sexta-feira, 5 de julho de 2019

Livros lançados


Neste mês, irei lançar em Coronel Fabriciano meus dois livros Aspargos e Pinhole - Cílios ao Vento (Editora Lura) e Cobogós (Editora Fontenele). Tratam-se de produções independentes, de baixa tiragem e sem patrocínio. O enredo das obras perpassa a interrelação entre as pessoas na busca por autoconhecimento transformação do olhar sobre a realidade. A ilustração da capa de Aspargos e Pinhole e Cílios ao vento é do artista Luciano Moreira Fonseca (Amigo, irmão, artista que muito admiro).
Há muito a escrita me persegue e me liberta. Há pouco tempo, amigos me instigaram e estimularam a publicar, mesmo que de forma independente, meus escritos. Decidi até participar de alguns concursos. Em 2017 e 2018 fui finalista no Prêmio SESI MG de Literatura. Sou jornalista especializado em sociologia política,  trabalho há 15 anos na área de comunicação corporativa da CENIBRA, tendo artigos publicados no site Observatório da Imprensa e Obvious Magazine, além de manter o blog Passo Comunicação.  Além dos livros publicados este ano, confesso ter mais um em produção...

Serviço;

Interessados em adquirir os livros podem solicitar via formulário disponível no blog www.passocomunicacao.blogspot.com ou pelas redes sociais.


Intitulada por Luciano Moreira Fonseca de : A insustentável leveza da sombra
Intitulada por Luciano Moreira Fonseca de:
O iluminado degradê da montanha de Odonatas




Cenário literário
Após anos de queda, o mercado de livros no Brasil registrou resultado positivo nos últimos dois anos, com um faturamento que subiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 1,7 bilhão – ou 3,2% (considerando a inflação). Em 2015, havia recuado 7% e em 2016 queda de 9,2%.

De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, lançada em 2016 pelo Instituto Pró-Livro, mais da metade da população brasileira se considera leitora, mas leem apenas 4,96 livros por ano. Deste total, 2,43 foram terminados e 2,53 foram lidos em partes. A pesquisa ainda apontou que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro em toda a sua vida. No entanto, de acordo com a Pesquisa, verifica-se o crescimento do percentual da população leitora no Brasil para 56%, em face dos 50% apontados no estudo anterior.
Com a manutenção de uma série de feiras, seminários, fóruns e concursos literários no país, a produção nacional tem sido estimulada. Existem diversas plataformas de autopublicação, seja em formato impresso quanto e-book, assim como existem várias editoras dedicadas à viabilização da publicação de novos escritores, ou escritores independentes, com prestação de serviço de diagramação, arte final registro ISBN, impressão e até mesmo divulgação, sem exigir mínimo de exemplares.



Caça às bruxas na casa de espelhos



É importante moralizar a sociedade. Embora emblemático o termo, nada mais é do que reajustar a massa ao comportamento definido com padrão social, que delimita o conceito da respectiva sociedade. Entretanto, os excessos de dedos e poderes de denúncia tem tornado os cidadãos em algozes da diferença, apontando a diferença como desvio e já determinando pena. Uma casta de acusadores, que muitas vezes acusam com uma trave nos olhos, o cisco que há no outro. Deste modo, os grupos promovem uma caça à bruxas baseados em suposições e o pior, não se reconhecem nas práticas que condenam. Assim alimentam-se as mazelas e a disparidade social. Ávidos por punir alguém e assim ganhar posição de destaque promovem uma Caça às bruxas na casa de espelhos; beiram o ridículo. Compliance, Código de Ética, Leis, Normas, Procedimentos devem ser coerentes e aplicáveis a todos e não apenas de forma conveniente, segundo a posição social (cargo e etc).

Empresas como Odebrecht, JBS e Petrobras investiram mais em  programas de compliance para tentar reconstruir a reputação, cumprir exigências de acordos de leniência e prosseguir com negócios, mas nem isso as tem salvado algumas da falência (Odebrecht entrou em recuperação judicial e a OAS apresenta iminente derrocada). Programas de Compliance apresentam problemas dentre outros aspectos da cultura organizacional, também em Cláusulas anticorrupção (devem ser definidas de forma clara, ampla e abrangente também à alta direção e não apenas a cargos baixos).

