domingo, 12 de junho de 2022

urgências


Sol pela lapela despertando o olhar para além da janela. Aromas e sensações de um dia que acontece. Independente das urgências. Transitam as ruas e corredores suores contidos em camisas que amordaçam corações aflitos. Aflitos por  cifras e cifrões, por cargos e palavras, por espaços e instantes. Cada urgência mata uma lembrança e constrói um arrependimento. As fachadas sofrem com tanto abalo e começam a ruir. Os pés caminham sobre os troncos de histórias silenciadas, cantadas apenas pelo movimento das águas e do vento. A paz de se integrar à natureza onde os ponteiros não alcançam.

Enquanto cada qual afoga o próximo com o próprio código de urgência, há sempre a opção de escolher não o fazer. De rever como as circunstâncias se originam, como se desdobram, e que não há necessidade de um indivíduo ser a prensa do outro. As urgências são costuradas em estandartes e muitas vezes não se compreende o porquê dela estar ali, apenas acostumou-se a levá-lo para todos os lados. 

Na comunicação, é essencial compreender as urgências, sua origem, implicações e demais atributos envolvidos. Assim, pode-se rever a mensagem e a narrativa de forma a ser mais assertivo. Observar as tensões e exercitar a percepção das multifaces da realidade.

O famigerado deadline toma outra dimensão, quando as urgências se juntam e não desembocam no mar das realizações, mas entopem / atrofiam a capacidade do indivíduo de assimilação.

Portanto, também por este motivo, as campanhas de comunicação precisam ser revistas, no que concerne não apenas a intensidade, formato, orçamento, mensuração; mas essencialmente nas urgências e no propósito de se comunicar. 

terça-feira, 7 de junho de 2022

malhete social




As narrativas sobrepostas cotidianamente criam a atmosfera de convívio social. A integração favorece ao amadurecimento de significados e significantes, marcando capítulos da evolução da sociedade. No entanto, também revela as misérias do carácter tanto da massa, quanto do indivíduo. Cada um maneja seu malhete sem reconhecer as próprias mazelas, mas sobretudo mirando a de quem está próximo. Este comportamento cruel e instantâneo, aparentemente tão natural à espécie humana,  por essência contadora de história, consolida conflitos e traumas na malha social influenciando a percepção a cerca das narrativas. 

Deste modo, não basta apenas criar as mensagens e estruturar narrativas atrativas mirando em um específico significante sem considerar o contemporâneo perfil de comportamento individual e da massa no que tange ao julgamento do outro a partir das narrativas. A comunicação, seja corporativa, pública ou individual, não pode ser feita à revelia e em busca de um "engajamento momentâneo" sem considerar os rumos, onde irá desembocar a narrativa.

Fofocas corporativas, intrigas sociais, brigas de família, embates políticos, versões de uma mesma fé, distorções de prioridades, o malhete nunca foi tão usado, de forma intensa, até mesmo com transmissão ao vivo. Após o julgamento relâmpago, a execução sumária. Todo dia, todo o dia. Novos julgamentos são iniciados assim que a execução do primeiro termina, e muitas vezes o processo é simultâneo. Seja em casa, no trabalho, na família ou roda de amigos. O malhete social não se cansa ou se desgasta, mas ao subestimar o tempo, desconhece as profundas consequências do seu martelar.

terça-feira, 31 de maio de 2022

assobia



Percebi na madrugada que não havia pela primeira vez uma canção a ser tocada. Eu estava ali sentado contemplando o silêncio da fria madrugada, sem procurar a lua no céu, sem me esconder das emoções sussurradas ao vento. Era eu ali no calado na alta noite sem canção, sem verso, sem musa. Não se tratava de abandono, ou de engano e desengano, era momento outro, em que as palavras não acompanham os pensamentos e as memórias atravessam o presente com pontuações de um passado que anunciava o porvir. Eles sabiam. De certa forma sabia. que o silêncio das madrugadas de quando era apenas uma criança queria dizer mais do que uma simples teatralização da juventude às madrugadas, querendo um dia ser alguém no escuro com um copo na mão, de algo quente ou refrescante. era mais que isso. era história outra que ainda iria acontecer. Agora ele sabia de uma maneira estranha. O saber sem saber, era mais que a expectativa tola das pessoas e seus crachás, seus mantras e bandeiras. Ele estava além dos versos, nem melhor, nem pior, mas ele, era ele mesmo. No espaço e tempo dele. Sem atropelos. Sem espelhos. Sem donzelas e juízes. Percebi que eu era o silêncio. Entre os ventos da madrugada, que balançam os lençóis e fazem das cortinas nuvens bem próximas; sem chuva.

x

domingo, 1 de maio de 2022


As relações humanas são sobre o poder. No entanto nem se aprofundam a ponto de compreender todas as nuanças e fundamentos e especificidades que envolvem o poder. Seja no indivíduo, no ser social, na sociedade ou na natureza sem humanos. Ficam no pó do poder, no início conceitual da palavra, na poeira que indica os rumos do envolvimento, na fuligem que engana os olhos sobre a realidade. 

