom gosto.
A liberdade social é
manifestada então na mídia sob uma película
opaca, chamada transparência, fabricada na cabeça de
Assessores de Comunicação, Redatores desavisados, e
também pela população da esperteza e repetição.
A viabilidade de qualquer mídia está em sua
representatividade e relevância. Para encontrar o que vale a
pena consumir, o leitor deve driblar os filtros programados e
confrontar narrativas, regurgitar informação e
transformar o que absorveu em algo produtivo para o que vem depois.
.,
segunda-feira, 21 de maio de 2012
bom dia
A manhã desperta minha face ao sol, o vento percorre minha pele definindo caminhos de refrigério, de excitação e paz. Pego uma flor e penso em você; guardo-a no aconchego do peito. Suas pétalas suaves sobre mim; poder sentir com intensidade a sutileza que você carrega naturalmente. Seu bom dia é transformador, seja qual dia for!
terça-feira, 8 de maio de 2012
limão n' água
Multiplicidade;
somos invariavelmente os mesmos? Continuo a frequentar as bancas,
insisto em atirar limões na água e observar os seus
efeitos. Entre os ombros dos mais afoitos, as pautas e ruas revelam
tanto desejo que as horas são poucas e os dias cada vez mais
necessários. Um país com significativa preocupação
com temas ambientais e controversa tratativa de tais assuntos.
A
fraca presença da imprensa no último Fórum
Mundial de Água (em Marselha) e a repercussão do
assunto na mídia despertou preocupação. Os
debates provocados no VII
Fórum Água em Pauta”, realizado pela Revista Imprensa
e pela Bolsa de Responsabilidade Social (BRS), em Fortaleza (CE),
alfineta-nos ainda mais. Como os jornais de grande circulação
e os jornais de circulação regional tratam do tema?
Como proporcionam a reflexão e mudança de hábito
do cidadão? Aos que não fazem, é tempo de
despertar; aos que esboçam uma narrativa, é preciso
mais do que panfletagem.
Inevitável
então é condicionar o público para a faceta
econômica de comportamentos sociais. Combater a violência,
a droga, o crime ambiental e a pobreza e falta de saúde
tratando todos como indicadores econômicos dos mais importantes
(como variáveis do mercado econômico); mostrar e
amplificar como tudo isso nos é muito caro. O avanço
tecnológico e as mudanças no periodismo das mídias
tornaram equivocadamente o “passar os olhos” sinônimo de
leitura. Precisamos fazer como disse Dines à revista Negócios
da Comunicação: “Eu subordino a tecnologia ao texto,
e não o contrário”. As universidades, entidades e
institutos de pesquisas despejam diariamente estatísticas que
nutrem pautas e a desinformação da massa.
Considerando
a importância do lucro para as atividades sociais
contemporâneas, a Economia Verde a ser debatida na Rio +20
propõe tratar a natureza como um capital. Desse modo,
estratégias de lucratividade a partir de investimento em
preservação serão apresentadas como solução.
O lucro saudável, sem exacerbado ganho financeiro, mas também
sem prejuízo. O ganho humano é maior.
Enquanto
a preservação do meio ambiente depender do emocional
coletivo, nada de efetivo acontecerá. O indivíduo se
move pelo bolso ou pela barriga que dói. A cobertura da
imprensa deve ampliar os interesses envolvidos em questões
como a do Código Florestal e não ficar com uma placa de
protestos em mãos.
O
factual precisa ser utilizado como instrumento de reflexão e
não para induzir uma opinião (como é feito desde
os primórdios), mas proporcionar o diálogo. Talvez essa
seja a alternativa à consciência social vigente:
Proporcionar mudança pelo debate (e não combate) da
multiplicidade de ideias, reforçando que alguém terá
de ceder, é inevitável.
A
Presidenta Dilma tem até dia 25/5 para se manifestar sobre o
Código Florestal. Enquanto isso, a população
continua como uma massa em bloco de carnaval atrás do trio
elétrico: presa no automatismo de pensar e agir. A rima pobre
é válida: Tudo muito polarizado em mundo globalizado.
sinto você ranger abaixo de mim,
não me canso de tocar-te;
mantenha-me de pé enquanto persistir o sonho
Saiu também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed694_atirei_um_limao_nagua
--
quinta-feira, 26 de abril de 2012
tipografia orgânica
Acordo e revejo Life in a Day (o longa, projeto de retalhos do you tube); a encenação do espontâneo. O desafio de montar o enredo e a facilidade de obter cenas repetidas e ângulos comuns, pois somos repetitivos e iguais em essência (criativa?). Excesso. A tela passa por vaidade, prazeres, ridicularidades, simplicidade e irreverência. Tudo ao mesmo tempo, por toda a parte. Remendos de felicidade X verdade. Nossas particularidades mostram-se sutilmente especiais. Especiais por serem nossas, únicas em si, e não por serem mais ou menos relevantes na esfera social. Mais do que a essência do detalhe; o lugar que ele ocupa no tempo e espaço.
O filme constrói uma mensagem que comunica a humanidade a partir dos fragmentos. A comunicação espontânea, remontada. As interpretações à flor da pele.
Transpor a imperceptível lâmina d'água da realidade e misturar-se ao outro. a justaposição de Eiseinstein e a liberdade de Bazin. O epicentro da vanguarda em algo que se revela não como novo, mas como alternativa ao fluxo da modernidade. A reflexão sobre o que é o dia, a vida e um no outro.
Essa tua ruminança não é genialidade. É uma coceira do ego, da vontade de dominar. A alternativa então é ser cafona e sumir na massa, para que você me conte nua; me continua na curva da cintura desse nosso devaneio. Quando a palavra silêncio preenche toda a minha boca você surge. Contempla sentada ao meu lado. Ah, a tipografia orgânica desse seu olhar;
Em tempo, observar um grande artista embrenhar-se pelos números em prol de alternativa para sustento e desenvolvimento só anima quando percebo que a desesperança urbana será golpeada pelos olhares do meu amigo artesão da vida, que modelará os números em um cálculo que dobrará o concreto de nossos corações e transformará os espaços em ideias habitáveis. Que Deus mantenha a visão.
Outros filmes se repetem diante dos meus olhos, Diário de um jornalista bêbado e os Amores da casa de tolerância. A realidade em estado cru, a fantasia nua de narrar histórias marcantes. O cinema ainda é alívio, mesmo quando nos sufoca.
Hoje permito-me estar absorto na névoa que se esvai e revela a silhueta do infante sorridente a correr sob os raios de sol da manhã. O que ela [névoa] revela fascina-me todos os dias, todavia, a maneira como ela se dissipa intriga-me. Ela vai sem nada levar. Eu fico nu orvalho, admirando o novo dia do qual faço parte.
eu passo!
passocomunicacao.blogspot.com
terça-feira, 17 de abril de 2012
Valor às marcas
O desejo de ser
referência para a opinião pública está
mais atrelado a uma busca por lucro e controle de mercado do que
prestação de serviço à vida. Diante das
mudanças bruscas das últimas décadas, o poder e
valor das marcas já não pode ser trabalhado como um
anúncio, uma placa, um nome gritado aos quatro cantos do
esférico mundo.
A regionalização
das narrativas, em linguagens e temas tem sido a estratégia
padrão para integrar os consumidores e fidelizar o novo
cidadão digital. O modelo de construção das
marcas ultrapassa os espaços publicitários, e
alastra-se pelo espaço editorial, pelo espaço físico
das cidades e pela manifestação cultural. É
necessário conhecer a natureza do resultado a que se propõe
obter. O valor a ser construído depende dos parâmetros
que constituem a cultura da organização.