Voltando a falar da caça às bruxas, percebemos muitos Coronéis de pós verdade. Na verdade, Coronéis de versões que sobrepõem o próprio ponto de vista aos fatos. Fazem publicidade. Queimam então na praça pública de redações, casas, repartições e salas, as pessoas como se fossem objetos, ou animais a serem sacrificados. Ignoram que o ditado é certeiro. O mundo dá voltas e o universo se expande. Tensionam o conceito de moral a bel prazer e debruçam-se sobre a vida dos outros com a arrogância punitiva de cegar-se às variáveis e aos fatos e ater-se apenas a seu ponto de vista e seu poder de decisão.

O cenário descrito acima está presente em diversos núcleos sociais, seja de configuração profissional, religiosa, familiar. Ele subtrai do sujeito a oportunidade e direito de defesa. Direito fundamental inerente à pessoa humana, documentado na Constituição Federal Brasileira de 1988, no artigo 5º, inciso LV, com os seguintes termos: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Conversar sobre contrapontos, relacionar as diversas versões a respeito dos fatos pode amadurecer a percepção, a visão e compreensão do contexto. Para manter a sociedade viva é necessário ter controladas a tensões, delimitadas as interações da diversidade e também a arbitrariedade do padrão social instituído, o padrão absorvido, e o padrão natural. Paradigmas não são intocáveis. É fundamental ter a visão do detalhe, da paisagem e de como um interfere no outro. Amadurecimento é aspecto elementar, profissionalismo premissa básica.

Em tempos de moralização, de politicamente correto, de intolerância agressiva sobre o pensamento diferente (independente dos lados), é preciso ter cuidado de como respiramos, ao lado de quem, e o que decidimos fazer. É preciso olharmos no espelho e reconhecer o reflexo, se somos algozes ou as bruxas a serem queimadas (para no futuro virar busto em praça, capítulo em livro e nome de medalha, rua ou penteado). Procure se esquivar dos extremos e das armadilhas do centro.

Importante também lembrar, que o tratamento de dados pessoais no Brasil estará submetido a nova legislação, já aprovada e que entra em vigor em 2020. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, regula o tratamento de dados pessoais e também atualiza os artigos 7º e 16 do Marco Civil da Internet. A lei se fundamenta em diversos valores, como o respeito à privacidade; à autodeterminação informativa; à liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; à inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; ao desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; à livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor e aos direitos humanos liberdade e dignidade das pessoas. Então muito cuidado ao coletar e tratar de dados pessoais, ou o tribunal será o nova rede social, onde todos encontrar-se-ão para tratar da vida, dos anseios, conquistas e punições.

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Esse estandarte recorrente




O pensamento social estaciona, rumina e reverbera a preocupação com a coerência. Coerência entre gestos e valores definidos como padrão social. Na rede de conceitos em interseção e mudança, riscos, crises, imagem e reputação ornam estandarte de instituições, seja CPF ou CNPJ. Todos anseiam uma boa reputação e muito fazer para construí-la e proteger. A leitura de Gestão da Reputação (Elisa Prado - Aberje) é boa pedida.

Já comentei sobre isso aqui... Empresas forjam um discurso de transparência para criar um acessório à marca e assim realizar a manutenção da reputação. Para funcionar, é preciso conhecer a dinâmica social da personificação. A partir disso, a organização deve definir os conceitos que norteiam a cultura da empresa de forma a designar a gestores a função operacional de transmitir no dia a dia, via comunicação face a face, a cultura e o posicionamento da empresa. Como não atuam na maior parte do tempo no cenário atual (mar de rosas), mas variavelmente em aspectos adversos (mar de espinhos) as empresas precisam manter atualizado o cálculo e o apetite a risco. A reputação é responsabilidade de todos os funcionários e quando obtida por comportamento e postura adequados não exige esforço de blindagem, pois seu reforço é natural. Diante da crise de imagem, a reputação bem construída já é em si o propulsor da recuperação. Alguns profissionais, artistas e empresas podem ser exemplo. 

