quinta-feira, 5 de março de 2020

Marcar valor à marca



No lombo do gado uma marca reluz. Couro queimado. Cicatriz sem sentido. Quando a marca registra valor no indivíduo, afora o trocadilho, a marca que fica é o significado além dos ícones; o significante além das breves atitudes. Outrossim, a sobreposição de versões confunde o indivíduo enquanto ser social. Deixa-o atordoado com tantos acontecimentos, verdades e pós-verdades.

Quando a marca perde valor? Não se trata aqui de alteração de cores, desenhos, aplicações, mas de atitudes, de posicionamentos e escolhas. A perenidade de uma empresa depende da aceitabilidade e sustentabilidade do plano de negócios no mercado pelas partes interessadas influenciadoras do processo: clientes, acionistas, comunidade de interrelação, funcionários, fornecedores. Entretanto, a empresa não é apenas maquinário, infraestrutura e processos, mas sobretudo as pessoas com poder de decisão. Desde as decisões simples, diante de procedimentos operacionais e normas, até decisões complexas de posicionamento a respeito de temas polêmicos, estratégicos, de negócios, de relação institucional e tantos outros.

Subestimar a opinião pública é o pior caminho a se tomar. A marca pode ter anos de presença na sociedade, pode ser âncora do desempenho econômico da cidade, pode ser proprietária de significante percentual de mão de obra economicamente ativa e de imóveis ou cadeia de fornecedores e geradora de tributos. Assim que decidir subestimar a opinião pública e esconder-se na omissão ou no rosto oculto de uma nota à imprensa, escolheu o rumo de destituir valor à marca. O processo de perda de valor de uma marca pode fazer com que ela deixe de significar a pujança de sua missão e visão e passe apenas a ser mais uma cicatriz mercadológica em uma sociedade comercial.

Em um breve exercício de lembranças, pode-se encontrar várias marcas que hoje são apenas uma cicatriz no lombo do gado social.

Atualmente, embora seja um artifício legítimo, funcional e direcionador, a "nota" tem sido usada de forma exagerada e desmedida. Ela torna homogêneo o imaginário a respeito da organização uma vez que manifesta a voz sem dar um rosto.  Trata-se de um posicionamento não personificado de uma organização gerida por pessoas. Seja por estratégia (mais fácil deixar a culpa ou julgamentos de valor recaírem sobre o ícone da marca do que sobre a pessoa gestora responsável pelo posicionamento) ou por falta de um Porta-voz preparado, seguro, verdadeiro e de coragem.

É fundamental equilíbrio e planejamento para estruturar a política organizacional de posicionamento. Segmentá-la por Natureza do tema, Tema, Público Direto, Público Indireto, Potencial de desdobramento do discurso, temporalidade das ações, e ainda a matriz de riscos do fato correlato à demanda por posicionamento. Assim pode-se estabelecer diretrizes para equilibrar quando se posicionar por meio de Nota, Porta-Voz, Ação Direta, viés jurídico, articulação política e etc.

A personificação na política é amplamente debatida; nomes viram bandeiras e ideologias. Nomes estabelecem-se como o resumo do desejo da massa, que pelo voto atribui valor e poder de decisão a um indivíduo. No mercado corporativo, as empresas apenas revelam um rosto à frente o ícone da marca quando o assunto é positivo. Quando se trata de um tema polêmico, telefones tocam sem parar, e-mails chegam sem resposta. Ou uma resposta padrão é pontualmente dada, até que saiam as notas.  A preliminar de forma vaga, e posteriormente as complementações, com dados técnicos e elucidações. Quando a bomba estoura juridicamente e de forma exacerbada na opinião pública, surge um Porta-voz para não apenas personificar o posicionamento e reforçar mensagem, mas para assumir a responsabilidade civil pela organização. Aí já é tarde!