Seja a partir das
sucursais (muitas em extinção); seja os grandes meios
de comunicação com uma gestão integrada de
afiliados (Globo com 29 grupos de comunicação e 122
emissoras – sendo 117 afiliadas); seja nas empresas com um
corporativismo velado sob a tutela dos conceitos-produtos:
Responsabilidade social, Qualidade de Vida e Sustentabilidade. Todas
as frentes de comunicação anseiam tocar o público,
controlá-lo, saciar as vontades que os próprios meios
criam. Mas como se posicionar diante dessa massa?
Os gestores, com raiz
no modelo antigo de administração, são
resistentes a assumirem a transparência como virtude. Eles a
consideram um risco, uma ameaça à saúde do
negócio. Dessa forma, cerceiam a liberdade dos profissionais
de comunicação (dentro ou fora das redações)
como um indivíduo pensante. São poucas as empresas e
áreas de comunicação que sustentam uma postura
transparente e sóbria na construção de
discursos, práticas e relacionamentos. A marca (seja de uma
indústria ou de um veículo de comunicação)
deve ir além do símbolo, precisa representar um valor,
um caráter perceptível nas práticas.
A integração
de serviços e a livre escolha são estandartes do mundo
contemporâneo. O indivíduo precisa sentir liberdade para
consumir informação e o acesso deve ser resultado de
uma fórmula cruel, onde a instantaneidade deve estar
disponível em multiplataformas a um custo baixo [ o que muitas
vezes desconsidera o valor de produção e do produto].
TV, jornal, rádio,
tudo na palma da mão. O smartphone dita o ritmo de vida
moderno. O rádio foi então revitalizado pelo twitter,
os jornais pelo facebook e a TV pelos portais de convergência
de conteúdo. A maneira como a Rádio CBN e a Itatiaia
utilizam o twitter para alinhar e expandir a programação,
provocar interatividade e prestação de serviços
tem dado fôlego ao fazer jornalismo. O mesmo acontece com as
fanpages dos jornais. As notícias provocam diálogo
direto com os leitores e aponta caminhos possíveis para
aprofundar nos temas veiculados. Muitos têm aprendido a
trabalhar tendo a interferência do público como
instrumento do processo narrativo.
O turbilhão do
padrão de absorção das novas gerações
é um dos desafios do atual modelo de consolidação
de marcas por meio de ações de comunicação.
A cultura de timeline impera. F5 é o piercing na
língua da juventude. Engajar todos na cadeia de produção
e absorção de conteúdo é algo inevitável.
Engajar o
empregado/consumidor é dar poder a ele. Isso é um
paradoxo da gestão atrofiada que não percebe os
benefícios do equilíbrio entre autonomia e
arbitrariedade. Para que as organizações, midiáticas
ou não, obtenham representatividade perante o público é
preciso trabalhar à sombra da confiança e não
hesitar para mantê-la intacta. A ruptura da confiança
reinicia todo o processo de sedução do outro, trincando
as marcas. Enfim, o processo de comunicação está
cada vez mais vulnerável, pois embora tenha suas premissas
básicas (tal qual leis da física) sua instabilidade
despertou como um vulcão acordado. No desconforto procura-se
por referência. É fundamental refletirmos a respeito de
qual valor há nas marcas que espalhamos ao vento, para não
sermos fustigados pelo que sair do vulcão que criamos.
Publicado também o Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas
Publicado também o Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas
terça-feira, 27 de março de 2012
Pautas Doces
Basta passar os olhos
na seção Ano 1 Nº 1
da Revista Imprensa para perceber o quanto são criados novos
veículos de comunicação; fenômeno
interessante, já que as pessoas falam tanto no colapso dos
impressos e maior utilização dos eletrônicos.
Muitos desses veículos raramente ultrapassa a marca dos cinco
anos de circulação. Porém, existem aqueles que
conseguem amadurecer a linha editorial e se manter de forma saudável
no cruel mercado editorial. São revistas e jornais que se
desdobram para conseguir, sem uma grande editora, o fôlego
financeiro e uma circulação satisfatória.
Em relação
à representatividade das pautas, alguns veículos
especializados acabam por contribuir na construção das
edições da grande mídia; seja pelo assunto,
linguagem ou abordagem dos fatos. Diante da iminente Rio +20, podemos
observar que o mecanismo repetitivo e raso dos grandes veículos
emerge. Os problemas, as limitações e as\soluções
são tratadas apenas durante o calor da conferência
(período próximo, durante e o imediato depois). Nesses
períodos, a população é soterrada de
debates e informações que pouco esclarecem. Todavia, há
um consenso velado que tratar desses assuntos no cotidiano fica
reservado às publicações especializadas de
circulação limitada. Bons exemplos podem sem conferidos
nas discussões levantadas pela Revista Ecológico (MG),
Revista Imprensa e outros títulos.
As pautas de Vida
Simples (revista lançada em 2002, filha da Editora Abril)
infelizmente são tratadas pela grande mídia como
jornalismo de entretenimento, coisa de segmento. Portanto, não
se vê nos diários uma abordagem satisfatória e
não propagandista das ações em prol de um mundo
mais habitável, mais ameno ante tanta desgraça. A
imprensa, em sua maioria, teima em reconstruir casas na areia, em um
exercício só para ver o mar.
A consciência do
novo cidadão é também formada pela mídia.
É preciso equilibrar a peneira para que os fatos de desgraça
não sejam maiores do que as iniciativas de esperança. A
avalanche de informações pode moldar o imaginário
do indivíduo em um processo de formar Orange Clockwork
e seus dissidentes.
O atual modelo de
comunicação de massa tem formado o cidadão
apático e estressado ou apenas tem sido o espelho da
realidade? Protestar vai além de subir em monumentos ou
mostrar os peitos. Trabalhar a consciência é um desafio.
Alterar padrões de comportamento implica estabelecer outros.
De onde virão os parâmetros? Da mídia que se
abstém de tratar no cotidiano temas como meio ambiente e
responsabilidade social?
A cidade orgânica
cresce. A verticalização é proporcional ao
aumento da frota. A estrutura de esgoto, trânsito, fornecimento
de água e energia não consegue acompanhar o referido
crescimento. As pessoas precisam determinar os limites da própria
satisfação e o nível de sociabilidade que é
capaz de suportar. As pessoas não cedem; derrubam argumentos
sustentáveis por práticas imediatas de conforto e
satisfação. Alguém tem que ceder, mas quem?
Todos em algum momento, em determinada intensidade. Enfim, entre a
imprensa falar mais ou falar melhor, nos aproximamos de mais uma
conferência (Rio +20) para debater a falência dos
recursos perante nossa cadeia de consumo e de argumentos. Determinar
políticas com resultados mais efetivos é um desafio;
mas diante desse cenário, qual é a face da opinião
pública? Esta entidade que é a maior interessada nos
efeitos das decisões tomadas pelos chefes de estado e
iniciativa privada. É possível traçar o perfil
social a partir das páginas dos jornais?
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed687_pautas_doces
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed687_pautas_doces
______________
www.passocomunicacao.blogspot.com
sábado, 3 de março de 2012
terminologia da prática
A comunicação (corporativa ou não) insistentemente está atrelada a conceitos que se tornaram palavra de ordem: engajamento, alinhamento, ações coordenadas e integradas. Entretanto, como os conceitos podem ser verificados nas ações postas no dia a dia?
