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sábado, 24 de dezembro de 2022

Natureza morta

Palavras estagnadas, não conseguiram se formar e sair pelas cordas, tampouco alcançar a garganta. Menos ainda estabelecer-se em frase e assim quem sabe talvez fazer sentido aos ouvidos sem pálpebras que por perto poderiam estar no momento. Confiar nas coincidências e na providência é algo que beira a insanidade; um padrão de comportamento contrário ao padrão da maioria.

As narrativas das mais diversas plataformas de mídia transitam não mais por um fluxo bilateral de mensagens. Ele agora (há muito tempo) considera os fluxos semelhantes aos neurais, com suas grandes, pequenas e múltiplas redes de conexões. Um número alto e intenso de emissores, mensagens e receptores, com um tempo de processamento (assimilação e retenção da mensagem) menor do que em gerações passadas. Desta forma, as doenças emocionais tais como a ansiedade, passam a ser recorrentes e permanentes. Como fazer uma comunicação que não piore o cenário? Consciente de que não tem o poder de alterá-lo por completo, mas de ser a alternativa em um contexto tão avassalador e impessoal? Na comunicação pessoal é o desafio para se manter as relações familiares. Na comunicação corporativa, é a árdua ação de proteger uma marca, conduzi-la ao amadurecimento, e reverberar seu posicionamento e sua missão de forma efetiva e não apenas de fachada.

A impessoalidade não é mais de mensagens robotizadas, mas de narrativas sistêmicas programadas, de  uma espontaneidade forjada, veiculada em stories, grupos de WhatsApp, nos cartões de natal e aniversário ainda existentes, tudo velado como se fosse orgânico. Baterias sempre carregadas e olhares ávidos por ter sempre sinal. Verdades e pós-verdades incrustadas no comportamento cotidiano e então tudo passa a ser tido como natural.

E esse novo natural que se instaura na sociedade e confunde os referenciais, propicia ao conflito, à sobreposição e uma suposta evolução pela aniquilação do divergente e não a partir de um possível consenso e coexistência. Veladas de paz, as narrativas tornam-se ácidas, mesmo que silenciosamente, aumentando a fissura entre as famílias, grupos sociais e as bases culturais. Neste cenário, mais do que ter os sentidos apurados, saber utilizar a interrogação e as reticências para a ser um requisito de sobrevivência.

Havia uma árvore na floresta. Se comunicou com as demais pelas raízes, alertando a chegada de uma nova praga. No entanto, não tinha como correr. Centenária, com suas raízes espalhadas por todo o solo, ela sentiu o vento, absorveu dele um pouco de Co2, percebeu o percorrer dos últimos raios solares pelas suas ranhuras, folhas e galhos, sentiu o golpe, sucumbiu. Na queda, seus frutos foram longe. Foram também no bucho de pássaros. Suas flores forraram o solo de sua putrefação. Durante alguns anos, a sua memória era percebida pelo buraco na paisagem e pela maneira com que cada organismo se aproveitou do que dela restara. No entanto, não há canção que perdure, por mais que repita, o tempo. sempre ele, ou a percepção que temos dele. Pujante, a natureza morta abusa da paleta de cores e argumentos.


sábado, 1 de outubro de 2022

Nem sempre ganhar é melhor

O gozo da realização, a euforia do reconhecimento, o acesso liberado a regalias que só quem ganha alcança. O sabor do mérito, o perfume do legado que fica no ar. Os ensinamentos a serem repassados, a marca deixada na história, a paz do dever cumprido. Atributos apenas da vida dos vencedores? Ninguém ganha sempre e em tudo. Poder, riquezas vêm e vão, mas as pessoas, quando se perde, nunca mais; já diria o corvo. Nunca mais. Perde-se pessoas com a morte do corpo, perde-se todos os dias com a morte da essência, corpos vivos enchendo as multidões de indivíduos com ansiedade, nervosismo, espasmos de estresse, depressão, problemas com o peso, intrigas pessoais profundas de coisas tão corriqueiras. Um colapso do modelo social. Ou sua retroalimentação, para reiniciar ciclos.

O cenário então se configura com o excesso de narrativas que buscam consenso, aceitação e conciliação. Todavia, por estratégias diversas. Narrativas que causam inquietação e questionamento para reflexão; narrativas que causam confusão (essas geram insegurança e estimulam o desejo natural por se assegurar em um referencial); narrativas que geram apatia controlada (pasteurizando o pensamento individual, uma lobotomia social); narrativas de reação (instigando "escolhas", fruto da persuasão); narrativas de alienação pelo entretenimento; e tantas outras, cada qual com seu movimento padrão pelo tabuleiro da realidade. Se antes o planejamento da estruturação de uma narrativa podia demorar muitos copos de cafés, atualmente (há muito tempo) é preciso ser mais dinâmico no intervalo entre planejar e executar.

Paira entremeio a sociedade de maneira mais intensa o FOMO (Fear of missing out) e as narrativas corporativas só intensificam esse processo. O tempo; recorrente prisão e liberdade. Ser real como proposta do novo (2020) "bereal"?
Limitar o tempo de exposição das mensagens e às mensagens pode ser uma ação para não sobrecarregar "a nuvem" e sofrer com a chuva de multiplicidade e também de confusão. Não se trata de ganhar ou perder.


O que precisa e deve ser comunicado e que precisa e deve ser contemplado? E o que se deseja? Conhecer-se a ti mesmo é o exercício recorrente tão necessário e eficaz, que talvez seja uma recomendação latente para a saúde social dos indivíduos. 

Na elaboração das narrativas corporativas, todos devem fazer com mais cuidado, responsabilidade e agilidade; e claro, usar os cafés como prazer e não para contar do tempo que passa rsrsrs; seize the day, e aproveite a vida; "a poderosa peça continua e você pode contribuir com um verso".