Contudo, diante de tantos fatos questionáveis (em uma era social em que tudo se questiona e se publica), muitas marcas, por medo ou despreparo acabam por subestimar a opinião pública. Soterrando-as com notas e palavras ao vento. Seja com omissão, reforço de pós-verdade, controle comercial indireto dos meios de comunicação, mentira maquilada até mesmo com base científica (de pesquisas subsidiadas pelo setor parte interessada no viés de confirmação).

Para as organizações transitarem pela memória da opinião pública não há fórmula; trata-se de um processo que exige esforço, ritmo, maturidade e transparência para compor mensagens, significantes e significados. A área que cuida destes processos deve estar atenta, alinhada e capacitada. A mensuração dos resultados é possível (e nada abstrata) e um trabalho bem feito (com direito a trocadilho) marca Valor positivo à marca da organização.

... em breve falo mais sobre o tema aqui... 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Relacionamento em Rede - entre o tropeço e o soluço.

Entre o tropeço e o soluço, em busca das soluções, organizações buscam implantar e integrar diversas ferramentas de administração e gestão para estruturar estratégias e revigorar o plano de negócios de forma a encontrar a estrada dos tijolos amarelos da perenidade, com licença social, consolidação comercial, conforto ambiental, e fôlego financeiro, com uma bela imagem estampada na parede. A licença social tornou-se moeda de troca e valorização.

Dentre tantas ferramentas, a metodologia de relacionamento em rede é uma que contribui deste desenvolvimento de projetos, a reestruturação da estratégia de relacionamento institucional de uma organização, e também no seio familiar. O que antes ficava na mesa de profissionais de RP, ou de informais lobistas agora habita a mente de analistas de relações institucionais, gerentes, coordenadores, assessores e mágicos corporativos.

Para estruturar um Plano de Ação de Relacionamento Institucional é importante antes criar a matriz geral de relacionamento (em Excel mesmo), e nela estabelecer o corte do potencial de influência, estabelecendo uma matriz específica de partes interessadas (um desdobramento da primeira planilha). Tive a oportunidade de criar a metodologia do relacionamento em rede de uma empresa e perceber os benefícios que trouxe desde em negociações básicas de mídia/imagem, até articulações para garantia de atividades operacionais, internas e externas.

O próximo passo é estabelecer como esta matriz se relaciona com a organização objeto, qualificando o perfil e desdobrando em como cada personagem da matriz relaciona entre si. Após esta qualificação, que passa por uma análise com aspectos subjetivos de percepção e leitura de território, realiza-se um corte por cenário de interesse, montando um infográfico (em ai / cdr ou ppt) do perfil de relacionamento. Desta forma, é possível compreender o mapa de interrelação, entendendo o fluxo de articulação entre os indivíduos, possibilitando traçar estratégias, identificar pontos de tensão e pontos de equilíbrio, para definir o que deve ser protegido, pressionado, monitorado, mas nunca ignorado.

Muitos tropeçam em tentar estabelecer fórmulas, ao invés de adaptar critérios, aspectos, vetores e criar a própria metodologia de forma contextualizada com seu negócio, setor, local de atuação, perfil social, econômico e cultural.

Na matriz de interrelação, deve ser verificado o nível de interferência / influência entre os indivíduos, classificando e identificando por cores e letras desdobrando em diretriz para cada perfil de público e se for o caso específico por indivíduo. Se é forte, médio, pequeno ou inexistente. A partir da diretriz por classificação, estabelecem-se as ações.

Na verdade, a metodologia de relacionamento em rede é a formalização e aplicação corporativa / política do que já existe de forma natural na organização do ser humano em sociedade, bem observado por Gertz e tantos outros. Quando formalizado em uma organização, facilita o trabalho em equipe no que concerne à relação institucional, pois padroniza o posicionamento conforme a identidade organizacional e suas estratégias. É fundamental saber fazer a transição da estratégia, metodologia para aplicação efetiva da estratégia, sair da ideia e mensurar os resultados obtidos (o que é extremamente possível).


 

... este assunto merece um desdobramento... depois retornarei a ele por aqui...