Dentre a papelaria e as ideologias que não cabem nos bits, os comunicadores com síndrome de Pink e Cérebro despejam todos os dias as estrategias para pontuar o que é, ou não, interessante no cotidiano, e pintar o antigo de vanguarda; disparar interpretações alternativas para conceitos e fatos. O público sucumbe sempre, mesmo quando alega não o fazer. Trata-se de um automatismo sutil. O resultado está nos padrões de mobilização popular e de consumo. Cada vez mais nas mãos do que é eletrônico, vivemos com o pânico de ouvir a recorrente frase "o sistema caiu". Engraçado mas diante da queda do sistema da TAM (no dia 2/3) não vi nenhuma matéria dos grandes (ES EM FSP e etc) com um foco mais abrangente ( que vá além do jargão "quero ver como vai ser na copa"). Essa frase ("o sistema caiu") significa atraso, impotência, perdas e danos. No entanto, diante do colapso das ferramentas criadas para tornar o dia a dia mais ágil, constatamos a necessidade de nos reinventarmos; encontrar soluções para educar e manter o fluxo social.
Quem criará as soluções? Quem as divulgará? As cifras controlam as decisões sobre o que é ou não bom para a sociedade. A revolução industrial já não cabe nos livros de história, ela extrapola o que se pode controlar. Indústria da seca, indústria da miséria, indústria das emendas parlamentares, indústria dos votos comprados, indústria do consumo, das rodovias sem reforma, da violência, do sexo, das drogas, do futebol e da et cétera.
Do outro lado do balcão, os jornais têm ganhado atualmente muitos leitores em função de um kit básico da mídia: boas narrativas, distribuição otimizada, interatividade e preço de capa, além da grande oferta de tragédias (humanas e ambientais). A disponibilização em mídia eletrônica tem contribuído para manter leitores em uma nova plataforma de acesso a conteúdo, e também para fidelizar alguns olhos que passam pelas bancas em busca de identidade. Sustentar-se é preciso, agora e amanhã, mas do que nunca; novamente as cifras.
Assessores ou lobistas? Afora a discussão defendido há anos pela Aberje, e a luta pela regulamentação das profissões, é preciso refletir além de terminologias. Responsabilidade social é algo incrustado à filosofia de desenvolvimento. O modelo truculento e imediatista de progresso precisa ser substituído por ações colaborativas e posicionamento transparente ao agregar valor ao negócio (veículos de comunicação e empresas) sem ferir ainda mais a sociedade. Como se portam os assessores e lobistas diante de temas de utilidade pública? E os repórteres?
Acredito ser necessário Conhecer para crescer; Não basta criar estratégias de escritório, por trás das mesas e em frente a aparelhos ruidosos de ar condicionado. Os comunicadores precisam Personalizar o reconhecimento. Falar da massa considerando o grau de individualidade existente nela. Mobilizar pela sensibilização? Após conhecer como o público cria significado e utiliza a linguagem, interagir deixará de ser uma ferramenta de controle velada e passará a representar um processo de comunicação menos corrosivo.
As interrogações são as sementes de uma boa pauta e as reticências a garantia da continuidade. Façamos!
.,
o sabor da linguagem
Enquanto no escurinho há teatro e cinema, e à mesa (e aos olhos) repousam orgias gastronômicas, sem reservas, respira-se entremeio aos fluxos urbanos. Dentre As mais fortes, o bufão. Não o filho do demônio, mas o riso grotesco, as entranhas do homem expostas numa risada. O espelho que anda diante de nossas palavras reflete nossos pensamentos. Encenar a espontaneidade é respirar. O processo de formação de público, estimulado pelas campanhas de popularização do teatro e da dança colherão frutos a longo prazo. Todavia, a iniciativa deveria contaminar também as salas de cinemas, com estratégia de exibição de filmes "não comerciais" seja ficção, documentário, curta, média ou longa metragem.
Frustração é consequência de visão limitada [embebida em paixão], entendimento raso. Diante dos desafios, o talento traz a confiança, mas apenas a sabedoria a mantém. Apesar de tudo o que cansa no humano, os poros escondem mais do que pelos; o suspiro e as palavras muito mais do que significados.
A felicidade está em encontrar a plenitude da vida no gerúndio, no significante. Chocolates e olhares. A amargura o distingue, realça a ternura de seu sabor, delineia o espanto, o medo de se envolver; a vontade e a energia. Tudo em uma mordida silenciosa, seguida de uma intensa e vagarosa dança da língua. Amelie ou Angelique. Poulain ou Delange.
O som de degustar um chocolate. Caminhar na chuva emotivamente anônimo meia noite em paris; texas. Inocente, ingênuo e intenso, o amor se faz em um chocolate e impregna-nos ao se desfazer na língua.
Entre o que nos faz humanos e o que nos faz palavras, o picadeiro pós-moderno: a cidade
O circo é o palhaço. "O gato bebe leite, o rato come queijo. E você?"
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Conexão de egos
Manhattan connection,
apresentado pela Globo News, revela um Brasil anestesiado. Um país
de fim de expediente que sentado à mesa reflete sobre os
problemas do mundo e do país com bom humor descompromissado,
palavras ácidas e alguns argumentos pertinentes. Entre
episódios bem orquestrados pelos jornalistas, há sempre
o desagradável duelo de egos que subestima assuntos e prolonga
comentários sobre temas menos relevantes.
A conexão
proposta nem sempre consegue estabelecer uma identidade entre os
comentaristas e os locais de onde comentam. Leituras uniformes de um
recorte do cotidiano ( a partir de leituras de mídias) com
pequenas divergências.
Há algumas
semanas, a entrevista com Fernando Henrique Cardoso derrapava
justamente quando deixava de ser entrevista, conversa, para ser uma
troca de manifestação de egos. Na última semana,
apresentou uma mídia cansada, sem identidade, perdida em
comentários a conta gotas mais pautados pelo ego do que por
uma análise de um profissional experiente em imprensa (como
apresentam ser os apresentadores – e são, considerando o
currículo de cada um). Afora a conexão
de egos, é de certa forma satisfatório percorrer os
comentários, pois jogam assuntos no ventilador e narram o que
observam acontecer, em ritmo frenético, deixando a sensação
de que falta algo.
Domínio próprio
é estratégia para o bom narrador. O ego de um
jornalista não deve conduzir sua narrativa ou análise
do posicionamento midiático. A humildade, bom senso e estilo
devem contribuir para a convergência de ideias e a conexão
de olhares alhures.
Publicado também no Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed682_conexao_de_egos
- - - - - - - - - -
Que perfil encanta aos
olhos?
“Em geral, quando
escrevemos para uma publicação com a qual concordamos,
pecamos por comissão, mas quando escrevemos para uma
publicação de caráter contrário, pecamos
por omissão.” Eric A Blair
A imprensa muitas vezes
foge do desconforto, seja do repórter ou da fonte, mas o
processo de informação exige desconforto para revelar
dados além dos institucionalizados e das versões
treinadas diante de espelhos. O repórter não é
taquígrafo, como já disse Malin; todavia, às
vezes o jornalista parece um cardíaco com medo da próxima
emoção: a do fato revelado. Desta feita, sobra-nos
pautas exageradas como a cobertura do caso Eloá, que sem muita
novidade se repete noticiário por noticiário.
Até tu Minas
O Estado de Minas do
dia 15/2 apresentou mais uma de suas ousadias de estrutura gráfica
para tratar do cotidiano de forma fascinante, mas errou a mão.
Com a bajulação ao jogador Neymar, a imprensa constrói
um crack que não vicia, mas cansa. A capa do jornal trazia uma
arte estilizada como um cartaz de filme (O Artista) e no caderno de
esporte não economiza em mostrar o menino da vila como O Astro
– artista da bola. É um produto do futebol moderno onde o
talento cria mitos instantâneos e enaltece um potencial antes
dele consolidar resultados (Ao contrário da trajetória
de Messi). A mídia precisa ser mais cautelosa ao traçar
perfil de artistas, sua supervalorização tem sido
corresponsável pelo surgimento de grossas biografias de
celebridades com menos de 30 anos de idade.
