domingo, 13 de junho de 2021

Asas versus ases




Uma boa ideia não morre ao tentar colocá-la no papel. Ela amadurece, ganha asas para conseguir alçar voos antes não imaginados. Ela se abre às possibilidades de ser complementada. Após o famigerado briefing e brainstorming, organizar as ideias em um planejamento é o que permite sucesso à iniciativa; ainda mais se envolver outros players.

Posto à mesa, como vinho aberto na taça para ter contato com o ar. Respirar. Harmonizar, aumentar o contato com o oxigênio para apurar o sabor e tornar a experiência da degustação ainda mais especial e completa. Assim a ideia, bem valorizada, organizada (não castrada), maturada.

No mercado, ao invés de despontar, as cabeças urram para sobreviver, tornar-se essencial não pela contribuição no processo evolutivo, mas pela dependência para manutenção de padrões das estruturas sociais estabelecidas. Compartilhar virou indicador numérico, afastando-se do real significado e potência do ato. Ao invés de dar asas à imaginação e também ao outro, as pessoas tentam se tornar o grandes "As" podendo ser tão lembrado como uma boa foto antiga ou como um papel térmico exposto ao sol. Precificar tudo, rotular experiências humanas como um produto de mercado tem consequências que extrapolam divãs e gerações. É preciso rever comportamentos sem busca por culpados, mas por soluções plausíveis. Façamos uma comunicação que dê vida às ideias. 



segunda-feira, 7 de junho de 2021

Dimensões atordoantes


O boomerang das narrativas. A comunicação, via mensagem, conduzindo o usuário que a conduz até o receptor (sendo ele outro detentor de mensagem e influência na ordem social) e voltando (vez por outra em um voo de borboleta). Conceber discursos (organizacionais ou não) tornou-se cada vez mais desafiador. Seja pelo aumento do índice de engajamento e inquietação do público, ou pela mudança do perfil das plataformas de transmissão das mensagens e padrão de composição e durabilidade das narrativas.  

A nem mais citada globalização atravessou as massas, impactou leituras de grupos sociais, integrou processos macro. Em seus desdobramentos, ou avanço, como queira, interferiu no padrão do indivíduo de constituir sua face social. Ou seja, tornou-se volúvel de acordo com o repertório que a todo o tempo é alterado com novas formas de se expressar, de receber conteúdo, de acessar. O "telefone sem fio" não é o cochicho de ouvido em ouvido, mas é wi-fi, reverbera sem controle. No ar, uma massa diversificada de significações, chovendo influência sobre a sociedade. Vai e volta indo para outro lugar. 

Sem subestimar seu público-alvo.  Essa deve ser não uma premissa institucional apenas, mas interiorizada em todos. A partir dela, pensa-se o objetivo da mensagem e segue o rito de sua produção. Vemos diversos aparatos modernos, muita publicidade arrojada, muita narrativa aparentemente de vanguarda, mas que em sua maioria, pré-julga o público e falha na premissa citada no início do parágrafo.

Lance sua narrativa






sábado, 1 de maio de 2021

Poros - live de lançamento

Uma experiência especial. Uma conversa entre amigos de décadas! Confira  pelo link abaixo como foi o bate-papo de lançamento do meu livro Poros.

https://www.instagram.com/tv/COWQUL0FP6_/?igshid=1d0iki1u7utte 





quarta-feira, 7 de abril de 2021

indignar-se


A maturidade da indignação é perceptível quando a inquietação social da classe ou do indivíduo, se manifesta não na pueril agressão ou na institucionalizada crueldade, mas sim em argumentos sóbrios, consistentes, analíticos e não alienantes. O contraponto bem feito é o que oferece equilíbrio à sociedade. A massa tende a permanecer no estado atual (parada ou em movimento), estagnada ou em evolução. Os solavancos que marcam nossa história rompem a inércia para o bem e para o mal. Nesse ínterim, é fundamental manter o olhar atento ao todo e aos detalhes, sem prender-se aos vícios de interpretação e o automatismo de produzir significantes que alimentam a zona de conforto. É necessário indignar-se; de forma madura. Feliz Dia do Jornalista, sobretudo em tempos tão difíceis. 

sábado, 27 de março de 2021

Escadas e escaladas


Em tempos de muita informação e ritmo frenético de mensagens, é preciso ter uma narrativa leve, mesmo que para tratar de assuntos densos.

Ser leve não é imputar ao outro o peso que estava em seus ombros. Não é para deixar a vida dos outros mais pesada e ser assim mais leve. Ser leve é ter transformado o olhar e o agir; e principalmente, o refletir. Para crescer profissionalmente não é necessário prejudicar uma pessoa, não é necessário ferir o próximo para se tornar um ser humano melhor. A escalada da notícia, a derrocada do cidadão. Nas escadas, muitos fazem dos outros de degraus, ou até mesmo pisam em valores morais, erguendo o estandarte de argumentos tão vazios, plastificados para tentar ser perene. 

As pessoas estão confundindo competência com crueldade; tanto no mercado de trabalho, quanto nos relacionamentos pessoais. Não se deve ser imaturo a ponto de querer acabar com a brincadeira porque é o dono da bola, mas quem joga melhor é o outro. Deve-se jogar junto. Ir pelas escadas ou pelo paredão da realidade. O importante não é chegar ao topo, mas como você se lança no processo de subida. Aproveita a paisagem? Compartilha? Ajuda outros a subirem? Entende que para ajudar o outro às vezes você tem de ficar para trás, reduzir o ritmo ou carregá-lo? E até mesmo ser carregado?

As parcerias efetivas constroem algo irretocável, um legado elementar para a manutenção da sociedade, ou pelo menos, da narrativa proposta.