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Entre fibras musculares


Somos a sociedade da carne; para comer, se abster e para se relacionar. Sonâmbulos, erguemos civilizações, com breve consciência da aparência do real. Nosso desejo move-se para saciar ou punir a carne, destrinchar o que se faz frágil e expor as vísceras do corpo social. Nos embrenhamos entre as fibras musculares com ideologias que alteram o corpo social sem compreender profundamente os desdobramentos das ações, escolhas e consequências.

Nossa saliva, ácida, por muitas vezes ao invés de apaziguar, reverbera pelo espaço como um chicote de fogo, castigando a carne, abrindo feridas que iriam fechar, fazendo rio do que antes eram córregos de sangue, dor e lamento. Manejamos com imaturidade nossas angústias sem perceber como as rugas marcam em braile nossa história no corpo.

Quando observado por dentro, alguns possuem mais do que carne. É possível encontrar flores entremeio ao emaranhando de espinhos, e até mesmo perfume, quando a espessa fumaça da realidade tenta entupir a veia dos ideais.

Precisamos então escolher não apenas as palavras, mas o tom da narrativa e vislumbrar a tendência de desdobramento e criação de significantes que a mensagem irá gerar. Não podemos ser reféns dos automatismos e tampouco se aconchegar nesta zona de conforto. Devemos nos portar como o andarilho de Nietzsche. Ao invés do destino a caminhada renovada. Ao invés do ponto final, a vírgula, amarrada às reticências.




terça-feira, 5 de novembro de 2019

Calculadora de Pescoço


Desde as peripécias do Hilbert Hotel, e muito antes, a matemática permeia as mais malucas elucubrações corporativas e sociais. Cada qual com seu paradoxo, a comunicação não podia ficar fora do mundo das planilhas, com apresentações estimulantes para impulsionar canetas a liberarem verbas, ações e estratégias. A lista de índices é enorme, ROI, Clipping, Valoração, Engajamento, Abrangência, Peso, Relevância, Retenção de mensagem, e tantas outras que os gestores se perdem como um apresentador de talk show no meio de uma montanha de cupons fazendo sorteios de natal.

Muitos profissionais se jogam nos buscadores online atrás de fórmulas e dicas. Na assessoria de imprensa a brincadeira é extensa, Consolidação de centímetro por coluna, espaço ocupado por quadrante, por tipo de página, investimento realizado, conversão do conteúdo online de pixel em cm/col versus valor comparado, ou valoração. O desempenho em redes sociais então... dependendo do tipo de mídia social, um leque de métricas automáticas e outras desenvolvidas estão à disposição. É preciso mensurar e analisar as mensurações, sem euforia e ingenuidades.Ver as palavras atreladas aos números e conseguir compreender os rumos da comunicação (antes, agora e depois), o lugar do sujeito no processo de significação e prospectar os próximos passos (não apenas repetir o planejamento do último período).

As faculdades não ensinam as métricas, não de forma aplicável; o mercado possui um padrão de cálculo e cada assessoria adapta à sua realidade (muitas vezes de forma equivocada) e as agências guardam suas fórmulas como carta de supertrunfo. Afora as referências, a mensuração das ações de comunicação e a análise dos desdobramentos evoca um profundo conhecimento do setor em que se atua, das reações esperadas, compreender a interrelação dos indicadores e como analisar os dados de forma a se desdobrar em diretrizes para ações de imediato, curto, médio e longo prazo. A inteligência não está na xícara de café ou na borra que fica.Não adianta gerar relatórios só para ocupar espaço e fazer cócegas no ego dos gestores, tampouco revestir com linguagem de marketing para galgar prêmios de entidades representativas, é fundamental que as análises da mensuração façam sentido para a organização, seja um ativo relevante.

Empoderados, gestores alternam entre o atacado e varejo da comunicação. Caminham pelas organizações como um agente de vendas, tendo o profissional de mensuração como uma calculadora presa ao pescoço, sempre pronto a sustentar argumentos e preencher lacunas. Defendendo orçamentos, analisando investimento e custos perante resultados e planejando os próximos passos.