Fazer desmoronar para subir nos escombros. Esta é prática de muitos que se colocam repetidas  vezes ao nosso lado na mesa, na fila, ao travesseiro, no trânsito, nas prateleiras sociais.

Não sei porque cheguei a esse ponto. Toda vez, olhar ao ermo. refletindo internamente. Sem ninguém para ver ou ser visto. Sem legado a ser deixado, sem explicações que configurem toda a realidade, pois a realidade não é feita de um só narrador, ou de sum narrador só. Então sem encontrar as saídas, persisto em admirar as janelas. Não é como se fosse especial ou óbvio demais, mas apenas como se atingisse parte do perfil da estrutura social, que diz muito sobre a configuração do indivíduo e partisse seu mind entre as  fases da lua e seu lado aparentemente sombrio... para quem olha sempre a partir do mesmo ponto.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Asas e folhas


Era apenas uma carona, ou um aviso sobre leveza, sobre a efemeridade do tempo, sobre o olhar silencioso, sobre os detalhes, texturas e despedida. Folha ao vento, verso no tempo.

Os olhos ainda são os mesmos. As rugas, as linhas nas mãos. A memória que repete as mesmas lembranças, soterrando outras. Até que o vento levanta as folhas. O reconhecer-se no espelho, mesmo tendo mudado o rosto, a carne, os olhos ainda são os mesmos. Mas não tinham a noção, ou uma pequena prévia do que iriam presenciar. As décadas de imagens e sensações. Ainda são os mesmos? Pouco importa. 


sexta-feira, 1 de abril de 2022

e se


E se a compreensão fosse a premissa da convivência? As palavras formassem frases sem lâmina, pontas e feridas. E se a intenção da convivência não fosse ganhar sobre o outro, mas compartilhar e contribuir com o fluxo natural da existência. Por instantes fechasse os olhos e interrompessem todos os pensamentos. Se pudesse morar no encantamento que há no sorriso e brilho nos olhos dos meus filhos. E se não fosse necessário torres de letras para explicar o quer que seja? Se compreendêssemos que as pessoas não são substituíveis, cada um é único. O que alternamos é que indivíduo ocupa qual cargo social. E se o tempo pairasse sobre nossos sentimentos bons, controlando o alcance dos ruins, sem dar publicidade à flor da pele. E se eu fechasse novamente os olhos, e por aqui interrompesse tanta paráfrase, tantos passos pernósticos de dança? E se ao menos você não lesse, não julgasse, e se aquietasse no canto ao meu lado, admirando texturas, movimentos, folhas, nuvens, e o luar. Se as fotos não ficassem caladas na caixa. Se o colibri voltasse a bater asas em meu jardim, e se eu fosse ele?

Se parassem os gritos, eu ouviria; escutaria então meu coração parar.

E se o cansaço passasse e as palavras de veludo corporativo cessassem. Apenas verdade, sem arrogâncias, sem plásticas, sem Leólo espiar pela fechadura e escandalizar com a realidade. Apenas fluir as águas, sem assorear, inundar ou matar de sede. Esse permafrost social... e se tudo fosse uma simples questão de perceber e não ferir? De ser, se envolver e ter paciência para compreender. Se de repente não fossem precisas as amarras das fórmulas.

E se o abraço fosse de entrega, como o frescor da brisa no alto da serra? Se os sabores não tivessem nome além da maravilhosa sensação de senti-los e compartilhá-los.

E se como os escravos de uma realidade (que usa do conforto da tecnologia como grilhões), ficarmos à beira da estrada? Como o poema ou a canção, acolhidos pela misericordiosa natureza, única capaz, de dar paz; com a estrela da manhã que brilha à noite, enquanto o vento espalha a canção no nada.



https://www.escritas.org/pt/t/13069/a-cruz-na-estrada

A chuva intensa veio e foi-se. Após o cheiro de terra molhada sumir, teve quem dos escombros buscou alívio, e teve também, quem nem percebeu que choveu.