Na comunicação, compreender o potencial da equipe e estimular as performances entendendo como a narrativa é assim valorizada. Com as especificidades de cada um compondo a narrativa sem ter como premissa prejudicar alguém. Os resultados são, então, muito mais que indicadores.




sábado, 20 de março de 2021

Dedos e ranhuras



À frente no túnel do tempo, deixando para trás tanta coisa que bate à face, seguindo no túnel do carpo, driblando artrite,  tendinite e a tenossinovite. Dedos doem sem grandes preocupações, fazem o indivíduo parar um pouco com o celular. A vida. A interação pelo dedo que digita, que passa postagens, que dá corações, palminhas e carinhas. Acompanhar a vida dos outros, as coisas dos outros, as coisas que inexistem e as que persistem. Fora das telas, corre outra realidade. Muito se fala sobre isso, mas é crucial, no intervalo entre inspirar e expirar, refletir sobre o que de fato importa. Sem a plástica de representar para alguém, ou até mesmo de dizer em voz alta; mas com a intensidade de absorver o que se pensa, revestir o olhar com a maturidade de ir além do padrão social. Cobramos tanto uns dos outros e até de nós mesmos. Amamos julgar e responsabilizar, mas afora isso, o que há?  As ranhuras da palma das mãos sempre estiveram ali, desde a infância; todavia, pouco a pouco foram sendo preenchidas de sentidos, de memórias e esquecimento.

Na dobra do horizonte, depois e antes e além das belas paisagens, das nuvens enigmáticas do céu, dos sons da natureza e dos alto-falantes. Afora toda imagem, todo argumento e explicação. Sem incitar euforia e desespero do caos, sem pairar junto à acomodação da alienação e automatismo; encontrar e vivenciar o instante em que se aprimore quem se é sem grandes elucubrações. 

Ler Retrato - de Cecília Meireles evoca um desses instantes. Não importa o que ela sentiu, pensou e intencionou quando escreveu (pois trata-se de uma imensidão que é dela), o olhar do leitor se apropria dos traços e dão a eles um significado particular, desencadeando reações pessoais, possibilitando transformações; perceptíveis ou não, marcantes.

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

Comunicar sem inventar rodas


A contemporaneidade apresenta um cenário preocupante. A Era da informação se desdobrou pelos aspectos prejudiciais de sua intensidade e acessibilidade. Quando se considera o volume de informação, a capacidade do usuário receber, interpretar e reverberar um significante, a acessibilidade aos meios de produção e distribuição de mensagem, somado ao nível de maturidade do indivíduo e do grupo social, percebe-se os riscos de boas mensagens ficarem perdidas ou serem deturpadas. Para a comunicação corporativa, ao invés de se preocupar em inventar novas rodas, é fundamental aprimorar o básico, manter a continuidade da narrativa, rever e amadurecer (quando preciso)  o posicionamento. 

Sempre pensar no objetivo da mensagem. Falar o quê para quem?  

Em tempos de isolamento da empatia, os fluxos urbanos pontuam na paisagem mensagens comerciais e institucionais por onde o cidadão passar.  Quando planejada, a sinalização urbana racionaliza o uso da comunicação com clareza e objetividade da informação. Expandir a mensagem pela cidade, de forma estratégica, organizada. #comunicação AAPI Informar possibilitando ainda interação com o público via QRCode.

Mantendo a roda girando, mesmo quando o terreno é inóspito e o fluxo está mais para atrofia, pensar em potencializar a mensagem pelas plataformas disponíveis. Proporcionar aos associados (público-alvo) diversidade de conteúdo, manter a entidade (narrativa organizacional) próxima do público. Novo programa semanal no canal da AAPI utiliza leveza e bom humor de um professor parceiro para dar dicas de inglês, por meio de pílulas em vídeo. #identidade #aapi




Números - entre o tropeço e o soluço


É clichê, mas ignorá-lo não nos torna melhores. Quando o divórcio, o acidente, as dívidas, a morte, a doença, o nascimento, o casamento, solidão, a vitória ou a derrota estão distantes sempre serão estatísticas, números absolutos ou índices percentuais e tudo o que o homem cria em sua narrativa é passível de pelo menos duas interpretações: a que confirma e a que questiona; afora outras.

Por mais que os números possam talvez, quando comparados a outros dar a impressão de ser menor; vale lembrar: se não é algo absoluto, 100%; sempre podemos cair naquele 1%, naquela pequena margem, naquela improbabilidade; aí chamamos de fatalidade e muitas vezes engolimos sozinhos o sofrimento

Quando está perto da gente, esses números viram sentimento, dor, prazer, euforia, desespero. É clichê, mas precisamos sempre revisitá-lo para nos lembrar de sermos humanos. 

Ao criar uma narrativa é importante considerar tudo o que representa os indicadores. Seja em relatórios corporativos, mensagens motivacionais nas organizações, nas matérias jornalísticas, os números evocam muito mais que apenas quantidades. E a mensagem criada deve se importar com isso. Portanto, na construção da narrativa é preciso transitar pelo clichê de forma assertiva, tendo em mente o objetivo da mensagem na ordem social. Faz-se necessário evitar os vícios editoriais, as bandeiras das vaidades e convicções de torcida e se permitir à reflexão e diálogo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Poros


Cobogós do corpo. A comunicação entre dimensões, o fora, o dentro, entre. Maestro do arrepio, porta-voz da dor, do cansaço, da euforia. A textura que a realidade não consegue tapar. Poros é passagem, é portal para dentro de si. É a porta de saída de sentimentos silenciados. O que não cabe em palavra o corpo fala. Porque escrever um livro? Para estimular a leitura nos intervalos entre telas. Para lançar o olhar sobre essa ideia de perenidade. Essa mania de interiorizar a eternidade e tornar complexo o relacionamento com o outro, com o tempo e a realidade. Evite as avenidas amargas. Não valem a poesia. Bandidos olhares marcam as sombras. Os passos evitam se entregar a tanto tropeço do olhar. A simplicidade prevalece. Então, sendo lido ou não, posto está.

Mais um título lançado pela Editora Lura; disponível a partir das próximas semanas na livraria Martins Fontes (Av Paulista. SP), aqui no blog, no site da Amazon e também no site da editora. O conceito da capa é do artista plástico e meu grande amigo irmão Luciano Moreira Fonseca.

Este livro e os demais que escrevi, você encontrará também a partir do próximo mês no site Estante Virtual

📓Livraria da Lura: bit.ly/LU90095
📓Site da Amazon: amzn.to/2Mqiax1

Receber comentários de leitores é muito bom. As impressões de meu irmão e de meu primogênito são para mim de uma potência sem medida. Abaixo, a crítica que recebi do mestre Luiz Carlos Lacerda, o Bigode. Emociona, estimula e aquieta.