Diferencial no mercado de comunicação tornou-se o profissional que sabe transitar entre o operacional e o estratégico. Domina os fluxos das plataformas e é versátil no uso da linguagem e restruturação de narrativas. Simultaneamente, sabe gerir planejamento, orçamento, custos, apropriações, consegue mensurar resultados, analisar a mensuração e projetar diretrizes que alimentam o processo, desdobrando-se no operacional e obviamente no estratégico. Essa calculadora pesa, pois sua bateria não é apenas salarial, e suas funções excedem até mesmo as científicas pós graduadas, pois este profissional tem apurada percepção para compreender números, palavras e a paisagem; para chegar a este patamar é fundamental além de formação acadêmica, continuar o processo de aprendizado de maneira multidisciplinar. Quando maduro, este profissional está pronto tanto para fazer a gestão, quanto para consolidar-se como especialista. Torna-se uma peça chave no tabuleiro corporativo, uma oportunidade e uma ameaça. Torna-se exemplo e alvo. Na maioria das estruturas, vira alvo, pois com medo de ser enforcado pela calculadora que não sabe usar, o gestor não a desliga, mas a joga contra a parede. Uma vida sem receita, mas com muito sabor.

A mensuração de resultados e oportunidades em comunicação é um ambiente atrativo e traiçoeiro (pois tem muitos vícios). Compreender as especificidades contribui para a evolução dos processos, bom uso das plataformas, relatórios úteis e relevantes, mudanças benéficas no ambiente corporativo e no potencial profissional de cada um.

Marketing Digital? Assista abaixo!




quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Varejo e varejeiras


Ideias delineiam os rumos das ações que interferem na organização social. É óbvio, mas apenas quando se pensa na generalidade deste aspecto. No entanto, quando pensa que a ideia em questão pode ser sua ou da sua empresa, a situação, sensação e atitude mudam. E logo começam as cobranças por audiência, por índice de percepção e retenção da mensagem, de valor da imagem e tantos et ceteras que nem quem pede sabe ao certo como interpretar e pior, nem sabem como estruturar planejamento estratégico e ações efetivas após análise dos dados. Sobre a mensuração e as complexidades que envolvem o tema comentarei posteriormente.

Antes, é interessante olhar de forma sutil para a forma e o conteúdo. O que informar e como informar... volta e meia esta mosca incomoda e pousa à frente das redações, públicas, corporativas e midiática. No que concerne ao ambiente corporativo, é fundamental não simplificar demais as mensagens e não banalizar as plataformas disponíveis, pois se quanto mais comodidade, mais preguiçoso fica o leitor (de texto / áudio / vídeo), o uso desequilibrado das ferramentas. Exemplos são vários. Antes ficávamos muito tempo assistindo a vídeos... os institucionais tinham 15, 10 minutos... depois reduziram para 5.. e agora, os indicadores de quem assistiu pelo menos alguns segundos da mensagem já despontam em relatórios de mensuração. Cada vez mais seletivo no universo expandido de conteúdos, o leitor (usuário) não assiste a vídeos longos caso não seja de extremo interesse.

Sociedade de vanguarda, a pseudo liberdade. Clamam, reclamam por divulgação, mais informações, mas não elavam o índice de leitura, não leem a quantidade exorbitante de dados que está disponível sobre os mais variados assuntos , seja na internet, nos livros e nas praças.  Não leem, despejam nas ruas o livo de folders, jornais e afins. Paradoxalmente, alimentam a reclamação por "divulgar mais e melhor". Reclamam que não há divulgação e não se envolvem com a ampla divulgação que existe. Não buscam. Querem, como filhotes de passarinho, receber o conteúdo já mastigado, regurgitado em suas mentes autômatas. Neste cenário, o lobby dos setores privados e públicos nada de braçada, construindo pós verdades, alimentando todo tipo de vaidades e consolidando fontes, desacreditando outras. O resultado é uma série de veículos de comunicação defendendo estandartes que nem de longe revelam os fatos, os interesses e desdobramentos correlatos. A comunicação  e o relacionamento institucional no varejo, com pensamento de atacado. Geralmente, o reflexo natural é espantar com um tapa as varejeiras, ignorando as ovas prestes a eclodir. Isto é óbvio, acontece há décadas, irremediável, quando se pensa na generalidade do tema. Contudo, torna-se preocupante quando analisada regionalmente, inclusive pensando qual o "seu" lugar e função no cenário.

