terça-feira, 24 de novembro de 2020

Padrões para relaxar


Há uma tendência em padronização do comportamento social que intriga quando olhamos as plataformas de comunicação. A padronização pode castrar, mas ela também ambienta o indivíduo em uma zona de conforto. Coloca ele em fase de automatismo naquela questão para ter energia e atenção disponíveis para outros processos e fluxos. O conforto do automatismo aprisiona e conduz o comportamento social, seja por consumo de informação, produtos ou até mesmo posicionamento em relação a algum aspecto da vida (política, religião, moral, relacionamentos e etc). Identificar esta característica e como ela é inerente à nossa organização social, contribui para aperfeiçoar nossa consciência crítica, mas também instrumentaliza as narrativas corporativas de estratégicas mais assertivas.

Após o confronto com o novo, o impacto do conhecimento e reconhecimento, produção de significante; peneirada a resistência versus a aceitação, estabelece-se um padrão. Especificamente no consumo de mídia, assim que surgem aplicativos novos e aplicações novas nos aplicativos mais usados, logo após o período de teste e posterior peneira, percebe-se a padronização deles e até adoção por outros aplicativos. Vide os stories (que foram do Instagram para as demais redes sociais e que agora chegam também ao Spotify (iniciou testes de stories em playlists especiais). As retrospectivas também, do Facebook, Instagram, Spotify, Google fotos, re-alimentando o consumo de funcionalidades por meio de um conteúdo que já existe (e que talvez você não lembre), gerando assim novas interações e engajamentos, revisitando até posicionamentos. 

A instantaneidade de ativar novos atributos, a temporalidade de disponibilidade da publicação, restrição e segmentação do público que pode ter acesso (que não quer dizer que ela vá verdadeiramente entregar com o mesmo sistema de relevância para todos do seu público determinado); tudo com a sensação de ser natural. Padrões para relaxar o senso crítico e sucumbir à influência de um ator social cujo o qual muitas vezes não queríamos dar tanto poder.

O ciclo elementar de padronização é perceptível desde os primórdios, mas sua modernização constante e desdobramento da utilização; intrigam.  




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