Transpire.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Soro

 


Soro BSB
quem sabe
um dia

"Clichês derramados no mataborrão da vida. Cada luz com uma história, cada solidão um silêncio e nele um texto, cada escuridão a ansiedade da sensação, das sensações. O entendimento assim como o sentido, extrapolam as lógicas de uma sociedade contemporânea. A mancha da xícara diz mais que teu olhar a rondar meus pensamentos. As construções têm mais que tijolo e massa. Significado. Café para dois."





segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Comunicar e integrar setores

Saber lidar com as vaidades e estruturar ações que priorizem os reais objetivos da instituição. Assim a Comunicação obtém resultados que independentemente da dimensão do negócio,  potencializam a imagem e a reputação. Integrar os saberes, os setores, tendo como objetivo ações efetivas, sem florear, mas comunicar e cumprir a missão do negócio. Entender como a multidisciplinaridade deve funcionar consolidando a empresa como una. 






Saiba mais:

Jornalismo Empreendedor







terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Ler - percepções e perspectivas

Ler é uma experiência transformadora. Os benefícios vão além das experiências profissionais, sociais e individuais. A produção literária no Brasil é resiliente, pujante e tem encontrado maior aceitação junto ao público. O famigerado índice de leitura tem mudado; vendas de livros no Brasil crescem e pesquisa aponta para mais leitura na pandemia. O 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil de 2020, divulgado neste mês (Agência Estado), pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Nielsen. Houve crescimentos de 25% em volume e 22% em valor dos livros vendidos, comparado ao mesmo período de 2019. Foi a maior variação positiva do ano. De acordo com a pesquisa, o setor livreiro contabilizou 3,62 milhões de títulos vendidos, faturando R$136,86 milhões. Ao longo do ano de 2020, foram comercializados 32,81 milhões de livros, movimentando R$1,39 bilhão. Já em 2019, foram vendidos 33,50 milhões de títulos com um faturamento de R$1,43 bilhão no mesmo período. Em percentuais, esses números representam uma queda de 3,10 pontos em valor e de 2,06 em volume.

Afora as cifras, ganha-se muito ao investir na produção literária. Independentemente do gênero, disseminar narrativas amplia percepções e perspectivas. E isso contribui para maturar discussões e o sistema de referência e relevância dos indivíduos, refletindo na organização social.

Já falei aqui. Existem diversas plataformas de autopublicação, seja em formato impresso quanto e-book, assim como existem várias editoras dedicadas à viabilização da publicação de novos escritores, ou escritores independentes, com prestação de serviço de diagramação, arte final registro ISBN, impressão e até mesmo divulgação, sem exigir mínimo de exemplares. Além disso, as editoras conseguem potencializar a distribuição das obras em feiras, eventos e livrarias. Um exemplo é a Ed. Lura que oferece todo o suporte para os autores desde a concepção do produto à sua finalização, comercialização e divulgação, indicando inclusive serviço de assessoria. Em novembro deste ano, a Lura conseguiu entrar na Livraria Martins Fontes, disponibilizando na livraria da Av. Paulista (SP) títulos publicados pela Editora. Outro destaque é a publicação das antologias, que potencializam a disseminação narrativa de escritores independentes e enriquecem o mercado literário com belas obras.

Em 2019, lancei um título pela Ed. Fontenele e outro pela Ed. Lura ambos com tiragem reduzida e orçamento restrito, por isso, fiz uso de uma logística de distribuição regional, mas também de nicho. Assim, é possível encontrar exemplares em livrarias e sebos do Estante Virtual. Neste ano, novamente pela Lura, irei publicar mais um livro: Poros (depois falo sobre ele aqui). Trata-se da persistência em compartilhar olhares sobre a vida, as pessoas e possibilidades.




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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Equipe x controle



Mensurar as transformações que acontecem na equipe é o desafiador indicador do gestor. Identificar como cada um, em seu sistema de repertório e relevância, contribui na realização das atividades, no compartilhar conhecimentos, reter mensagem e diretrizes da gestão e integrar-se ao planejamento estratégico. Compreender as pessoas e identificar pontos de equilíbrio para poder exercer persuasão em prol do clima organizacional, e não manipulação cruel de emoções, saberes e fazeres. Diversos gestores se perdem no fio desta navalha. Conhecer o outro exige também conhecer um pouco mais de si mesmo, para assim conseguir identificar o que é você e o que é o outro; os limites, as especificidades, o que é automatismo, mimetismo e o que é peculiar, quase exclusivo da personalidade. É exaustivo o processo, mas costuma ser mais eficiente do que adotar algorítimos. Eficiente no sentido de evolução humana e nem sempre em indicadores corporativos de desempenho. A famigerada trilha por conhecer a si mesmo. Evitada de maneira sagaz por quem sente prazer em julgar, manipular e culpar o outro. Caminhar por essa trilha nos lembra atributos da personalidade que muitas vezes evitamos, ou que nem mais reconhecemos ter; pro bem ou para o mal. Entretanto, trata-se de um processo fundamental para o desenvolvimento, para ter dias mais leves, para ajudar o outro e juntos, em equipe, fazer um bom trabalho. 

Engajar uma equipe tem de ser um processo naturalizado de persuasão transparente, com fluxo e objetivos definidos e tudo tratado de forma aberta junto aos envolvidos. Esqueça a ideia tradicional de controle e pense na efetividade do que é uma verdadeira equipe. Não significa o caos, ou plena anarquia, mas um ambiente em que ao invés de controle, há liderança. Não um conceito pedestal de mercado; mas a postura bem definida de cada indivíduo, com suas potencialidades, fragilidades, pontos de melhoria. 

Neste novo cenário, delegar torna-se compartilhar responsabilidades, tendo cada um o instante e a intensidade da entrega e a titularidade sobre o resultado do processo. Ao invés de problemas e punições, obstáculos e soluções. Assim, percebe-se maturação não apenas da narrativa corporativa, mas elementarmente da cultura organizacional. Independentemente do montante do faturamento da empresa, o modo como ela internamente estrutura e viabiliza sua equipe compõe sua marca e a mensagem que fica para o multifacetado stakeholder.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Padrões para relaxar


Há uma tendência em padronização do comportamento social que intriga quando olhamos as plataformas de comunicação. A padronização pode castrar, mas ela também ambienta o indivíduo em uma zona de conforto. Coloca ele em fase de automatismo naquela questão para ter energia e atenção disponíveis para outros processos e fluxos. O conforto do automatismo aprisiona e conduz o comportamento social, seja por consumo de informação, produtos ou até mesmo posicionamento em relação a algum aspecto da vida (política, religião, moral, relacionamentos e etc). Identificar esta característica e como ela é inerente à nossa organização social, contribui para aperfeiçoar nossa consciência crítica, mas também instrumentaliza as narrativas corporativas de estratégicas mais assertivas.