E se num piscar de olhos, a vida corresse apenas a novidade, nos trechos que fechadas as pálpebras vivenciamos a realidade no escuro, sem medo...

e assim partir.


quinta-feira, 3 de março de 2022

tambor


Ouvir a chuva. Se livrar da opressão social que te cobra números, em todas as áreas. Cifras, medidas, audiência, milhas e milhas. Sem contar as gotas da chuva. Duas, três, duas. Tantas. Sua energia despencou, fazendo com que o corpo anestesiado de tanto ontem, hoje e amanhã, parasse à chuva. Ouviu a chuva pelas batidas das gotas em seu corpo. Seus poros contraídos, seus olhos fechados, sua respiração controlada. Ouvir a chuva.

Tanto atropelo. Ergueu os olhos por narrativas mais amenas. A chuva de Olten é o respiro na realidade, tal qual a chuva de sapos em Magnólia, o vazamento de Settecani e tantas outras pautas tão necessárias para sinalizar alternativas na agenda.

terça-feira, 1 de março de 2022

Telefone sem fio


As pessoas não buscam informação. Alimentam-se do que recebem e até mesmo compartilham o equívoco sem saber. Não é novidade e está mais do que perceptível. As pessoas se atolam nas fontes de informação que agradam sua ideologia e pensar ser ela a única legítima. Não estão verdadeiramente dispostas ao diálogo, mas excitadas pelo efeito "telefone sem fio" que causam na sociedade e a conseguinte sensação de poder. No ambiente corporativo este comportamento (já instaurado na cultura social do indivíduo) coloca em risco a reputação e imagem da marca de uma maneira ainda não mensurada no longo prazo. Pensa-se nas crises de curto prazo e nos desdobramentos no médio prazo reordenando às vezes o plano de negócios da organização e seu posicionamento social; contudo, pouco pensa-se no longo prazo. Talvez pela intensa sensação de incerteza de que se esse longo prazo irá chegar, visto que o imediatismo é sobrenatural. Afinal, não se pensa efetivamente na política do revezamento, do "passar o bastão" para próxima geração. Assim, as narrativas ficam atoladas nos mesmos conceitos e variações de estratégias de comunicação.

Erga o pescoço sem perder o chão de vista. Siga.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Empatia em texto



Exercício social controlado. Em agosto de 2021, solicitei que meu filho mais velho escrevesse um texto. Não falei especificamente para quê era. Apenas disse que precisava da ajuda dele com uma redação, sem especificar o site, uma vez que há tempos escrevo no Obvious Magazine, tendo textos publicados no Observatório da Imprensa (motivo pelo qual ele não estranhou).

Apenas enviei para ele:

Tema: A empatia e a inteligência artificial na configuração da sociedade moderna.

Argumento: O comportamento das pessoas em convívio em sociedade, como está, como se dá e como será a empatia, considerando avanço da Inteligência artificial

1.000 palavras

Arial 12
Entrelinha 1,5
Prazo: 12/9
Hiperlink: relacionar com artigo científico

O motivo? Compreender como se estrutura a narrativa de um adolescente a respeito da empatia, do comportamento humano em tempos de muletas digitais cada vez mais incrustadas no perfil social. Estimular a reflexão sobre o que é a empatia e como ela está presente (ou ausente) nas famílias atualmente. Pensar também, argumentando em texto, como as facilidades tecnológicas, as interações com a inteligência artificial têm interferido no comportamento dos jovens, nas relações entre as gerações e no pensamento do indivíduo com os valores que o tornam humano e sociável (não no sentido do desejo, mas da necessidade de estar em sociedade). É interessante como se amparam nas tecnologias e alimentam lacunas que poderiam ser preenchidas com o que há ao redor. Alimentam por muitas vezes uma falta para forçar inconscientemente um amadurecimento pelo sofrimento da falta e da dúvida, ancorado na euforia da facilidade de assimilação de novas tecnologias, desprendimento em relação às tradições e conhecimentos de outrora. Fatidicamente, não percebem reafirmar o clico eterno do conflito de gerações. No entanto, agora cada vez mais exercendo uma apatia controlada em relação à realidade, tempo, valores, anseios e prazeres. Neste ínterim, as benesses das novas tecnologia evocam a sabedoria antiga para não refutar, mas incorporar com primazia o novo no presente possibilitando um futuro saudável, palatável a todas as gerações, sem destruir, mas muitas vezes modernizar, alguns aspectos fundamentais da sociedade.