Entretanto, alguns
perfis resgatam a veia perceptiva do narrador. Na edição
do dia 16/2, o mesmo Estado de Minas apresentou o perfil
de um pasteleiro(olha o link) que trabalha próximo ao
Hospital da Polícia Militar em Belo Horizonte. Uma história
de superação, simplicidade e determinação,
relatada de forma objetiva pelo repórter. Cidadania.
Se o futebol representa
o Brasil volátil, da incoerência, o perfil do seu Zé
apresenta o Brasil da persistência, que não se faz sob
holofotes. A imprensa deveria instigar mais narrativas assim.
Estampar um perfil que contribua para reflexão humana e
melhoria de caráter. Ler jornais deve ser mais do que apertar
F5, deve trazer de volta o prazeroso desconforto de pensar.
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed682_que_perfil_encanta_os_olhos
.,
sábado, 11 de fevereiro de 2012
errata
Tostoi e Blair ébrios do conceito de felicidade e busca humana. O deflagrar da essência humana não está mais sobre o fôlego divino, mas no paradoxo entre seduzir, conquistar e destruir. Constata-se isso na política internacional, na concorrência no mercado regional, ou entre as alianças, namoros e programas de entretenimento.
Comportamentos selam o
valor do indivíduo. A intrepidez, ganância e arrogância fazem
do ser social cobiçado e temido. A sincera humildade e
sensibilidade o torna resto entre os dentes. Há lei dos mais fortes.
Fidelidade em plenitude
inexiste; até os mais profundos resquícios do que foi
humano. A vaidade exortada é o significado da sociedade
contemporânea. Todavia, às vezes é ela (vaidade)
mecanismo de defesa, estratégia natural de sobrevivência
pela sedução e reconhecimento, ocasionando benefícios para o outro ou para o grupo social: solidariedade.
Em um rápido
olhar ao redor, o retrato: As referências, os grupos de
relacionamento; as riquezas. Os sentimentos esmigalhados, a justiça
esmagada, a misericórdia, a esperança. Açougue e
suor, sob o sol o dia resvala as ilusões de homens sobre as
fúteis mulheres limpas, sujas de papel moeda e controle de
emoções. O álcool, nesse cenário, é
a porta para o beco que desemboca em outra porta: para outras drogas. A
degradação da vida aumenta sem medida. As páginas
de jornais já não conseguem acompanhar e apenas resumem a violência sem fronteiras, credo ou classe. Todavia, há narradores que conseguem tornar o jornal uma bula para lidar com a realidade.
Confiante no elixir da humanidade, arrisco: Haverá errata.
Lampejos do que a
mão não alcança, do que os lábios não
podem tocar. A liberdade das interpretações determina a
intensidade dos conflitos. Encontrar o próprio ritmo dentre os
passos e ombros na rua. Encontrar o seu ritmo dentre as gotas de
chuva. Saber cumprir sua função como átomo neste
universo.
As lágrimas
confundem-se com a chuva;
e o suor não
saía daquele corpo cansado.
Essa palavra que não
tiro do seu raciocínio
esse teu jeito de
causar-me rima e suspiro
Não é
o céu, muito menos seus olhos;
o brilho é a
estática da ilusão;
a esperança
nos invade e conduz-nos
a uma paz sem alma,
sem corpos,
sem palavras.
Quantas voltas guardam o caminho de ida?
Quantas voltas guardam o caminho de ida?
passocomunicacao.blogspot.com
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Rumor e prumos do olhar
“Para
o Jornalista, tudo o que é provável é verdade”,
H. Balzac
Ninguém parece
se ater às águas enquanto navega, por isso vêm a
pique, pois no meio do caminho há sempre mais do que uma
pedra. É fundamental que os narradores percebam de onde vem o
barulho que determinam suas pautas. Na Bíblia, o efeito “solta
Barrabás” mudou o rumo dos acontecimentos, atualmente,
eventos Trending topics como o “Luiza Canadá” e
“Grávida de Taubaté” mudaram a pauta da mídia
nacional, as discussões sobre comunicação em
massa e criaram um instantâneo clichê do humor.
Sofrimento e
irreverência continuam como moedas sociais. Na mesa de
discussão da agenda reflexiva, as memórias reais da
sociedade são substituídas por ideologias de palavras e
espasmos de uma puberdade tecnológica, onde a ponta dos dedos
ordena ações às telas, mas as palavras à
cabeça não provocam mudança nos comportamentos.
Os veículos de comunicação ignoram o poder do
buzz, mas são regidos por eles. Atualmente, o tosco
telefone sem fio define o material reflexivo tanto do narrador
quanto do espectador. A temporalidade do assunto e seu poder de
assombramento, de retorno, são subestimados e substituídos
pelo que está na moda. Quem define essa moda? Um grupo
corporativo (como defende W. Bueno), as classes sociais, ou as
gerações X, Y, Z?
“Quando
se diz que um escritor está na moda, sempre se quer dizer na
prática que ele é admirado por pessoas com menos de
trinta anos” Eric Arthur Blair.
Navio tomba no mar,
prédios caem no Rio e Pinheiro já não simboliza
natal, mas atrocidades de um governo reacionário e negligente,
amparado por uma polícia cujo bom senso está na ponta
dos dedos, comprimido entre gatilhos e cassetetes. A imprensa com
canetas e eletrônicos mais uma vez registra o imediato mas não
constrói a rede de interesse que cerca a permissividade dos
governos, da estrutura de habitação (ocupação,
viabilização e fornecimento de serviços básicos,
expansão), da gestão da segurança pública,
educação e saúde como pastas interligadas.
Enquanto isso na mídia, o aniversário de uma Potra na
Bahia continua a ser matéria.
A imprensa de modo
geral se confunde no âmbito emocional ao cobrir tragédias.
Esquece que todo dia tem tragédia, pinça as
cinematográficas e “cria” personagens em cima de vítimas.
Constrói heróis e transformam telejornais ou jornais em
versões noticiosas das mensagens fonadas melosas de datas
comemorativas. Gasta-se tempo demais em repetir informações
(imagem e texto). O efeito disso vai além das edições
nas bancas, ou dos telejornais; a interferência da imprensa
chega às livrarias, afeta escritores e autores de livros; as
prateleiras são entupidas de títulos ruins com alta
venda.
Tragédia não
é só para os gregos, mas Reforma é coisa de
brasileiro; acostumados a fazer puxadinhos e gambiarras, quando na
verdade, na maioria das vezes, tudo deveria ser posto ao chão.
Reforma agrária, política, ortográfica, da
imprensa, da habitação, dos transportes, da saúde,
das religiões e dos colhões. Todavia, a inviabilidade
do recomeço aponta a reforma como o mais viável;
trata-se da coleta seletiva do comportamento humano. Não
resolve, pois não atua no consumo e no início da cadeia
produtiva, mas ajuda uma vez que provoca reflexão e ação
imediata. Como se reforma um olhar?
Moderado e nítido, seu
olhar girassol encontra o chão;
no renovar de mais um ciclo, sementes.
no renovar de mais um ciclo, sementes.
Salve o Guardador de Rebanhos, que na beira da estrada
é o paradoxo de nossa falência
é o paradoxo de nossa falência
.,
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
O gineceu e a desinformação do sustentável
No
simples gesto de folhear a realidade percebemos que milhões
($) transitam diante e além de nossos olhos. Entre os
interesses da massa e as necessidades e anseios individuais, os
eletrocidadãos mobiles perambulam
entre as novelas midiáticas da famigerada vida real.