Após o confronto com o novo, o impacto do conhecimento e reconhecimento, produção de significante; peneirada a resistência versus a aceitação, estabelece-se um padrão. Especificamente no consumo de mídia, assim que surgem aplicativos novos e aplicações novas nos aplicativos mais usados, logo após o período de teste e posterior peneira, percebe-se a padronização deles e até adoção por outros aplicativos. Vide os stories (que foram do Instagram para as demais redes sociais e que agora chegam também ao Spotify (iniciou testes de stories em playlists especiais). As retrospectivas também, do Facebook, Instagram, Spotify, Google fotos, re-alimentando o consumo de funcionalidades por meio de um conteúdo que já existe (e que talvez você não lembre), gerando assim novas interações e engajamentos, revisitando até posicionamentos. 

A instantaneidade de ativar novos atributos, a temporalidade de disponibilidade da publicação, restrição e segmentação do público que pode ter acesso (que não quer dizer que ela vá verdadeiramente entregar com o mesmo sistema de relevância para todos do seu público determinado); tudo com a sensação de ser natural. Padrões para relaxar o senso crítico e sucumbir à influência de um ator social cujo o qual muitas vezes não queríamos dar tanto poder.

O ciclo elementar de padronização é perceptível desde os primórdios, mas sua modernização constante e desdobramento da utilização; intrigam.  




sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A multiplicação de Mike Teavee



Ô Cridê; fala pra mãe, que a TV saiu da sala e agora empoderou-se na mão de cada cidadão. Senhor Wonka, um chocolate por favor, daqueles que nos fazem ficar anestesiados diante das mazelas que o indivíduo permitiu se incorporar ao comportamento natural cotidiano. Viciados em F5, para estarem sempre atualizados. Ter acesso a mais fatos (sejam estes determinantes na sociedade ou apenas sobre a rotina, extremamente corriqueira, da vida de uma pessoa). Ficar vidrado na vida de uma pessoa ou família e deixar de lado a própria; sem perceber a incoerência. Instaurar o mimetismo e transformar seus hábitos por meio das influências digitais recebidas, buscadas. Claro, muitas transformações para o bem acontecem. O joio e o trigo são separados no final, não é mesmo? Entretanto, o padrão de interferência social do comportamento das "teletelas" guiando olhares, palavras, dedos e decisões, aponta para uma atrofia, uma neutralização das questões humanas profundas, um processo de tornar superficial o saber, o sentir, o ver e interagir com o outro (fisicamente, pois sempre há um emoji, essa nova onomatopeia, para aconchegar digitalmente).

Andar pela rua, frequentar situações sociais costumeiras em almoços, reuniões, encontros, ou o lazer no sofá, nas varandas, ainda também nas calçadas, e tantos outros lugares. Realizar as tarefas diárias, do café, caminhada, banheiro, ócio e tanto mais. Mike Teavee multiplicado como gremilings. Tudo sempre conectado. Tudo sempre com a tela ali. Com a necessidade de lançar ao universo digital o que se passa, o que se sente, o que se come, a perspectiva da foto alcançada. Comunicar não é pecado. A dose da mensagem é o segredo para não atravancar o processo. O que chama a atenção é como o fluxo de comunicação está interferindo (ou revelando) o caráter das pessoas de forma tão rápida. A liquidez de uma sociedade. Seja no filme, na vida ou no universo estendido chamado realidade, obcecado com filmes violentos de gangsters, imitando o que vê nas telas e obcecado pela felicidade e satisfação alheia; não é mera coincidência. As pessoas estão não sendo sugadas pelas telas, mas estão se entregando a elas. Justificativas brotam de todos os lados, inclusive do divã.

Produtores de conteúdo, corporativos ou não, embrenham-se na corrida maluca de (sendo também personagem alvo do processo) entender a demanda, o comportamento de consumo da audiência, de produzir, reverberar e mensurar os resultados. Virou negócio. Arte, preço, produto. Não é um mundo de pura imaginação, mas um se entregar contínuo à alienação que satisfaça o passar das horas e soterrar o famigerado "conheça a ti mesmo".




Dica

O canal da Maíra é um refrigério narrativo, sempre com uma abordagem interessante; com um ritmo diferente de olhar e respirar a vida. Vale a pena




quarta-feira, 4 de novembro de 2020

conversas e conexões



Tudo nas nuvens e quando chove, poemas podem surgir, usuários se banham, se escondem, erguem guarda-chuvas, são inundados, outros nutridos; cada qual em seu instante, demanda e interesse. Dentre outras coisas, choveu live na pandemia e se instalou como a nova primeira tela da sociedade. Cada qual com sua programação. Diante desta nova dinâmica em busca da materialização de uma mensagem e alcance de certa audiência, o que fazer para tornar aprazível uma live? Uma gota entremeio a tantas?

No caso das de entrevistas, estabelecer um diálogo é uma boa opção. Fazer com que o diálogo seja uma conversa onde o tema é mais um dos personagens e o espectador um convidado a mais.

A conversa sincera e sem amarras é o que torna a live um momento orgânico de troca de ideias e não uma busca por audiência ou sobreposição de egos. Trata-se de um encontro e entregas. Um abraço das ideias (que podem ou não ser divergentes). Assim se consolida o conteúdo e o mantém vivo. Pujante. Gratidão pelo papo com Joel Pizzini, Thiago Köche e Luiz Carlos Lacerda (Bigode). Em pauta, o cinema brasileiro. Cada um com um olhar. Iniciando com o brilhante mestre Bigode, abordando o modo de fazer e consumir cinema antes, durante e depois da pandemia da COVID-19; desdobrando em como exercer o olhar a contra pêlo na história, afora as versões oficiais a partir da energia e sensibilidade de Köche, reverberando no cinema poesia de Pizzini discorrendo mais do que na diferença entre linguagens e narrativas do documentário x cinema de ficção; dando vazão a valorização da multiplicidade de olhares narrativos da equipe, reforçando o papel do diretor de tomar decisões, de manter o equilíbrio entre o óbvio e o abstrato. Discorrer sobre as solidões e solitudes. 

