sexta-feira, 2 de junho de 2023

impressões


Entre o formatado e o espontâneo.  As pessoas aos poucos voltam-se para viver sem intermediários. Sem extremismos e xenofobia, mas equilíbrio entre o on e off. Abandona-se as redes sociais e as telas das máquinas para ver a paisagem que as telas representam, que as lentes capturam. No pergolado, o beija-flor vem conversar. Paira, pisca, versa e vai. Assim me tem tanta paz, aquietando as aflições de outrora.

Enquanto tudo for cercado de tanta tensão, as emoções, o dia a dia, nunca será leve como buscamos. A paz que acreditamos existir e que buscamos sentir possui em seu percurso entraves que nos fazem insistentemente vivenciar o "conheça a ti mesmo" e também o outro. O que esperamos da vida, além dos discursos reflexivos e emocionais, motivacionais? O que percebemos dos ciclos que se repetem por gerações, os padrões familiares e a muitas vezes imperceptível lembrança comportamental? Alternamos nosso silêncio entre a inocência e denso desespero.

Ocupamos tanto espaço nas nuvens que não temos a dimensão da chuva que irá cair.

Um casal de idosos, braços dados. O caminho feito passo a passo. De vinte em vinte centímetros, a realidade do tempo é diferente, o vivenciar a vida e o território também. As percepções não são mais aquelas da juventude acelerada, das experimentações, da euforia, dos sonhos de um amanhã de surpresas. Agora, para aquele casal, as distâncias eram outras.

Era uma árvore de esquina. Parecia uma variação de hibiscos, mas não sei. Cor vívida, laranja com rajadas vermelhas. Fiquei ali admirando sem grandes elucubrações. Um beija-flor médio passava de flor em flor. Pausava o voo no ar, pousava nos galhos com delicadeza. Borboletas de tamanhos e cores diversas, em ritmo diverso ao vento perpassando as flores entre os versos dos colibris. Um beija-flor menor chega sem pressa de partir. Aquela esquina me acalmou.


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