A
polêmica política de integração nacional
familiar pernambucana de Bezerra; a proposta de aumento exorbitante
(61%) dos salários dos vereadores de Belo Horizonte (MG); as
desgraças do período pós-chuva a atingir 3
milhões de pessoas nos municípios mineiros e os 3
milhões atingidos pela seca no sul do país; o ENEM e os
erros do sistema educacional (e o Prouni comemora que desde sua
criação, em 2004, já concedeu quase um milhão
de bolsas de estudos em cursos de graduação – e esse
ano arrebentou em inscrições; mais de 1,2 milhão
– Qualidade versus Acesso), tudo se renova do mesmo. Etanol, café
e suco de laranja pelos ares.
A
esperança está na sensação que alguns
veículos conseguem provocar com suas matérias, ao
apontar incoerências e soluções, e transmitir a
ideia de que algo está sendo feito. Nem que esse algo seja
apenas barulho.
Fato
curioso não é a mídia estacionar as pautas nos
trending topics, mas é a matéria da Folha de São
Paulo Online no dia 12/1, em uma matéria sobre o MinistroBezerra, utilizar o jornal O Estado de São Paulo como fonte ao
falar sobre os dados da ONG Contas Abertas. Costume cada vez mais
presenta na mídia.
Mino
Carta e Thomaz Souto Corrêa (na última edição
da Revista Imprensa) declararam que a qualidade do jornalismo
brasileiro tem caído continuamente.
A
mídia impressa há tempos é usada como registro
histórico de uma era. Uma versão equivocada, ou
narrativa mal construída pode comprometer o registro e a
interpretação das gerações futuras ao
revisarem a história social. O que intriga atualmente, é
que alguns veículos não consideram esse fato e
tornam-se panfletos que sujam nossos dedos de tinta ou cansam nossos
olhos à tela.
Um
eficiente sistema de controle, a desinformação
justifica dentre outras coisas a censura rebatizada de SOPA e PIPA,
mesmo Obama alegando veto. Atualmente, conteúdo público
e privado depende muito mais dos interesses do gestor ou autor, do
que da natureza do produto. Quando têm o interesse de
disseminar em massa algo novo, tratam como conteúdo público
e gratuito; todavia, quando esse algo já está
consolidado, querer ganhar dinheiro com o acesso, tornam o produto
privado. O padrão de precificação de conteúdo
do Itunes (pelo menos para música e apps) apresenta-se como
alternativa, mas ainda muito ineficiente. A interação
em web aponta a substituição do download pelo
streaming.
A
desinformação é uma arma estratégica. Ela
enaltece e afunda partidos políticos, obras públicas,
iniciativa privada, conceitos e ideologias; funda religiões,
corrompe a relação do homem com Deus e contribui para o
espetáculo da soberba e fúria contemporânea, onde
a modernidade se faz arcaica e humanidade confunde-se com
individualismo.
Cada
vez mais distante do que deveria e precisaria se tornar, o homem se
enobrece, alimentando-se de sonhos, silício, cidades e jardins
resignados a vasos no quintal de concreto.
Se
Almodóvar espirrasse:
Atrofiado,
em estado vegetativo, o corpo social apaixonado olha nos olhos dela e
clama por um fim. Linda, Ela sobe e coloca seu gineceu sobre a face dele, sufoca intensamente o corpo. Mas naquele orgástico fim, o engano: era apenas um
novo começo.
"não vos canseis de fazer o bem."
2 Tessalonicenses 3:13
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed678_desinformacao_do_sustentavel
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
bulas e fórmulas
O sentimento e o raciocínio que o homem tem em relação aos outros e aos sistema deste mundo é o mesmo que utiliza para se relacionar com Deus, ou com o que concebe ser Deus. Sempre na política do merecimento e recompensa. Com o foco na restituição ou no reconhecimento e não em ser relacionar com Deus, mas no que Ele pode oferecer. O desejo vão do homem e sua vaidade extrapolam a vida social, a postura religiosa e o que o homem fala a respeito dos sentimentos.
Existem fórmulas postas na sociedade, cadenciadas entre os perfis de comportamento. O indivíduo absorve algumas e quebra outras; fato catalisador de novas fórmulas. Curioso é a incoerência entre as fórmulas, quem as cria e para quê. A famigerada tentativa de controlar e julgar, inevitavelmente revela o processo dos indivíduos em determinar fórmulas para os outros. A matriz do pensamento do indivíduo estrutura rotinas de racionalidade e utopia cada vez mais humanas, e com certa possibilidade de controle.
La piel en que habito. O Desejo como estopim da desgraça. A sanidade posta à prova pela sucessão de fatos. A razão pode ser alterada por quem detiver a oportunidade e o controle. Junto à pele, o bisturi arranca a segurança, a identidade. Com a ferida, sangra para dentro do corpo amargura e a dor. Tal combinação aflorada revela a força da destruição, mas a pele já é outra. Na mesma pessoa, as mesmas lembranças, mas com a sucessão de fatos e experiências, uma nova identidade.
Alguns finais felizes não exalam felicidade. O paradoxo se sustenta no sabor de um chocolate amargo.
rascunho:
La
peil en que habito
Complexo e reverberante
Vicente ansiava fuga e coisas novas (Durkein). Atencioso, a vestiu. Inocente fugiu.
Vera perdeu a identidade e a teve transformada física e psiquicamente
Estava pronta a ser o que os outros desejassem que fosse, desde que isso diminuísse a dor.
Roberto - A loucura e a mágoa estabeleceram sua sanidade
A Mãe tinha "a desgraça em suas entranhas".
A morte foi a saída e libertação que todos buscavam.
E finalmente Vicente se tornou apto à Cristina
Zeca x Roberto - o erro bíblico (Abraão Sarah e Agar)
O Erro Humano (com vassalo e com patrão)
Foram pólvora
A inconsequência de Gal, da traição ao suicídio foi o estopim para a insanidade de Roberto; o trauma de Norma, a transformação de Vicente e a morte.
"eras minha melhor metáfora
O clichê a contrariar as leis da física.
A curva da cintura dobra sobre mim"
Complexo e reverberante
Vicente ansiava fuga e coisas novas (Durkein). Atencioso, a vestiu. Inocente fugiu.
Vera perdeu a identidade e a teve transformada física e psiquicamente
Estava pronta a ser o que os outros desejassem que fosse, desde que isso diminuísse a dor.
Roberto - A loucura e a mágoa estabeleceram sua sanidade
A Mãe tinha "a desgraça em suas entranhas".
A morte foi a saída e libertação que todos buscavam.
E finalmente Vicente se tornou apto à Cristina
Zeca x Roberto - o erro bíblico (Abraão Sarah e Agar)
O Erro Humano (com vassalo e com patrão)
Foram pólvora
A inconsequência de Gal, da traição ao suicídio foi o estopim para a insanidade de Roberto; o trauma de Norma, a transformação de Vicente e a morte.
"eras minha melhor metáfora
O clichê a contrariar as leis da física.
A curva da cintura dobra sobre mim"
Quais
as fronteiras do teu olhar?
Até onde agridem as ondas de tua voz; até quando reverberam tuas palavras e sufocam-me as interrogações que impulsionam meu pensamento?
gira meu sol
Até onde agridem as ondas de tua voz; até quando reverberam tuas palavras e sufocam-me as interrogações que impulsionam meu pensamento?
gira meu sol
sábado, 21 de janeiro de 2012
crack sem chuteira
A
mídia reluz o dentuço rubro-negro, de salário
atrasado, a receber homenagens de Evo Morales (que estatizou duas
refinarias da Petrobras há alguns anos) e suas
aventuras. Fala das peripécias do crack do topete, dos punhos
famosos do coliseu moderno (UFC) e de modo quase institucional cobre
um outro crack, que tem modificado cada vez mais o retrato da
sociedade.
As
crianças sonham em ir para Disneylândia, mas após
a puberdade fundam Cracolândias, a nova franquia globalizada.