Entretanto, cada um entende de uma forma. “Comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende”(David Ogilvy). Com um perfil de leitura baixo, a massa essencialmente se informa via o antigo “boca a boca” ou seja, se informa pela codificação de um porta voz que relata a percepção e não o fato. Este cenário compromete o pensamento crítico uma vez que o limita. Grandes pensadores de "compartilhamento, retuítes e aspas". Resultado? Convivemos com pessoas que são ácidas em criticar, julgar e até mesmo sentenciar (às vezes até mesmo executar a pena); todavia, debruçadas em interpretações de outros, em pensamentos formatados, conclusões induzidas. Falam de uma lei sem a ter lido, interpretam um comportamento sem conhecer os procedimentos, fluxos e normativos que o envolvem. Adoram assentar-se no trono social e gozar do poder, sem o preparo necessário para exercê-lo. Adoram entupir as ruas para reclamar da situação e da oposição, mas não exercem as pressões via mecanismos democráticos além do voto: presença em reuniões ordinárias, petições em gabinetes dos representantes eleitos, acompanhamento das informações de prestação de contas, realização de audiências públicas ou reuniões comunitárias com líderes. É mais fácil e perceptível fazer barulho, ou tumulto, mas isso muda algo? A curto, médio e longo prazo? Acredito que ações simultâneas de manifestação em várias frentes teria mais efeito, pode ser que menos impacto e mídia, mas talvez se aproximasse do objetivo. tempo de violência, e não mais somente nas telas do cinema, mas intensificada no dia a dia, independente do local, horário e vestimenta. Na era dos extremos, diálogo algum tem êxito, pois a dinâmica das conversas têm sido sobreposições de opiniões.

O conceito de compliance é a nova moda conceitual do mundo corporativo (que já passou por responsabilidade social, qualidade de vida, sustentabilidade, qualidade total, e tantos outros"), mas ele remete a uma premissa básica, a do exemplo, coerência. Agir conforme os valores, estando isso escrito ou não, estando alguém olhando ou não. 

Evite intermediários e busque ir o mais próximo possível da fonte de informações e confronte versões. Questionar é uma virtude, conciliar versões em uma interpretação para então formar opinião é um bom exercício. A reputação é um estandarte que não se põe na janela ou no peito, menos ainda em discursos. Outrossim, é percebida.

Repetidas. Batidas da canção que o coloca em movimento nas ruas. Seu ritmo de olhar a vida é tão volúvel como a escala das notas do solo. Ele tinha ciência de que não sabia de nada, e isto não mais era incômodo, ou motivo de sofrimento, tampouco consumia tempo. 

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dimensões



Turvo, o olhar resvala.
Ressoa dentro da rima
além da sina
selva de amar.

Fina camada da paz
intenso instante que se desfaz.
basta palavra sem asa
para turvar a retina.

O abuso sutil da beleza
fisga meu olhar em estrofes;
escorro no verso do encanto
embrenho-me em você ao lido ser.


Coração catavento. gira sol, gira lua. Tempo é tempo. Transitório, o pensamento sucumbe à arbitrariedade. Repetimos os mesmos sistemas.

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terça-feira, 18 de junho de 2019

A vista e o ponto


As pessoas olham para você e automaticamente criam significações segundo as premissas de Saussure, para determinar relevância, perfil e modo de se relacionar. Definem opiniões, mensagens chave, liberdades e também a expectativa. Esta última determina reações e influencia em todo o resto. A expectativa consiste no padrão de comportamento que a pessoa espera de você. Qualquer ação que não atenda a expectativa criada gera uma série de eventos que culminam por ressignificar você não apenas para quem o julga, mas também para o grupo social com o qual interage. Assim definem-se as paredes da meritocracia volúvel. Olhando bem; somos o mesmo. Do ponto de vista que olha, o lado da história que conta sempre busca consolidar a versão na qual tem razão; e assim conseguir mais adeptos e multiplicadores da versão, sobre pondo demais lados, estabelecendo uma verdade atemporal, ou seja, a do presente.