A boa conversa proporciona mais do que conteúdo ao público, mas cria um ambiente de conexões e potencialização de significantes que vão além daqueles minutos de live. Assim é possível refletir antes da chuva, vendo a chegar, embrenhando-se nela e até mesmo vislumbrando o horizonte que há de instaurar, nas intermitências do céu. Mais que lágrimas na chuva, nossas lembranças, pensamentos e sonhos podem vir a ser gotículas sobre pétalas no jardim de alguém.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

reações a conta gotas


Essa vontade de sair de casa. Alargar fronteiras, transitar sem restrições por um território conquistado ou cotidiano. Essa necessidade de subsistência. Esse instinto do afogado, de manter-se vivo. A pandemia assustou, matou muita gente, afastou pessoas, fez muitos revisitarem o sistema de relevância de amizade, de recursos e de ambição. Ela mostrou o que é ou não estar preparado para enfrentar uma catástrofe de médio longo prazo, de forma individual e coletiva. Ela testou os limites da empatia. Revelou característica de um ser social em afogamento seco que se agarra a qualquer argumento que o traga paz, o mantenha vivo, e acima da opinião alheia. Entretanto, quando a dor bate à porta de dentro da moradia das famílias, percepções de gravidade, crença, desejo e vontade são revisadas. A pandemia fez isso, em apenas 8 meses, e ainda não acabou. A próxima revolta da vacina será para se vacinar, será a corrida maluca pela imunização, onde a empatia geralmente não tem espaço. 

A narrativa midiática oscila entre conscientizar, informar e conduzir o comportamento. A narrativa corporativa entre envelopar o tema em voga do agenda setting como responsabilidade social e compromisso com a vida e influenciar (para bem ou para o mal) seu público-alvo. Não que seja equívoco, mas olhando de perto, é no mínimo, forçado, uma vez que as ações das instituições nem sempre são consonantes ao discurso. 

As reações surgem a conta-gotas, assim como são absorvidas as informações e conduzidos os pensamentos (principalmente a geração de significantes). As sequelas, interpretações e aprendizados deste momento serão melhor analisadas com o distanciamento proposto por Gertz (para se analisar e observar o indivíduo e sua interação e interferência social). Contudo não se pode ignorar as impressões do agora. Precisamos ter cuidado, pois pode ser a gota d´água.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Diálogos virtuais


A busca. O dia a dia pontuado por anseios, demandas, atendimentos e julgamentos. Satisfação e insatisfação como indicadores volúveis ao olhar. Neste cenário, o organismo vivo que é a comunicação evoca posicionamentos diferenciados. Assim, é preciso às vezes remodelar o posicionamento da marca e seu modo de construir narrativas. As mensagens devem ser direcionadas conforme persona, timing e target. Entretanto, deve-se maturar e integrar a narrativa à multiplicidade das plataformas como extensão das ações diretas junto à persona. 

Conseguinte, potencializar os canais de comunicação com o público alvo. Equilibrar o diálogo das gerações por meio das plataformas tradicionais, possibilitando modernização e transição do comportamento no que diz respeito ao relacionamento junto às partes interessadas. Seja por meio de um novo Portal de Acesso ou realização de uma Assembleia virtual via Google Meet e ODS, integrando gerações e promovendo o diálogo.

Contudo, é preciso estar atendo à limitação de quem tem pouca intimidade com as tecnologias digitais e também dos que já estão cansado por usá-las em demasia. Videoconferências e excesso de chamadas causam exaustão na pandemia. Você já deve ter ouvido falar do "Zoom fatigue".

Evite fórmulas, se envolva e compreenda o contexto ao qual integra para então definir ações que cravam na trajetória uma comunicação eficiente, dinâmica, pujante e que permita encontros.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

#googleads


Definir orçamento alinhado ao objetivo de cada ação. Estudar e determinar a segmentação estratégica para seu negócio conforme as possibilidades da plataforma e o padrão de consumo de informações de sua persona. Compreender o dilema das redes e buscar estabelecer um olhar que vai além, enxerga dentro!

Além de compreender o negócio, definir a persona e a narrativa... é importante (independente do tamanho da empresa) utilizar as plataformas disponíveis com planejamento e efetividade e técnica adequada para averiguar se o resultado esperado está sendo alcançado. Mais do que transformar a ação em um case, é determinar os objetivos, segmentar para obter a efetividade desejada. 

O #googleads é intuitivo, criterioso e com uma complexidade tranquila de se assimilar. Antes de criar as campanhas é fundamental compreender o objetivo e resultado. Segmentar, escolher a mídia e o fôlego da ação. O estudo de performance das campanhas contribui para redirecionar ações e até mesmo perfilar o comportamento e tráfego do público alvo, conforme o perfil do negócio.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Novas plataformas - mesma mensagem ?

 


Diversificar linguagem, reverberar o discurso da organização por diversas plataformas e permitir à narrativa um viés dinâmico, acessível, cativante. Nem sempre a mensagem é nova, apenas a maneira de transmitir. Campanha com digital influencer potencializa comunicação da entidade com o associado da categoria Premium (maior de 18 anos, trabalhador na ativa). A mensuração de resultados apresentou maior reconhecimento da marca por um novo público; resposta moderada ao CTA e aumentou 45% engajamento, além do acréscimo de cerca de 20% dos seguidores no curto período da campanha.

#comunicação #identidade 

segunda-feira, 4 de maio de 2020


Quando a diversidade do público e sua dispersão territorial aumentam ainda mais o desafio de comunicar, é preciso concentrar energia para estruturar a mensagem de forma que possibilite que ela seja transmitida de diversas formas, sem perder a essência.

Na AAPI, explorando plataformas para informar o associado tanto Master (Aposentado) quanto Premium (maiores de 18 anos). Acompanhando a tendência da diversificação dos conteúdos pelas plataformas a partir do perfil de consumo de informação do público-alvo, um programa interno de Rádio foi transformado em Podcast. Além de ser disponibilizado nas redes e listas de transmissão internas; o mesmo é transmitido às segundas, quartas e sextas em sete emissoras de rádio da Região Metropolitana. Está disponível também no Spotify, SoundCloud, Youtube e site da AAPI.