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

artesanal


Fica um sabor de desilusão toda vez que os noticiários nos alcançam. Sempre que as frases estruturadas como ondas do mar arrebentam sobre nossas expectativas de um dia diferente.

Driblando tantos termos e analogias e tentando compreender os relacionamentos conduzidos via a comunicação corporativa. Rede Orgânica (viva) ou robotizada, industrializada? A contemporaneidade trouxe valor agregado ao artesanal. Desde as bebidas, doces e mídias sociais. O artesanal (orgânico) é mais pessoal, mais vivo e próximo no relacionamento. Assim, ganhou mais relevância. Visualmente, um perfil de rede social industrializado pode ser mais agradável ao olhar, sendo padronizado, com harmonia de cores e demais elementos. No entanto, não inspira ou instiga ao envolvimento, engajamento e à retenção da mensagem, tampouco integração com a narrativa.

Em tempos de tudo digital, padrão e robotizado via algoritmos, as pessoas sentem a necessidade de um relacionamento (e atendimentos) mais humanizados. O processo industrial, afora as incontáveis e fundamentais vantagens, traz também distanciamento e impessoalidade. O que em alguns setores, acaba sendo mais um obstáculo do que facilidade para exercer a atividade fim. Intercalar artes elaboradas, como fotos e vídeos (secos), tem uma conversa mais direta, sem rodeios e ter um conteúdo menos frio contribui para deixar o perfil mais próximo do usuário. Claro, é necessário ter alta performance na resposta a "direct" e posicionamento a respeito de comentários. A avaliação deve ser rápida, séria e as ações transparentes. Não se trata de se apoiar em invenções, e aqui não se propõe uma receita. É preciso compreender a missão, valores, princípios da organização e da sociedade. Além disso, também considerar a finalidade do relacionamento com os diversos públicos. Sem receita miojo. A solução está muito mais na dedicação e na sinceridade de fazer e trabalhar a comunicação. 


sexta-feira, 29 de julho de 2022

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#Seguimos Diversificar o material, as narrativas de uma cultura organizacional que amadurece e mostra resiliência ao transitar pelo conflito de gerações sem perder sua essência e sem descaracterizar sua atividade fim. Desta forma a área de comunicação se desdobra entre equilibrar o famigerado orçamento, o hiperestímulo das novas tecnologias, a capacidade técnica dos funcionários, o perfil de retenção de mensagem do público-alvo e a cobrança contínua dos clientes. A busca por um "algo mais" não deve ser apenas para receber elogios. A comunicação corporativa deve servir ao propósito da atividade fim da empresa e respectivos desdobramentos correlacionados. 






terça-feira, 7 de junho de 2022

malhete social




As narrativas sobrepostas cotidianamente criam a atmosfera de convívio social. A integração favorece ao amadurecimento de significados e significantes, marcando capítulos da evolução da sociedade. No entanto, também revela as misérias do carácter tanto da massa, quanto do indivíduo. Cada um maneja seu malhete sem reconhecer as próprias mazelas, mas sobretudo mirando a de quem está próximo. Este comportamento cruel e instantâneo, aparentemente tão natural à espécie humana,  por essência contadora de história, consolida conflitos e traumas na malha social influenciando a percepção a cerca das narrativas. 

Deste modo, não basta apenas criar as mensagens e estruturar narrativas atrativas mirando em um específico significante sem considerar o contemporâneo perfil de comportamento individual e da massa no que tange ao julgamento do outro a partir das narrativas. A comunicação, seja corporativa, pública ou individual, não pode ser feita à revelia e em busca de um "engajamento momentâneo" sem considerar os rumos, onde irá desembocar a narrativa.

Fofocas corporativas, intrigas sociais, brigas de família, embates políticos, versões de uma mesma fé, distorções de prioridades, o malhete nunca foi tão usado, de forma intensa, até mesmo com transmissão ao vivo. Após o julgamento relâmpago, a execução sumária. Todo dia, todo o dia. Novos julgamentos são iniciados assim que a execução do primeiro termina, e muitas vezes o processo é simultâneo. Seja em casa, no trabalho, na família ou roda de amigos. O malhete social não se cansa ou se desgasta, mas ao subestimar o tempo, desconhece as profundas consequências do seu martelar.

terça-feira, 1 de março de 2022

Telefone sem fio


As pessoas não buscam informação. Alimentam-se do que recebem e até mesmo compartilham o equívoco sem saber. Não é novidade e está mais do que perceptível. As pessoas se atolam nas fontes de informação que agradam sua ideologia e pensar ser ela a única legítima. Não estão verdadeiramente dispostas ao diálogo, mas excitadas pelo efeito "telefone sem fio" que causam na sociedade e a conseguinte sensação de poder. No ambiente corporativo este comportamento (já instaurado na cultura social do indivíduo) coloca em risco a reputação e imagem da marca de uma maneira ainda não mensurada no longo prazo. Pensa-se nas crises de curto prazo e nos desdobramentos no médio prazo reordenando às vezes o plano de negócios da organização e seu posicionamento social; contudo, pouco pensa-se no longo prazo. Talvez pela intensa sensação de incerteza de que se esse longo prazo irá chegar, visto que o imediatismo é sobrenatural. Afinal, não se pensa efetivamente na política do revezamento, do "passar o bastão" para próxima geração. Assim, as narrativas ficam atoladas nos mesmos conceitos e variações de estratégias de comunicação.

Erga o pescoço sem perder o chão de vista. Siga.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Empatia em texto



Exercício social controlado. Em agosto de 2021, solicitei que meu filho mais velho escrevesse um texto. Não falei especificamente para quê era. Apenas disse que precisava da ajuda dele com uma redação, sem especificar o site, uma vez que há tempos escrevo no Obvious Magazine, tendo textos publicados no Observatório da Imprensa (motivo pelo qual ele não estranhou).

Apenas enviei para ele:

Tema: A empatia e a inteligência artificial na configuração da sociedade moderna.