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terça-feira, 20 de agosto de 2019

Com fio comunicação


A integração das gerações com as novas tecnologias espanta. Um espanto por causa da maneira intuitiva que novas gerações se relacionam com as novas plataformas e linguagens como se fosse inerente ao útero. Espanto também em virtude da dificuldade das gerações mais antigas de se relacionarem com o novo cada vez mais pujante, renovado. Entraves de processos de gestão e relacionamento então são verificados como desdobramento desde "espanto". Há de se definir práticas de interrelação e equilíbrio para caminhar em neste mundo tão digital, tão entregue à nuvem, sem pensar que ela pode sumir ao vento, desanuviar, ou até mesmo chover.

Avanços tecnológicos mudaram o modo de consumo do indivíduo, que tem no streaming um mundo de possibilidades. O 4G trouxe mais velocidade e qualidade no fluxo de informação. O AM deu espaço ao necessário 4G. A agilidade de entrega e a confiabilidade das vendas online mudou o modo de fazer varejo em uma série de setores. As agências bancárias são apenas entrepostos, pois as grandes transações são feitas na palma da mão. As organizações buscam se nortear neste cenário móvel, onde nada é perene a não ser a mudança.

Pelo Smartphone controla-se quase tudo, inclusive aspectos essenciais à sociedade, seja no âmbito familiar, profissional ou político. Os vazamentos pautam mercados, propositalmente ou não, tornam-se a justificativas de algozes que tomam decisões antes mesmo que qualquer interpretação mais aprofundada possa ser feita. A instantaneidade dos momentos sucumbe à superficialidade de decisões. Determinações, arbitrárias por demasia, geradas no ventre dos indivíduos do espanto. Seja os novos impacientes, onde um segundo é um millenium, seja os antigos em uma combustão ideológica estranha, uma inquietação frustrante de ser obrigado a acompanhar ou pelo menos se integrar ao novo para se manter em posição de relevância no grupo social.

A dependência digital é patologia psiquiátrica em alguns países, fundamentada no comportamento obsessivo do indivíduo que se desassocia do convívio em sociedade e se atém apenas no vínculo digital com a comunidade. A estabilidade é o santo graal. A estabilidade comportamental, mas sobretudo a estabilidade da prestação dos serviços e disponibilização das plataformas. Se tudo o é digital, se o desktop e HD externos, ou caixas físicas de arquivo perdem sua funcionalidade diante do brilho digital, o que acontece se o no brake falhar, se a nuvem chover, desanuviar ou simplesmente lá não mais estar por instantes? Não se trata de elucubrações da teoria do caos, ou Mayhem project; mas uma constatação para que os indivíduos olhassem para as nuvens sem esquecer do chão. Não se prender, não ser os extremos da era, não assentar sobre o próprio conceito de vanguarda, todavia, entretanto, ciente das fragilidades, escolher bem os passos, plataformas, narrativas, backups e trampolins. Trabalhar a confiança na estabilidade dos meios, da infraestrutura em estado de excelência, seja com ou sem fio.

Neste cenário, impossível não acompanhar a cadeia de interrelação dos setores e mecanismos e compreender a importância de se trabalhar matrizes energéticas diversas, sustentáveis, para que elas sustentem as nuvens no céu. Para garantir viabilidade às matrizes energéticas sustentáveis tem de se trabalhar a maneira como é feito o manejo dos recursos naturais e como é encarado a questão do custo versus o benefício, sem a demagogia das contas bancárias ou bandeiras xiitas. Pois, a tensão nos extremos descompensa o equilíbrio de todo o corpo social. Quando se exercita o raciocínio da esfera de influência social macro, até chegar no universo miro do indivíduo, percebe-se o poder do bater de asas da borboleta, compreende-se o seu grau de interferência nesta cadeia de eventos que pode reconfigurar a sociedade ou reafirmar paradigmas. Pode manter de brigadeiro o céu ou desencadear uma tempestade. Há de se saber o momento de se molhar na chuva.