Além da cobertura sobre o que é feito em São
Paulo, é importante considerar o rastro da desgraça por
todo o país.
Na
Bahia é lançado plano de reinserção
social dos dependentes, no Nordeste, segundo levantamento do jornal
Diário do Nordeste, o crack é a droga mais comum entre
jovens e adolescentes. Minas Gerais demora a adotar o Plano Nacional
contra o crack. Programa
lançado há mais de um mês disponibiliza R$ 4 bi
para os Estados. O jornal O Tempo, no final da última semana
(20/1) apresentou a versão oficial do Governo mineiro que
prefere focar no momento nas ações estaduais de combate
a essa droga que destrói famílias e transforma a
paisagem urbana. As soluções estão baseadas no
tratamento do assunto como caso de saúde e segurança
pública.
No
interior do estado, jornais produzem matérias que abordam as
implicações sociais e particulares do uso e
comercialização da droga; mas esse tipo de cobertura é
raro. Geralmente, a imprensa pesa as abordagens sobre a demonização
das iniciativas públicas, deficiente gestão ou
manifestações de tinta, churrascos e interrupção
de trânsito pela liberação de drogas ou
legalização dos pontos de uso. Isso até tombar
um na esquina. Quando o repórter é fonte ou, na pior
das hipóteses, a pauta.
Faltam
coberturas que aprofundem mais toda a rede social problemática
que tem a violência e a degradação do homem como
consequências de hábitos legalizados. O que me faz
lembar os comentários de Jabor em 2002 sobre o antigo episódio
do ônibus 174 (São nossos filhos com o demônio,
nossos dejetos que criamos...)
Em
suma, prostituímos a moral por momentos de gozo. Circulamos
por aí com nossos desejos e ilusões. Estabelecemos um
processo de esclerose moral onde são gerados resíduos
sociais que pontuam esquinas, páginas de jornais e não
mais cabem nas superlotadas cadeias ou instituições de
recuperação. Efetividade é a recorrente utopia e
filantropia o ópio que nos faz dormir a noite e fechar os
olhos ao passar pelas calçados de entulhos humanos.
Me
lembro que maior é Deus, pequeno sou eu, e das palavras
de Leminski porque não consigo fazer melhor:
“Ontens
e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relógio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?”
adianta consultar o relógio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?”
;
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Antes ou depois das chuvas
O
espectador é a ruína da plena beleza
ele rompe a espontaneidade
o suor da felicidade resvala por todo o ambiente
esta sua boca é uma ideia.
O teu gesto um poema.
ele rompe a espontaneidade
o suor da felicidade resvala por todo o ambiente
esta sua boca é uma ideia.
O teu gesto um poema.
O mundo não
acabará em 2012, ele finda todo o dia e nem mais é
preciso abrir as páginas dos jornais. Na incessante luta entre
pautas leves e assuntos pesados na imprensa, abrir a janela e
arriscar um olhar à paisagem tornou-se um desafio fascinante.
Não, essa não é uma narrativa sobre a brilhante
obra de Manchevski e as possibilidades de percepção
criadas. Isso é outra coisa.
Com mérito, a
cobertura intensa do período de chuvas exige dos jornalistas a
costumeira inovação no olhar e precisão na
construção das narrativas sempre diante de um tema
cíclico. Todos os anos, além de apresentar a falha
infraestrutura, as consequências evidentes da negligência
e da água que desaba do céu, os veículos apontam
soluções, distribuem versões e incentivam à
solidariedade.
A Defesa Civil de Minas
Gerais divulgou que 228 cidades no Estado foram afetadas pelas
chuvas, atingindo mais de 3 milhões de pessoas, sendo 52.700
desalojadas e 4.000 desabrigadas. De acordo com o órgão,
166 municípios estão em estado de emergência em
virtude das chuvas. A cobertura do Estado de Minas, O Tempo e Hoje em
Dia tem procurado equilíbrio ao falar de recursos x estragos.
Além de sinalizar o descaso governamental, os indícios
de corrupção e a sucateada infraestrutura é
preciso mostrar o compromisso de poucos, tanto nos governos, quanto
na esfera popular.
Os jornais (mais os
estaduais do que os regionais) dimensionaram até que bem os
impactos na saúde (contaminação, doenças
e mortes – o sistema está preparado?), alimentação
(acesso e produção de alimentos, impactos no mercado do
agronegócio), segurança e logística (quando e
como retornar às residências), estradas (os buracos
tapados com promessas) e etc. Dados do jornal Estado de Minas revelam
que a União deixou de investir 58% dos recursos autorizados
para obras de prevenção contra estragos provocados por
enchentes. Em Minas Gerais, foram pagos apenas 47 do previsto.
Entretanto, falta ainda
um questionamento sério a respeito do paradoxo entre
planejamento e execução. Afora os blogs (que
alastraram-se pelos sites dos veículos de imprensa como
alternativa de posicionamento, narrativa e inquietação),
é preciso estar presente nas matérias. Victor Hugo já
disse uma vez que a imprensa “é o dedo indicador”,
sinaliza, cutuca, gera movimento à cena. Parafraseando Balzac,
assim como o homem sucumbe à mulher, a massa sucumbe à
imprensa, mesmo ao ignorá-la. O modelo vigente de
administração pública apresenta-se baseado em
uma desarmônica dança entre interesse público,
interesse da iniciativa privada e interesse particular.
Diante do imediatismo
de se fechar o texto, maior deve ser a intensidade do olhar e
incômodo do jornalista, pois ações efetivas para
a melhoria da qualidade de vida, muitas vezes são consequência
do ruído gerado por um texto. Reflexão e refração
de Imagem (seja particular, pública ou organizacional) é
o que determina as ações neste mundo que se acaba
imerso no iminente recomeço.
O Haiti é aqui?
As crises, atrocidades e conflitos estão globalizados; mas e
as soluções?
"Imprensa é
oposição. O resto é armazém de secos e
molhados." Millôr Fernandes
"O jornal é
uma tenda na qual se vendem ao público as palavras da cor que
se deseja." Honoré de Balzac
Artigo publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed677_antes_ou_depois_das_chuvas
www.passocomunicacao.blogspot.com
Sou
a citação no meio da sua frase.
Sou o plágio no seu suor
a impossibilidade que esvai com seu cheiro
sou seus sentidos dominados por elas
Sou o plágio no seu suor
a impossibilidade que esvai com seu cheiro
sou seus sentidos dominados por elas
a madrugada, a espera, a manhã
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
hiato
e você, pisava nos astros deformada;
perdida na certeza de suas interpretações;
parafraseava o vento
e tinha um cisco no olho
chamado realidade
[volto logo]
perdida na certeza de suas interpretações;
parafraseava o vento
e tinha um cisco no olho
chamado realidade
[volto logo]
A industrialização do espírito humano, sua transformação em produto de prateleira (como diagnosticou Theodor Adorno sobre a sociedade capitalista), tem uma pausa quando as catástrofes levam municípios a decretarem emergência, o crack deixa de ser o bom jogador para ser a substância que destrói famílias e aumenta o índice de moradores de rua e as dificuldades já não mais podem ser jogadas debaixo do tapete, atrás de um filme, jogo ou programa de televisão. Neste momento, a imprensa mostra o despreparo em cobrir de forma específica e também abrangente determinados temas, espelhando assim a recorrente falta de infraestrutura do sistema público independentemente da ideologia vigente.