O sucesso da iniciativa está em perceber (a partir da análise de performance de algumas cta's) o aumento da retenção de mensagem e engajamento do público. Os indicadores obtidos passam então a compor a matriz de planejamento estratégico da comunicação junto aos demais vetores (depois falo deles aqui).


quarta-feira, 15 de abril de 2020

Gestão além das cifras - o emaranhado de indicadores


Controlar os investimentos, prospectar verba, planejar execução, mensurar resultados, acompanhar execução. Todo gestor conhece bem as diversas ferramentas disponíveis no mercado, as mais ousadas, usuais e as de difícil manuseio, tudo para gerar relatórios e leituras das cifras que perpassam a área em questão. Estas medidas devem incorporar o planejamento da área de comunicação e nortear a maneira como são estruturados os fluxos e plataformas.

O clichê é verdadeiro: não há fórmula soberana. Os gestores precisam ter a consciência do resultado esperado de suas ações e quais as métricas e modo de avaliação de indicadores se encaixa no fluxo de validação da performance da respectiva área. Parece, e até mesmo é óbvio, mas muitos deixam a desejar no mercado. No que concerne à comunicação, a variedade de indicadores, perfil de interpretação, fórmulas e estimativas confunde as organizações e geram relatórios vazios, cheios de números e correlações rasas. Caso quem esteja acima do gestor (Diretoria, por exemplo) não entenda de comunicação, tampouco compreenda a complexidade da leitura dos dados gerados e análises nos relatórios, cabe ao gestor "guiar e ensinar" a chefia pelo caminho da interpretação dos dados, do desdobramentos das estratégias e tomadas de decisão. A ineficiência padrão tem gerado custos desnecessários, ações sem foco, e resultados superestimados, que desdobram-se no máximo em um tapinha nas costas, ao invés da maturação dos processos de comunicação, relacionamento institucional e consolidação da marca da empresa. Além de planejar, faz-se necessário acompanhar de perto, com visão de paisagem e de detalhe.

Uma breve análise do balanço financeiro da organização, possibilita constatar a performance dos índices de solvência (Liquidez Corrente / Liquidez Imediata / Liquidez Geral) e entender se estão em uma situação favorável, com solidez financeira. Simultaneamente, o valor investido em comunicação deve ser desmembrado por aspecto de investimento e correlacionado com a receita x despesas gerais da entidade e também da natureza de gasto de P&P.  Conseguinte, deve-se identificar e ajustar o grade que a comunicação ocupa na composição orçamentária da organização; seja em lastro variável ou pré-estabelecido, compreendendo o perfil de influência interna.

A mensuração dos resultados  das ações de comunicação, então, deve evoluir (ser maturada a partir de análises sérias e interrelações) e assim ser integrada à leitura do investimento e gestão orçamentária, resultando em estratégias (macro e microuniverso), redefinindo ou mantendo o posicionamento da empresa, em um processo vivo, pujante.


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quinta-feira, 5 de março de 2020

Marcar valor à marca



No lombo do gado uma marca reluz. Couro queimado. Cicatriz sem sentido. Quando a marca registra valor no indivíduo, afora o trocadilho, a marca que fica é o significado além dos ícones; o significante além das breves atitudes. Outrossim, a sobreposição de versões confunde o indivíduo enquanto ser social. Deixa-o atordoado com tantos acontecimentos, verdades e pós-verdades.

Quando a marca perde valor? Não se trata aqui de alteração de cores, desenhos, aplicações, mas de atitudes, de posicionamentos e escolhas. A perenidade de uma empresa depende da aceitabilidade e sustentabilidade do plano de negócios no mercado pelas partes interessadas influenciadoras do processo: clientes, acionistas, comunidade de interrelação, funcionários, fornecedores. Entretanto, a empresa não é apenas maquinário, infraestrutura e processos, mas sobretudo as pessoas com poder de decisão. Desde as decisões simples, diante de procedimentos operacionais e normas, até decisões complexas de posicionamento a respeito de temas polêmicos, estratégicos, de negócios, de relação institucional e tantos outros.

Subestimar a opinião pública é o pior caminho a se tomar. A marca pode ter anos de presença na sociedade, pode ser âncora do desempenho econômico da cidade, pode ser proprietária de significante percentual de mão de obra economicamente ativa e de imóveis ou cadeia de fornecedores e geradora de tributos. Assim que decidir subestimar a opinião pública e esconder-se na omissão ou no rosto oculto de uma nota à imprensa, escolheu o rumo de destituir valor à marca. O processo de perda de valor de uma marca pode fazer com que ela deixe de significar a pujança de sua missão e visão e passe apenas a ser mais uma cicatriz mercadológica em uma sociedade comercial.

Em um breve exercício de lembranças, pode-se encontrar várias marcas que hoje são apenas uma cicatriz no lombo do gado social.

Atualmente, embora seja um artifício legítimo, funcional e direcionador, a "nota" tem sido usada de forma exagerada e desmedida. Ela torna homogêneo o imaginário a respeito da organização uma vez que manifesta a voz sem dar um rosto.  Trata-se de um posicionamento não personificado de uma organização gerida por pessoas. Seja por estratégia (mais fácil deixar a culpa ou julgamentos de valor recaírem sobre o ícone da marca do que sobre a pessoa gestora responsável pelo posicionamento) ou por falta de um Porta-voz preparado, seguro, verdadeiro e de coragem.

É fundamental equilíbrio e planejamento para estruturar a política organizacional de posicionamento. Segmentá-la por Natureza do tema, Tema, Público Direto, Público Indireto, Potencial de desdobramento do discurso, temporalidade das ações, e ainda a matriz de riscos do fato correlato à demanda por posicionamento. Assim pode-se estabelecer diretrizes para equilibrar quando se posicionar por meio de Nota, Porta-Voz, Ação Direta, viés jurídico, articulação política e etc.

A personificação na política é amplamente debatida; nomes viram bandeiras e ideologias. Nomes estabelecem-se como o resumo do desejo da massa, que pelo voto atribui valor e poder de decisão a um indivíduo. No mercado corporativo, as empresas apenas revelam um rosto à frente o ícone da marca quando o assunto é positivo. Quando se trata de um tema polêmico, telefones tocam sem parar, e-mails chegam sem resposta. Ou uma resposta padrão é pontualmente dada, até que saiam as notas.  A preliminar de forma vaga, e posteriormente as complementações, com dados técnicos e elucidações. Quando a bomba estoura juridicamente e de forma exacerbada na opinião pública, surge um Porta-voz para não apenas personificar o posicionamento e reforçar mensagem, mas para assumir a responsabilidade civil pela organização. Aí já é tarde!