Argumento: O comportamento das pessoas em convívio em sociedade, como está, como se dá e como será a empatia, considerando avanço da Inteligência artificial

1.000 palavras

Arial 12
Entrelinha 1,5
Prazo: 12/9
Hiperlink: relacionar com artigo científico

O motivo? Compreender como se estrutura a narrativa de um adolescente a respeito da empatia, do comportamento humano em tempos de muletas digitais cada vez mais incrustadas no perfil social. Estimular a reflexão sobre o que é a empatia e como ela está presente (ou ausente) nas famílias atualmente. Pensar também, argumentando em texto, como as facilidades tecnológicas, as interações com a inteligência artificial têm interferido no comportamento dos jovens, nas relações entre as gerações e no pensamento do indivíduo com os valores que o tornam humano e sociável (não no sentido do desejo, mas da necessidade de estar em sociedade). É interessante como se amparam nas tecnologias e alimentam lacunas que poderiam ser preenchidas com o que há ao redor. Alimentam por muitas vezes uma falta para forçar inconscientemente um amadurecimento pelo sofrimento da falta e da dúvida, ancorado na euforia da facilidade de assimilação de novas tecnologias, desprendimento em relação às tradições e conhecimentos de outrora. Fatidicamente, não percebem reafirmar o clico eterno do conflito de gerações. No entanto, agora cada vez mais exercendo uma apatia controlada em relação à realidade, tempo, valores, anseios e prazeres. Neste ínterim, as benesses das novas tecnologia evocam a sabedoria antiga para não refutar, mas incorporar com primazia o novo no presente possibilitando um futuro saudável, palatável a todas as gerações, sem destruir, mas muitas vezes modernizar, alguns aspectos fundamentais da sociedade.

O que se perde no percurso? Importa? Se viver estrutura-se em cumprir processos, qual a consciência perceptível do todo e dos detalhes e como isso se manifesta em nossos gestos, interferência e construção social? O que somos? Se nos propormos a ser globais excluindo os locais para assim não revelar e possibilitar que reconheçam o que somos.

Aguardei o texto com certa observação e expectativa. O que posso dizer do resultado? Antes de postar, algumas observações do processo. A curiosidade em levantar os dados, a liberdade para argumentar com as próprias palavras. No primeiro dia, o estranhamento de pensar algo assim. A receptividade, a desconfiança e a necessidade de cumprir a tarefa. No segundo, o primeiro parágrafo já pronto, e os gestos incorporados no ambiente de casa, talvez sem ele perceber. Acompanhar o texto ganhando forma, foi vivenciar o autor também se apropriando da narrativa, envolvendo-se na mensagem a ponto de se tornar mais leve, mais livre para se relacionar na família e pouco a pouco na sociedade, nos respectivos núcleos de convivência (claro, considerando todos os atributos psicossociais que envolvem a adolescência). Era como se um nova luz se acendesse sobre seus passos. Quanto tempo duraria ou o que verdadeiramente o levaria a incorporar em sua vida está fora de qualquer forma de persuasão ou controle. O exercício tem em si a capacidade de proporcionar a reflexão sobre o tema e sua discussão materializada no papel por meio da memória gráfica. Tenho esperança no que pode ter despertado nele. O depois é inalcançável, porém desejado. 

Embora o texto apresente uma necessidade de aprofundamento em algumas questões, trabalhando melhor o argumento em alguns pontos, gancho e demais atributos, é possível, a partir dele, compreender parte do olhar do autor. Após breve análise da narrativa, percebe-se o traço do autor em seus gestos e como o texto faz o autor à medida em que o autor faz o texto. 

Meses depois do exercício; posso dizer que não há espaço no segundo plano para o que deve permanecer no primeiro.


Abaixo segue o texto:

A empatia e a inteligência artificial na configuração da sociedade moderna

Gabriel Carlos Vieira Coutinho

A empatia, virtude a ser adquirida por todos, é a capacidade que o indivíduo tem de se colocar no lugar do próximo, seja conhecido ou não, é a maneira que o ser humano tem de compartilhar o sentimento e tomar ele como se fosse seu. Ao analisar a sociedade moderna no âmbito da ética e da empatia, percebe-se que ambos possuem tamanha importância para o equilíbrio perfeito de uma sociedade ideal. Entretanto, com a Revolução Industrial 4.0, houve o aumento de investimentos em áreas tecnológicas, que levou ao desenvolvimento da inteligência artificial e a sua ascensão no cotidiano das pessoas. Deste modo, pode-se analisar o real impacto, tanto positivo, quanto negativo, dessa inteligência no que tange a empatia na configuração da sociedade moderna.

Em primeira análise, sabe-se que, por natureza, o ser humano tem que formar grupos para viver em sociedade e isso é perceptível desde a época dos primitivos. As primeiras sociedades surgiram por meio de agrupamentos de pessoas que se migravam conforme a necessidade de conseguir alimentos para sobreviver, período conhecido na pré-história como paleolítico. Porém, com o passar do tempo o homem se tornou mais sedentário e deixou de ser nômade, se estabelecendo em um local com solo fértil, próximo aos rios e passaram a domesticar os animais, esse período se denominou como neolítico. Com base no exposto, fica evidente que independente se está fixo em um lugar ou mudando de acordo com a demanda, as pessoas sempre estiveram em grupos e tribos.

Além disso, é preciso observar a importância que as pessoas têm de estar em sociedade. Por mais bobo que pareça ser, o convívio social tem um papel significativo para o bem-estar físico e psicológico, pois os seres humanos têm uma necessidade de se interagir, cujo é cultivada desde cedo, quando ainda se é novo e está entrando na escola. Portanto, não é atoa que a primeira coisa que as instituições de ensino fazem é socializar as crianças, por meio de diferentes dinâmicas e brincadeiras, fazendo com que elas explorem seus sentimentos e aprendam a viver em conjunto.