Ideias, a Ideia. Percebo que não é meu interesse que muda, mas é que a ideia habita em partes vários corpos, vários instantes. Eu a procuro em totalidade, em um derradeiro destino, sem grandes anunciações, sem até mesmo registros, mas a verdade de a encontrar e a ela me integrar.

Gradativamente percebo o derredor de forma diferente. Os valores, as crenças, as atitudes, as expectativas, as buscas... todo esse fluxo complexo que tece a base que sustenta a sociedade. Claro, enamoram-me os momentos de refrigério, os sorrisos, as gentilezas, a ternura das pessoas e gestos. Há equilíbrio no balanço que mantém em movimento o corpo social. Antes fosse um pensamento, ou talvez um sentimento, ou até mesmo sensação. Aspectos manipuláveis a partir de pontos de pressão, aspectos passíveis de sobreposição e silêncio. Mas não; uma ideia não pode ser silenciada, ela tem vida, pujante, tem uma energia, um fogo que arde continuamente, sem consumir. Não se trata de um surto, ou utopia. Mais fácil seria se o fosse.

Não compreendo ter e cuidar de um jardim que não se pode tocar, perpassar as folhagens, as flores, perfumes e cores. Ser a gota que escorre por pétalas, folhas, dorso e pende ao chão, penetra, nutre, evapotranspira, e volta a rondar o jardim no tempo de orvalho, com sutileza e brilho.

... entre mudar o ponto ou ajustar a vista...

terça-feira, 11 de junho de 2019

intervalo


Naquela interminável frase fria eu já não haviam mais palavras. Essa madrugada sem rima ou aconchego, esvaziou-me o olhar. Libertado das linhas do texto usual, percebo o entre-texto que transcende as plataformas e sucumbe a narrativa a um fluxo ilógico. Naquela madrugada fria, eu já estava sem. O sol evitou o horizonte, como a bela que desvia o olhar. Assim o dia sonolento se abateu sobre meus passos.

A porção acostumada. O metro quadrado. Afora todas as medidas translúcidas aferidas; se pouco, nos angustia, aconchega e sufoca; se extenso nos liberta, afasta e silencia; na morte a certa medida; na vida a medida que falta. O metro dobrado sobre o ermo céu, quadrado, o oco do humano. O Eco da ideia, o número que rima com o que paz traz ao ser acostumado com uma porção de realidade.

sábado, 25 de maio de 2019

Persuasões



Cialdini chegou a ser explícito em sua obra com as técnicas de persuasão e como pode ser instrumentalizado no dia a dia, tanto na profissão, quanto nas demais esferas sociais. Passando pelas armas da influência, reciprocidade, compromisso e coerência, aprovação social, afeição, autoridade, escassez, influência instantânea e mimetismo. Uma sociedade que alterna seus valores e seus marcos através da relação Tecnologia Disponível x Tecnologia necessária x Tecnologia acessível x Tecnologia desejada. Tire a palavra tecnologia e a interrelação dos conceitos contia a ser o chicote sobre o lombo social. Pretensões marcam o ritmo. Noticiários alternam entre o respiro e o sufoco.

A facilidade das interferências está no perfil humano de adorar ter intermediários para tudo. para as escolhas, para as tarefas simples, para exercer a fé, para amenizar punições, transportar mensagens ou assumir atos indesejáveis. Preferem a abordagem mais fácil, o clique mais rápido, o alimento já processado. Culpam o tempo, que transcorre sempre como transcorreu (60 segundos por minuto), entretanto, a sensação, a percepção do tempo revela dias abreviados.