Fonte: https://istoe.com.br/326665_VITIMAS+DA+DEPENDENCIA+DIGITAL/



sexta-feira, 5 de julho de 2019

Livros lançados


Neste mês, irei lançar em Coronel Fabriciano meus dois livros Aspargos e Pinhole - Cílios ao Vento (Editora Lura) e Cobogós (Editora Fontenele). Tratam-se de produções independentes, de baixa tiragem e sem patrocínio. O enredo das obras perpassa a interrelação entre as pessoas na busca por autoconhecimento transformação do olhar sobre a realidade. A ilustração da capa de Aspargos e Pinhole e Cílios ao vento é do artista Luciano Moreira Fonseca (Amigo, irmão, artista que muito admiro).
Há muito a escrita me persegue e me liberta. Há pouco tempo, amigos me instigaram e estimularam a publicar, mesmo que de forma independente, meus escritos. Decidi até participar de alguns concursos. Em 2017 e 2018 fui finalista no Prêmio SESI MG de Literatura. Sou jornalista especializado em sociologia política,  trabalho há 15 anos na área de comunicação corporativa da CENIBRA, tendo artigos publicados no site Observatório da Imprensa e Obvious Magazine, além de manter o blog Passo Comunicação.  Além dos livros publicados este ano, confesso ter mais um em produção...

Serviço;

Interessados em adquirir os livros podem solicitar via formulário disponível no blog www.passocomunicacao.blogspot.com ou pelas redes sociais.


Intitulada por Luciano Moreira Fonseca de : A insustentável leveza da sombra
Intitulada por Luciano Moreira Fonseca de:
O iluminado degradê da montanha de Odonatas




Cenário literário
Após anos de queda, o mercado de livros no Brasil registrou resultado positivo nos últimos dois anos, com um faturamento que subiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 1,7 bilhão – ou 3,2% (considerando a inflação). Em 2015, havia recuado 7% e em 2016 queda de 9,2%.

De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, lançada em 2016 pelo Instituto Pró-Livro, mais da metade da população brasileira se considera leitora, mas leem apenas 4,96 livros por ano. Deste total, 2,43 foram terminados e 2,53 foram lidos em partes. A pesquisa ainda apontou que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro em toda a sua vida. No entanto, de acordo com a Pesquisa, verifica-se o crescimento do percentual da população leitora no Brasil para 56%, em face dos 50% apontados no estudo anterior.
Com a manutenção de uma série de feiras, seminários, fóruns e concursos literários no país, a produção nacional tem sido estimulada. Existem diversas plataformas de autopublicação, seja em formato impresso quanto e-book, assim como existem várias editoras dedicadas à viabilização da publicação de novos escritores, ou escritores independentes, com prestação de serviço de diagramação, arte final registro ISBN, impressão e até mesmo divulgação, sem exigir mínimo de exemplares.



Caça às bruxas na casa de espelhos



É importante moralizar a sociedade. Embora emblemático o termo, nada mais é do que reajustar a massa ao comportamento definido com padrão social, que delimita o conceito da respectiva sociedade. Entretanto, os excessos de dedos e poderes de denúncia tem tornado os cidadãos em algozes da diferença, apontando a diferença como desvio e já determinando pena. Uma casta de acusadores, que muitas vezes acusam com uma trave nos olhos, o cisco que há no outro. Deste modo, os grupos promovem uma caça à bruxas baseados em suposições e o pior, não se reconhecem nas práticas que condenam. Assim alimentam-se as mazelas e a disparidade social. Ávidos por punir alguém e assim ganhar posição de destaque promovem uma Caça às bruxas na casa de espelhos; beiram o ridículo. Compliance, Código de Ética, Leis, Normas, Procedimentos devem ser coerentes e aplicáveis a todos e não apenas de forma conveniente, segundo a posição social (cargo e etc).

