No caso das de entrevistas, estabelecer um diálogo é uma boa opção. Fazer com que o diálogo seja uma conversa onde o tema é mais um dos personagens e o espectador um convidado a mais.
A conversa sincera e sem amarras é o que torna a live um momento orgânico de troca de ideias e não uma busca por audiência ou sobreposição de egos. Trata-se de um encontro e entregas. Um abraço das ideias (que podem ou não ser divergentes). Assim se consolida o conteúdo e o mantém vivo. Pujante. Gratidão pelo papo com Joel Pizzini, Thiago Köche e Luiz Carlos Lacerda (Bigode). Em pauta, o cinema brasileiro. Cada um com um olhar. Iniciando com o brilhante mestre Bigode, abordando o modo de fazer e consumir cinema antes, durante e depois da pandemia da COVID-19; desdobrando em como exercer o olhar a contra pêlo na história, afora as versões oficiais a partir da energia e sensibilidade de Köche, reverberando no cinema poesia de Pizzini discorrendo mais do que na diferença entre linguagens e narrativas do documentário x cinema de ficção; dando vazão a valorização da multiplicidade de olhares narrativos da equipe, reforçando o papel do diretor de tomar decisões, de manter o equilíbrio entre o óbvio e o abstrato. Discorrer sobre as solidões e solitudes.
A boa conversa proporciona mais do que conteúdo ao público, mas cria um ambiente de conexões e potencialização de significantes que vão além daqueles minutos de live. Assim é possível refletir antes da chuva, vendo a chegar, embrenhando-se nela e até mesmo vislumbrando o horizonte que há de instaurar, nas intermitências do céu. Mais que lágrimas na chuva, nossas lembranças, pensamentos e sonhos podem vir a ser gotículas sobre pétalas no jardim de alguém.
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