Todavia, a inteligência artificial é um campo da ciência da computação mais recente, criada em 1956, a fim de buscar desenvolver novas criações e buscar respostas com auxílio da tecnologia. Para exemplificar, a A.I. “Artificial Intelligence” é o resultado dos avanços tecnológicos provenientes da revolução industrial e da globalização, com o foco de fazer com que as máquinas possam realizar tarefas que, até então, somente os humanos eram aptos a fazer.

A cada dia que passa a tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, possuindo diferentes impactos na sociedade. Desde a criação da inteligência artificial, muitas empresas tem adotado ela como uma forma de facilitar e agilizar o trabalho, já que com a I.A a produção fica mais rentável para a empresa, pois há uma redução na quantidade de funcionários necessários e um aumento na rapidez e na produção em larga escala. Logo, esses pontos, tanto positivos, quanto negativos, têm grande relevância e influência na relação das pessoas.

Primeiramente, a I.A. auxilia grandemente nas empresas na otimização do processo, auxiliando na tomada de decisão das indústrias, pois a inteligência analisa os dados precisamente e busca selecionar sempre a melhor opção para determinado caso, reduzindo assim as falhas. Além disso, o avanço dessa tecnologia, juntamente com a globalização, permitiu a aproximação de pessoas que estão em diferentes lugares no mundo, fazendo com que os indivíduos estejam “próximos”, enquanto na verdade estão em locais geográficos totalmente opostos.

A inteligência também possui seus pontos negativos, pois ao substituir os funcionários por máquinas, a taxa de desemprego aumenta significativamente e isso impacta diretamente nos quesitos sociais e psicológicos da sociedade moderna. Uma das principais consequências do desemprego é o aumento da pobreza, da desigualdade social e o aumento da violência; quando se analisa o aspecto psicológico surge problemas relacionados a autoestima e insatisfação do trabalhador.

Ademais, este avanço causou um afastamento entre as pessoas, pois muitas ficaram alienadas a esta ferramenta e focaram demais no mundo virtual, esquecendo e se afastando do mundo real. Sabe-se que a alienação é quando um indivíduo fica indiferente aos acontecimentos da sociedade, ou seja, a pessoa passa a deixar de lado as coisas que ocorrem ao seu redor, dando ênfase somente aquilo que ela julga como importante e/ou interessante. Assim sendo, é indubitável que a inteligência artificial trouxe para a sociedade moderna diversos pontos positivos e negativos, cabe ao ser humano dosar e utilizá-la de uma maneira que irá auxiliar e não atrapalhar a relação de convivência das pessoas.

Nesse viés, pode-se destacar o renomado Georg Simmel, sociólogo alemão que abordou a atitude “blasé” como um comportamento padrão da sociedade contemporânea, de maneira simples, esse ato consiste em deixar de lado assuntos, quando na verdade deveria mostrar atenção. Desta forma, o indivíduo da sociedade moderna acaba se priorizando e se ocupando com seus próprios interesses, de maneira egocêntrica, deixando de lado o ato de se colocar no lugar do outro.

Sendo assim, com base no que foi exposto, a I.A. é bastante influente na sociedade contemporânea, pois ela ajuda na melhor integração entre as pessoas que estão distantes uma das outras, deixando tudo mais rápido e fácil. Porém, essa inteligência deixa as pessoas mal acostumadas ao ponto em que chegam a se tornar escravas e totalmente dependentes das tecnologias, fazendo com que o indivíduo perca valores fundamentais como por exemplo a ética e a empatia, pois o ser foca somente em si mesmo e no seu bem estar no mundo virtual, esquecendo muita das vezes do que se passa ao seu redor.

Nesse sentido, com o passar dos anos valores como a empatia, seja ela cognitiva, emocional ou compassiva, irão se perdendo, considerando o avanço da inteligência artificial. Portanto, cabe o Conselho Nacional da Educação, por meio de uma modificação da Base Nacional Comum Curricular, ingressar disciplinas que envolvam habilidades socioemocionais, como respeito e empatia. Essas disciplinas devem ser estudadas não só pelo ensino infantil, como é feito atualmente, e sim em todas as idades, para que dessa forma as pessoas continuem a dar valor para essas virtudes e não deixem em segundo plano, como foi abordado por Simmel.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Atos





Em tempos de streaming em demasia sobre heróis, os referenciais estão dia a dia petrificando uma imagem de sucesso que sabota o sujeito social (Eu sei, sempre foi assim, mas a sensação é de que o tempo de adaptação agora é menor do que antes). Assim, muitas vezes ele (o ator social) se percebe aquém do padrão aceitável e reconhecido na sociedade. Essa frustração pode ser verificada em seus atos, tentando corrigir o curso ou se entregando a ele. E ao contrário da máxima... os atos nem sempre revelam quem é o indivíduo, mas apenas como está o ator social.

O ato de coragem não é entrar na frente de um tiro, de um carro, em uma briga. Trata-se de impulso de resposta espontânea, ou se tem ou se desenvolve perante as circunstâncias. Congelar ou agir. Ser um herói não é saber fazer uma improvisada manobra cirúrgica com tampa de caneta de bico de garrafa de destilado, ou recolocar o braço deslocado, dirigir de forma sagaz em uma perseguição de fúria ou fuga. A coragem heroica está em vivenciar o automatismo dos dias sem deixar que o abatimento tome conta. É levantar grato por um novo dia, mas também atento, aos detalhes que se repetem ou se alternam, às dificuldades que não dão trégua, à impessoalidade que determina o conjunto, o todo. Olhar os filhos, cada qual em seu fluxo de descobertas, experimentação e aprendizado; sabendo que todo pai e mãe também é filho, em um fluxo mais avançado. Compreender a si para ser alguém melhor para o outro, sem ser do outro.