Contudo, diante de tantos fatos questionáveis (em uma era social em que tudo se questiona e se publica), muitas marcas, por medo ou despreparo acabam por subestimar a opinião pública. Soterrando-as com notas e palavras ao vento. Seja com omissão, reforço de pós-verdade, controle comercial indireto dos meios de comunicação, mentira maquilada até mesmo com base científica (de pesquisas subsidiadas pelo setor parte interessada no viés de confirmação).

Para as organizações transitarem pela memória da opinião pública não há fórmula; trata-se de um processo que exige esforço, ritmo, maturidade e transparência para compor mensagens, significantes e significados. A área que cuida destes processos deve estar atenta, alinhada e capacitada. A mensuração dos resultados é possível (e nada abstrata) e um trabalho bem feito (com direito a trocadilho) marca Valor positivo à marca da organização.

... em breve falo mais sobre o tema aqui... 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Relacionamento em Rede - entre o tropeço e o soluço.

Entre o tropeço e o soluço, em busca das soluções, organizações buscam implantar e integrar diversas ferramentas de administração e gestão para estruturar estratégias e revigorar o plano de negócios de forma a encontrar a estrada dos tijolos amarelos da perenidade, com licença social, consolidação comercial, conforto ambiental, e fôlego financeiro, com uma bela imagem estampada na parede. A licença social tornou-se moeda de troca e valorização.

Dentre tantas ferramentas, a metodologia de relacionamento em rede é uma que contribui deste desenvolvimento de projetos, a reestruturação da estratégia de relacionamento institucional de uma organização, e também no seio familiar. O que antes ficava na mesa de profissionais de RP, ou de informais lobistas agora habita a mente de analistas de relações institucionais, gerentes, coordenadores, assessores e mágicos corporativos.

Para estruturar um Plano de Ação de Relacionamento Institucional é importante antes criar a matriz geral de relacionamento (em Excel mesmo), e nela estabelecer o corte do potencial de influência, estabelecendo uma matriz específica de partes interessadas (um desdobramento da primeira planilha). Tive a oportunidade de criar a metodologia do relacionamento em rede de uma empresa e perceber os benefícios que trouxe desde em negociações básicas de mídia/imagem, até articulações para garantia de atividades operacionais, internas e externas.

O próximo passo é estabelecer como esta matriz se relaciona com a organização objeto, qualificando o perfil e desdobrando em como cada personagem da matriz relaciona entre si. Após esta qualificação, que passa por uma análise com aspectos subjetivos de percepção e leitura de território, realiza-se um corte por cenário de interesse, montando um infográfico (em ai / cdr ou ppt) do perfil de relacionamento. Desta forma, é possível compreender o mapa de interrelação, entendendo o fluxo de articulação entre os indivíduos, possibilitando traçar estratégias, identificar pontos de tensão e pontos de equilíbrio, para definir o que deve ser protegido, pressionado, monitorado, mas nunca ignorado.

Muitos tropeçam em tentar estabelecer fórmulas, ao invés de adaptar critérios, aspectos, vetores e criar a própria metodologia de forma contextualizada com seu negócio, setor, local de atuação, perfil social, econômico e cultural.

Na matriz de interrelação, deve ser verificado o nível de interferência / influência entre os indivíduos, classificando e identificando por cores e letras desdobrando em diretriz para cada perfil de público e se for o caso específico por indivíduo. Se é forte, médio, pequeno ou inexistente. A partir da diretriz por classificação, estabelecem-se as ações.

Na verdade, a metodologia de relacionamento em rede é a formalização e aplicação corporativa / política do que já existe de forma natural na organização do ser humano em sociedade, bem observado por Gertz e tantos outros. Quando formalizado em uma organização, facilita o trabalho em equipe no que concerne à relação institucional, pois padroniza o posicionamento conforme a identidade organizacional e suas estratégias. É fundamental saber fazer a transição da estratégia, metodologia para aplicação efetiva da estratégia, sair da ideia e mensurar os resultados obtidos (o que é extremamente possível).


 

... este assunto merece um desdobramento... depois retornarei a ele por aqui...


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Entre fibras musculares


Somos a sociedade da carne; para comer, se abster e para se relacionar. Sonâmbulos, erguemos civilizações, com breve consciência da aparência do real. Nosso desejo move-se para saciar ou punir a carne, destrinchar o que se faz frágil e expor as vísceras do corpo social. Nos embrenhamos entre as fibras musculares com ideologias que alteram o corpo social sem compreender profundamente os desdobramentos das ações, escolhas e consequências.

Nossa saliva, ácida, por muitas vezes ao invés de apaziguar, reverbera pelo espaço como um chicote de fogo, castigando a carne, abrindo feridas que iriam fechar, fazendo rio do que antes eram córregos de sangue, dor e lamento. Manejamos com imaturidade nossas angústias sem perceber como as rugas marcam em braile nossa história no corpo.

Quando observado por dentro, alguns possuem mais do que carne. É possível encontrar flores entremeio ao emaranhando de espinhos, e até mesmo perfume, quando a espessa fumaça da realidade tenta entupir a veia dos ideais.

Precisamos então escolher não apenas as palavras, mas o tom da narrativa e vislumbrar a tendência de desdobramento e criação de significantes que a mensagem irá gerar. Não podemos ser reféns dos automatismos e tampouco se aconchegar nesta zona de conforto. Devemos nos portar como o andarilho de Nietzsche. Ao invés do destino a caminhada renovada. Ao invés do ponto final, a vírgula, amarrada às reticências.




terça-feira, 5 de novembro de 2019

Calculadora de Pescoço


Desde as peripécias do Hilbert Hotel, e muito antes, a matemática permeia as mais malucas elucubrações corporativas e sociais. Cada qual com seu paradoxo, a comunicação não podia ficar fora do mundo das planilhas, com apresentações estimulantes para impulsionar canetas a liberarem verbas, ações e estratégias. A lista de índices é enorme, ROI, Clipping, Valoração, Engajamento, Abrangência, Peso, Relevância, Retenção de mensagem, e tantas outras que os gestores se perdem como um apresentador de talk show no meio de uma montanha de cupons fazendo sorteios de natal.