O que se perde no percurso? Importa? Se viver estrutura-se em cumprir processos, qual a consciência perceptível do todo e dos detalhes e como isso se manifesta em nossos gestos, interferência e construção social? O que somos? Se nos propormos a ser globais excluindo os locais para assim não revelar e possibilitar que reconheçam o que somos.

Aguardei o texto com certa observação e expectativa. O que posso dizer do resultado? Antes de postar, algumas observações do processo. A curiosidade em levantar os dados, a liberdade para argumentar com as próprias palavras. No primeiro dia, o estranhamento de pensar algo assim. A receptividade, a desconfiança e a necessidade de cumprir a tarefa. No segundo, o primeiro parágrafo já pronto, e os gestos incorporados no ambiente de casa, talvez sem ele perceber. Acompanhar o texto ganhando forma, foi vivenciar o autor também se apropriando da narrativa, envolvendo-se na mensagem a ponto de se tornar mais leve, mais livre para se relacionar na família e pouco a pouco na sociedade, nos respectivos núcleos de convivência (claro, considerando todos os atributos psicossociais que envolvem a adolescência). Era como se um nova luz se acendesse sobre seus passos. Quanto tempo duraria ou o que verdadeiramente o levaria a incorporar em sua vida está fora de qualquer forma de persuasão ou controle. O exercício tem em si a capacidade de proporcionar a reflexão sobre o tema e sua discussão materializada no papel por meio da memória gráfica. Tenho esperança no que pode ter despertado nele. O depois é inalcançável, porém desejado. 

Embora o texto apresente uma necessidade de aprofundamento em algumas questões, trabalhando melhor o argumento em alguns pontos, gancho e demais atributos, é possível, a partir dele, compreender parte do olhar do autor. Após breve análise da narrativa, percebe-se o traço do autor em seus gestos e como o texto faz o autor à medida em que o autor faz o texto. 

Meses depois do exercício; posso dizer que não há espaço no segundo plano para o que deve permanecer no primeiro.


Abaixo segue o texto:

A empatia e a inteligência artificial na configuração da sociedade moderna

Gabriel Carlos Vieira Coutinho

A empatia, virtude a ser adquirida por todos, é a capacidade que o indivíduo tem de se colocar no lugar do próximo, seja conhecido ou não, é a maneira que o ser humano tem de compartilhar o sentimento e tomar ele como se fosse seu. Ao analisar a sociedade moderna no âmbito da ética e da empatia, percebe-se que ambos possuem tamanha importância para o equilíbrio perfeito de uma sociedade ideal. Entretanto, com a Revolução Industrial 4.0, houve o aumento de investimentos em áreas tecnológicas, que levou ao desenvolvimento da inteligência artificial e a sua ascensão no cotidiano das pessoas. Deste modo, pode-se analisar o real impacto, tanto positivo, quanto negativo, dessa inteligência no que tange a empatia na configuração da sociedade moderna.

Em primeira análise, sabe-se que, por natureza, o ser humano tem que formar grupos para viver em sociedade e isso é perceptível desde a época dos primitivos. As primeiras sociedades surgiram por meio de agrupamentos de pessoas que se migravam conforme a necessidade de conseguir alimentos para sobreviver, período conhecido na pré-história como paleolítico. Porém, com o passar do tempo o homem se tornou mais sedentário e deixou de ser nômade, se estabelecendo em um local com solo fértil, próximo aos rios e passaram a domesticar os animais, esse período se denominou como neolítico. Com base no exposto, fica evidente que independente se está fixo em um lugar ou mudando de acordo com a demanda, as pessoas sempre estiveram em grupos e tribos.

Além disso, é preciso observar a importância que as pessoas têm de estar em sociedade. Por mais bobo que pareça ser, o convívio social tem um papel significativo para o bem-estar físico e psicológico, pois os seres humanos têm uma necessidade de se interagir, cujo é cultivada desde cedo, quando ainda se é novo e está entrando na escola. Portanto, não é atoa que a primeira coisa que as instituições de ensino fazem é socializar as crianças, por meio de diferentes dinâmicas e brincadeiras, fazendo com que elas explorem seus sentimentos e aprendam a viver em conjunto.

Todavia, a inteligência artificial é um campo da ciência da computação mais recente, criada em 1956, a fim de buscar desenvolver novas criações e buscar respostas com auxílio da tecnologia. Para exemplificar, a A.I. “Artificial Intelligence” é o resultado dos avanços tecnológicos provenientes da revolução industrial e da globalização, com o foco de fazer com que as máquinas possam realizar tarefas que, até então, somente os humanos eram aptos a fazer.