O romântico ato de coragem não depende dos músculos, das cifras acumuladas, dos cargos e posição de poder ocupadas. Não se firma nas capacidades intelectuais, habilidade de argumentação e elucubrações. O anti-herói. Habitante calado da terceira margem do rio chamado realidade. Esse que veste roupas comuns, não fala muito alto, gosta de sentir o vento no rosto, valoriza um ar fresco, reconhece a importância do calor do sol à face. Saboreia momentos sem grandes expectativas e plateia. Coloca no papel não mais que traços em uma fragmentada linha reta. Que vivencia a empatia, sem fazer dela um estandarte. Esse indivíduo que se vê além do ator social, se sente e se percebe na paisagem e fora dela. Que aprendeu o caminho para Casdorra; e uma vez lá, não sairá. 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

voltamos


 

Não sei o que se passa e o que pensa aí de cima. Aqui embaixo, a gente tenta se encaixar, levar os dias, conforme a maturidade que adquirimos, conforme os desejos, sonhos e a realidade possível. Não sei, e confesso que estou cansado. Não desiludido, pois vejo cada encanto por todo canto. Cada instante mais único e especial. Mas o cansaço vem sempre no silêncio. Nesse turbilhão de atropelos e abandono da sociedade. Na repetição, por mais que não percebam, dos ciclos sociais. A sustentação do sorriso às vezes se abala com as lágrimas. O meu rosto já está marcado e sei que não sou melhor do que ninguém; não procuro esse tipo de reconhecimento. Olho-me bem; buscando reconhecer esse rosto marcado no espelho, nas fotos e na vida. Reconhecer para acertar rumos e tentar driblar esse cansaço que agora controla o olhar. Voltamos a nós mesmos. Sem os mesmos encaixes e contexto, sem a mão da misericórdia sobre nossa ingenuidade de outrora. O eterno retorno do andarilho versus o caminhante. São os rumos... 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Nos roubamos


Gerações sobrepostas comportamentos consolidados. Quanto mais tecnológica a sociedade, quanto mais conforto, mais abandonamos coisas essenciais?  Precisamos nos dedicar às trocas. Conhecer a versão dos fatos de quem viveu há tempos. Ouvir nossos pais e avós e sermos ouvidos pelos nossos filhos. Percebe-se a cada dia, que as novas gerações não apenas desconhecem as vivências dos antigos como as desmerecem. Não se valoriza os livros, filmes, peças e histórias. 

Outro dia acabou a energia elétrica. A internet caiu o sinal. Celulares sem bateria. Bundas na calçada, olhares para a lua. Quantas estrelas. As histórias surgiram. Tanta gente próxima que não se conhecia além dos automatismos do dia a dia. O que se faz com o que se sabe é outra coisa. Não precisamos complicar a mensagem, tampouco o comunicar. Precisamos ser efetivamente verdadeiros (não no sentido de ter a razão, mas de estar entregue ao processo de comunicar, interagir), transparentes, espontâneos.

Nos roubamos. Em busca de mais conforto, segurança, saciedade. Nos roubamos e nem percebemos, a não ser quando sentimos falta de nós mesmos entremeio a tanta máscara. Nos roubamos e não sabemos onde nos guardamos, ou para quem nos vendemos depois.


terça-feira, 6 de julho de 2021

pão


Outdoor, Ads, elemídias, painéis, displays, aplicativos e aplicações, papel, dinâmicas e gracinhas. Muitas vezes, a impressão é de que setores corporativos de comunicação parecem se revestir de estratégias e ações para ser vitrine (case de sucesso) para os pares e não para cumprir a atividade fim. O pão nosso de cada dia. A informação em avalanche tem de ser repensada. Tanto as plataformas, os conteúdos e os tempos. As narrativas precisam ser elaboradas sem o chicote da razão e com a flexibilidade dos contextos, sem corromper a mensagem. Considere o grau de autoconhecimento, autogestão emocional, empatia e repertório do indivíduo e sua atuação como ser social.

A inteligência emocional (Domina-te a ti mesmo) é mais que um termo corporativo, mas um aspecto crucial para refratar a imagem ao espelho. O autocontrole evoca sistemas de exaustão; verdadeiras portas emocionais de respiro. Há de se valorizar.

Trabalhar elogios não é semear a paz. Tampouco a rispidez das opiniões sinceras traz harmonia. Apenas a maturidade entre narrar, absorver e transmitir é o que prepara o terreno social para a paz. "Para ser do tamanho do que vê, oh Bernardo, é preciso lavar os olhos  e retirar a fuligem social"

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terça-feira, 22 de junho de 2021

parágrafo


Não se trata de um desabafo. Não imagino como interpretará isso os olhos ou o algoritmo. Como lixo, ruído de fundo, textura perene ou material de descarte em contagem regressiva. Mais um texto que some na massa em resultados de pesquisas por palavras-chave, em sugestões de conteúdo e chuva de links. As TVs na parede e na estante deixaram de ornar o altar do tempo da tradicional família. Dificilmente as pessoas sentam em frente ao desktop para ler, consumir informação. Tampouco colocam para esquentar o colo os mais diversos modelos de notebook. A primeira tela agora é a famigerada segunda. Na palma da mão. E nem precisam estar olhando, pois os fones (sem fio) fazem aquilo que o radinho de pilha fez bem em outra geração, em outro tempo. 

Deve-se saber o potencial de desdobramento, maturação e transformação da mensagem. O conteúdo então é reforçado, através das plataformas diversas e não apenas em uma. A mídia outdoor cada vez mais poluindo, pontuando e inovando na paisagem. Mensagens em cartazes, em placas, postes, em barramentos, eletrônicos, pessoas tropeçando em códigos QR, distribuindo e recolhendo dados sem perceber o que está nos termos de aceite. Aliás, os dedos nem imaginam o quanto consentimento têm dado, mais do que a assinatura à tinta. Papéis transformados, não invertidos. Mensagens que dizem mais do que se pensa, palavras que extrapolam a homônima canção. 