Muitos profissionais se jogam nos buscadores online atrás de fórmulas e dicas. Na assessoria de imprensa a brincadeira é extensa, Consolidação de centímetro por coluna, espaço ocupado por quadrante, por tipo de página, investimento realizado, conversão do conteúdo online de pixel em cm/col versus valor comparado, ou valoração. O desempenho em redes sociais então... dependendo do tipo de mídia social, um leque de métricas automáticas e outras desenvolvidas estão à disposição. É preciso mensurar e analisar as mensurações, sem euforia e ingenuidades.Ver as palavras atreladas aos números e conseguir compreender os rumos da comunicação (antes, agora e depois), o lugar do sujeito no processo de significação e prospectar os próximos passos (não apenas repetir o planejamento do último período).

As faculdades não ensinam as métricas, não de forma aplicável; o mercado possui um padrão de cálculo e cada assessoria adapta à sua realidade (muitas vezes de forma equivocada) e as agências guardam suas fórmulas como carta de supertrunfo. Afora as referências, a mensuração das ações de comunicação e a análise dos desdobramentos evoca um profundo conhecimento do setor em que se atua, das reações esperadas, compreender a interrelação dos indicadores e como analisar os dados de forma a se desdobrar em diretrizes para ações de imediato, curto, médio e longo prazo. A inteligência não está na xícara de café ou na borra que fica.Não adianta gerar relatórios só para ocupar espaço e fazer cócegas no ego dos gestores, tampouco revestir com linguagem de marketing para galgar prêmios de entidades representativas, é fundamental que as análises da mensuração façam sentido para a organização, seja um ativo relevante.

Empoderados, gestores alternam entre o atacado e varejo da comunicação. Caminham pelas organizações como um agente de vendas, tendo o profissional de mensuração como uma calculadora presa ao pescoço, sempre pronto a sustentar argumentos e preencher lacunas. Defendendo orçamentos, analisando investimento e custos perante resultados e planejando os próximos passos.

Diferencial no mercado de comunicação tornou-se o profissional que sabe transitar entre o operacional e o estratégico. Domina os fluxos das plataformas e é versátil no uso da linguagem e restruturação de narrativas. Simultaneamente, sabe gerir planejamento, orçamento, custos, apropriações, consegue mensurar resultados, analisar a mensuração e projetar diretrizes que alimentam o processo, desdobrando-se no operacional e obviamente no estratégico. Essa calculadora pesa, pois sua bateria não é apenas salarial, e suas funções excedem até mesmo as científicas pós graduadas, pois este profissional tem apurada percepção para compreender números, palavras e a paisagem; para chegar a este patamar é fundamental além de formação acadêmica, continuar o processo de aprendizado de maneira multidisciplinar. Quando maduro, este profissional está pronto tanto para fazer a gestão, quanto para consolidar-se como especialista. Torna-se uma peça chave no tabuleiro corporativo, uma oportunidade e uma ameaça. Torna-se exemplo e alvo. Na maioria das estruturas, vira alvo, pois com medo de ser enforcado pela calculadora que não sabe usar, o gestor não a desliga, mas a joga contra a parede. Uma vida sem receita, mas com muito sabor.

A mensuração de resultados e oportunidades em comunicação é um ambiente atrativo e traiçoeiro (pois tem muitos vícios). Compreender as especificidades contribui para a evolução dos processos, bom uso das plataformas, relatórios úteis e relevantes, mudanças benéficas no ambiente corporativo e no potencial profissional de cada um.

Marketing Digital? Assista abaixo!




quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Varejo e varejeiras


Ideias delineiam os rumos das ações que interferem na organização social. É óbvio, mas apenas quando se pensa na generalidade deste aspecto. No entanto, quando pensa que a ideia em questão pode ser sua ou da sua empresa, a situação, sensação e atitude mudam. E logo começam as cobranças por audiência, por índice de percepção e retenção da mensagem, de valor da imagem e tantos et ceteras que nem quem pede sabe ao certo como interpretar e pior, nem sabem como estruturar planejamento estratégico e ações efetivas após análise dos dados. Sobre a mensuração e as complexidades que envolvem o tema comentarei posteriormente.

Antes, é interessante olhar de forma sutil para a forma e o conteúdo. O que informar e como informar... volta e meia esta mosca incomoda e pousa à frente das redações, públicas, corporativas e midiática. No que concerne ao ambiente corporativo, é fundamental não simplificar demais as mensagens e não banalizar as plataformas disponíveis, pois se quanto mais comodidade, mais preguiçoso fica o leitor (de texto / áudio / vídeo), o uso desequilibrado das ferramentas. Exemplos são vários. Antes ficávamos muito tempo assistindo a vídeos... os institucionais tinham 15, 10 minutos... depois reduziram para 5.. e agora, os indicadores de quem assistiu pelo menos alguns segundos da mensagem já despontam em relatórios de mensuração. Cada vez mais seletivo no universo expandido de conteúdos, o leitor (usuário) não assiste a vídeos longos caso não seja de extremo interesse.

Sociedade de vanguarda, a pseudo liberdade. Clamam, reclamam por divulgação, mais informações, mas não elavam o índice de leitura, não leem a quantidade exorbitante de dados que está disponível sobre os mais variados assuntos , seja na internet, nos livros e nas praças.  Não leem, despejam nas ruas o livo de folders, jornais e afins. Paradoxalmente, alimentam a reclamação por "divulgar mais e melhor". Reclamam que não há divulgação e não se envolvem com a ampla divulgação que existe. Não buscam. Querem, como filhotes de passarinho, receber o conteúdo já mastigado, regurgitado em suas mentes autômatas. Neste cenário, o lobby dos setores privados e públicos nada de braçada, construindo pós verdades, alimentando todo tipo de vaidades e consolidando fontes, desacreditando outras. O resultado é uma série de veículos de comunicação defendendo estandartes que nem de longe revelam os fatos, os interesses e desdobramentos correlatos. A comunicação  e o relacionamento institucional no varejo, com pensamento de atacado. Geralmente, o reflexo natural é espantar com um tapa as varejeiras, ignorando as ovas prestes a eclodir. Isto é óbvio, acontece há décadas, irremediável, quando se pensa na generalidade do tema. Contudo, torna-se preocupante quando analisada regionalmente, inclusive pensando qual o "seu" lugar e função no cenário.

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