A exceção está em alguns veículos que, com habilidade, lidam com o espaço disponível nas páginas, os ruídos ideológicos da empresa, o potencial dos profissionais (imagem e texto) e as pautas de interesse público – o que deve estar no jornal porque as pessoas precisam ler o que elas querem ler. O jornalismo precisa formar, informar e dialogar com o público. O antigo conceito a respeito do reconhecimento e construção de identidade pela interação é fato que se renova. A era atual torna ainda mais evidente isso, com um novo indivíduo que consome e ajuda a construir as edições. Muitos são semelhantes a uma criança em carro desgovernado (possuem o olhar, têm ferramentas para registro audiovisual, produção de textos e disseminação de conteúdo; tudo na palma da mão, mas não possuem a técnica ou o bom senso e controle sobre o olhar e construir narrativas).
Mensagens criativas e imagens eficazes
O jornalismo econômico, público, literário ou científico acima de tudo deve manter-se jornalismo. As edições da madrugada, manhã, tarde e noite devem despertar e manter o interesse da massa e do indivíduo a respeito de assuntos básicos à manutenção da vida social e sua melhoria. Um problema está na superficialidade das matérias regionais e a generalização fria das matérias de agências de notícias. Entretanto, as páginas recebem inacessíveis F5 e as bancas estão ainda pelas esquinas. Há procura.
Dados divulgados pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) mostram a relevância não apenas dos veículos do eixo São Paulo-Rio de Janeiro como fonte de informações na web, mas também os estaduais da Bahia, Pernambuco e Minas Gerais, dentre outros. Embora seja importante lembrar que as pesquisas do IVC analisam apenas os veículos filiados a ele.
A tiragem é importante, mas sem uma estratégia de distribuição torna-se uma pilha de antiguidades. Além de considerar a possibilidade do conteúdo em tablets e telefones e os antigos net e notebooks, é preciso se ater à qualidade do produto e seu alinhamento com a rentabilidade do veículo. “A gente não quer só notícia, a gente quer comida...”
A estratégia de regionalização antiga, com sucursais por todo o lado, hoje encontra colapsos em termos de custos. Em Minas Gerais, o Hoje em Dia, após várias modificações em sua estrutura, reduziu o número de colunistas regionais e também as sucursais. O Tempo, com boa tratativa de temas, versatilidade em alguns assuntos e interiorização de pautas, alinhada à distribuição, tem conseguido falar do estado e para o estado de um modo sóbrio. O Estado de Minas e sua grande estrutura, revela sua sobriedade em inovar, em títulos, matérias e na diagramação. Seja na edição de homenagem a Chico Buarque (primorosa, em novembro de 2011) ou nas recentes edições de cobertura das consequências das chuvas. Mensagens criativas, diretas e reflexivas, acompanhadas de imagens eficazes.
Distanciamento e envolvimento
Não precisa ser Tom Wolfe para fazer diferente, nem Van Dik para compreender como o ouvinte interpreta as narrativas; basta não fazer jornalismo superficial. O estranhamento para olhar e narrar o fato contempla distanciamento e envolvimento. O equilíbrio entremeio esse paradoxo resulta no texto que, após descartado, nem peixe embrulha mais.
“Toda fonte é uma moça bonita que foi amada por um deus, que disse não a um rio, que fugiu de um sátiro, nada é real, nada é apenas isso, tudo é transformação, todo traçado de constelação é o pedaço de um esboço de um drama terrestre, tudo vibra de tanto significar. [...] Fatos não se explicam com fatos, fatos se explicam com fábulas” (Paulo Leminski)
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed676_o_hiato_alem_da_tiragem
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed676_o_hiato_alem_da_tiragem
.,
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Senso nonsense
Existe manual para o bom senso? As atividades diárias de qualquer profissional exige muitas vezes não somente o cumprimento dos procedimentos, mas fundamentalmente o bom senso para decidir sobre ações específicas. No jornalismo também; e essencialmente na rotina da imprensa. No momento de dar peso às pautas o que merece destaque? A privataria, o tiro na mão, a chuva e o estado de emergência, o aumento de impostos, os gastos desnecessários do executivo, legislativo e judiciário federal, presidentes e o câncer, a oscilação das passagens aéreas e rodoviárias, os terminais lotados, a lastimável saúde pública, o senador que toma posse e o filho que faz caretas? Fato é que muitas vezes os milhares de veículos de comunicação ignoram algumas pautas em potencial, que exigem do repórter apurado faro e habilidade de lidar com o tempo e as palavras.
"Night again meu bem", canta o boêmio. As prensas cumprem seu destino madrugada a dentro, mas do quê mancham o papel não mais branco? O cursor nas telas apontam para quais narrativas? Não falarei da música de natal na voz de Simone mas, então é clichê, e o que farão os jornais? Pautas de retrospectiva, farofa, fogos, estrada e arroz, assuntos para se esquecer e aquecer até o carnaval. Reclamamos, mas os assuntos das rodas de conversa (corporativas, familiares ou de bares) são também cíclicas.
Para definir que notícia estará em sua timeline ou nas bancas, é preciso além de conhecer a narrativa já iniciada, os temas em continuidade; analisar os fatos cotidianos e avaliar o peso de cada um e sua relevância para ganhar mídia, e não a sua relevância como fato isolado.
Sempre carregado, o estilingue das redes sociais digitais (RSD) se posiciona como um personagem estratégico no fazer jornalismo. Em pouco tempo de existência em massa, as RSD já determinam forma e conteúdo de planos de comunicação de empresas e direcionam a produção de textos nas redações. Sempre uma palavra à boca ou à ponta dos dedos. As fontes falam alto e ao mesmo tempo. É preciso peneirar as palavras para obter informações de qualidade e assim construir um texto que ao ser lido contribua para a evolução humana (reflexão, mudança de postura, decisões embasadas, ou entretenimento).
Engajamento ou Purpurina? Essa não deve ser a questão.
Não apenas as empresas e respectivas áreas de comunicação, mas também as redações compreenderam que não é possível apenas informar. Os veículos, assim como as pessoas, precisam se relacionar com o público, comunicar, envolver o leitor no processo de construção da mensagem extrapolando as aspas. Não se trata da institucionalização do caos, do registro bruto dos diálogos ou da espetacularização das narrativas.
Na caminhada para construir pautas gerais e específicas é preciso ir além da ingenuidade, do territorialismo e dos interesses comerciais. A nação não está resignada ao sudeste; as pautas não estão na ponte aérea, mas nos 5.556 municípios distribuídos por um território de 8.502.728,269 km². Todavia, é notório que a segunda região em número de cidades concentra o bolinho do barulho. Os donos da bola estão onde há o aglomerado do acesso e fluxo comercial. A despolarização das pautas (e sua verdadeira globalização) depende também do poder do narrador em interligá-las com os pólos referenciais do país e demais regiões, caracterizando o famigerado interesse (utilidade) público.
O índice de leitura no país se arrasta, mas aumentou nos últimos dez anos. Ler mais não é ler melhor, mas é ler. Há quem diga que o twitter nas bancas é representado pelos impressos de 25 centavos. Sangue, Sexo, Suor = Desejo. Após compreender o sistema de consumo de informação, e o novo padrão de relacionamento das pessoas com as mídias, é imprescindível que os jornalistas exercitem o olhar diferenciado sobre os fatos em equilíbrio com o tempo disponível para publicarem os textos. Arnaldo Antunes certa vez tentou representar essa angústia (mensagem X tempo) no poema Agora (já passou).
Após definidas as pautas, como fazer? O cenário encontrado é de redações esvaziadas, jornalistas sobrecarregados, muitas vezes sem infraestrutura, e profissionais rasos lançados pelas universidades no mercado de trabalho. Entretanto, além da imprensa especializada, pode-se encontrar em veículos nacionais, estaduais e regionais bons exemplos de pautas sóbrias e textos bem construídos, cabe ao leitor não parar no primeiro piscar dos olhos e mergulhar com bom senso nas narrativas expostas à exaustão. Existe pesquisa afora o google.