Para exercer influência é necessário mais que empatia. Após identificar o comportamento padrão do grupo social, faz-se necessário conhecer o ponto de pressão da espécie e pressionar ou proteger conforme o interesse e necessidade. Ciente de como opera o comportamento padrão e quais os pontos de pressão dos indivíduos, torna-se possível compreender e identificar os esteriótipos, bem como os mecanismos para redefini-los. Trata-se de uma dinâmica de recondicionamento social, a partir da ação de um indivíduo ou grupo coordenado. Proteger as fragilidades para controlar a intimidade e selecionar grupos de acesso.

Operadores do automatismo surgem como reguladores do comportamento padrão. Definem atalhos entre os valores morais, leis estabelecidas, princípios e anseios. Conhecem os pontos de pressão e os administram de forma a estabelecer o alívio de automatismos que mantém a sociedade em fluxo constante, quase espontâneo, imperceptivelmente induzido. Assim, ninguém questiona os especialistas, tampouco os líderes. A aceitação é uma variável da conveniência e sobrevivência.

A percepção da realidade dá-se pelo referencial (repertório) de cada um, altere o referencial e controle a percepção. Assim interfere-se no padrão de construção da opinião pública. Identificar repertórios (base) e os referenciais estipulados. considerando que as escolhas, decisões são tomadas a partir da percepção (que por sua vez depende do referencial), uma ação de re-significação do referencial pode alterar a percepção e por sua vez, conseguinte, as escolhas e decisões do indivíduo. Esta estrutura torna-se ainda mais desafiadora e complexa considerando todos os atributos da sociedade líquida de Bauman. É preciso controle e reciprocidade e para isso é fundamental ter timing and balance.

Alguns executam a dinâmica da dívida. Assim, utiliza altruísmo como instrumento gerador de "dívidas de gratidão", construindo então uma rede de influência e poder de persuasão. Como defesa, o sujeito pode exercitar as ferramentas de "evitar" e "recusar" envelopadas de uma gratidão protetora. Estar atento às iscas de gratidão, recorrentes como ferramenta de influência.

O conflito de autoridades gera autorizações e transgressões. Grandes lobbystas (de setores industriais, produtivos, religiosos, educacionais e etc) subvertem o que chamam de cultura de compliance para redefinir o comportamento padrão de um grupo, por meio de manipulação dos pontos de pressão (fragilidades/acessos) e das "dívidas de gratidão", onde o desconforto propicia certa culta e sentimento de ter de gerar recompensa. Não pedir, mas conceder, para depois obter. Assim, a sobreposição dos padrões sociais estabelecem uma sensação de força cultural natural, cujo meio de fuga é alternar a moral. Uma revisão de conceitos e interiorização deles em seus gestos, pensamentos e sonhos. Para ocorrer as mudanças interiores deve-se cultivar uma ideia, e a inserir no seio social por meio protéticos sobre as lacunas. Posteriormente, retira-se a ideia do cenário, ficando então o novo padrão de comportamento.

Motivos? Para alguns a manutenção do fluxo da vida em comum, para outros uma maneira de exercer potencialidades percebidas, para outros, mera diversão.

Entre casais, sutil tortura a de controlar a quem se ama para satisfazer uma carência; sublime submissão a de ter a ciência disso e ainda assim sucumbir ao controle do ser amado, chamando isso de entrega.

A estratégia do eterno retorno e compasso da compra. A sociedade, um corpo de poros escancarados, seres suscetíveis, com pontos de acesso e exaustão. Quando o clichê do tempo movimenta o vento e balança o prisma que protege o caráter das pessoas, muda-se a imagem, ou revela-se um pouco mais.

Compromisso e coerência como justificativa mental para as escolhas. Alicerces da integridade. Construindo um novo padrão de comportamento como referencial, altera-se as estruturas da aceitação, por empatia ou autoridade. O aconchego da aceitação social é como trancar o quarto 101 de 1984. A combinação de estratégias de influência consolidam os relacionamento nas diversas esferas da sociedade e sustenta o fluxo afora as imperfeições psicológicas dos indivíduos. As vulnerabilidades, pontos de pressão do indivíduo, são aceitas então; tanto como ferramenta de manuseio, tanto como limitação do ser humano (tão desejoso de colocar um trono sobre as estrelas).