Antes de produzir um conteúdo; pensar em quem, como e quando o consumirá? Será que basta? Ao estruturar a mensagem, considerar tudo o que se pretende com ela: simples manifestação, lançar ao universo sem pretensões; ou chegar a alguém e causar significantes? O que se quer? Ou "o que se quer saber de verdade"? 

As coisas simples. Os acontecimentos aparentemente corriqueiros. Ignoramos tanto. Mesmo tendo ciência de que ignoramos, o máximo que fazemos é refletir, se condoer, valorizar algum, e seguir no automatismo de ignorar o simples e sofrer pelo complicado. Complicamos a felicidade, para evitar o "tédio" ou por temer não saber viver sem a frustração e busca. Tememos ou não sabemos viver a plena paz? Muitos consideram que ela nem mesmo existe. Revisitar o olhar, o tempo, as circunstâncias e o que realmente fica do que se faz e o que se faz do que fica. Experimente! Cada um tem seu rosebud. Após identificá-lo, é preciso saber vivenciá-lo.


domingo, 13 de junho de 2021

Asas versus ases




Uma boa ideia não morre ao tentar colocá-la no papel. Ela amadurece, ganha asas para conseguir alçar voos antes não imaginados. Ela se abre às possibilidades de ser complementada. Após o famigerado briefing e brainstorming, organizar as ideias em um planejamento é o que permite sucesso à iniciativa; ainda mais se envolver outros players.

Posto à mesa, como vinho aberto na taça para ter contato com o ar. Respirar. Harmonizar, aumentar o contato com o oxigênio para apurar o sabor e tornar a experiência da degustação ainda mais especial e completa. Assim a ideia, bem valorizada, organizada (não castrada), maturada.

No mercado, ao invés de despontar, as cabeças urram para sobreviver, tornar-se essencial não pela contribuição no processo evolutivo, mas pela dependência para manutenção de padrões das estruturas sociais estabelecidas. Compartilhar virou indicador numérico, afastando-se do real significado e potência do ato. Ao invés de dar asas à imaginação e também ao outro, as pessoas tentam se tornar o grandes "As" podendo ser tão lembrado como uma boa foto antiga ou como um papel térmico exposto ao sol. Precificar tudo, rotular experiências humanas como um produto de mercado tem consequências que extrapolam divãs e gerações. É preciso rever comportamentos sem busca por culpados, mas por soluções plausíveis. Façamos uma comunicação que dê vida às ideias. 



sábado, 27 de março de 2021

Escadas e escaladas


Em tempos de muita informação e ritmo frenético de mensagens, é preciso ter uma narrativa leve, mesmo que para tratar de assuntos densos.

Ser leve não é imputar ao outro o peso que estava em seus ombros. Não é para deixar a vida dos outros mais pesada e ser assim mais leve. Ser leve é ter transformado o olhar e o agir; e principalmente, o refletir. Para crescer profissionalmente não é necessário prejudicar uma pessoa, não é necessário ferir o próximo para se tornar um ser humano melhor. A escalada da notícia, a derrocada do cidadão. Nas escadas, muitos fazem dos outros de degraus, ou até mesmo pisam em valores morais, erguendo o estandarte de argumentos tão vazios, plastificados para tentar ser perene. 

As pessoas estão confundindo competência com crueldade; tanto no mercado de trabalho, quanto nos relacionamentos pessoais. Não se deve ser imaturo a ponto de querer acabar com a brincadeira porque é o dono da bola, mas quem joga melhor é o outro. Deve-se jogar junto. Ir pelas escadas ou pelo paredão da realidade. O importante não é chegar ao topo, mas como você se lança no processo de subida. Aproveita a paisagem? Compartilha? Ajuda outros a subirem? Entende que para ajudar o outro às vezes você tem de ficar para trás, reduzir o ritmo ou carregá-lo? E até mesmo ser carregado?

As parcerias efetivas constroem algo irretocável, um legado elementar para a manutenção da sociedade, ou pelo menos, da narrativa proposta.

Na comunicação, compreender o potencial da equipe e estimular as performances entendendo como a narrativa é assim valorizada. Com as especificidades de cada um compondo a narrativa sem ter como premissa prejudicar alguém. Os resultados são, então, muito mais que indicadores.




terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Ler - percepções e perspectivas

Ler é uma experiência transformadora. Os benefícios vão além das experiências profissionais, sociais e individuais. A produção literária no Brasil é resiliente, pujante e tem encontrado maior aceitação junto ao público. O famigerado índice de leitura tem mudado; vendas de livros no Brasil crescem e pesquisa aponta para mais leitura na pandemia. O 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil de 2020, divulgado neste mês (Agência Estado), pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Nielsen. Houve crescimentos de 25% em volume e 22% em valor dos livros vendidos, comparado ao mesmo período de 2019. Foi a maior variação positiva do ano. De acordo com a pesquisa, o setor livreiro contabilizou 3,62 milhões de títulos vendidos, faturando R$136,86 milhões. Ao longo do ano de 2020, foram comercializados 32,81 milhões de livros, movimentando R$1,39 bilhão. Já em 2019, foram vendidos 33,50 milhões de títulos com um faturamento de R$1,43 bilhão no mesmo período. Em percentuais, esses números representam uma queda de 3,10 pontos em valor e de 2,06 em volume.

Afora as cifras, ganha-se muito ao investir na produção literária. Independentemente do gênero, disseminar narrativas amplia percepções e perspectivas. E isso contribui para maturar discussões e o sistema de referência e relevância dos indivíduos, refletindo na organização social.