Empresas como Odebrecht, JBS e Petrobras investiram mais em  programas de compliance para tentar reconstruir a reputação, cumprir exigências de acordos de leniência e prosseguir com negócios, mas nem isso as tem salvado algumas da falência (Odebrecht entrou em recuperação judicial e a OAS apresenta iminente derrocada). Programas de Compliance apresentam problemas dentre outros aspectos da cultura organizacional, também em Cláusulas anticorrupção (devem ser definidas de forma clara, ampla e abrangente também à alta direção e não apenas a cargos baixos).

Voltando a falar da caça às bruxas, percebemos muitos Coronéis de pós verdade. Na verdade, Coronéis de versões que sobrepõem o próprio ponto de vista aos fatos. Fazem publicidade. Queimam então na praça pública de redações, casas, repartições e salas, as pessoas como se fossem objetos, ou animais a serem sacrificados. Ignoram que o ditado é certeiro. O mundo dá voltas e o universo se expande. Tensionam o conceito de moral a bel prazer e debruçam-se sobre a vida dos outros com a arrogância punitiva de cegar-se às variáveis e aos fatos e ater-se apenas a seu ponto de vista e seu poder de decisão.

O cenário descrito acima está presente em diversos núcleos sociais, seja de configuração profissional, religiosa, familiar. Ele subtrai do sujeito a oportunidade e direito de defesa. Direito fundamental inerente à pessoa humana, documentado na Constituição Federal Brasileira de 1988, no artigo 5º, inciso LV, com os seguintes termos: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Conversar sobre contrapontos, relacionar as diversas versões a respeito dos fatos pode amadurecer a percepção, a visão e compreensão do contexto. Para manter a sociedade viva é necessário ter controladas a tensões, delimitadas as interações da diversidade e também a arbitrariedade do padrão social instituído, o padrão absorvido, e o padrão natural. Paradigmas não são intocáveis. É fundamental ter a visão do detalhe, da paisagem e de como um interfere no outro. Amadurecimento é aspecto elementar, profissionalismo premissa básica.

Em tempos de moralização, de politicamente correto, de intolerância agressiva sobre o pensamento diferente (independente dos lados), é preciso ter cuidado de como respiramos, ao lado de quem, e o que decidimos fazer. É preciso olharmos no espelho e reconhecer o reflexo, se somos algozes ou as bruxas a serem queimadas (para no futuro virar busto em praça, capítulo em livro e nome de medalha, rua ou penteado). Procure se esquivar dos extremos e das armadilhas do centro.

Importante também lembrar, que o tratamento de dados pessoais no Brasil estará submetido a nova legislação, já aprovada e que entra em vigor em 2020. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, regula o tratamento de dados pessoais e também atualiza os artigos 7º e 16 do Marco Civil da Internet. A lei se fundamenta em diversos valores, como o respeito à privacidade; à autodeterminação informativa; à liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; à inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; ao desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; à livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor e aos direitos humanos liberdade e dignidade das pessoas. Então muito cuidado ao coletar e tratar de dados pessoais, ou o tribunal será o nova rede social, onde todos encontrar-se-ão para tratar da vida, dos anseios, conquistas e punições.

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Esse estandarte recorrente




O pensamento social estaciona, rumina e reverbera a preocupação com a coerência. Coerência entre gestos e valores definidos como padrão social. Na rede de conceitos em interseção e mudança, riscos, crises, imagem e reputação ornam estandarte de instituições, seja CPF ou CNPJ. Todos anseiam uma boa reputação e muito fazer para construí-la e proteger. A leitura de Gestão da Reputação (Elisa Prado - Aberje) é boa pedida.