Publicado também no Observatório da Imprensahttp://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed675_senso_nonsense
Essa sua mania de refletir o luar nos olhos,
apreender no sorriso o sol
e na distância a esperança...
Esses seus pensamentos a silenciarem minhas palavras
e me fazerem nu
em uma gota de lágrima.
Ah felicidade
Agora
passo
.,
domingo, 25 de dezembro de 2011
Pé com pé
Sapatos de solas preservadas. O que fizeram das praças? O que você faz na esquina? Você tinha de ir à banca para se informar. Precisava cruzar a praça, ver rostos, tocar ombros, se envolver com cheiros. Necessitava algum dinheiro, tempo e vivência. Você era um ser social antes de se tornar digital, lacrado em sua solidão velada em um sorriso de foto de perfil em rede social digital.
Além de reconhecer o novo padrão de consumo e diálogo estabelecido pelas mídias digitais, é interessante pensar em como as pautas são construídas para se comunicar com esse novo sujeito que se configurou. Entre o faro dos repórteres, a agenda espontânea, ou fixa (política - dinheiro, saúde, infraestrutura, polícia e cultura) e a indução dos mantenedores dos veículos (com informações ou financiamento). Como anda a dança (ou jogo de cartas) entre as redações e assessorias? Esses jornalistas se comportam como agentes de uma guerra fria, soldados no paraíso do petróleo ou como construtores de um diálogo que beneficie a manutenção das relações humanas?
Afora o desequilíbrio do cálculo [Natalidade / Mortalidade / Capacitação] de homens e mulheres, percebe-se que elas estão cada vez mais em cargos de destaque e liderança, inclusive na Comunicação Corporativa. Há quem diga que é a soma entre: Sensibilidade, sabedoria, ousadia e força, responsabilidade e habilidade em gerir processos alinhados ao mercado.
Fato é que o mercado está aquecido, informa a Associação Brasileira de Agências de Comunicação (ABRACOM). Esse paradoxo chamado mercado está em busca de profissionais qualificados e não apenas detentores de nomenclaturas. Para funcionar, além de agilidade, a assessoria terceirizada precisa ter profundidade. É fundamental compreender e mimetizar a cultura da empresa (cliente).
A aproximação das empresas com o público (interno e externo) deve transpor a estética das peças de campanhas de comunicação, mensagens publicitárias e brindes corporativos. É preciso diálogo. Uma das formas de falar é por meio da imprensa. Entre o ruído e a versão oficial se esconde a verdade, que pelo diálogo pode ser revelada. O diálogo começa com a definição da pauta, apuração, reflexão, produção do texto e então continua com o leitor. Transparência (dos objetivos, das ações e da mensagem).
Eventos como as COP, as Copas, o Rio +20 e outros, reforçam a necessidade de boas pautas para não transformar os temas em entulho de enxurrada. As assessorias têm de ser ágeis e criativas para proporem pautas de interesse público e que de certa forma possibilitem o posicionamento do cliente. Mais do que divulgar uma marca, os setores precisam colocar em pauta abrangente algumas discussões que até o momento estão restritas a mesas de almoço e cafés corporativos. Neste processo, o papel das novas mídias é essencial para despolarizar debates e ampliá-los.
Em tempo, as associações representativas (e também as agências de comunicação) devem compreender o setor que defendem e a utilidade pública das informações e produtos das empresas associadas. Construir uma central de informações simples (e não simplórias), completas e uma dinâmica de acesso seguro a fontes, sem desrespeitar ou ser refém dos prazos das redações.
Em miúdos, ressoa uma canção infantil e uma canção folclórica: o diálogo deve acontecer pé com pé, pé ante pé. Com proximidade, ritmo e cautela.
- - -
sou o suor que sai dos seus poros
seu dorso dobrado ao luar
suas palavras perdidas no sussurro
a memória apagada,
o redesenhado futuro ocultado na luz;
a esperança não manca,
caminha com o tempo
- - - -
Saiu também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed674_pe_com_pe
Para recuperar o fôlego e não se limitar a uma resposta de palavras bem construídas que revela uma cobra comendo o próprio rabo, é preciso caminhar, perceber e ler o que há ao redor. Afora as vivências e as mentes que borbulham, é proveitoso ler publicações segmentadas (Revista Negócios da Comunicação, Comunicação Empresarial, Meio e Mensagem, Imprensa, Você RH e Valor Setorial), ouvir podcasts e reler alguns blogs, sendo que é recorrente a pergunta: Qual o segredo da excelência? Tempo X Eficiência.
Existem muitas assessorias mecânicas e rasas, com sistemas de posicionamento e mensuração superestimados e precários em efetividade. O conhecimento, a informação a repeito das boas (adequadas) práticas são vastos e expostos; falta aplicá-los. Os conceitos estão à exaustão diante dos olhos, entretanto a Novilíngua não é a solução. As assessorias precisam conhecer os veículos de comunicação e também a cultura das empresas (clientes). A massiva terceirização das assessorias de imprensa tem resultado em um cenário de desencontros e preguiça. Muitos assessores desconhecem a cultura dos clientes, os objetivos e necessidades. A situação clama por mudança no perfil profissional.
Afora o desequilíbrio do cálculo [Natalidade / Mortalidade / Capacitação] de homens e mulheres, percebe-se que elas estão cada vez mais em cargos de destaque e liderança, inclusive na Comunicação Corporativa. Há quem diga que é a soma entre: Sensibilidade, sabedoria, ousadia e força, responsabilidade e habilidade em gerir processos alinhados ao mercado.
Fato é que o mercado está aquecido, informa a Associação Brasileira de Agências de Comunicação (ABRACOM). Esse paradoxo chamado mercado está em busca de profissionais qualificados e não apenas detentores de nomenclaturas. Para funcionar, além de agilidade, a assessoria terceirizada precisa ter profundidade. É fundamental compreender e mimetizar a cultura da empresa (cliente).
A aproximação das empresas com o público (interno e externo) deve transpor a estética das peças de campanhas de comunicação, mensagens publicitárias e brindes corporativos. É preciso diálogo. Uma das formas de falar é por meio da imprensa. Entre o ruído e a versão oficial se esconde a verdade, que pelo diálogo pode ser revelada. O diálogo começa com a definição da pauta, apuração, reflexão, produção do texto e então continua com o leitor. Transparência (dos objetivos, das ações e da mensagem).
Eventos como as COP, as Copas, o Rio +20 e outros, reforçam a necessidade de boas pautas para não transformar os temas em entulho de enxurrada. As assessorias têm de ser ágeis e criativas para proporem pautas de interesse público e que de certa forma possibilitem o posicionamento do cliente. Mais do que divulgar uma marca, os setores precisam colocar em pauta abrangente algumas discussões que até o momento estão restritas a mesas de almoço e cafés corporativos. Neste processo, o papel das novas mídias é essencial para despolarizar debates e ampliá-los.
Em tempo, as associações representativas (e também as agências de comunicação) devem compreender o setor que defendem e a utilidade pública das informações e produtos das empresas associadas. Construir uma central de informações simples (e não simplórias), completas e uma dinâmica de acesso seguro a fontes, sem desrespeitar ou ser refém dos prazos das redações.
Em miúdos, ressoa uma canção infantil e uma canção folclórica: o diálogo deve acontecer pé com pé, pé ante pé. Com proximidade, ritmo e cautela.
- - -
sou o suor que sai dos seus poros
seu dorso dobrado ao luar
suas palavras perdidas no sussurro
a memória apagada,
o redesenhado futuro ocultado na luz;
a esperança não manca,
caminha com o tempo
- - - -
Saiu também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed674_pe_com_pe
Assinar:
Postagens (Atom)