Já falei aqui. Existem diversas plataformas de autopublicação, seja em formato impresso quanto e-book, assim como existem várias editoras dedicadas à viabilização da publicação de novos escritores, ou escritores independentes, com prestação de serviço de diagramação, arte final registro ISBN, impressão e até mesmo divulgação, sem exigir mínimo de exemplares. Além disso, as editoras conseguem potencializar a distribuição das obras em feiras, eventos e livrarias. Um exemplo é a Ed. Lura que oferece todo o suporte para os autores desde a concepção do produto à sua finalização, comercialização e divulgação, indicando inclusive serviço de assessoria. Em novembro deste ano, a Lura conseguiu entrar na Livraria Martins Fontes, disponibilizando na livraria da Av. Paulista (SP) títulos publicados pela Editora. Outro destaque é a publicação das antologias, que potencializam a disseminação narrativa de escritores independentes e enriquecem o mercado literário com belas obras.

Em 2019, lancei um título pela Ed. Fontenele e outro pela Ed. Lura ambos com tiragem reduzida e orçamento restrito, por isso, fiz uso de uma logística de distribuição regional, mas também de nicho. Assim, é possível encontrar exemplares em livrarias e sebos do Estante Virtual. Neste ano, novamente pela Lura, irei publicar mais um livro: Poros (depois falo sobre ele aqui). Trata-se da persistência em compartilhar olhares sobre a vida, as pessoas e possibilidades.




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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Equipe x controle



Mensurar as transformações que acontecem na equipe é o desafiador indicador do gestor. Identificar como cada um, em seu sistema de repertório e relevância, contribui na realização das atividades, no compartilhar conhecimentos, reter mensagem e diretrizes da gestão e integrar-se ao planejamento estratégico. Compreender as pessoas e identificar pontos de equilíbrio para poder exercer persuasão em prol do clima organizacional, e não manipulação cruel de emoções, saberes e fazeres. Diversos gestores se perdem no fio desta navalha. Conhecer o outro exige também conhecer um pouco mais de si mesmo, para assim conseguir identificar o que é você e o que é o outro; os limites, as especificidades, o que é automatismo, mimetismo e o que é peculiar, quase exclusivo da personalidade. É exaustivo o processo, mas costuma ser mais eficiente do que adotar algorítimos. Eficiente no sentido de evolução humana e nem sempre em indicadores corporativos de desempenho. A famigerada trilha por conhecer a si mesmo. Evitada de maneira sagaz por quem sente prazer em julgar, manipular e culpar o outro. Caminhar por essa trilha nos lembra atributos da personalidade que muitas vezes evitamos, ou que nem mais reconhecemos ter; pro bem ou para o mal. Entretanto, trata-se de um processo fundamental para o desenvolvimento, para ter dias mais leves, para ajudar o outro e juntos, em equipe, fazer um bom trabalho. 

Engajar uma equipe tem de ser um processo naturalizado de persuasão transparente, com fluxo e objetivos definidos e tudo tratado de forma aberta junto aos envolvidos. Esqueça a ideia tradicional de controle e pense na efetividade do que é uma verdadeira equipe. Não significa o caos, ou plena anarquia, mas um ambiente em que ao invés de controle, há liderança. Não um conceito pedestal de mercado; mas a postura bem definida de cada indivíduo, com suas potencialidades, fragilidades, pontos de melhoria. 

Neste novo cenário, delegar torna-se compartilhar responsabilidades, tendo cada um o instante e a intensidade da entrega e a titularidade sobre o resultado do processo. Ao invés de problemas e punições, obstáculos e soluções. Assim, percebe-se maturação não apenas da narrativa corporativa, mas elementarmente da cultura organizacional. Independentemente do montante do faturamento da empresa, o modo como ela internamente estrutura e viabiliza sua equipe compõe sua marca e a mensagem que fica para o multifacetado stakeholder.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Padrões para relaxar


Há uma tendência em padronização do comportamento social que intriga quando olhamos as plataformas de comunicação. A padronização pode castrar, mas ela também ambienta o indivíduo em uma zona de conforto. Coloca ele em fase de automatismo naquela questão para ter energia e atenção disponíveis para outros processos e fluxos. O conforto do automatismo aprisiona e conduz o comportamento social, seja por consumo de informação, produtos ou até mesmo posicionamento em relação a algum aspecto da vida (política, religião, moral, relacionamentos e etc). Identificar esta característica e como ela é inerente à nossa organização social, contribui para aperfeiçoar nossa consciência crítica, mas também instrumentaliza as narrativas corporativas de estratégicas mais assertivas.

Após o confronto com o novo, o impacto do conhecimento e reconhecimento, produção de significante; peneirada a resistência versus a aceitação, estabelece-se um padrão. Especificamente no consumo de mídia, assim que surgem aplicativos novos e aplicações novas nos aplicativos mais usados, logo após o período de teste e posterior peneira, percebe-se a padronização deles e até adoção por outros aplicativos. Vide os stories (que foram do Instagram para as demais redes sociais e que agora chegam também ao Spotify (iniciou testes de stories em playlists especiais). As retrospectivas também, do Facebook, Instagram, Spotify, Google fotos, re-alimentando o consumo de funcionalidades por meio de um conteúdo que já existe (e que talvez você não lembre), gerando assim novas interações e engajamentos, revisitando até posicionamentos. 

A instantaneidade de ativar novos atributos, a temporalidade de disponibilidade da publicação, restrição e segmentação do público que pode ter acesso (que não quer dizer que ela vá verdadeiramente entregar com o mesmo sistema de relevância para todos do seu público determinado); tudo com a sensação de ser natural. Padrões para relaxar o senso crítico e sucumbir à influência de um ator social cujo o qual muitas vezes não queríamos dar tanto poder.