Já comentei sobre isso aqui... Empresas forjam um discurso de transparência para criar um acessório à marca e assim realizar a manutenção da reputação. Para funcionar, é preciso conhecer a dinâmica social da personificação. A partir disso, a organização deve definir os conceitos que norteiam a cultura da empresa de forma a designar a gestores a função operacional de transmitir no dia a dia, via comunicação face a face, a cultura e o posicionamento da empresa. Como não atuam na maior parte do tempo no cenário atual (mar de rosas), mas variavelmente em aspectos adversos (mar de espinhos) as empresas precisam manter atualizado o cálculo e o apetite a risco. A reputação é responsabilidade de todos os funcionários e quando obtida por comportamento e postura adequados não exige esforço de blindagem, pois seu reforço é natural. Diante da crise de imagem, a reputação bem construída já é em si o propulsor da recuperação. Alguns profissionais, artistas e empresas podem ser exemplo. 

Entretanto, cada um entende de uma forma. “Comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende”(David Ogilvy). Com um perfil de leitura baixo, a massa essencialmente se informa via o antigo “boca a boca” ou seja, se informa pela codificação de um porta voz que relata a percepção e não o fato. Este cenário compromete o pensamento crítico uma vez que o limita. Grandes pensadores de "compartilhamento, retuítes e aspas". Resultado? Convivemos com pessoas que são ácidas em criticar, julgar e até mesmo sentenciar (às vezes até mesmo executar a pena); todavia, debruçadas em interpretações de outros, em pensamentos formatados, conclusões induzidas. Falam de uma lei sem a ter lido, interpretam um comportamento sem conhecer os procedimentos, fluxos e normativos que o envolvem. Adoram assentar-se no trono social e gozar do poder, sem o preparo necessário para exercê-lo. Adoram entupir as ruas para reclamar da situação e da oposição, mas não exercem as pressões via mecanismos democráticos além do voto: presença em reuniões ordinárias, petições em gabinetes dos representantes eleitos, acompanhamento das informações de prestação de contas, realização de audiências públicas ou reuniões comunitárias com líderes. É mais fácil e perceptível fazer barulho, ou tumulto, mas isso muda algo? A curto, médio e longo prazo? Acredito que ações simultâneas de manifestação em várias frentes teria mais efeito, pode ser que menos impacto e mídia, mas talvez se aproximasse do objetivo. tempo de violência, e não mais somente nas telas do cinema, mas intensificada no dia a dia, independente do local, horário e vestimenta. Na era dos extremos, diálogo algum tem êxito, pois a dinâmica das conversas têm sido sobreposições de opiniões.

O conceito de compliance é a nova moda conceitual do mundo corporativo (que já passou por responsabilidade social, qualidade de vida, sustentabilidade, qualidade total, e tantos outros"), mas ele remete a uma premissa básica, a do exemplo, coerência. Agir conforme os valores, estando isso escrito ou não, estando alguém olhando ou não. 

Evite intermediários e busque ir o mais próximo possível da fonte de informações e confronte versões. Questionar é uma virtude, conciliar versões em uma interpretação para então formar opinião é um bom exercício. A reputação é um estandarte que não se põe na janela ou no peito, menos ainda em discursos. Outrossim, é percebida.

Repetidas. Batidas da canção que o coloca em movimento nas ruas. Seu ritmo de olhar a vida é tão volúvel como a escala das notas do solo. Ele tinha ciência de que não sabia de nada, e isto não mais era incômodo, ou motivo de sofrimento, tampouco consumia tempo. 

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dimensões



Turvo, o olhar resvala.
Ressoa dentro da rima
além da sina
selva de amar.

Fina camada da paz
intenso instante que se desfaz.
basta palavra sem asa
para turvar a retina.

O abuso sutil da beleza
fisga meu olhar em estrofes;
escorro no verso do encanto
embrenho-me em você ao lido ser.


Coração catavento. gira sol, gira lua. Tempo é tempo. Transitório, o pensamento sucumbe à arbitrariedade. Repetimos os mesmos sistemas.

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