A cada dia que passa a tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, possuindo diferentes impactos na sociedade. Desde a criação da inteligência artificial, muitas empresas tem adotado ela como uma forma de facilitar e agilizar o trabalho, já que com a I.A a produção fica mais rentável para a empresa, pois há uma redução na quantidade de funcionários necessários e um aumento na rapidez e na produção em larga escala. Logo, esses pontos, tanto positivos, quanto negativos, têm grande relevância e influência na relação das pessoas.

Primeiramente, a I.A. auxilia grandemente nas empresas na otimização do processo, auxiliando na tomada de decisão das indústrias, pois a inteligência analisa os dados precisamente e busca selecionar sempre a melhor opção para determinado caso, reduzindo assim as falhas. Além disso, o avanço dessa tecnologia, juntamente com a globalização, permitiu a aproximação de pessoas que estão em diferentes lugares no mundo, fazendo com que os indivíduos estejam “próximos”, enquanto na verdade estão em locais geográficos totalmente opostos.

A inteligência também possui seus pontos negativos, pois ao substituir os funcionários por máquinas, a taxa de desemprego aumenta significativamente e isso impacta diretamente nos quesitos sociais e psicológicos da sociedade moderna. Uma das principais consequências do desemprego é o aumento da pobreza, da desigualdade social e o aumento da violência; quando se analisa o aspecto psicológico surge problemas relacionados a autoestima e insatisfação do trabalhador.

Ademais, este avanço causou um afastamento entre as pessoas, pois muitas ficaram alienadas a esta ferramenta e focaram demais no mundo virtual, esquecendo e se afastando do mundo real. Sabe-se que a alienação é quando um indivíduo fica indiferente aos acontecimentos da sociedade, ou seja, a pessoa passa a deixar de lado as coisas que ocorrem ao seu redor, dando ênfase somente aquilo que ela julga como importante e/ou interessante. Assim sendo, é indubitável que a inteligência artificial trouxe para a sociedade moderna diversos pontos positivos e negativos, cabe ao ser humano dosar e utilizá-la de uma maneira que irá auxiliar e não atrapalhar a relação de convivência das pessoas.

Nesse viés, pode-se destacar o renomado Georg Simmel, sociólogo alemão que abordou a atitude “blasé” como um comportamento padrão da sociedade contemporânea, de maneira simples, esse ato consiste em deixar de lado assuntos, quando na verdade deveria mostrar atenção. Desta forma, o indivíduo da sociedade moderna acaba se priorizando e se ocupando com seus próprios interesses, de maneira egocêntrica, deixando de lado o ato de se colocar no lugar do outro.

Sendo assim, com base no que foi exposto, a I.A. é bastante influente na sociedade contemporânea, pois ela ajuda na melhor integração entre as pessoas que estão distantes uma das outras, deixando tudo mais rápido e fácil. Porém, essa inteligência deixa as pessoas mal acostumadas ao ponto em que chegam a se tornar escravas e totalmente dependentes das tecnologias, fazendo com que o indivíduo perca valores fundamentais como por exemplo a ética e a empatia, pois o ser foca somente em si mesmo e no seu bem estar no mundo virtual, esquecendo muita das vezes do que se passa ao seu redor.

Nesse sentido, com o passar dos anos valores como a empatia, seja ela cognitiva, emocional ou compassiva, irão se perdendo, considerando o avanço da inteligência artificial. Portanto, cabe o Conselho Nacional da Educação, por meio de uma modificação da Base Nacional Comum Curricular, ingressar disciplinas que envolvam habilidades socioemocionais, como respeito e empatia. Essas disciplinas devem ser estudadas não só pelo ensino infantil, como é feito atualmente, e sim em todas as idades, para que dessa forma as pessoas continuem a dar valor para essas virtudes e não deixem em segundo plano, como foi abordado por Simmel.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

pormenores


Na comunicação dentro da empresa, na família, dentro da própria cabeça. Eles nos pegam desprevenidos, no meio do salto, o pé que agarra no argumento, no trauma, no sentimento. Pormenores da existência. Sem o espetáculo de grandes estratégias, sem fazer para ser premiado, mas para ser efetivo; e nem por isso lembrado; tampouco esquecido. Como equilibrar a intensidade, energia, exposição e tudo o mais? Atentar-se às particularidades das pessoas, do ambiente e do tempo (que nem sempre têm a ver com a narrativa, ou a mensagem). Sem receitas, apenas não plastificar a vivência.