O ciclo elementar de padronização é perceptível desde os primórdios, mas sua modernização constante e desdobramento da utilização; intrigam.  




sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A multiplicação de Mike Teavee



Ô Cridê; fala pra mãe, que a TV saiu da sala e agora empoderou-se na mão de cada cidadão. Senhor Wonka, um chocolate por favor, daqueles que nos fazem ficar anestesiados diante das mazelas que o indivíduo permitiu se incorporar ao comportamento natural cotidiano. Viciados em F5, para estarem sempre atualizados. Ter acesso a mais fatos (sejam estes determinantes na sociedade ou apenas sobre a rotina, extremamente corriqueira, da vida de uma pessoa). Ficar vidrado na vida de uma pessoa ou família e deixar de lado a própria; sem perceber a incoerência. Instaurar o mimetismo e transformar seus hábitos por meio das influências digitais recebidas, buscadas. Claro, muitas transformações para o bem acontecem. O joio e o trigo são separados no final, não é mesmo? Entretanto, o padrão de interferência social do comportamento das "teletelas" guiando olhares, palavras, dedos e decisões, aponta para uma atrofia, uma neutralização das questões humanas profundas, um processo de tornar superficial o saber, o sentir, o ver e interagir com o outro (fisicamente, pois sempre há um emoji, essa nova onomatopeia, para aconchegar digitalmente).

Andar pela rua, frequentar situações sociais costumeiras em almoços, reuniões, encontros, ou o lazer no sofá, nas varandas, ainda também nas calçadas, e tantos outros lugares. Realizar as tarefas diárias, do café, caminhada, banheiro, ócio e tanto mais. Mike Teavee multiplicado como gremilings. Tudo sempre conectado. Tudo sempre com a tela ali. Com a necessidade de lançar ao universo digital o que se passa, o que se sente, o que se come, a perspectiva da foto alcançada. Comunicar não é pecado. A dose da mensagem é o segredo para não atravancar o processo. O que chama a atenção é como o fluxo de comunicação está interferindo (ou revelando) o caráter das pessoas de forma tão rápida. A liquidez de uma sociedade. Seja no filme, na vida ou no universo estendido chamado realidade, obcecado com filmes violentos de gangsters, imitando o que vê nas telas e obcecado pela felicidade e satisfação alheia; não é mera coincidência. As pessoas estão não sendo sugadas pelas telas, mas estão se entregando a elas. Justificativas brotam de todos os lados, inclusive do divã.

Produtores de conteúdo, corporativos ou não, embrenham-se na corrida maluca de (sendo também personagem alvo do processo) entender a demanda, o comportamento de consumo da audiência, de produzir, reverberar e mensurar os resultados. Virou negócio. Arte, preço, produto. Não é um mundo de pura imaginação, mas um se entregar contínuo à alienação que satisfaça o passar das horas e soterrar o famigerado "conheça a ti mesmo".




Dica

O canal da Maíra é um refrigério narrativo, sempre com uma abordagem interessante; com um ritmo diferente de olhar e respirar a vida. Vale a pena




segunda-feira, 2 de novembro de 2020

reações a conta gotas


Essa vontade de sair de casa. Alargar fronteiras, transitar sem restrições por um território conquistado ou cotidiano. Essa necessidade de subsistência. Esse instinto do afogado, de manter-se vivo. A pandemia assustou, matou muita gente, afastou pessoas, fez muitos revisitarem o sistema de relevância de amizade, de recursos e de ambição. Ela mostrou o que é ou não estar preparado para enfrentar uma catástrofe de médio longo prazo, de forma individual e coletiva. Ela testou os limites da empatia. Revelou característica de um ser social em afogamento seco que se agarra a qualquer argumento que o traga paz, o mantenha vivo, e acima da opinião alheia. Entretanto, quando a dor bate à porta de dentro da moradia das famílias, percepções de gravidade, crença, desejo e vontade são revisadas. A pandemia fez isso, em apenas 8 meses, e ainda não acabou. A próxima revolta da vacina será para se vacinar, será a corrida maluca pela imunização, onde a empatia geralmente não tem espaço. 

A narrativa midiática oscila entre conscientizar, informar e conduzir o comportamento. A narrativa corporativa entre envelopar o tema em voga do agenda setting como responsabilidade social e compromisso com a vida e influenciar (para bem ou para o mal) seu público-alvo. Não que seja equívoco, mas olhando de perto, é no mínimo, forçado, uma vez que as ações das instituições nem sempre são consonantes ao discurso. 

As reações surgem a conta-gotas, assim como são absorvidas as informações e conduzidos os pensamentos (principalmente a geração de significantes). As sequelas, interpretações e aprendizados deste momento serão melhor analisadas com o distanciamento proposto por Gertz (para se analisar e observar o indivíduo e sua interação e interferência social). Contudo não se pode ignorar as impressões do agora. Precisamos ter cuidado, pois pode ser a gota d´água.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Diálogos virtuais


A busca. O dia a dia pontuado por anseios, demandas, atendimentos e julgamentos. Satisfação e insatisfação como indicadores volúveis ao olhar. Neste cenário, o organismo vivo que é a comunicação evoca posicionamentos diferenciados. Assim, é preciso às vezes remodelar o posicionamento da marca e seu modo de construir narrativas. As mensagens devem ser direcionadas conforme persona, timing e target. Entretanto, deve-se maturar e integrar a narrativa à multiplicidade das plataformas como extensão das ações diretas junto à persona. 

Conseguinte, potencializar os canais de comunicação com o público alvo. Equilibrar o diálogo das gerações por meio das plataformas tradicionais, possibilitando modernização e transição do comportamento no que diz respeito ao relacionamento junto às partes interessadas. Seja por meio de um novo Portal de Acesso ou realização de uma Assembleia virtual via Google Meet e ODS, integrando gerações e promovendo o diálogo.

Contudo, é preciso estar atendo à limitação de quem tem pouca intimidade com as tecnologias digitais e também dos que já estão cansado por usá-las em demasia. Videoconferências e excesso de chamadas causam exaustão na pandemia. Você já deve ter ouvido falar do "Zoom fatigue".

Evite fórmulas, se envolva e compreenda o contexto ao qual integra para então definir ações que cravam na trajetória uma comunicação eficiente, dinâmica, pujante e que permita encontros.