Motivos? A falta. A falta afasta a calma, inquieta a alma e nos faz sucumbir à rima. A escassez, desde os detalhes até a amplitude de sua complexidade, envolve os indivíduos em sociedade, transformando-o em sujeito, ser social. A ambientação da falta estabelece lastro de interferência. Então desdobra-se em controle. Afã da raridade x Controle de ansiedade.



sexta-feira, 5 de abril de 2019

entrelinhas do sopro


Sou
Dedilhado à superfície das correntes águas.

Suo 
Trepidando no vento que perpassa as montanhas.

no silêncio pousar do beija-flor
na harmonia de cheiros, texturas,
desejos e suspiros.

Voo nas cores que delineiam o horizonte 
sem o rompante dos infantes
sem o afoito feito dos incautos
Maturo e misturo
ouço o tempo
sinto atravessar-me a vida
Fluo 
na continuidade do verso que amanhece

beiras



À beira do tempo
o abismo responde
suspiro de esperança 
que se dobra ao horizonte.

A intensidade do olhar
na simplicidade de ser
leveza sustentável que se revela.

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quarta-feira, 6 de março de 2019

Relâmpagos da narrativa



Desafio de comunicar e proporcionar a fluência dos processos sociais sem atravancar a retenção de mensagem, formação da consciência do cidadão e manutenção do caráter do indivíduo. É realmente necessário educar a comunidade sobre o negócio dos setores? Não há espaço para manipulação velada, mas esse processo de "educação" da comunidade não pode se estruturar sobre a premissa de ser apenas um defensor setorial.

Algumas variáveis devem entrar no escopo de análise de quem se propõe a atuar profissionalmente (defendendo setores e marcas) como agente de comunicação na contemporaneidade (Considerando que enquanto indivíduos atores sociais todos atuam naturalmente como agente de comunicação na sociedade).

- Excesso de informação
Amplificou-se o reverberar das narrativas dos indivíduos, aumentou o número de narradores com poder de manifestação, via fácil acesso a novas tecnologias e plataformas de comunicação. A Avalanche de informação sobrecarregou a sistema de relevância dos indivíduos. Dificultou a triagem. Qual informação é essencial? Diferencial? Irrelevante?

- Vulnerabilidade da intimidade
Com a intensificação dos fluxos de comunicação e exposição de pensamentos e acontecimentos pessoais, criou-se uma intimidade digital entre conhecidos, tornando vulnerável a intimidade do indivíduo e passível de interferências não com objetivo pessoal, mas talvez até setorial.

- Clamor natural por um propósito 
Soma-se aos desafios do mercado, a necessidade natural do indivíduo e também da coletividade, por um propósito. A reputação de um setor ou marca não passa por ser A MAIOR, A MELHOR, A MAIS TRANSPARENTE, mas sim ter um propósito que esteja em harmonia ou alinhado com os propósitos de um grupo (coletividade) e também do indivíduo (pessoal).

- Consistência e participação 
Neste sentido, as ações e narrativas precisam ter consistência e manifestar a participação efetiva do narrador na sociedade. Como ser que atua, interfere e sofre interferência. Integração.

As plataformas de comunicação são meio (que às vezes tratado como fim), a interação e reação das pessoas é o objetivo que modula em essência, mas não em natureza. As narrativas devem compreender seu papel de tradução de conflito e convergência de "significantes" em uma mensagem outra, que vai além na paisagem, em busca de uma mensagem de amplo acesso e aceitação (não por imposição ou massificação).

A vanguarda na comunicação permanece o Santo Graal. Muitos empunham cálices, cruzes e projetam conceitos ao ar... afora os ciclos de clichês... há quem diga que o encontrar o almejado Graal da Comunicação e narrativa, se realiza no exercício e não no fim da busca.